Caro Pepe,
Galileu fez o que qualquer um de nós faria. Bom, pensando bem, talvez nem todos fizessem o mesmo. A história do mundo está cheia de pessoas que deram a vida por uma ideia que consideravam verdadeira e fundamental. É por isso que me sinto tentada por vezes a acreditar em milagres - lá está, como não consigo explicar, apelo ao divino.
Já atado à estaca sobre a fogueira, Giordano Bruno recusou retractar-se porque, disse, nada havia a retractar. Recusou o julgamento, rejeitou as culpas que lhe eram imputadas. Foi torturado e queimado vivo por defender as mesmas ideias de Galileu. Estes homens viveram na mesma época - Galileu era alguns anos mais jovem do que Bruno - na mesma região e defenderam a mesma teoria de Copérnico segundo a qual a terra gira em torno do sol e não o contrário. Então porque é que um deles se deixou matar sem se contradizer e o outro abjurou? Terá a ver com os 69 anos de Galileu à data do julgamento? Bruno tinha já 52 quando foi morto. Ou será que Galileu manteve próximo o exemplo de Bruno e não quis arriscar-se a um fim idêntico? Ou será, finalmente que manter-se vivo era pura e simplesmente a coisa mais inteligente a fazer porque lhe permitiria continuar os seus trabalhos, além de lhe poupar um indescritível sofrimento, claro.
Não sei porquê. Sei que ninguém o poderá recriminar porque todos sofremos da mesma cobardia, o medo da dor física, da tortura, da morte. Poucos são os que se entregam nas mãos do executor sem temer. Ao que consta, o próprio Cristo pediu que não lhe fosse dado a beber aquele cálice amargo.
Durante os últimos 10 anos trabalhei com uma pessoa que considero a mais inteligente que já conheci. Engenheiro mecânico por formação e medievalista por vocação, ateu convicto. Um dia falávamos sobre Joana d'Arc. Eu, na minha eterna busca pela essência da fé, perguntei-lhe como explicava ele que uma jovem pastora tivesse conduzido os francos à vitória e se tivesse deixado sacrificar sem recuar nas suas convicções. Esperava uma resposta, uma explicação, uma pista pelo menos que me ajudasse a perceber porquê. A resposta foi esta: encolheu os ombros, e disse simplesmente "Milagre!"...
Já atado à estaca sobre a fogueira, Giordano Bruno recusou retractar-se porque, disse, nada havia a retractar. Recusou o julgamento, rejeitou as culpas que lhe eram imputadas. Foi torturado e queimado vivo por defender as mesmas ideias de Galileu. Estes homens viveram na mesma época - Galileu era alguns anos mais jovem do que Bruno - na mesma região e defenderam a mesma teoria de Copérnico segundo a qual a terra gira em torno do sol e não o contrário. Então porque é que um deles se deixou matar sem se contradizer e o outro abjurou? Terá a ver com os 69 anos de Galileu à data do julgamento? Bruno tinha já 52 quando foi morto. Ou será que Galileu manteve próximo o exemplo de Bruno e não quis arriscar-se a um fim idêntico? Ou será, finalmente que manter-se vivo era pura e simplesmente a coisa mais inteligente a fazer porque lhe permitiria continuar os seus trabalhos, além de lhe poupar um indescritível sofrimento, claro.
Não sei porquê. Sei que ninguém o poderá recriminar porque todos sofremos da mesma cobardia, o medo da dor física, da tortura, da morte. Poucos são os que se entregam nas mãos do executor sem temer. Ao que consta, o próprio Cristo pediu que não lhe fosse dado a beber aquele cálice amargo.
Durante os últimos 10 anos trabalhei com uma pessoa que considero a mais inteligente que já conheci. Engenheiro mecânico por formação e medievalista por vocação, ateu convicto. Um dia falávamos sobre Joana d'Arc. Eu, na minha eterna busca pela essência da fé, perguntei-lhe como explicava ele que uma jovem pastora tivesse conduzido os francos à vitória e se tivesse deixado sacrificar sem recuar nas suas convicções. Esperava uma resposta, uma explicação, uma pista pelo menos que me ajudasse a perceber porquê. A resposta foi esta: encolheu os ombros, e disse simplesmente "Milagre!"...
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