(...)
Hoje fui assistir à cerimónia da benção das fitas. A minha sobrinha acabou o curso e convidou a pequena família a reunir-se. Confesso que, ao princípio, a ideia não me agradou. Não gosto desta cerimónia, da mesma maneira que não simpatizo com as praxes e rituais académicos. Parece-me tudo muito vazio de sentido e, além disso, esta já era a terceira cerimónia a que assistia e sabia do incómodo, do cansaço, das horas em pé, ao sol, para nada, ou quase...
Confesso que, quando a vi à saída da universidade, vestida de preto e com um sorriso feliz, a emoção subiu-me à garganta e só não me saltou aos olhos porque eu não deixei. Para algumas pessoas, as coisas são mais difíceis. As conquistas são arrancadas a ferros pela vida fora. Tem sido assim para a Ana. naquele instante, passaram-me mil imagens pela cabeça: lembrei-me do dia em que fui com a minha irmã à maternidade para uma consulta, no início da gravidez, e fiquei muito desapontada porque acreditava que ela traria o bébé logo com ela; lembrei-me do dia em que medisseram que eu era tia - eu com seis anos, tia! Mas as minhas tias eram todas velhas...Como era possível? Rejeitei a palavra e, ainda hoje, ela não me chama assim...; lembrei-me de quando lhe expliquei que o Pai Natal não existia e lhe mostrei as prendas de Natal, escondidas debaixo da cama dos meus pais; lembrei-me do dia em que a vi tão vulnerável, tão triste; do dia em que me pediu ajuda; do dia em que voltou para casa; de muitos outros dias, felizes alguns, tristes, a maioria. Lembrei-me do meu pai. Passou-me pela cabeça que ele teria feito o mesmo que eu fiz: deixaria a emoção espalhar-se pela garganta num nó imenso que se oculta com um sorriso e um comentário casual para que o mundo não perceba que também somos humanos, que também somos capazes de chorar nestas ocasiões "foleiras"...
Ana, tu e o André são os meus amores, o meu orgulho, os meus primeiros filhos e, talvez, os únicos que terei. Sei que não foi fácil, não porque sejas menos inteligente ou menos capaz, mas porque és, sem dúvida, mais sensível, porque as coisas te afectam de uma maneira tão imensa, tão profunda que te chegam a sufocar, porque, nessas ocasiões, as palavras te fogem e o instinto te trai. Porque és tão deliciosamente humana.
Como te escrevi na fita, nunca deixes que ninguém te diga que não és capaz. mais cedo ou mais tarde, mais depressa ou mais devagar, o que importa é chegar lá. Onde? Não sei, não sei sequer se interessa. A vida é nossa e podemos sempre escolher, mudar de caminho e de opinião, falhar, cair, sacudir a poeira dos joelhos e seguir em frente...somos livres! Dentro de nós, somos livres. Lembra-te sempre disso.
"O sábio é aquele que aprende com todos os homens"
(Talmude da Babilónia)
Confesso que, quando a vi à saída da universidade, vestida de preto e com um sorriso feliz, a emoção subiu-me à garganta e só não me saltou aos olhos porque eu não deixei. Para algumas pessoas, as coisas são mais difíceis. As conquistas são arrancadas a ferros pela vida fora. Tem sido assim para a Ana. naquele instante, passaram-me mil imagens pela cabeça: lembrei-me do dia em que fui com a minha irmã à maternidade para uma consulta, no início da gravidez, e fiquei muito desapontada porque acreditava que ela traria o bébé logo com ela; lembrei-me do dia em que medisseram que eu era tia - eu com seis anos, tia! Mas as minhas tias eram todas velhas...Como era possível? Rejeitei a palavra e, ainda hoje, ela não me chama assim...; lembrei-me de quando lhe expliquei que o Pai Natal não existia e lhe mostrei as prendas de Natal, escondidas debaixo da cama dos meus pais; lembrei-me do dia em que a vi tão vulnerável, tão triste; do dia em que me pediu ajuda; do dia em que voltou para casa; de muitos outros dias, felizes alguns, tristes, a maioria. Lembrei-me do meu pai. Passou-me pela cabeça que ele teria feito o mesmo que eu fiz: deixaria a emoção espalhar-se pela garganta num nó imenso que se oculta com um sorriso e um comentário casual para que o mundo não perceba que também somos humanos, que também somos capazes de chorar nestas ocasiões "foleiras"...
Ana, tu e o André são os meus amores, o meu orgulho, os meus primeiros filhos e, talvez, os únicos que terei. Sei que não foi fácil, não porque sejas menos inteligente ou menos capaz, mas porque és, sem dúvida, mais sensível, porque as coisas te afectam de uma maneira tão imensa, tão profunda que te chegam a sufocar, porque, nessas ocasiões, as palavras te fogem e o instinto te trai. Porque és tão deliciosamente humana.
Como te escrevi na fita, nunca deixes que ninguém te diga que não és capaz. mais cedo ou mais tarde, mais depressa ou mais devagar, o que importa é chegar lá. Onde? Não sei, não sei sequer se interessa. A vida é nossa e podemos sempre escolher, mudar de caminho e de opinião, falhar, cair, sacudir a poeira dos joelhos e seguir em frente...somos livres! Dentro de nós, somos livres. Lembra-te sempre disso.
"O sábio é aquele que aprende com todos os homens"
(Talmude da Babilónia)
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