Grandes casos de possessão I
E é verdade que antes de si ninguém lia?
Quando disse isso exagerei. Felizmente, Portugal sempre foi um país de escritores e de pessoas que leram. O que eu acho é que, antes dos meus livros aparecerem, não havia uma massificação da leitura, enquanto hábito. Ajudei a massificar os hábitos de leitura em Portugal e contribui para a sua democratização. Tornei o livro acessível e as pessoas deixaram de ter medo dos livros.
(Margarida Rebelo Pinto, séc. XXI. Excerto da entrevista concedida em 2003-11-09 a um suplemento do jornal Correio da Manhã.)
O ridículo da afirmação é tão evidente que nem seria preciso qualquer comentário, mas não sou capaz de resistir. Assim como a jovem Patrícia Tavares está possuída pela convicção de que é actriz, esta senhora está possuída pela certeza de que é escritora e pior: não contente com o estatuto de "escritora", agora reivindica para si o papel de "massificadora" dos hábitos de leitura em Portugal, seja lá isso o que for.
Srª D. Margarida, Portugal seria um país mais rico em termos de literatura se a senhora e a legião de discípulos que a copiam à vírgula não existissem ou se dedicassem a fazer outra coisa qualquer que não escrever, porque todas as criaturas de Deus têm algum talento, alguma habilidade. Só é preciso estar atento e descobri-la.
E não pense que falo sem conhecimento de causa. Dei-me ao trabalho de comprar os seus dois primeiros livros (sendo que um é a cópia (in)fiel do outro, mas devo agradecer-lhe por ter pelo menos mudado os nomes aos personagens, caso contrário o sentimento de frustração por ter adquirido o mesmo "livro" em duplicado seria consideravelmente maior...) e devo dizer que me entretive bastante a "catar" erros de gramática e sintaxe, que ocorrem em profusão nos dois "best sellers".
A questão, Srª D. Margarida, não é a "massificação" ou a "democratização" dos hábitos de leitura dos portugueses. A questão passa, quanto a mim, por ensinar as pessoas a ler algo mais elaborado e interessante do que os disparates que a senhora fabrica em série. Não me incomoda que as pessoas comprem um livro seu quando já têm na prateleira da estante um Eça de Queiróz, um Fernando Namora, um Cardoso Pires, ou um Lobo Antunes (ou de preferência muitos!), mas levar as pessoas a acreditar que ler Margarida Rebelo Pinto contribui para o seu crescimento intelectual não passa de publicidade enganosa.
Como diz uma amiga minha, "Presunção e água benta, tanto dá até que rebenta".
Quando disse isso exagerei. Felizmente, Portugal sempre foi um país de escritores e de pessoas que leram. O que eu acho é que, antes dos meus livros aparecerem, não havia uma massificação da leitura, enquanto hábito. Ajudei a massificar os hábitos de leitura em Portugal e contribui para a sua democratização. Tornei o livro acessível e as pessoas deixaram de ter medo dos livros.
(Margarida Rebelo Pinto, séc. XXI. Excerto da entrevista concedida em 2003-11-09 a um suplemento do jornal Correio da Manhã.)
O ridículo da afirmação é tão evidente que nem seria preciso qualquer comentário, mas não sou capaz de resistir. Assim como a jovem Patrícia Tavares está possuída pela convicção de que é actriz, esta senhora está possuída pela certeza de que é escritora e pior: não contente com o estatuto de "escritora", agora reivindica para si o papel de "massificadora" dos hábitos de leitura em Portugal, seja lá isso o que for.
Srª D. Margarida, Portugal seria um país mais rico em termos de literatura se a senhora e a legião de discípulos que a copiam à vírgula não existissem ou se dedicassem a fazer outra coisa qualquer que não escrever, porque todas as criaturas de Deus têm algum talento, alguma habilidade. Só é preciso estar atento e descobri-la.
E não pense que falo sem conhecimento de causa. Dei-me ao trabalho de comprar os seus dois primeiros livros (sendo que um é a cópia (in)fiel do outro, mas devo agradecer-lhe por ter pelo menos mudado os nomes aos personagens, caso contrário o sentimento de frustração por ter adquirido o mesmo "livro" em duplicado seria consideravelmente maior...) e devo dizer que me entretive bastante a "catar" erros de gramática e sintaxe, que ocorrem em profusão nos dois "best sellers".
A questão, Srª D. Margarida, não é a "massificação" ou a "democratização" dos hábitos de leitura dos portugueses. A questão passa, quanto a mim, por ensinar as pessoas a ler algo mais elaborado e interessante do que os disparates que a senhora fabrica em série. Não me incomoda que as pessoas comprem um livro seu quando já têm na prateleira da estante um Eça de Queiróz, um Fernando Namora, um Cardoso Pires, ou um Lobo Antunes (ou de preferência muitos!), mas levar as pessoas a acreditar que ler Margarida Rebelo Pinto contribui para o seu crescimento intelectual não passa de publicidade enganosa.
Como diz uma amiga minha, "Presunção e água benta, tanto dá até que rebenta".
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