(...)
Costuma dizer-se que com o mal dos outros podemos nós bem. Também é hábito dizer-se, entre suspiros de resignação, que basta olhar para o lado para encontrar quem esteja pior do que nós. Estas expressões trazem com elas uma acidez, uma certa crueldade, como se a tristeza alheia nos pudesse alguma vez servir de consolo. Não serve. Nunca serve. Antes nos deixa uma angústia maior porque através da dor dos outros aviva-se a nossa própria dor. E quem vive com um desgosto sabe que só é preciso um pretexto, um canal de passagem para que a tristeza acumulada durante os dias da vida que não queríamos viver assim possa fluir à vontade.
Há duas semanas morreu a mãe da Fernanda, uma colega minha. Ontem, morreu o pai. Acredito que algumas vidas estão tão ligadas que se chegam a confundir, mas acredito mais no desgosto, no abalo que nos causa ver partir alguém que esteve sempre lá, a respirar o mesmo ar, a ocupar o mesmo espaço, durante anos a fio e que, de um dia para o outro, deixa de estar, deixa de ser.
No meio de tudo isto ficou ela que, como eu, teve de assumir o papel de filha única porque a irmã sempre foi, no mínimo, omissa. Depois da correria entre médicos, hospitais, urgências, comprimidos, exames, sustos e a certeza de que nunca estamos preparados para perder um pai, ficou o silêncio, o vazio, os braços caídos ao longo do corpo, a cabeça baixa, o dia do descanso, tão ansiado - mas não assim.
Há acontecimentos na vida que nunca seremos capazes de ultrapassar. Hoje já tenho a certeza disto. O mais difícil vai ser aprender a viver com esta ideia.
Há duas semanas morreu a mãe da Fernanda, uma colega minha. Ontem, morreu o pai. Acredito que algumas vidas estão tão ligadas que se chegam a confundir, mas acredito mais no desgosto, no abalo que nos causa ver partir alguém que esteve sempre lá, a respirar o mesmo ar, a ocupar o mesmo espaço, durante anos a fio e que, de um dia para o outro, deixa de estar, deixa de ser.
No meio de tudo isto ficou ela que, como eu, teve de assumir o papel de filha única porque a irmã sempre foi, no mínimo, omissa. Depois da correria entre médicos, hospitais, urgências, comprimidos, exames, sustos e a certeza de que nunca estamos preparados para perder um pai, ficou o silêncio, o vazio, os braços caídos ao longo do corpo, a cabeça baixa, o dia do descanso, tão ansiado - mas não assim.
Há acontecimentos na vida que nunca seremos capazes de ultrapassar. Hoje já tenho a certeza disto. O mais difícil vai ser aprender a viver com esta ideia.
2 Novas Memórias:
Nunca passei por nenhuma dessas dores.
Penso que a solução está na frase que está por baixo do título do blog. Para ultrapassar uma tristeza, temos que nos recordar das alegrias.
Um beijinho
Minha linda, ler este post e levar com o título do anterior no fim, deixou-me a pensar. Em quê, já não me lembro. Mas que me deixou, deixou...
Who waits forever anyway?
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