26 agosto 2003

Faz hoje 15 anos

... que numa fatí­dica estrada, aquando da deslocação para um espectáculo, Carlos Paião encontrou a morte. Na sua curta vida, escreveu dezenas de canções interpretadas por si e por outros nomes da música portuguesa. Quem não se lembra de Cinderela, Pó de Arroz ou Versos de Amor. Ou da Canção do Beijinho e do hino da nossa selecção "Bamos lá cambada" interpretado pelo Herman José/José Estebes ? Eu lembro-me... e ouço-as sempre que posso. Alegram-me, levam-me de volta à adolescência, fazem-me sonhar.

"Eles são duas crianças
a viver esperanças, a saber sorrir.
Ela tem cabelos louros,
ele tem tesouros para repartir.

Numa outra brincadeira
passam mesmo à beira sempre sem falar.
Uns olhares envergonhados
e são namorados sem ninguém pensar.

Foram juntos outro dia,
como por magia, no autocarro, em pé.
Ele lá lhe disse, a medo:
«O meu nome é Pedro e o teu qual é?»

Ela corou um pouquinho
e respondeu baixinho: «Sou a cinderela»
Quando a noite o envolveu
ele adormeceu e sonhou com ela...

Então
Bate, bate coração,
Louco, louco de ilusão
A idade assim não tem valor.
Crescer
vai dar tempo p'ra aprender,
Vai dar jeito p'ra viver
O teu primeiro amor.

Cinderela das histórias
a avivar memórias, a deixar mistério
Já o fez andar na lua,
no meio da rua e a chover a sério.

Ela, quando lá o viu,
encharcado e frio, quase o abraçou.
Com a cara assim molhada
ninguém deu por nada, ele até chorou...

Então ...

E agora, nos recreios,
Dão os seus passeios, fazem muitos planos.
E dividem a merenda,
tal como uma prenda que se dá nos anos.

E, num desses momentos,
houve sentimentos a falar por si.
Ele pegou na mão dela:
«Sabes Cinderela, eu gosto de ti...» "

Cinderela, Carlos Paião