30 julho 2004

(...)

Eis que chega mais um verão e, na miragem das férias, alguns portugueses esquecem-se dos seus animais de estimação. A expressão "animal de estimação" é, por si só, detestável, já que todos os animais devem ser estimados, sejam os que partilham o nosso espaço em casa ou os que vivem livres por esse mundo fora, mas, mais detestável do que a expressão, é a forma desumana, indigna e criminosa com que os portugueses continuam a tratar os animais.

A cada ano que passa, o número de animais abandonados aumenta. A cada ano que passa, continuamos a assistir a este crime sem fazer nada. Há poucos minutos, uma colega ligou-me bastante nervosa. Tinham abandonado um cahorro de dois meses, de raça castro laboreiro no quintal de casa dela. O requinte da criatura que atirou o cachorrinho por cima do muro foi tanto que até deixou um bilhete na caixa de correio da minha colega a explicar que o cachorro estava vacinado e desparasitado.

E eu pergunto: como é que estas criaturas conseguem viver consigo mesmas? Será que não sabem que são apenas um gigantesco monte de bosta ambulante?

Um animal é uma responsabilidade. Não é um brinquedo, não é um objecto. É um ser vivo que precisa de atenção. Ter animais implica estar disposto a fazer concessões, como abdicar de uma casa imaculadamente limpa, aprender a conviver com pêlos, pocinhas no chão, móveis, livros e outras coisas estragadas. Implica dispensar-lhe tempo, dar-lhe atenção e abdicar até de férias em alguns locais e condições.

As compensações são muitas, acreditem. Os animais são generosos, autênticos, honestos. Não dão os seus afectos de graça, mas quando os dão são sinceros. Por isso não compreendem quando os abandonam na estrada e tentam voltar a casa ou ficam simplesmente sentados à espera que o dono volte.

Os animais são como crianças pequenas, inocentes, dependentes, indefesos num mundo construído à imagem e semelhança dos humanos. Precisam de nós, de tudo quanto lhes pudermos dar. Se não tivermos espaço, tempo ou paciência, o melhor que temos a fazer é simplesmente não os ter. Abandoná-los é o acto mais reles que se pode cometer.

Sei que não disse novidade nenhuma, mas este é um crime que exige uma denúncia permanente.

Cara Irina

Li - com os olhos lavados em lágrimas - o seu percurso neste país. Aceitando o seu repto, divulgo agora quem sou na realidade, e, acredite, que temos em comum uma vida sofrida, com alguns pontos idênticos, se exceptuarmos os avanços gastronómicos dos seus patrões. Actualmente sou um senhor respeitável de 47 anos, mas nem sempre foi assim.

Nasci num daqueles bairros sociais, ao pé da praia, no tempo das cebolas. Lembro-me perfeitamente, porque como éramos pobres, os meus pais não tinham dinheiro para me comprar chupetas e assim... toca a chupar numa cebola.

A infância, passada numa barraca onde para além de mim, viviam os meus pais, os meus avós, os meus 5 irmãos, a namorada de dois deles - namoravam em dias alternados, dois piriquitos, 3 gatos e um cão perneta, não foi fácil como poderá certamente imaginar. Os dias eram passados no lamaçal a brincar com latas de conservas (vazias infelizmente) e pneus velhos, outrora recauchutados pela empresa onde trabalhara o meu pai. Mais tarde veio-se a saber que afinal a empresa utilizava o negócio de pneus como fachada para a venda ilegal de produtos de emagrecimento e drogas afins, pelo que foi fechada pela polícia e os trabalhadores mortos - por esmagamento - por centenas de senhoras gordas descontentes com o fim das vendas. O meu pai, coitado, ainda tentou fugir, mas como deve imaginar, sair debaixo de duas nádegas - pesando cada uma os seus 50 quilos não é fácil. Acabou por morrer sufocado quando uma outra senhora se sentou em cima dele, não lhe dando qualquer espaço de manobra. Ficámos assim, sobre os cuidados da minha mãe, que trabalhava na limpeza das barracas vizinhas, passando o dia fora de casa e deixando-nos aos cuidados dos meus avós. O meu avô, acamado desde a 1ªGuerra Mundial e a minha avó surda desde a sua infância - resolveu encostar um búzio ao ouvidos e a dentro da concha estava um caranguejo com pinças afiadas. Como não ouviu o barulho do mar num ouvido, resolveu experimentar no outro...

Quando fui para a escola, para a 1ª classe, o meu avô acompanhou-me nos primeiros dias. Era um cortejo enternecedor. Os meus irmãos empurravam a cama dele pela estrada fora e nas descidas subíamos todos para a cama e aproveitávamos a inclinação. Ainda hoje penso que se o autocarro se tivesse desviado, o meu avó ainda estaria vivo.

Na escola aprendi muitas coisas, como por exemplo, que uma cana verde nas mãos dói muito mais que uma ripa de madeira nas nádegas.

Nos recreios brincávamos sempre às lutas, ou então, jogávamos à bola com o Zézinho. Como o Zézinho era pequenino, era ideal para jogar futebol. Tínhamos era de chutar com muita força, porque senão ele não se movia. Ao fim de um certo tempo até parecia uma bola de futebol oficial, com losangos brancos e negros - as nódoas provocadas pelos pontapés.

Quando atingi a adolescência - tropecei nela acidentalmente, devo dizê-lo - resolvi sair de casa. Mudei-me para o barracão anexo à casa, que a minha mãe utilizava como arrecadação.

Farto de estudar - até porque já tinha as nádegas negras e as mãos verdes da cana, comecei a trabalhar. Um dos senhores mais ricos e respeitáveis do bairro, pagava-me 5 escudos - uma fortuna - para levar uns pacotes a alguns cafés de reputação duvidosa, segundo algumas pessoas. Mas era só reputação. Diziam que eles vendiam droga... eu nunca vi, e olhe que ia lá quase todos os dias entregar-lhes pelo menos um pacote. Fui fazendo o meu pézinho de meia e com 18 anos consegui abrir uma conta no banco com quase 1000 escudos, imagine! Pensei então em emigrar, mas desisti logo da ideia. A minha avó, entretanto falecida após um ataque de fúria dos periquitos, revelou-nos antes de sucumbir, que ela e o meu avó tinham sido na realidade um casal conhecidíssmo na década de 30 por efectuar assaltos a bancos e que o produto do roubo estava guardado na Suiça, com um dos empregados da pastelaria.

Após a divisão, ainda ficou cerca de 3000 escudos para cada um dos irmãos. Enchi a minha malinha de cartão com o meu par de calças e a camisa de colarinho revirado e fui então para o Algarve. Comprei uma barraca de pescadores, um modesto T1 junto à praia e passei - durante um ano - a observar a praia, a Fauna e Flora.

A Fauna era uma mulatinha muito engraçada, mas eu, à Flora - talvez por ser antipática comigo, naõ achava graça nenhuma. Contudo, foram tempos muito importantes para a minha evolução e para a minha posição actual - deitado. Com elas aprendi como se deve tratar uma mulher, e elas em troca, mostraram-me como se pode roubar a fortuna a uma homem inexperiente.

Novamente só, teso e completamente liso, resolvi aproveitar os conhecimentos que elas me ensinaram sobre as mulheres. Estavamos em pleno boom económico e começávamos a fazer parte dos roteiros turísticos do mundo. Vinham loiras e morenas de toda a Europa para aproveitar o nosso sol. No trato com elas, aprendi algumas frases de inglês : "Puta same crim?!" e "Ude iu laique same lave?" e daí à internacionalização foi um pequeno passo. Fui-lhes mostrando as maravilhas da gastronomia portuguesa e quando uma ficava satisfeita, logo aparecia outra amiga a querer provar o mesmo prato. Algumas gostavam de repetir a dose e ainda queriam sobre a mesa. Foram tempos muito difíceis, suportados muitas vezes - e não tenho vergonha em admiti-lo - com cházinhos de produtos daquela província de Angola. Houve dias em que nem me levantei, outros que passei de joelhos. Era uma tarefa esgotante fisicamente que muito contribuiu para os meus actuais bicos de papagaio.

Mas nem tudo foi mau, porque cheguei a ir passar férias com algumas das minhas amigas - se bem que não saí do quarto - à Suécia e à Finlândia. Deu para perceber que os tectos são muito trabalhados e as cabeceiras das camas tem um relevo muito particular.

Como pode verificar, a minha vida também não foi muito fácil. Hoje em dia, infelizmente, já não posso desempenhar, as minhas anteriores funções - estou quase reformado por invalidez, e digo quase, porque após ter sofrido uma trombose no ano de 1990 só consigo movimentar a língua em movimentos para a esquerda. Tendências.
Para colmatar esse pequeno percalço e aproveitar o tempo livre, investi tudo o que ganhei anteriormente, no negócio de alterne. Abri um bar que alterna entre café social às segundas, quartas e sextas e restaurante de luxo às terças, quintas e sábados - encerrando ao Domingo para descanso do pessoal.

Fica desde já convidada, querida Irina a aparecer e arranjar as unhas do pessoal (nada como uma boa apresentação). Em troca, ofereço-lhe o mais sonhado manjar dos deuses.

Disponha sempre.
Deste seu admirador,

B.Jo Quente

Aniversariantes do Dia

No Passado:
Emily Brontë
Henry Ford
António Correia de Oliveira
Henry Moore

No Presente e Futuro:
Parabéns Eunice Muñoz
Parabéns Nicolau Breyner
Parabéns Arnold Schwarzenegger
Parabéns Rui Veloso
Parabéns Kate Bush

...entre muitos, muitos outros.

29 julho 2004

O importante é ser educado e pedir sempre por favor...

Na 6ª feira passada, o meu amigo Joaquim (vamos chamar-lhe assim, para variar) foi jantar com uma amiga a casa dela, em Caxias. Como era cedo ainda, resolveu estacionar perto do estádio do Jamor e ficou dentro do carro a ouvir música.

Minutos depois batem à janela e eis que acontece esta verdadeira pérola de diálogo…

Joaquim: Sim?...
Fulano: Boa tarde. Eu gostaria imenso de lhe poder fazer uma m*m*d*, se fizer o favor. Deixa-me?
Joaquim: Não…
Fulano: Pronto, está bem. Uma boa tarde para o senhor e desculpe, sim?

Lamento benfiquista

Ontem comprámos o Azar e sofremos Karadas de golos.

(...)

Tenho andado muito ocupado esta semana.
O departamento onde pertenço está a ser alvo de um "assessment" para (supostamente) redefinição de tarefas e melhoria de métodos de trabalho. Então, ao fim de 8 anos - no meu caso - estou a ser avaliado por pessoas que não fazem a mínima ideia do trabalho que efectuo. Entre colegas, o que paira é apenas e só, mais uma tentativa de nos foder lixar a vida. Entre entrevistas técnicas e sócio-profissionais e o trabalho propriamente dito, não sobra muito tempo.
Quando tiver tempo, respondo ao repto da Irina e revelarei quem sou na realidade.

28 julho 2004

Ontem...

...Aproveitei para arrumar velhas fotografias, emoldurar algumas, ordenar outras e, ao mesmo tempo, recordar rostos e tempos passados. No meio delas, achei uma da minha mãe com dezoito anos. Virei-a e percebi que tinha sido oferecida por ela ao meu pai. A dedicatória dizia assim: "Até ao sono eterno te hei-de amar". Aquelas palavras, que noutras alturas eu consideraria pura e simplesmente pirosas (a minha mãe sempre gostou de literatura romântica), deram-me um conforto e um alento enormes. Afinal, havia mais amor à minha volta do que eu era capaz de perceber.

E ela cumpriu a promessa. Transformou as palavras em gestos e multiplicou-as ao longo de 47 anos de vida.

27 julho 2004

Mundo instantâneo

Todo o homem é culpado do bem que não fez
(Voltaire)

Uma vez mais, a World Press Photo visita Portugal. Uma vez mais, vale a pena dar um salto ao Centro Cultural de Belém e ver com atenção, com os olhos, com a sensibilidade e, sobretudo, com o espírito crítico. De todas as edições de que me recordo, nenhuma era tão sombria quanto esta. Miséria, doença, fome, loucura, morte, guerra, todos os males que atormentam o mundo e os homens estão representados em fotografias, quadros de um quotidiano horrendo, mais ou menos distante no espaço, mas à proximidade de um “clique”, seja ele o da máquina fotográfica que dispara na altura certa, ou o do comando do televisor que nos serve os acontecimentos diariamente, quase em tempo real.

Impressionei-me várias vezes enquanto visitava a exposição. Pensei que pelo menos, ironicamente, nenhum continente estava ausente daquela galeria. Todos estavam (in)dignamente representados, ninguém precisa sentir inveja ou comiseração pelos outros.

Portugal lá está, representado em chamas como se vai tornando habitual. A culpa é do calor, teimam em dizer alguns. A culpa é do desprezo com que tratamos este país que é o nosso e este mundo em que vivemos.

A surpresa...

não chegou no Domingo, data do jogo do Centenário, mas veio no dia a seguir.

Rui Costa vai voltar a jogar vestido de vermelho e branco, na equipa dos diabos vermelhos.

Só que estes red devils... são em Manchester ...

26 julho 2004

Como sempre, como dantes

Será que começamos a ficar velhos quando todos os nossos amigos de infância casam?

Hoje apetece-me filosofar sobre esta questão que angustia o meu abade e, ao mesmo tempo, sobre as pressões mais ou menos subtis que as pessoas que (supostamente) mais nos amam neste mundo exercem sobre nó, quase sem se aperceberem (?).

Detesto ir a casamentos, seja no Inverno ou no Verão. Não gosto de me vestir como se fosse uma boneca e não costumo ir ao cabeleireiro nem usar maquilhagem, mas nessas solenes ocasiões, estes rituais tornam-se quase obrigatórios e, só por isso, detestáveis. Depois abomino o terno “cliché” dos casamentos que, na maioria dos casos, não passam de um enorme lugar comum. Uma suposta festa para supostos amigos à qual acabam sempre por ir pessoas de quem não se gosta assim tanto e outras que nem sequer se conhece, só porque são namorados ou amigos de familiares ou então porque convidar o tio Totó, implica convidar também a tia Lóló, mesmo que não se possa com ela.

Ainda há a hipocrisia por detrás da celebração. A maioria dos noivos que casam pela igreja fazem-no pelo espectáculo e não por convicção e os convites são feitos na mira do lucro. Como prenda, prefere-se dinheiro. Já agora, uma quantia que permita cobrir o que se gastou no copo de água, mas o ideal é que sobre algum para a lua de mel ou outra coisa qualquer.

Um casamento é um contrato. Apenas isso. Um contrato que vincula duas pessoas que, de livre e espontânea vontade, assumem novas obrigações. Não há nada para festejar. Não há nada que interesse aos demais. Se existe amor, tem-se a vida inteira para o celebrar e basta um olhar para que todos o percebam. Não é preciso fogo de artifício, mesas enfeitadas, 2 pratos, 4 sobremesas, 8 tipos de queijo e um bolo gigantesco que quase ninguém come, porque já está cheia com o resto das iguarias.

Os pais são os grandes culpados, creio eu. No seu amor sempre ansioso, na sua máxima eterna de querer sempre o melhor para os filhos, acabam por exercer uma valente chantagem sobre a vontade da maioria dos filhos. O pior é que, atrás dos pais vêm o resto da família e os amigos. Uns por desportivismo ou por contágio. Outros porque também foram pressionados e acham esta doce vingança o modo perfeito para justificar que fizeram uma coisa que, provavelmente, até nem queriam fazer. Ou então, que queriam que tivesse sido diferente e arrojada mas que, para não melindrar os papás, acabou por ser convencional e aborrecida – como sempre, como dantes, como canta o Camané.

E lá vamos andando aos círculos como se todos tivéssemos de nos casar para ser crescidos, para ser adultos, para ser iguais aos demais, para ser aceites numa espécie de sociedade um tanto ou quanto secreta, onde a base é ocupada peloas pessoas casadas e o topo pelas mulheres que são mães.

Se o João se deixou contagiar, eu não deixo. Por mim, podem casar-se todos que eu não me importo nada. Quando me der na gana, pego na trouxa e mudo-me de vez para o Convento. Posso até assinar um contrato com o João para efeitos legais, mas nunca esse contrato poderá ser mais forte do que já me une a ele. Não me faz falta, não vai acrescentar nada ao que sinto. Não me tornará mais amante, mas companheira, mais fiel ou mais cúmplice. E, se o fizer, peço desde já desculpas às tias Lólós deste mundo, mas não faço favores a ninguém e perto de mim só quero as pessoas de quem realmente gosto.

Quanto aos filhos, se vierem serão bem recebidos. Se nunca chegarem, não deixarei que me considerem menos mulher ou menos boa pessoa por isso.

A vida das pessoas não é uma linha recta. Já basta a inevitabilidade da morte e todas as limitações e fronteiras que diariamente temos de procurar combater para estender os nossos domínios e sermos pessoas melhores. Não admito que me imponham este tipo de regras. Não quero viver como toda a gente espera que eu viva. Quero que tudo o que faço, faça sentido para mim, mesmo que o não faça para mais ninguém.

Quero ser feliz e isso implica ser livre de me prender apenas a quem eu escolher e fazê-lo unicamente porque quero.

Alerta... Laranja

Baía "exige uma explicação" por não ser convocado. Admiro a sua coerência. Há sempre duas ou três vezes por ano em que ele faz nas declarações públicas o mesmo que costuma fazer nas saídas da baliza: asneira da grossa. Felizmente não tem o hábito, como Trapattoni, de gravar o que diz. Se bem que a idade avançada do italiano justifica o gravador. Sem ele, como poderia Trap fixar coisas essenciais para o exercício da sua função, tais como: "O nome deste clube é Benfica", "O Sabrosa é o que tiver o visual mais amaricado" ou "Cuidado com o Veiga!". Entretanto, foi notícia que o Alentejo e o Algarve estão em "alerta laranja". Não percebo qual é a novidade. Desde a decisão de Sampaio que todo o país está. Felizmente, Manuel Alegre candidatou-se à liderança do PS. Alegre, no seu estilo Ary dos Santos com Guronsan, é o único homem no mundo capaz de ler uma embalagem de Doritos e fazê-lo soar a Shakespeare. E isso tem de valer alguma coisa."

Luís Filipe Borges, n'A Capital

Dependências...

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ou talvez não.

1 casamento e 1 exposição

(não foram 4 casamentos e um funeral, mas também, foram apenas dois dias...)

O fim de semana que passou, foi - para mim - um dos mais quentes que me lembro. Um calor tórrido e abrasador que convidava a um qualquer local onde se podesse estar fresco. No sábado, após 3 horas de espera para tratar de uma simples requisição de passaporte, fomos até ao CCB para ver a exposição World Press Photo. Gosto de fotografia e gosto de foto-jornalismo. Com o calor que se fazia sentir no exterior, nada como juntar o útil ao agradável e ver uma fotos num local fresquinho! :)
Ao fim da tarde vimos "O Júri", baseado numa obra de John Grisham, e revivemos a procura de um peixinho simpático chamado Nemo. (Mine... mine... mine...)
Ontem, com o calor que se fez sentir, fomos a um casamento de uma amiga. Estar fechado num fato com trinta e tal graus... não é agradável. Mas há sacrifícios que algumas pessoas merecem que sejam feitos. As maiores felicidades para os recém-casados.
Fica no ar esta pergunta... Será que começamos a ficar velhos quando todos os nossos amigos de infância casam?

23 julho 2004

Adeus. Até sempre.

Guitarra Portuguesa
Quando vinha há pouco para o trabalho, reparei que a TSF estava a passar algumas das composições de Carlos Paredes. Vinha deliciado a ouvi-las. A guitarra portuguesa geme, fala, sente e faz sentir, nas mãos de quem a sabe tocar. Carlos Paredes tinha esse dom, o de transmitir sentimentos e sensações através da guitarra portuguesa.
Só passado um pouco, é que soube o porquê da emissão consagrada à guitarra portuguesa e ao seu mestre... o mestre morreu hoje de madrugada.
Obrigado mestre.

Adeus. Até sempre.

21 julho 2004

(...)

Estou farta da morte. Farta, cansada, saturada, aborrecida de morte com a morte. Há um ano que chegou ao pé de mim e desde essa altura que não me larga, sempre ao meu redor, a rondar, a espreitar, a levar-me pessoas que me são queridas. A querer fazer-me compreender e aceitar o que, para mim, é simplesmente incompreensível e inaceitável

Morreu uma colega minha. Era uma pessoa alegre, sempre satisfeita, daquela espécie cada vez mais rara de pessoas que têm sempre um sorriso e uma palavra amável para toda a gente.

Há pouco tempo soube que estava doente. Há menos tempo ainda soube que tinha cancro no estômago. Há dias soube que nada havia a fazer. Hoje soube que morreu.

É assim a vida, dizem-me. Assim como? Assim curta? Assim estúpida? Assim doce? Assim veloz? Assim triste? Assim previsível? Assim o quê? Alguém me consegue explicar? Às vezes sinto-me profundamente estúpida porque não consigo entender estas coisas. Quero dizer, entendo o processo físico, o processo de envelhecimento e degradação que tem início no preciso momento em que somos concebidos, o que não consigo entender e – desconfio – nunca conseguirei, é a inutilidade de tudo isto, desta vida toda.

Quando a minha avó morreu, há dezassete anos, não consegui perceber. Achei que era da idade e que, com o tempo, tudo faria sentido. Seis anos depois perdi o meu avô e continuei sem perceber. Há um ano foi a vez do meu tio. Também não percebi. Faz hoje precisamente três meses, morreu o meu pai e eu percebi que nunca irei perceber. Porque, para mim, perceber porque é que as pessoas têm de morrer significa aceitar a sua partida e é isso que eu não consigo aceitar.

A minha colega mantinha três empregos para sustentar dois filhos. Eu nunca soube que ela começava a trabalhar às seis da manhã e só chegava a casa pela noite dentro. Nunca soube porque ela nunca mo disse, nunca se queixou, nunca reclamou. Fazia o que era preciso. Fazia o que podia para viver com mais conforto financeiro, para dar mais conforto aos filhos. Resignava-se, encolhia os ombros e fazia uma cara alegre e com ela enfrentava os dias. É assim que ela continuará a ser para mim.

Danças

sob uma ténue luz
Medusas

19 julho 2004

Só para encher...

Segunda-feira... blargh!! Depois de uma semana de férias forçadas devido à convalescença de um ligeiro problema de saúde, eis-me de volta ao trabalho. Não posso dizer que descansei, porque não fazer nada não é necessariamente descansar (e não fazer nada também cansa!) e muito menos sinónimo de férias - forçadas ou não. Aproveitei a semana passada para ler, ver uns filmes que tinha em atraso, ver televisão - em especial o Tour de France que se prepara para ser conquistado pela 6ª vez consecutiva por Lance Armstrong.De passagem, parece que temos finalmente um novo governo, ou desgoverno... o tempo dirá qual dos dois substantivos é o mais indicado. O Benfica parte mais uma vez como candidato ao título (isto soa-me tão familiar) e sinceramente espero que seja desta! Não tenho consultado muito a blogosfera, não tenho comentado, não tenho tido paciência. Que me perdoem os meus visitados habituais. Resta-me desejar a todos um bom início de semana... nesta altura de meio gás, em pleno verão e período de férias.

16 julho 2004

Reaccionária, eu?

Enviaram-me ontem estas pérolas. Não faço ideia se são verdadeiras, mas não me custa nada acreditar que sim. Enviaram-mas dizendo que se tratava de frases retiradas de revistas femininas brasileiras dos anos 50. Por mim, acho que poderiam perfeitamente ter sido retiradas da cabeça de muitas mulheres portuguesas no ano de 2004…

"Não se deve irritar o homem com ciúmes e dúvidas." (Jornal das Moças,1957)
Concordo em absoluto. Todas sabemos que os homens são fraquitos de cabeça e raramente conseguem gerir dois pensamentos em simultâneo sem entrarem em curto circuito.

"Se desconfiar da infidelidade do marido, a esposa deve redobrar seu carinho e provas de afeto."(Revista Claudia, 1962)
Está certo. Desta forma ele sentir-se-á horrorosamente culpado e achará que a culpa foi toda dele quando a cara leitora partir em debandada com o vizinho do 1º esquerdo que, assim de lado, tem mesmo qualquer coisa do Brad Pitt…

"A mulher deve estar ciente que dificilmente um homem pode perdoar uma mulher por não ter resistido às experiências pré-núpciais, mostrando que era perfeita e única , exatamente como ele a idealizara." (Revista Claudia, 1962)
É perigoso desiludir um homem. Muito pior do que dizer a uma criança que o Pai Natal, afinal, nunca existiu. Afinal de contas, a criança (se for do sexo feminino) terá a oportunidade de crescer e superar o trauma. O homem terá de viver com ele para o resto da vida visto que, como é sabido, os homens são como bonsais – nunca crescem, embora envelheçam.

"Mesmo que um homem consiga divertir-se com sua namorada ou noiva, na verdade ele não irá gostar de ver que ela cedeu."(Revista Querida, 1954)
Verdadeiro como o céu. Na verdade, a única esperança que anima os homens é saberem que, regra geral, as mulheres têm a vontade própria alojada apenas num órgão vital: o cérebro.

"O noivado longo é um perigo." (Revista Querida, 1953)
Correcto. Não se deve dar a uma mulher tempo para pensar. Se o noivado durar mais de 10 minutos, é muito provável que ela mude de ideias…

"É fundamental manter sempre a aparência impecável diante do marido."(Jornal da Moças, 1957)
Isso mesmo! Nunca desista – faça-o desistir!

E, como corolário...

"O LUGAR DE MULHER É NO LAR. O TRABALHO FORA DE CASA MASCULINIZA." (Revista Querida, 1955)
Mas se deixássemos todo o trabalho para os homens, ainda estaríamos à espera da invenção da escrita para podermos dar forma a estas verdades absolutas.

Bom fim de semana para todos!

15 julho 2004

Dona Ana

Conheço a D. Ana desde que trabalho aqui. É uma senhora dos seus cinquenta e tal anos, cabelos ondulados e grisalhos, sempre em desalinho, olhos escuros e vivos, que viajam pelos nossos quando nos fala. A causa da vida da D. Ana são os animais. Pertence a várias instituições, recolhe animais abandonados e procura novas casas para eles. Os maus tratos para com os animais revoltam-na profundamente.

Ontem encontrei-a - já não a via há muito - e aproveitámos para pôr a conversa em dia. Tal como ela, eu também acredito que todos os animais têm direito à sua dignidade, a ser tratados com respeito por todos nós que somos, supostamente, racionais. A meio da conversa e depois de me ter contado a história de uma gata que tinha sido levada pelos donos ao veterinário para ser abatida não porque estivesse doente, mas porque tinha provocado um ataque de asma na criança da família ("no comments!"), a D. Ana disse-me que sabia o que muita gente pensava sobre ela.

"As pessoas julgam que, por gostar de animais e lhes dedicar tanto tempo me desiludi com as pessoas, mas não é verdade. Eu gosto muito das pessoas e também as ajudo, só que não quero que se saiba.". Contou-me então do seu orgulho maior, uma medalha que recebeu feita por crianças com atraso mental (que me perdoem os especialistas, mas não estou a par do termo politicamente correcto para designar esta realidade até porque, nestes casos, as palavras certas mudam com grande rapidez e querem-se sempre mais delicadas. Será para não melindrar as pessoas nessa situação e os seus familiares ou antes para não chocar contra as nossas cada vez mais duras sensibilidades?). Disse-me que guarda essa medalha juntamente com uma carta que as mesmas crianças lhe escreveram para lhe agradecer a ajuda que lhes dava e que era a esses dois objectos que ia buscar a coragem de cada dia.

É comum olhramos para pessoas como a D. Ana e pensarmos (o termo mais adequado será "julgarmos") que são pessoas frustradas, infelizes, desiludidas com a vida, a quem faltam afectos. Nunca imaginamos que, pelo contrário, possam ser pessoas tão cheias de Bem, que conseguem abarcar o mundo inteiro num só abraço e dispensar o mesmo tipo de atenção e cuidado a um estranho, a um animal, a uma árvore, enfim, a todas as coisas e criaturas quem compõem este mundo a que todos chamamos de "nosso" mas que poucos tratam como tal.

13 julho 2004

Frida - 50 anos depois

"Nascida num outrora subúrbio da Cidade do México, a 6 de Julho de 1907, com apenas seis anos sofre uma ataque de poliomielite que afectará para sempre a sua perna direita. Os seus estudos, iniciados em 1922, vão pô-la em contacto com a sua alma gémea, quando das janelas da Escola Nacional Preparatória vê o muralista Diego Rivera pintar o mural "La Creacion". Mas o encontro - e os desencontros - com Diego ainda está para vir. Antes, quando era noiva de Alejandro Gómez Arias, sofre um acidente de viação que lhe parte a coluna vertebral em três sítios, bem como a clavícula, três costelas, a perna e o pé direito. Mas o mais grave é que o acidente, que lhe fura o sexo em três sítios, impedi-la-á de ter filhos, um facto que não só a atormentará ao longo da sua vida como terá reflexos na sua obra enquanto artista" in Público
continue a ler a biografia de Frida Kahlo no Público

Desconhecia a artista. Nunca tinha sequer ouvido falar na mulher. Tudo mudou através de Salma Hayek e do seu filme "Frida". Passei então a admirar a mulher - a Frida, porque a Salma, sempre admirei :) - e a sua obra.
A Sónia já em tempos (Janeiro de 2004) escreveu sobre ela aqui e entre muitas coisas relembro isto «Duvido que algum dia me torne khaloísta (sim, existe uma religião que tem a figura de Frida Kahlo como inspiração), mas vou continuar a ler sobre esta mulher. Sem dúvida teve talento. Sem dúvida teve coragem. Sem dúvida teve convicções. Sem dúvida teve amor. Merece ser redescoberta

Algumas das suas obras podem ser consultadas aqui.

09 julho 2004

E a tua ??

Vi isto no blog do Alex (ganda maluco!!) e resolvi fazê-lo... só por curiosidade.

My inner child is sixteen years old today

My inner child is sixteen years old!

Life's not fair! It's never been fair, but while adults might just accept that, I know something's gotta change. And it's gonna change, just as soon as I become an adult and get some power of my own.


How Old is Your Inner Child?
brought to you by Quizilla

Como diria a Sónia... isto explica tanta coisa :)

Revista da Semana

O mundo continua louco. Para fazer frente aos Transformers, Nemos de peluche, e toda a parafernália de brinquedos, uma empresa americana lançou um novo brinquedo: um Jesus Cristo falante, que recita os 10 mandamentos. A notícia não diz se o boneco (que tem como companhia alguns ícones dos tempos modernos como Osama Bin Laden, George W. Bush ou Tony Blair) se expressa em aramaico ou em inglês, mas após ter visto alguns filmes de ficção científica em que os Et's falam sempre inglês, não é de estranhar que o boneco fale em inglês.

O Penafiel, clube que militará esta época na Superliga, resolveu criar uma equipa de ex-glórias do futebol português. Contratado o extremo Drulovic, procura agora chegar a acordo com Nuno Capucho e Mário Jardel.

O ex-presidente do Sport Lisboa e Benfica, João Vale a Azevedo, foi ontem libertado mediante o pagamento de uma caução de 250 mil Euros. Nos corredores do tribunal há quem peça a todos os santinhos para que João Vale e Azevedo fuja do país para que o valor da sua caução seja utilizado para pagar a indeminização do deputado Paulo Pedroso.

Na Itália, foi aprovada uma lei que prevê pena de prisão para quem abandone ou maltrate animais. Bem que os seus restantes parceiros europeus poderiam seguir este exemplo.

Da reunião do Presidente da Républica, com o Conselho de Estado, que terá lugar hoje pelas 11 horas, deverá sair finalmente algum fumo branco... ou negro, em relação ao futuro da sociedade política portuguesa.

Faleceu o apresentador e actor Henrique Mendes.

Segundo o jornal 24 Horas, na edição de ontem, José Castelo Branco (aquela cromo do jet7) a apoia a nomeação de Santana Lopes para 1º Ministro. Pronto. Já ganhou! Era precisamente o apoio que faltava ao Santana Lopes na luta pelo poder!

Eu, bem, continuo cheio de trabalho e a sonhar com férias. E não é o sonho que comanda a vida ?

06 julho 2004

Uma questão de compatibilidades

Tenho andado numa roda viva aqui no trabalho, daí o meu afastamento da blogosfera. Ainda consigo, de fugida, dar uma olhada num ou outro blog, mas quase sempre lido na diagonal. Em casa, tento dar uma leitura mais profunda, mas também aí, o tempo foge.
Após vários meses a fazer a migração de uma aplicação para outra versão superior - da mesma aplicação, eis que cai o Carmo e a Trindade quando os responsáveis da aplicação - um produto IBM, me dizem que não se podem importar para a nova versão, os perfis criados e actualmente em uso na versão anterior. Mas que raio! Então faz-se uma nova versão de um produto e não se garante a compatibilidade com a versão anterior do mesmo produto!?? É de loucos...
Sendo assim, tenho andado nestes últimos dias, a refazer o que fiz ao longo de dois anos. E pensar que eu dizia tão mal da Microsoft... afinal não é a única.

04 julho 2004

...

quem diria que o Euro 2004 teria este desfecho?

Viva Portugal! Vivam os Portugueses!

Lamento

Neste fim de semana os acontecimentos sucederam-se a um ritmo avassalador. Venho apenas deixar aqui o meu lamento pela morte da poetisa Sophia de Mello Breyner Andresen e pela morte do actor Marlon Brando. Dois expoentes na arte que escolheram.

Obrigado Rui

O anúncio do abandono da selecção, feito pelo Rui Costa, veio também marcar o fim de semana desportivo, que termina hoje com a decisão do próximo campeão europeu. Terminar a carreira na selecção como campeão europeu e no estádio que o viu crescer, é uma das mais belas metas a que pode aspirar um jogador. Que assim seja Rui. O meu obrigado por tudo.

02 julho 2004

A democracia da burka

A minha mãe diz que eu sou “do contra”, ou seja, que sinto um prazer especial em contrariar os pontos de vista alheios e diferentes dos meus. Eu concordo, até certo ponto (vêem?). Não sou gratuitamente contrariadora, se bem que, por vezes, me divirta a observar como as pessoas falam tanto da boca para fora, sem qualquer convicção, ao ponto de, ao serem sistematicamente contrariadas nos seus frágeis pontos de vista, estes desenhem círculos perfeitos durante a mesma conversa – que nem precisa ser muito longa.

Mas adiante. O que quero dizer é que o facto de frequentemente remar contra a maré não significa que goste de contrariar só pelo prazer de ser diferente. Na verdade, acredito que toda a questão tem (pelo menos) dois lados e que ambos merecem ser avaliados. Este exercício leva-me a tentar identificar o melhor e o pior de cada situação e hoje vou tentar explicar as inúmeras vantagens de usar a burka.

Para quem não sabe, o Islão pretende proteger as mulheres do mundo, dos homens, enfim de tudo o que possa maculá-las. Segundo o Corão, elas são de tal forma sagradas que precisam ser restringidas para não se magoarem (aqui os antípodas tocam-se: os católicos andaram durante séculos a dizer as piores coisas sobre as mulheres através de doutíssimas bocas, como a de São Tomás de Aquino e os resultados foram exactamente os mesmos: hábitos, trajes de penitência, cintos de castidade e outros modelos de gosto e função duvidosos, aliados a uma desconfiança e a uma má vontade que se espreguiçam pelos Tempos fora).

A verdade é que, se pensarmos bem, a burka acaba por ser o traje mais democrático à face da terra. Dentro de uma burka, toda a mulher é potencialmente interessante. Não há novas ou velhas, não há rugas nem celulite, não há gordura nem estrias. Numa sociedade cada vez mais obcecada com a eterna juventude, onde tudo o que não é novo e bonito perde todo o interesse e é rapidamente colocado na prateleira mais alta do esquecimento, digam lá, minhas queridas, se nunca vos apeteceu ter uma burkazita no guarda-fatos? Sobretudo naqueles dias em que o cabelo desenvolve personalidade própria, ou acordámos com a almofada vincada na cara, à laia de cicatriz, ou sentimos que não temos um único trapito de jeito para vestir, de entre as dezenas de cabides religiosamente enfileirados e que não suportariam o peso sequer de mais um lenço... E, sinceramente, entre um marido que vos obriga a andar tapadas dos pés à cabeça e um que vos olha dos mesmos pés à mesma cabeça com um brilhozinho de reprovação no canto do olho, qual é o melhor?

O melhor – digo eu – é não ligar nenhuma, vestir todos os dias uma burka-mental de auto-estima e perceber, de uma vez por todas, que a única maneira de sermos felizes dentro da nossa pele é fazermos as pazes com uma parte do corpo pouco atraente, que nunca estará à mostra (pelo menos assim se espera!), mas que é, paradoxalmente, a parte mais visível de cada um de nós. Os orientais têm razão: está tudo na cabeça: a beleza, a inteligência, o amor, o sexo, são processos mentais antes de mais nada. Os traumas e os medos também.

Ou, em alternativa, podem sempre seguir o conselho de Agatha Christie e casar com um arqueólogo...

01 julho 2004

Domingo, 19:45

Jogo de Abertura: Portugal - Grécia
Jogo de Encerramento: Portugal - Grécia

Quem diria!?

(espero que o resultado seja diferente).

SNS - Serviço Nacional de Saúde vs. Saúde? Nem Sempre

Contribuo todos os meses, com uma boa fatia do meu ordenado para impostos. Como eu, milhões de portugueses, também o fazem mensalmente (ou pelo menos deveriam fazê-lo). Destes milhões, fazem parte o meu pai e a minha mãe, que contribuem para os cofres do estado há cerca de 30 anos. Estas contribuições, servirão para quê?
A minha mãe queixa-se de uma dor abdominal há já algum tempo. Após uma madrugada perdida para a marcação de uma consulta no centro médico, ao ser atendida pelo médico de família, este, ao ver as análises (que já acusam diabetes) aconselhou-a a reduzir os doces, o pão e massas, para não se tornar diabética. Quanto à dor abdominal, sem qualquer palpação, sem qualquer exame, atirou para o ar:"Isso é intestinos!" e recusou-se a prescrever uma ecografia (ou outro exame de diagnóstico complementar - mais completo) para saber ao certo, o que provoca a dor.
Para fazer face ao problema, a Sónia marcou-lhe uma consulta numa médica privada, a qual ao olhar para as análises avisou logo a minha mãe que ela não se vai tornar diabética, infelizmente já o é. Ficou estupefacta pela reacção do colega e prescreveu-lhe de imediato análises clínicas, uma ecografia e uma colonoscopia total. Poderá não ser nada de grave (assim se espera) mas, só um exame complementar o poderá dizer. É lamentável que quem contribui para o nosso sistema de (in)Segurança (in)Social tenha de recorrer ao privado para ter um tratamento digno.

Andamos a pagar impostos para quê?
. apenas para manter a administração pública?
. para pagar ordenados chorudos a novos administradores e directores gerais?
. para pagar subsídios de reinserção social a quem tem saúde para trabalhar (mas nenhuma vontade)?
. a administração pública esbanjar dinheiro em 1001 coisas sem qualquer sentido, e esquecer as necessidades básicas do eleitorado, como a saúde, a educação e a segurança? (já agora ó Sr. Paulo Portas que tal se enfiasse os submarinos num certo sítio - e não me refiro a nenhum estaleiro?)
. etc, etc...

É indecente, os médicos não prescreverem exames aos pacientes, apenas porque são caros e custam dinheiro ao estado. Não sairá muito mais barato a detecção primária e a prevenção de uma possível doença que o tratamento continuado e exasperado da mesma ??

Há coisas que não se percebem, nesta República das Bananas.