13 setembro 2003

"There's no such thing as a winnable war
It's a lie we don't believe anymore"

("Russians", Sting)

Há pouco, ouvi esta canção. Já não a ouvia há muito tempo. Estes versos ficaram-me na memória.
Esta semana passaram dois anos sobre o ataque ao WTC. Tinha prometido que não ia falar nisso. Tinha jurado a mim mesma que iria evitar ler jornais ou ver noticiários. Cumpri. Até à noite, quando a SIC passou uma reportagem com várias gravações feitas no dia do atentado, em locais diferentes de Nova Iorque. Senti-me mal comigo mesma. O que será melhor? falar sobre as coisas até à exaustão? Ver e rever as imagens de pessoas a atirarem-se das torres para escapar ao fogo? Ou ignorar, passar ao lado, escolher o silêncio, não ver, não falar, não atiçar o medo, a insegurança, a dor, o ódio?

Não sei qual será a melhor opção. Por mim, prefiro ver, ouvir e falar. As imagens daquele dia não me saem da cabeça, tal como os versos da canção. Ao contrário do que dizia o Sting, demasiadas pessoas neste mundo ainda acreditam que uma guerra pode ser vencida.

De qualquer maneira, e por muito mórbido ou cruel que possa parecer, aqui fica para memória futura. Quem sabe daqui a milhares de anos arqueólogos possam encontrar estas palavras.

Dois anos depois, continuam por identificar 12000 pedaços de corpos. Os testes de ADN continuam a ser feitos.
Algumas famílias, já enterram quatro vezes a mesma pessoa.

Quem perde alguém que ama tem o direito ao luto. Para estas pessoas, o dia 11 de Setembro de 2001 ainda não acabou. Por isso, como será possível não falarmos dele?