21 janeiro 2004


Pink Ribbon


Ontem fui fazer uma mamografia. Nunca tinha feito e devo dizer que é um exame doloroso mas imprescindível para o rastreio do cancro da mama. Disseram que me despisse da cintura para cima e aguardasse. Enquanto esperava, tive medo. Não me quero armar em corajosa, mas não sou uma pessoa medrosa. No entanto, naqueles segundos senti medo, não do exame, mas dos possíveis resultados. Já passei dos 30 anos e nunca tive filhos, tenho fibroses nas duas mamas tal como a minha mãe. A minha avó morreu de cancro da mama. Sou aquilo a que se chama uma pessoa “com antecedentes”.

Enfim, o exame foi feito e, no final, a médica assegurou-me de que estava tudo bem. Senti-me aliviada. Vesti-me e saí. Ao passar pela sala de espera olhei para as outras mulheres que esperavam a vez para fazer o exame e pensei naquelas que não recebem boas notícias. Um tumor, embora possa não ser mortal, é sempre uma má experiência, cheia de dor, de exames, tratamentos e cirurgias complicados. É uma interrupção de vida, mesmo quando as coisas acabam por ter um bom desfecho.

Não consigo traduzir em palavras o medo que senti, mas a partir de ontem acho que fiquei com uma ideia um bocadinho melhor do que sente uma mulher na mesma situação.