30 maio 2004

...que continue a ser um prazer...

Quando comecei, com a Sónia, o Memorial do Convento (MC), foi basicamente para bloco de notas, para apontamentos. Com o tempo, começaram a chegar pessoas, algumas boas, outras não tão boas.
Por não ter nenhuma linha editorial (no MC escreve-se sobre tudo e sobre nada - blog generalista) posso permitir-me a certos luxos que dificilmente poderia ter noutro blog com uma linha editorial - com um assunto definido para sobre ele escrever. Se me apetecer mandar alguém à merda, posso fazê-lo. Se me apetecer fazer copy/paste de um poema ou de uma notícia de jornal, posso fazê-lo. Se me apetecer escrever um pensamento profundo (estilo Fossa das Marianas), posso fazê-lo também. Posso fazer tudo o que me apetecer. Só não posso motivar-me quando para tal não tenho motivação.
Nestes muitos meses de existência, algumas das pessoas que apareceram deixaram de ser amigos/leitores/autores virtuais para se tornarem amigos de carne e osso, fazendo parte do mundo real e não apenas da blogoesfera virtual. Outros, que não deixando de ser amigos virtuais, têm já um lugar privilegiado no meu dia a dia, e nas leituras que faço, quando para tal disponho de oportunidade e de tempo - esse eterno amo.
Existem também amigos da blogoesfera que deixaram de ser virtuais, passando a ser reais, e, daí... a serem uns perfeitos desconhecidos, foi apenas um pequeno passo. Mas como se diz, só faz falta quem está, e eu neste aspecto de estar/ficar/partir, começo a perder a vontade de continuar a estar, desenvolvendo-se cada vez mais a vontade de partir.
Tenho uma vida fora da blogoesfera: uma mulher que amo, uns pais que são do melhor que há, uns amigos óptimos, um emprego, divertimentos vários. Houve alguém que um dia ficou espantado quando lhe disse que a minha vida não é apenas isto! Para algumas pessoas pode até ser, mas para mim não é. A minha vida desenvolve-se muito mais além do MC.
Gosto de escrever, de ler o que outros escrevem, gosto de ser comentado e de comentar. Mas não vivo para isso. Não vivo para alimentar polémicas ou para ser um guru dos tempos modernos. Já me apeteceu - por vezes - pura e simplesmente apagar o MC, mas por cobardia, não o fiz e não o farei. Seria apagar uma parte da minha existência nestes últimos 10 meses. Seria negar as acções cometidas, os pensamentos escritos.
A Sónia partilha estes sentimentos e tem, mais do que eu, andado arredada deste meio. Sinceramente, não sei se ela voltará a escrever no MC ou no "Livro das Horas".
Tudo junto: alguma desilusão, muita desmotivação e ter de sozinho continuar um projecto iniciado e pensado a dois, leva-me a ter estas dúvidas. Como a Sónia me disse um dia: "quando nos tornamos escravos de um prazer, este deixa de o ser, para se transformar numa obrigação". Ultimamente, colocava posts apenas para o MC não parecer abandonado. Não tendo assunto para escrever, existe sempre a opção de copy/paste: sai um poema, uma fotografia, uma notícia ali para o blog do canto. Não quero continuar assim. Estou farto de muitas coisas e continuar nesta base é deixar morrer lentamente algo que me deu prazer em participar. Por isso, o MC continuará, ao sabor do vento, nas ondas da imaginação e da motivação. Tanto pode ser amanhã, como daqui a uma semana ou um mês.

Eu não quero que o MC seja uma obrigação. Quero que continue a ser um prazer, pelo menos, para quem o escreve.

Um obrigado a todos os que deixaram uma palavra amiga, mas permitam-me enviar um cumprimento/obrigado especial ao Henrique e à Jacky

27 maio 2004

(...)

estou farto.

Uns Versos Quaisquer

Vive um momento com saudade dele
Já ao vivê-lo . . .
Barcas vazias, sempre nos impele
Como a um solto cabelo
Um vento para longe, e não sabemos,
Ao viver, que sentimos ou queremos . . .

Demo-nos pois a consciência disto
Como de um lago
Posto em paisagens de torpor mortiço
Sob um céu ermo e vago,
E que nossa consciência de nós seja
Uma cousa que nada já deseja . . .

Assim idênticos à hora toda
Em seu pleno sabor,
Nossa vida será nossa anteboda:
Não nós, mas uma cor,
Um perfume, um meneio de arvoredo,
E a morte não virá nem tarde ou cedo . . .

Porque o que importa é que já nada importe . . .
Nada nos vale
Que se debruce sobre nós a Sorte,
Ou, tênue e longe, cale
Seus gestos . . . Tudo é o mesmo . . . Eis o momento . . .
Sejamo-lo . . . Pra quê o pensamento? . . .


Fernando Pessoa

26 maio 2004

I know not

what tomorrow will bring...

Última frase escrita por Fernando Pessoa
in Fotobiografia de Fernando Pessoa - Instituto Camões

25 maio 2004

007 israelita...

Jovem...
Tens mais de 18 anos??
     (se não tiveres, não te preocupes. Facilitamos.)
Gostavas de ter uma vida plena de emoção?
     (carros rápidos e mulheres/homens bonitas(os) na cama?
Queres conhecer novas culturas?
     (viajar dentro e fora do estado)
Serás fiel ao teu amo?
     (aquele com nome de detergente)
Gostavas de ser um agente secreto?
     (um 007 israelita com ordem para matar e chacinar eliminar possíveis ameaças - só em último caso)

Inscreve-te Já!

Preso à vida

preso à vida...

Não serei o poeta de um mundo caduco.
Também não cantarei o mundo futuro.
Estou preso à vida e olho meus companheiros.
Estão taciturnos mas nutrem grandes esperanças.
Entre eles, considero a enorme realidade.
O presente é tão grande, não nos afastemos.
Não nos afastemos muito, vamos de mãos dadas.
Não serei o cantor de uma mulher, de uma história,
não direi os suspiros ao anoitecer, a paisagem vista da janela,
não distribuirei entorpecentes ou cartas de suicida,
não fugirei para as ilhas nem serei raptado por serafins.
O tempo é a minha matéria, o tempo presente, os homens presentes, a vida presente.


Carlos Drummond de Andrade, Mãos Dadas

Piada do dia

Uma loira, vai com o filho ao jardim zoológico. Passa pela jaula do leão, onde está uma tabuleta que diz:
"Cuidado com o leão".
Passa depois pela jaula do tigre, onde está uma outra tabuleta, que diz:
"Cuidado com o tigre".
Numa terceira jaula vazia, está uma tabuleta, que diz:
"Cuidado! Tinta fresca".
A loira, desata desesperada a correr pelo jardim zoológico, com o filho ao colo, gritando:
- SOCORRO! A TINTA FRESCA, FUGIU!!!

24 maio 2004

...

Do you believe in destiny, that even the powers of time can be ordered to a single purpose? The luckiest man who walks on this earth is the one who finds true love.

de um dos meus filmes favoritos (assim como da Sónia, que, praticamente o decorou).

Jardim Zoológico de Lisboa

Sábado de manhã, mais uma vez, levantei-me cedo. Não conseguia dormir. Não sei ainda o porquê, mas só me apetece ficar na cama quando não o posso fazer... é ser do contra, enfim.
Bem, continuando, levantei-me e dirigi-me para Belém, de modo a ver os treinos da Class 1 Offshore. Cheguei a tempo de queimar dois rolos, e fazer (espero eu) algumas boas fotos.

De tarde, já tinha combinado com a abadessa uma ida ao Zoológico de Lisboa, para ver como estava actualmente aquele espaço. Um pouco à pressa, ainda deu tempo para dar uma olhadela o reptilário, ver muitos animais, assistir ao show da Baía dos Golfinhos, andar de teleférico e ... queimar mais 4 rolos de fotografias. Adorei o espectáculo dos leões marinhos e dos golfinhos. São animais muito inteligentes - se bem que movidos a peixe-recompensa - e são de uma afabilidade espectaular. Os golfinhos, bem... é preciso dizer alguma coisa em relação a tão belos animais? Julgo que não.
Quando tiver as fotos reveladas, publico algumas.

23 maio 2004

Vasco Graça Moura

Balada do bom cavaquista

que eu sempre fui bom cavaquista
nem é preciso repeti-lo:
anos depois já só se avista
tanto canário, tanto grilo,
tanto gorjeio, tanto trilo
que se de promessas se guarnece:
um mundo e outro, isto e aquilo,
e o povo tem o que merece.

vi engrossar de boyes a lista,
vi saltitar mais do esquilo,
de galho em galho ser artista, ,
e armar o estado em crocodilo.
voracidade? era do estilo.
economia? ai que arrefece!
vi Portugal vendido ao quilo
e o povo tem o que merece.

vi muito pássaro na pista
ja de asa murcha e intranquilo,
já sem alface nem alpista
e já sem grão dentro do silo,
secou a hora, chega o stress.
há vários anos que eu refilo,
e o povo tem o que merece.

senhor, na entrada deste asilo
mordeu-se a isca da benesse
e o povo tem o que merece.

21 maio 2004

Momento louco...

Hora da maminha!
chegou por e-mail...

Amizades

Há algumas amizades que nascem, que crescem, que se transformam... que se inflamam a cada dia que passa.
Outras, nascem... mas na falta de vitaminas se baseiam para morrer.
Há amizades que não têm de ser escolhidas. Acontecem.
Há amizades que não nos impõem escolhas.
Há amizades que são eternas.
Há amizades que acabam... sem sequer ter começado.
Há amizades...
e não há amizades.

O que é a amizade?

Segundo um dicionário de Português:
(substantivo feminino) Origem: do Latim "amicitate"

afeição;
amor;
boas relações;
laço cordial entre duas ou mais entidades;
dedicação;
benevolência.


Amizade para mim é poder contar com alguém para me ajudar, poder partilhar momentos ou sentimentos, poder ajudar esse alguém, poder dar ou receber uma palavra amiga, ouvir o que me agrada e o que não me agrada, poder ligar para alguém às duas da manhã caso precise, atender o telefone às três da manhã caso seja necessário, é não obrigar a escolhas ridículas, é não menosprezar as pequenas coisas, é estar atento às necessidades, é muito mais... do que caberia aqui. É sentimento. É vida. É viver, vivendo.

Leituras

Acabei finalmente de ler o Ensaio sobre a Lucidez e ... gostei. Como sou do contra, só agora vou ler o Ensaio sobre a Cegueira*, mas primeiro, e, para desanuviar, aproveitei para ler um livro, pequenito, que começa assim:

-Banco de arenques a bombordo! - anunciou a gaivota de vigia, e o bando do Farol da Areia Vermelha recebeu a notícia com grasnidos de alívio. Iam com seis horas de voo sem interrupções e, embora as gaivotas-piloto as tivessem conduzido por correntes de ares cálidos que lhes haviam tornado agradável aquele planar sobre o oceano, sentiam a necessidade de recobrar forças, e para isso não havia nada melhor que um bom fartote de arenques.

Ouvi dizer tão bem deste livro que resolvi comprá-lo ontem na Fnac. Já li, deste autor, um conto incluído num livro que referi aqui há tempos, de seu nome Contos Apátridas, e um outro livro - o seu primeiro - de nome O Velho Que Lia Romances de Amor. Falo, como é obvio, de Luís Sepúlveda. O trecho aqui reproduzido é o início de História de uma Gaivota e o Gato que a ensinou a voar. Gostei deste também. Uma bela fábula com valores. Adorei o gato Zorbas e os seus companheiros - gatos de porto - Barlavento, Sabetudo, Secretário e um outro que não me lembro do nome, e a gaivota, a Ditosa - a quem ensinaram a voar.

* para quem não leu o Ensaio Sobre a Lucidez, a história deste romance cruza-se com o enredo do Ensaio sobre a Cegueira

Devaneios

ou a falta de assunto para escrever.

Ontem foi o dia H - o dia (com uma periodicidade mais ou menos mensal) em que tenho que ir à consulta de hipocoagulação. Aproveitei para dar uma volta por Lisboa, como sempre faço, e subindo o Chiado, nada como entrar num dos vários paraísos dos consumidores... os Armazéns do Chiado. Já que estava por ali... aproveitei para comprar um livro, uns rolos fotográficos e um cartão de memória para a máquina digital. Apesar de estar rendido à maravilha do digital, sinto a falta da minha SLR... por isso comprei uns rolitos e neste fim de semana, se o tempo aprovar, lá vou eu de SLR em punho, munido da minha zoom 70-300 mm para Belém (onde vai haver uma prova de motonáutica este fim de semana, segundo me disseram). Vou aproveitar para tirar o pó das lentes e sonhar que está para breve uma SLR digital a preços acessíveis... afinal o sonho comanda a vida, não é mesmo?

19 maio 2004

Poesia - Natália Correia I

(a Marcelo Rebelo de Sousa)

Marcelo, em cupidez municipal
de coroar-se com louros alfacinhas,
atira-se valoroso - ó bacanal! -
ao leito húmido das Tágides daninhas.

Para conquistar as Musas de Camões,
lança a este, Marcelo, um desafio:
jogou-se ao verso o épico? Ilusões!...
Bate-o Marcelo que se joga ao rio.

E em eleitorais estrofes detemidas,
do autárquico sonho, o nadador
diz que curara as ninfas poluída
com o milagre do seu corpo em flor.

Outros prodígios - dizem - congemina:
ir aos bairros de lata e ali, sem medo,
dormir para os limpar da vil vérmina
e triunfal ficar cheio de pulguedo.

Por fim, rumo ao céu, novo Gusmão
de asa delta a fazer de passarola,
sobrevoa Lisboa o passarão
e perde a pena que é de galinhola.

Há muito, muito tempo...

I'm sick of Irish Americans, who haven't been home in twenty or thirty years, come up to me and tell me about the glory of the revolution. The glory of dying for the revolution. Fuck the revolution. Where's the glory in dragging a man from his bed and gunning him down in front of his wife and children? Where's the glory in that? Where's the glory in bombing old age pensioners as part of a remembrance day parade, their medals polished up for the day? Where's the glory in that?
Bono Vox

Ofereceram-me ontem o DVD dos U2 com o filme U2:Rattle and Hum. Apesar de ser um dos muitos fãs que considera o The Joshua Tree como o melhor álbum da banda, reconheço que também este é um excelente álbum (como todos aliás). O filme, ainda não o apreciei todo, mas pelo que vi, é um documentário sobre o álbum e sobre a sua gravação, com diversas partes de espectáculos ao vivo, em estúdio e várias entrevistas. Fez-me recordar...
Foi bom relembrar um pouco da minha adolescência (o álbum é de 1988, mas o filme só foi lançado em Março de 1989). Lembrar-me que por essa altura andava na secundária, e juntamente com alguns colegas, costumava ouvir U2, The Cure, Ramones e música do género. Apelidados de vanguardas, a camisa preta por fora das calças (acompanhada de preferência por umas calças também pretas) era imagem de marca. Os vários pin's no blusão ruçado e o cabelo curto completava o look. Entre um cigarro e dois dedos de conversa, passava-se o intervalo. Entre um jogo de snooker e vários cigarros, passava-se uma aula. Eram bons tempos. E pensar que tudo isto foi há 15 ou 16 anos...

Personalidade do dia - Mário de Sá-Carneiro

Mário de Sá-Carneiro nasceu em Lisboa em 19 de Maio de 1890 e morreu em Paris a 26 de Abril de 1916. Filho único de pai engenheiro, a mãe morreu quando ele tinha dois anos. De infância e adolescência difíceis, marcadas pela angústia e pela solidão, em 1912 partiu para Paris, onde pretendeu estudar direito. Freqüentando o curso irregularmente, jamais chegou a formar-se.Às dificuldades emocionais somaram-se as de ordem material. O único amigo era Fernando Pessoa, que o compreendeu e ajudou como pôde. Em Lisboa (1913), introduziu-o entre os modernistas da revista Orfeu. No ano seguinte aparecia o seu livro de poemas, Dispersão. Nas cartas enviadas para Fernando Pessoa acompanha-se o ritmo crescente de seus problemas, o seu desespero, até ao suicídio no hotel Nice.
Sobre ele, disse Fernando Pessoa: "Sá-Carneiro não teve biografia: teve só génio. O que disse foi o que viveu."
Texto de Ana Nascimento Piedade




Além Tédio

Nada me expira já, nada me vive
Nem a tristeza nem as horas belas.
De as não ter e de nunca vir a tê-las,
Fartam-me até as coisas que não tive.

Como eu quisera, enfim de alma esquecida,
Dormir em paz num leito de hospital...
Cansei dentro de mim, cansei a vida
De tanto a divagar em luz irreal.

Outrora imaginei escalar os céus
À força de ambição e nostalgia,
E doente-de-Novo, fui-me Deus
No grande rastro fulvo que me ardia.

Parti. Mas logo regressei à dor,
Pois tudo me ruiu... Tudo era igual:
A quimera, cingida, era real,
A própria maravilha tinha cor!

Ecoando-me em silêncio, a noite escura
Baixou-me assim na queda sem remédio;
Eu próprio me traguei na profundura,
Me sequei todo, endureci de tédio.

E só me resta hoje uma alegria:
É que, de tão iguais e tão vazios,
Os instantes me esvoam dia a dia
Cada vez mais velozes, mais esguios...


Mário de Sá-Carneiro

18 maio 2004

Ainda não

Ainda não é hora de voltar. Ainda me sinto triste. Ainda não consegui colocar a minha vida de volta no seu eixo, ou melhor, ainda não consegui encontrar um novo eixo para sustentar a vida.

Não vos quero aborrecer e deprimir com o que tenho escrito. É tudo muito negro, muito infeliz. Escrevo e apago coisas que nem eu tenho coragem de ler e muito menos de publicar.

Também não vos tenho lido. Não por desinteresse, mas porque há gostos que ainda não consigo saborear. Ironicamente, a leitura é um deles. A minha coisa preferida no mundo inteiro é precisamente o que ainda não consegui retomar.

Muito obrigada pelas vossas palavras. Muito obrigada aos que se mantiveram em silêncio (que também consegue ser bastante eloquente). Um dia destes, prometo retomar as minhas Horas e as minhas lides conventuais.

Com o tempo, sei que tudo irá melhorar. Por enquanto, ainda é cedo.

Cerca

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...à minha volta.

17 maio 2004

porque recordar é viver :)

(...)Perdão Senhor, ainda sou uma criança
Perdão, meu Deus ainda não sei bem andar,
Sou um rapaz que ainda não perdeu a esperança
e tenho fé que hei-de aprender como Te amar

Pois na escola só brinquei, não estudei nada,
rasguei o bibe e fiz maldades sem ter fim.
parti os vidros dos vizinhos à pedrada.
Perdão meu Deus, porque eu ainda sou assim
(...)
Há vinte anos que te canto e quem me dera,
que os meus fados fossem hinos de louvor,
fossem flores de uma eterna primavera
e que eu fosse o Teu eterno trovador
(...)
não quero ser eternamente esta criança,
Senhor, Meu Deus, faz com que eu seja um homenzinho
Se o Teu amor é infinito e não se cansa,
quero mais estrelas amanhã no meu caminho(...)


Cresci com a minha mãe a ouvir o intérprete* desta música, entre outros do género.
Era a Menina alentejana, o rapaz transmontano que ia para a terra da Maria, outro que trocou o carro por um calhambeque, uns rapazes que tinham uma febre esquisita, um conjunto que sabia as horas, entre muitos outros e outras.
As cassetes (sim, não havia cd's na altura) compradas na feira - que ainda hoje continua a existir de 15 em 15 dias - ajudavam a passar as tardes da limpeza da casa e de outras tarefas típicas de dona de casa.
E eu agora, ao escrever isto, estou a ouvir qualquer coisa como "peguei, trinquei e meti-te na cesta"... enfim... há dias assim :)

*Frei Hermano da Câmara, ou como diz um amigo, o inventor da coreografia das claques de futebol. Basta ouvir a música Jesus

Rescaldo do fim de semana

Sábado deslocámo-nos ao casamento de uma tia. Foi bom ter reencontrado a família que não via, em alguns casos, há mais de um ano. Correu bem. Foi divertido - tirando a surdez provocada pelo falar alto típico da minha família ;)

Ontem, foi bom ter visto ontem mais uma transmissão exemplar da TVI. Os repórteres de serviço, dos quais sinceramente nem me lembro do nome, com excepção do comentador Luís Norton de Matos, cumpriram (e muito bem) as suas directrizes. Quando alguma confusão reinava no relvado as câmaras viravam-se para o céu!? Quando havia alguma imagem menos abonatória para a equipa do FCP - nomeadamente de algum dos seus jogadores - a estação de Queluz desviava a transmissão para repetições sem nexo. Essa protecção estendia-se aos comentários. Foi também engraçado ver que o senhor JM continua a reinar nesta estação.
Fora isso, gostei do fair play do senhor José Mourinho - que apesar da sua arrogância é incontestavelmente um excelente treinador. Gostei também da chegada do Super Dragões ao Estádio Nacional. Mais uma vez fizeram juz ao seu excelente comportamento.

(E sem qualquer ironia, desejo sinceramente que o FCP leve de vencida o Mónaco e conquiste a Taça dos Campeões Europeus)

16 maio 2004

...

Site Do Sport Lisboa e Benfica

15 maio 2004

Descansa em paz



Há coisas que não têm explicação.
A morte é uma delas.
A morte de uma criança ou de um jovem... ainda mais o é.

Moliceiro

Embarcação portuguesa típica da Ria de Aveiro.

Moliceiro

Utilizada sobretudo na apanha de moliço - limos e outras plantas aquáticas que se usam para adubo das terras, sargaço, tem uma vela alta e estreita, com brandal a barlavento, amurada ao mastro (disparando um toste por sotavento para permitir a bolina), um fundo chato e baixo, a proa redonda e atirada para a ré e a popa bastante mais baixa, articulando um governalho de roda com pau atravessado perpendicularmente e tirado por dois gualdropes que emendam num moitão à proa, o que permite que a embarcação seja governada de qualquer posição. É muito característico quer na forma, quer na muito colorida decoração - in Nova Enciclopédia Larousse

14 maio 2004

noc noc

O tempo para hoje promete. 27ºC graus de máxima para Lisboa. Dá vontade de esquecer o trabalho, agarrar numa toalha, num livro e partir em busca de areia branca e água azul. Ainda para mais... o fim de semana está a bater à porta.

13 maio 2004

Ida ao Futebol

Coloquei o cachecol ao pescoço,
Pintei a cara e pus o boné,
Dirigi-me para aquele colosso,
Primeiro de metro, depois a pé.

Cheguei às bilheteiras finalmente,
E ao ver a bicha desmaiei,
Só ficando bem novamente,
Quando o ingresso comprei.

Não foi só esperar à toa,
Valeu-me o tempo perdido,
Galei uma loira toda boa
Com um piscar de olhos atrevido.

Mais ao fundo a confusão,
De claques à disputa,
Chamavam a um ...
e a outros filhos da ...

O futebol é bonito, é magia,
Em dia de descanso obrigatório,
Vai o pai, a mãe, o filho e a tia,
Sofrer hora e meia de purgatório.

- Toca a entrar, ó freguês.
- Para o fundo junto ao relvado.
Para completar o ritual português,
Junte-se-lhe Fátima e o Fado.

O jogo começa e reina a gritaria,
- Ó chulo vai pró...
A bancada parece uma peixaria
Ou um mercado a retalho.

A outra equipa consegue marcar,
Até fura a rede o petardo,
Com o jogo quase a acabar,
o vencedor está encontrado.

Instala-se a maior revolta
E desata tudo ao molho.
Vim ver a selecção e na volta
À Belenenses levo um olho.

Personalidade do Dia - Marquês de Pombal

A 13 de Maio de 1699 nasceu Sebastião José de Carvalho e Melo.
A 13 de Maio de 1934 foi inaugurada a estátua do Marquês de Pombal, em Lisboa.

Marquês de PombalSebastião José de Carvalho e Melo, Conde de Oeiras e Marquês de Pombal (13 de Maio de 1699- 8 de maio de 1782) foi Primeiro Ministro de D. José I de 1750 a 1777, sendo considerado, ainda hoje, uma das figuras mais controversas e carismáticas da História Portuguesa. Viveu num período da história marcado pelo iluminismo, tendo desempenhado um papel fulcral na aproximação de Portugal à realidade económica e social europeia, bem mais dinâmica do que a portuguesa.

Seu nome de nascimento foi Sebastião José de Carvalho e Melo, filho de Manuel de Carvalho e Ataíde, fidalgo da província, com propriedade na região de Leiria e de sua mulher, D. Teresa Luiza de Mendonça e Mello. Na sua juventude ele estudou direito na Universidade de Coimbra e serviu no exército um curto periodo. Quando foi viver para a capital, Lisboa, Sebastião de Melo era um homem turbulento. A sua primeira mulher foi Teresa de Mendonça e Almada (1689-1737), sobrinha do conde de Arcos, quem ele casou por arranjo da família, depois de um rapto consentido. Os pais da recém-formada família tornaram a vida do casal insustentavel, pelo que se retiraram para as suas propriedades próximo de Pombal(...)

Texto retirado do site Wikipedia

Continue a ler a biografia do Marquês de Pombal.

12 maio 2004

Falta um mês...

As armas e os hooligans esperados,
Que da ocidental ilha vão partir,
Chegarão já aqui alcoolizados
E prontos para tudo destruir,
Em perigos e guerras esforçados,
Para tudo à sua volta ruir.
Entre gente remota vão gritar
"A selecção viemos cá apoiar".

PS: Fernando, perdoa-me a métrica :)

250 anos

Aqueduto das Águas Livres

O Aqueduto das Águas Livres, hoje desactivado, foi mandado construir pelo Rei D. João V, a fim de fornecer água a Lisboa, de acordo com o projecto de Manuel da Maia, tendo abastecido a cidade a partir de 1748. Com 14 Km de extensão desde a nascente principal e diversos aquedutos subsidiários e de distribução, com um total de 58 Km, abastecia uma rede de chafarizes na cidade. O Aqueduto possui, na sua parte mais monumental, um conjunto de 35 arcos, de autoria de Custódio Vieira, sobre o Vale de Alcântara, onde se destaca o maior arco em pedra de vão do mundo, com 65 m de altura e 32 m de abertura.
As águas chegavam a Lisboa ao Reservatório da Mãe de Água das Amoreiras, construído entre 1746 e 1834, segundo planos de Carlos Mardel, a quem se deve, entre outras obras, também o arco triunfal que celebra a obra de D. João V. Integram actualmente o Museu da Água da EPAL.


Dados retirados do site do IPPAR

Nascimentos do dia

1567 - Claudio Monteverdi, compositor italiano.
1803 - Justus Liebig, químico alemão.
1816 - Lord Grimthorpe, relojoeiro que desenhou o Big Ben.
1820 - Florence Nightingale, enfermeira inglesa, pioneira da enfermagem moderna.
1842 - Jules Massenet, compositor francês.
1907 - Leslie Charteris, escritor inglês, criador da personagem o Santo.
1936 - Manuel Alegre, poeta português.
1970 - Secretário, futebolista português.

Dados retirados da Biblioteca Universal

11 maio 2004

sasseva sá tsop mu uo oditnes mes

Não sei o que escrever. Sinto uma desmotivação que me leva a não sentir qualquer impulso para escrever o que quer que seja. Essa desmotivação estende-se aos comentários. Vejo os meus blogues favoritos, mas não sei o que comentar, o que dizer perante alguns dos textos. É mais fácil brincar de volta, quando o texto assim o permite, que, comentar uma mágoa, uma dor que se nos apresenta na forma de letras, que juntas formam palavras, com as quais, se criam frases doridas que me fazem sentir impotente perante tal texto.
Tenho dias assim, de tempos a tempos. Resta-me parar, respirar fundo, esperar que passe. Passa sempre. Umas vezes mais rapidamente, outras mais lentamente, mas passa sempre.

Personalidade do Dia - Salvador Dali

Jovem Virgem auto-sodomizada pela sua própria castidade

Salvador Dalí é um dos artistas mais conhecidos do século XX. Nasceu a 11 de Maio de 1904, na cidade catalã de Figueres e aí morreu, em 1989. Foi um autêntico showman, e seu rosto moreno, com os olhos espantados e os longos bigodes levantados nas pontas, tornou-se uma espécie de ícone da irreverente arte vanguardista do século XX.
A partir de 1927 aproximou-se cada vez mais do Surrealismo, tendo desenvolvido um método a que chamou "crítico-paranóico", que envolvia várias formas subjetivas de associações de idéias e imagens.
Ainda que suas imagens fossem fantásticas, eram sempre pintadas com uma incrível técnica académica e precisão fotográfica.
Dedicou-se a várias atividades profissionais, mas destacou-se, sem dúvida, como pintor, tendo deixado algumas obras que já se incorporaram ao imaginário da cultura ocidental, como, por exemplo, a pequena tela intitulada A persistência da memória.


Leia mais sobre Salvador Dali... aqui.

10 maio 2004

...

Candeeiros...
Aveiro, 09-05-2004

Personalidade do Dia - João Villaret

João Villaret nasceu em Lisboa a 10 de Maio de 1913. Faleceu em Fevereiro de 1961, vítima de doença prolongada. Homem do teatro (tendo participado também nalguns filmes de sucesso), João Villaret teve um enorme sucesso com os seus recitativos que, editados em disco, fizeram grande sucesso. Entre estes recitativos encontra-se O Fado Falado escrito em 1947, por Aníbal Nazaré e Nelson de Barros.

João Villaret

Fado Triste
Fado negro das vielas
Onde a noite quando passa
Leva mais tempo a passar
Ouve-se a voz
Voz inspirada de uma raça
Que mundo em fora nos levou
Pelo azul do mar
Se o fado se canta e chora
Também se pode falar

Mãos doloridas na guitarra
que desgarra dor bizarra
Mãos insofridas, mãos plangentes
Mãos frementes e impacientes
Mãos desoladas e sombrias
Desgraçadas, doentias
Quando à traição, ciume e morte
E um coração a bater forte

Uma história bem singela
Bairro antigo, uma viela
Um marinheiro gingão
E a Emília cigarreira
Que ainda tinha mais virtude
Que a própria Rosa Maria
Em dia de procissão
Da Senhora da Saúde

Os beijos que ele lhe dava
Trazia-os ele de longe
Trazia-os ele do mar
Eram bravios e salgados
E ao regressar à tardinha
O mulherio tagarela
De todo o bairro de Alfama
Cochichava em segredinho
Que os sapatos dele e dela
Dormiam muito juntinhos
Debaixo da mesma cama

Pela janela da Emília
Entrava a lua
E a guitarra
À esquina de uma rua gemia,
Dolente a soluçar.
E lá em casa:

Mãos amorosas na guitarra
Que desgarra dor bizarra
Mãos frementes de desejo
Impacientes como um beijo
Mãos de fado, de pecado
A guitarra a afagar
Como um corpo de mulher
Para o despir e para o beijar

Mas um dia,
Mas um dia santo Deus, ele não veio
Ela espera olhando a lua, meu Deus
Que sofrer aquele
O luar bate nas casas
O luar bate na rua
Mas não marca a sombra dele
Procurou como doida
E ao voltar da esquina
Viu ele acompanhado
Com outra ao lado, de braço dado
Gingão, feliz, levião
Um ar fadista e bizarro
Um cravo atrás da orelha
E preso à boca vermelha
O que resta de um cigarro
Lume e cinza na viela,
Ela vê, que homem aquele
O lume no peito dela
A cinza no olhar dele

E o ciume chegou como lume
Queimou, o seu peito a sangrar
Foi como vento que veio
Labareda atear, a fogueira aumentar
Foi a visão infernal
A imagem do mal que no bairro surgiu
Foi o amor que jurou
Que jurou e mentiu
Correm vertigens num grito
Direito ou maldito que há-de perder
Puxa a navalha, canalha
Não há quem te valha
Tu tens de morrer
Há alarido na viela
Que mulher aquela
Que paixão a sua
E cai um corpo sangrando
Nas pedras da rua

Mãos carinhosas, generosas
Que não conhecem o rancor
Mãos que o fado compreendem
e entendem sua dor
Mãos que não mentem
Quando sentem
Outras mãos para acarinhar
Mãos que brigam, que castigam
Mas que sabem perdoar

E pouco a pouco o amor regressou
Como lume queimou
Essas bocas febris
Foi um amor que voltou
E a desgraça trocou
Para ser mais feliz
Foi uma luz renascida
Um sonho, uma vida
De novo a surgir
Foi um amor que voltou
Que voltou a sorrir

Há gargalhadas no ar
E o sol a vibrar
Tem gritos de cor
Há alegria na viela
E em cada janela
Renasce uma flor
Veio o perdão e depois
Felizes os dois
Lá vão lado a lado
E digam lá se pode ou não
Falar-se o fado.


Letra: Aníbal Nazaré, Nelson de Barros

As Rosas

Rosa

As Rosas amo dos jardins de Adônis,
Essas volucres amo, Lídia, rosas,
Que em o dia em que nascem,
Em esse dia morrem.
A luz para elas é eterna, porque
Nascem nascido já o sol, e acabam
Antes que Apolo deixe
O seu curso visível.
Assim façamos nossa vida um dia,
Inscientes, Lídia, voluntariamente
Que há noite antes e após
O pouco que duramos.


Ricardo Reis, As Rosas

09 maio 2004

Agradecimento

Obrigada pelo óptimo fim de semana, Jacky. Foi muito bem passado e adorámos o passeio no Douro, carago! ;)
... não esquecendo a excelente companhia ponteada de azul.

07 maio 2004

Olhares


...de baixo para cima

06 maio 2004

Anjo Azul

Marlene Dietrich
(27/12/1901-6/5/1992)

Even if I am in love with you
All this to say, what's it to you?
Observe the blood, the rose tattoo
Of the fingerprints on me from you

Other evidence has shown
That you and I are still alone
We skirt around the danger zone
And don't talk about it later

Marlene watches from the wall
Her mocking smile says it all
As the records the rise and fall
Of every soldier passing

But the only soldier now is me
I'm fighting things I cannot see
I think it's called my destiny
That I am changing

Marlene on the wall

I walk to your house in the afternoon
By the butcher shot with the sawdust strewn
"Don't give away the goods too soon"
Is waht she might have told me

Marlene watches from the wall
Her mocking smile says it all
As the records the rise and fall
Of every man who's been here

But the only one here now is me
I'm fighting things I cannot see
I think it's called my destiny
That I am changing

Marlene on the wall


Marlene on the wall, Suzanne Vega

... faz hoje 12 anos que o Anjo Azul fechou as asas.

We'll always have Paris

Torre Eiffel
A Torre Eiffel foi construída por Gustave Eiffel (1832-1923) para a Exibição Universal de 1889, em Paris, realizada na data do centenário da Revolução Francesa. Inaugurada em 6 de Maio de 1889, foi uma estrutura revolucionária para a época. Ainda hoje, é um dos principais símbolos de Paris e da França. A Torre levou dois anos para ser concluída e foi inaugurada pelo Príncipe de Gales que, posteriormente, se tornou o Rei Eduardo VII do Reino Unido.
Até a época da construção da Torre Eiffel, a edificação mais alta erguida por seres humanos era a Grande Pirâmide de Quéops, no Egito, com 138 metros de altura e quase cinco mil anos de idade. A Torre Eiffel permaneceu como a construção mais alta do mundo até 1930, data em que ficou concluído o Edifício Chrysler de Manhattan.

Porto Sentido

Quem vem e atravessa o rio
Junto à serra do pilar
Vê um velho casario
Que se estende até ao mar

Quem te vê ao vir da ponte
És cascata sanjoanina
Erigida sobre um monte
No meio da neblina

Por ruelas e calçadas
Da ribeira até à foz
Por pedras sujas e gastas
E lampiões tristes e sós

Esse teu ar grave e sério
Num rosto de cantaria
Que nos oculta o mistério
Dessa luz bela e sombria

Ver-te assim abandonado
Nesse timbre pardacento
Nesse teu jeito fechado
De quem moi um sentimento

E é sempre a primeira vez
Em cada regresso a casa
Rever-te nessa altivez
De milhafre ferido na asa

Porto Sentido, Carlos Tê e Rui Veloso

Porto
Foto retirada do site da Câmara Municipal do Porto

Neste próximo fim de semana vamos para fora (cá dentro), mais uma vez. Vamos até à cidade inbicta. Eu, que já não vou ao Porto há alguns anos, tenho curiosidade em ver como a cidade se encontra actualmente, depois de tanto ouvir falar em metro de superfície, obras na baixa, acessibilidades para os vários estádios, etc.
De passagem, vamos parar na cidade dos ovos moles e aproveitar para fazer umas fotos da ria - espero que o tempo ajude um pouco, apesar de as previsões não serem muito animadoras.
Vai ser mais um fim de semana diferente.
E Bibó Porto, carago. (carago não, carago!)

05 maio 2004

I had a dream...

Ainda, e na sequência do post anterior, ou mais concretamente do assunto a que ele diz respeito - a vitória do Futebol Clube do Porto, sonhei esta noite.

Sonhei que o futebol português era um desporto íntegro, composto por pessoas íntegras, desde dirigentes a claques, passando como é óbvio pelos atletas, equipas técnicas e todas as pessoas que compõem a hierarquia de um clube de futebol.
Sonhei que não existia suspeição, corrupção, atribuição de favores de e sobre alguns clubes.
Sonhei que o clima nos jogos mais empolgantes era de paz e as notícias sobre os mesmos se limitavam a relatos sobre a vertente desportiva das equipas presentes.
Sonhei que quando uma equipa era favorecida por um erro casual do árbitro o reconhecia no final do encontro.
Sonhei que os árbitros estavam bem preparados para errarem o menos possível.
Sonhei que os dirigentes dos clubes confraternizavam antes dos jogos e tomavam medidas para promover o espectáculo do futebol.
Sonhei que os clubes estavam bem financeiramente e não cometiam loucuras financeiras, tanto nos ordenados pagos aos jogadores, como na construção megalómana de novos recintos desportivos.
Sonhei que a nossa Liga era das melhores do mundo.
Sonhei que os clubes e os jogadores respeitavam os contratos assinados e enquanto estes estivessem em vigor, havia correcção de parte a parte.
Sonhei que um país se unia em torno dos seus clubes presentes nas competições europeias, fosse qual fosse o seu clube intramuros.
Sonhei...

Sonhei... sonhei tanto, que acabei por cair da cama e acordar.

Parabéns

Deitei-me ontem, após ter vibrado com a vitória do Futebol Clube do Porto e a consequente presença na final da Liga dos Campeões Europeus.
Não me esqueço do célebre funeral que os adeptos deste clube fizeram ao meu na Avenida dos Aliados, aquando da derrota numa das finais europeias que perdemos na década de 80, mas não confundo a estupidez de alguns adeptos (e mesmo de alguns dirigentes) com o símbolo (e a história) de um clube e o esforço dos seus atletas (coadjuvados - e neste caso muito bem - por um grande treinador e condutor de homens). Parabéns Futebol Clube do Porto e, já agora, que venha a Taça!

04 maio 2004

Buscas

e a nobre arte de encontrar

Chegam diariamente ao Memorial, pessoas em busca dos mais diversos assuntos. Muitas das vezes, o assunto sexo (e esta palavrinha vai fazer disparar o contador) está subjacente na busca.

Entre estas pérolas sexuais (e vão duas palavras), encontram-se:

+sexo +"costa vicentina" >> se for noutra costa qualquer também é muito agradável - e de frente também é :)
jovens gravidas nuas >> há fetiches para todos os gostos, ó freguês
fotografias super bowl 38 >> tsc tsc nunca viram um seio?
duche rectal >> a higiene é de louvar, sim senhor (ou senhora)

Mas há outras buscas, algumas engraçadas, como por exemplo:

estrutura externa de Almada Negreiros >> deve ser muito mais agradável que a estrutura interna
poemas pequenos ingleses de amor (São Valentim) >> sim, porque os poemas não se medem aos palmos
charro imagens >> olha que o papel fotográfico é muito grosso para mortalha e o seu composto químico é capaz de provocar danos cerebrais graves se inspirado
joao carlos ary dos santos cavalo à solta >> boa busca, mas o Ary dos Santos já tinha sido baptizado anteriormente... como José
matemática.. sabias que... (1ºciclo) >> estou curioso... sabia o quê?
Noite "rei leao" Chegou feliz situacao >> ????
A magia, o divino, a ciência e a arte no Memorial do Convento de jose saramago >> que busca comprida! espero que aches o que procuras!
Qual a função da casa no Memorial do convento? >> será abrigo? habitação?
Codigo Postal Rua S Diniz Vale Formoso >> estamos em negociações com os CTT para abertura de uma agência aqui, mas por enquanto pode consultar a casa-mãe
nomes de dramaturgos no sec 21 >> se forem nascidos neste século... são anónimos ainda... a menos que sejam crianças prodígio.

Sucesso ?

O "Código Da Vinci" de Dan Brown deverá estar a ser um sucesso, a avaliar pela quantidade de pessoas que chegam ao Memorial através da busca "Priorado de Sião"...

Às voltas

pelos doces conventuais, reparo que:

. a poesia é uma linguagem universal e de comunhão de valores;
. as amoras sabem melhor quando são silvestres;
. há sempre novas maneiras de ver, escrever e sentir os pecados mortais;
. 5minutos chegam para provar que um chocolate é melhor que um homem;
. nem só de angústias vive um professor (e ainda bem);
. as cobras cospem;
. existem pessoas que me fazem acreditar que a Saúde vai melhorar - pela sua capacidade humana;
. sabe sempre bem ouvir (ler) as estórias de outros;
. existem nobres (ou tios) que são pessoas espectaculares, e vivem (talvez por causa disso) fora da zona Estoril/Cascais/Sintra;
. há instrumentos cirúrgicos que cortam mais que outros;
. um leite creme para sobremesa sabe sempre bem, seja em que refeição for;
. a arqueologia é um assunto muito vasto;
. que as letras também podem ser devoradas à mesa;
. as flores também falam e trasmitem sentimentos;
. existem mais histórias de mar que aquelas que conhecemos;
. as Martas, mesmo quando atacam, são pessoas sensíveis;
. as palavras também entram de férias (eu sabia que a Língua Portuguesa há muito que entrou, inclusivé aqui... de quando em vez);
. que a paz pode ser dividida em pedaços idênticos e distribuída entre todos;
. coisas simples como viver, sentir e amar, são (re)criações diárias;
. existem tascas cultas no meio de outras que o não são;
. a possessão pode ser teórica;
. os universos podem ser desfeitos;
. as bagas, tal como as amoras, são melhor silvestres (ou selvagens).

Entre uns e outros que visito, mais há que são um doce de saborear.

Música do Dia

Em cada gesto perdido
Tu és igual a mim
Em cada ferida que sara
Escondida do mundo
Eu sou igual a ti

Fazes pinturas de guerra
Que eu não sei apagar
Pintas o sol da cor da terra
E a lua da cor do mar

Em cada grito de alma
Eu sou igual a ti
De cada vez que um olhar
Te alucina e te prende
Tu és igual a mim

Fazes pinturas de sonhos
Pintas o sol na minha mão
E és mistura de vento e lama
Entre os luares perdidos no chão

Em cada noite sem rumo
Tu és igual a mim
De cada vez que procuro
Preciso um abrigo
Eu sou igual a ti

Faço pinturas de guerra
Que eu não sei apagar
E pinto a lua da cor da terra
E o sol da cor do mar

Em cada grito afundado
Eu sou igual a ti
De cada vez que a tremura
Desata o desejo
Tu és igual a mim

Fazes pinturas de sonhos
E pinto a lua na tua mão
Misturo o vento e a lama
Piso os luares perdidos no chão


Mafalda Veiga, Tatuagens

Brinquedos de outras eras

Brinquedos de outrora

... quando não havia Nintendo, Playstation, Game Boy e as crianças se divertiam com triciclos e carrinhos de rolamentos. Lançava-se o pião, jogava-se ao guelas (berlindes), à bola, à sirumba, ao futebol humano, etc... eram tempos diferentes.
A satisfação, essa... bem, deve ser a mesma, intemporal.

03 maio 2004

29 Crueldades...

que uma mulher não deve dizer a um homem.

01. Já fumei charros mais grossos que isso.
02. Ahhhh, tão gira.
03. Era melhor ficarmos pelos beijinhos.
04. Sabes, há cirurgia correctiva para isso.
05. Fá-la dançar.
06. Posso pintar-lhe um smiley?
07. Uau, e os teus pés são tão grandes.
08. Não faz mal, podemos ser criativos.
09. E guincha se eu a apertar?
10. Oh não... Uma enxaqueca...
11. (risinho e apontar)
12. Posso ser sincera contigo?
13. Tão querido, trouxeste incenso.
14. Isto explica o teu carro.
15. Talvez cresça se o regarmos.
16. Por que me terão os deuses castigado?
17. Pelo menos isto não vai durar muito.
18. Nunca tinha visto um assim.
19. Mas funciona na mesma, certo?
20. Parece ter tão pouco uso...
21. Talvez fique mais favorecida com luz natural.
22. E se passássemos já para os cigarros?
23. Estás com frio?
24. Se me embebedares a valer primeiro...
25. Isso é uma ilusão de óptica?
26. O que é isso?
27. Ainda bem que tens outros talentos.
28. E traz bomba de ar?
29. Então é por isto que se devem avaliar os homens pela sua personalidade...

retirado do site Sexualidades

Pânico na indústria sexual

A indústria pornográfica norte-americana anda em alvoroço com o aparecimento de actores com testes de HIV positivos. Há quem tenha suspendido as filmagens, em nome de uma fábrica de fazer dinheiro. - in Correio da Manhã

Já terão ouvido falar em sexo seguro? Preservativos?

01 maio 2004

Tenho saudades, Campeão

Ayrton Senna Da Silva


Ayrton Senna da Silva


(21/03/1960-01/05/1994)



Faz hoje 10 anos que a Fórmula 1 terminou para mim. Estava calmamente sentado no sofá a ver um dos meus desportos favoritos, quando numa curva, tu embateste violentamente. Morreste, mas, a bem dos direitos televisivos e outros, a corrida continuou e até teve um vencedor que festejou a vitória (como se não se soubesse já que tinhas morrido em plena prova). Foi a primeira vez que assiti a uma morte em directo. A morte de um ídolo.
Para trás ficavam 3 Campeonatos do Mundo, diversas vitórias, diversos recordes. Dava gosto ver-te conduzir à chuva. Voavas sobre aquela película de água.
Morreste dia 1 de Maio de 1994, quando comandavas o Grande Prémio de São Marino... na frente.