19 março 2004

Civilização

Explicou que eram muito espirituais, acreditando que tudo tinha alma: as árvores, os animais, os rios, as nuvens. Para eles o espírito e a matéria não estavam separados. Não entendiam o simplismo da religião dos forasteiros (...) desistira de explicar-lhes que Cristo morrera na cruz para salvar a humanidade do pecado, porque a ideia de sacrifício deixava os índios atónitos. Não conheciam a culpa. também não compreendiam a necessidade de usar roupa naquele clima ou de acumular bens, se não podiam levar nada para o outro mundo quando morriam.

(Isabel Allende, A Cidade dos Deuses Selvagens)