Poema do dia
Não disse nada, amor (António Lobo Antunes)
Não disse nada, amor, não disse nada:
foi o rio que falou com a minha voz
a dizer que era noite e é madrugada
a dizer que eras tu e somos nós
A dizer os mil rostos de Lisboa
ao longo do teu rosto se te beijo.
À luz de um pombo chamo Madragoa
e Bairro Alto ao mar se te desejo
Não disse nada, amor. Juro, calei-me:
foi uma voz que ao longe se perdeu.
Cuidei que era Lisboa e enganei-me
pensei que éramos dois e sou só eu.
Não disse nada, amor, não disse nada:
foi o rio que falou com a minha voz
a dizer que era noite e é madrugada
a dizer que eras tu e somos nós
A dizer os mil rostos de Lisboa
ao longo do teu rosto se te beijo.
À luz de um pombo chamo Madragoa
e Bairro Alto ao mar se te desejo
Não disse nada, amor. Juro, calei-me:
foi uma voz que ao longe se perdeu.
Cuidei que era Lisboa e enganei-me
pensei que éramos dois e sou só eu.
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