28 julho 2005

Desde ontem que ando a pé. Habitualmente, por pura preguiça e também para me poder movimentar com maior facilidade durante o dia, costumo ir de carro para o trabalho, em vez de fazer o trajecto de cerca de 2 quilómetros a pé. É vergonhoso, pouco ecológico, enfim, tudo o que quiserem, mas também é cómodo e, hoje em dia, ter lugar para estacionar (gratuito!)em plena Lisboa vai sendo coisa rara. Além do mais, considero que também tenho direito aos meus laivos de comodismo (afinal, sou uma cidadã modelo, que separa o lixo, trata bem as infraestruturas públicas, não estaciona em cima de passeios, etc.)

Mas agora o meu fiel Fiat Seicento está na oficina e eu estou apeada. Assim, lá fui para casa a pé ontem e hoje vim trabalhar igualmente conduzida pelos meus não menos fieis 37 (às vezes 38, depende das formas e dos modelos). Na verdade, não me importo. Para ser franca, até me sabe bem o exercício matinal e ao fim da tarde. Descontrai, tonifica e dá-me tempo para pensar.

Quando comecei a trabalhar, há 12 anos atrás, costumava ir sempre a pé. Conhecia as pessoas que passavam por mim todos os dias, as testemunhas de Jeová, sempre simpáticas e zelosas da salvação das próprias almas e das almas alheias; o senhor de 80 anos, mas com ar de galã de cinema, que ia buscar o pão para o lanche dos bisnetos; as senhoras a caminho do mercado, equipadas com os carrinhos de rodas, sempre apressadas; o executivo que trabalhava mesmo ao fim da rua e que ia ao encontro do trabalho de fato e gravata, mas em passo descontraído; os "joggers" de todas as idades que se dirigiam ao Estádio 1º de Maio para a corrida matinal e que preferiam aquecer os músculos no caminho; o cãozinho pequeno e com ar de poucos amigos que passava os dias sentado no parapeito da varanda e gostava de rosnar e ladrar a quem passava.

Hoje senti saudades dessas pessoas e desse tempo. Não encontrei nenhum deles, surpreendentemente, nem as testemunhas de Jeová! E também não me encontrei a mim durante o percurso. Eu sei que é um caminho curto, feito a passo apressado e que qualquer peregrinação ao encontro de nós, exige passo lento e várias paragens ao longo de quilómetros, mas mesmo assim senti saudades da menina de 21 anos que se levantava todas as manhãs com vontade de ir trabalhar, dava um beijo no pai e na mãe e lá ia, debaixo de sol ou de chuva - era indiferente - para a instituição que admirava, fazer coisas nas quais acreditava, cheia de projectos. À tarde, o namorado ia buscá-la e lá iam os dois para casa, felizes da vida. Nesse tempo era tudo mais simples e eu penso: porque é que a vida se complica tanto, à medida que vamos avançando por ela adentro?

Hoje, o percurso mudou, as pessoas que se cruzam comigo são outras, o namorado foi morar para longe e eu já não tenho tanta vontade de ir trabalhar porque não acredito em quase nada do que faço...Mas acho que, daqui em diante, vou dar uma folga ao meu Fiat de vez em quando e retomar as idas a pé. Pode ser que algumas poeirinhas desse tempo tenham ficado presas entre as pedras do passeio.

27 julho 2005

Vá para fora... cá dentro

Parque Arqueológico do Vale do Côa

Fotografia feita a Junho 2005 aquando da visita ao parque para ver as gravuras rupestres.

Espaço Divulgação

22 julho 2005

Bom, sinceramente não percebi qual o objectivo, mas cá vai, Nuno, cinco canções das quais gosto muito (mas podia indicar 500...).

Bad - U2
Só - Jorge Palma
Lisboa que amanhece - Sérgio Godinho
Geni e o Zepelim - Chico Buarque
Sozinho - Caetano Veloso

Veni, vidi, vici

(Frase atribuída a Caio Júlio César (100-44 a.C.), Ditador de Roma, aquando da derrota definitiva da Gália em 52 a.C.)

Hoje fui vencida pelo orgulho. Se fosse católica, já não me safava da eternidade infernal, a menos que pagasse a divina coima pela minha imperdoável infracção. Mas como não sou católica, estou-me completamente a borrifar e apetece-me fazer minhas as palavras atribuídas a Júlio César(o outro, não o que dirige o Casino Estoril), quando deu a reprimenda definitiva aos gauleses(esses invencíveis gauleses!): "Cheguei, vi, venci".

Porque pior do que o orgulho assumido é a falsa modéstia.

Frase do dia

Quando estou comigo, nunca me sinto só.

[linda e profunda]

20 julho 2005

Personalidade do Dia

17 julho 2005

Resposta a um desafio

Recebi do meu amigo Alegrão este desafio:

List five songs that you are currently digging. It doesn’t
matter what genre they are from, wether they have words or even if they’re any
good but they must be songs you’re really enjoying right now. Post these
instructions, the artist and the song in your blog along with your five songs.
Then tag five other people to see what they’re listening to.


Eu não costumo seguir a tendência musical e posso até vir a gostar de uma música que agora esteja na berra, mas não tem necessariamente de ser agora... pode vir a ser daqui a uns tempos, ou daqui a anos. Normalmente quando gosto de uma música, ouço-a não me interessando se tem 1 mês ou uma dezena de anos, daí a minha lista ser composta na sua maioria por músicas já com alguns anitos (é que para mim, os anos 80 e 90... já são clássicos!)

(músicas de agora e sempre)

Frágil - Jorge Palma
Cavalo à Solta - Fernardo Tordo c/letra de Ary dos Santos
Every Rose Has Its Thorn - Poison
Iris - Goo Goo Dolls
Road to nowhere - Talking Heads

e muitas, muitas outras...

16 julho 2005

Mudanças

A minha entidade patronal resolveu há cerca de 2 meses, efectuar uma reorganização estrutural da empresa, que também me atingiu. Estou a desempenhar novas funções, das quais até gosto mais que as anteriores, mas que me consomem mais tempo. Aliada às novas funções, veio também uma mudança da disposição dos lugares e a perda da pouca privacidade que ainda tinha - eu detesto a filosofia de "open space"!

A juntar a isto resolveu ainda actualizar o parque informático - hardware e software - de todas as agências e dos serviços centrais. Falo de milhares de postos de trabalho cuja "actualização" nem sempre é pacífica. Entre a configuração dos novos postos de trabalho, configuração de acessos permitidos aos milhares de utilizadores e centenas de grupos, configuração dos servidores de ficheiros e impressoras, pouco tempo resta... e o que resta é a dar apoio e a resolver eventuais problemas entretando descobertos. Esta é a causa da minha pouca produtividade nas memórias deste convento nos últimos tempos.


Ps: O post anterior da Sónia, não é dirigido a mim - como alguém possa pensar - mas a uma pessoa especial que pelas vicissitudes da nossa frágil existência irá partir num qualquer dia destes, mas que irá para sempre continuar presente nos nossos corações e nas nossas lembranças.

14 julho 2005

(...)

"Solid stone is just sand and water, baby;
Sand and water, and a million years gone by."
("Sand and Water", Beth Neilsen Chapman)

Nunca terei coragem de te dizer nada disto. Nem coragem, nem tempo, nem acho que valha a pena fazê-lo, porque acredito que o sentes muito mais do que eu, que o sabes bem melhor e que, para onde quer que vás, hás-de levar esta memória contigo, em ti, como parte de tudo o que és, foste e para sempre serás.

Lembro-me de um dia perfeito em Agosto, há poucos anos. Era o dia dos teus anos e decidiste passá-lo de uma maneira diferente. Fomos à Comporta, tirámos as roupas e caímos no mar. Fomos perfeitos como o dia, capazes de tudo, despidos de roupas, de diferenças, de preconceitos e de medos. Éramos nós, apenas nós. Sem fronteiras, sem barreiras, sem nenhuma daquelas defesas que as pessoas vão aprendendo enquanto crescem e que apenas servem para nos estrangular a verdade do que somos, para nos roubar as certezas, a capacidade de confiar, de acreditar em coisas como o amor, a vida, a simplicidade. Porque, lá no fundo, eu ainda acredito que tudo nesta vida é simples, tudo é transparente como o mar e todos somos iguais. Sem roupa, ficamos mais iguais ainda. Não indefesos ou envergonhados, mas confortáveis e seguros.

Nesse dia, brincámos, rimos, nadámos, conversámos, inventámos jogos. Não existia mais nada no mundo. Não existia tempo. Não havia vida nem morte, nem esperança nem desespero. Nem o mais pequeno indício da tempestade que se aproximava, que já existia dentro de ti, silenciosa e veloz.

Quero dizer-te que é desse dia que me vou lembrar quando pensar em ti, quando te fores embora. Não é que tenha aceite a tua partida, porque não a aceitei e duvido que algum dia o consiga fazer, mas já que é inevitável, já que sabemos que está a chegar, um dia destes, uma hora qualquer, que eu, tal como tu, não quero saber quando virá (basta-me a certeza de que virá), então vou guardar o melhor de ti e acreditar que te cansaste da cidade, das complicações, do trabalho, das mentiras e das roupas e voltaste para lá, para aquela tarde perfeita na Comporta em que não existia mais nada além de nós, que nos deixámos ser crianças por umas horas, e eu posso ir visitar-te sempre que tiver vontade porque lá será sempre verão e nós seremos simplesmente eternos, simplesmente perfeitos, num dia que se repetirá sempre luminoso e onde o sol nunca se unirá ao mar a anunciar o fim do dia.

04 julho 2005

Constatação

... consegue-se provocar um "acidente" a milhões de quilómetros de distância do nosso planeta e não se consegue decifrar a mente humana ou encontrar a cura para as doenças que nos flagelam... dá que pensar.