22 março 2004

Consumatum est!

Eis que na passada 6ª feira os abades se muniram de boa disposição e foram até ao cinema assistir à famosa "Paixão de Cristo".

Por mim, creio que só se pode entender a polémica à volta do filme como um golpe de publicidade - todos os filmes caros têm de ser forçosamente polémicos para atrair público às salas. O Sr. Mel Gibson limitou-se a realizar (muito bem, por sinal) uma versão fiel do que se pode ler na Bíblia. Respeitador do dogma, o Sr. Gibson escolheu um bom elenco, dirigiu muito bem os seus actores e mostrou o maior cuidado em não inovar.

O aramaico é surpreendente, mas gostei especialmente de ouvir o latim (com as duas variantes usadas na época, o vulgar e o erudito). Não percebi uma só palavra (onde é que eu já ouvi isto?), por isso tive de ler as legendas...

A violência é terrível, tremenda, indescritível mas totalmente contextualizada e justificadíssima. Mel Gibson conseguiu a maior das proezas: pôr em silêncio uma sala de cinema em Lisboa, cheia de gente!

Quanto ao anti-semitismo, confesso que não dei por ele.

Desagradou-me a última cena do filme, em que Cristo sai do túmulo, com uma atitude aguerrida e enérgica de "agora é que vão ser elas!". Só aqui se nota o lado católico praticante do Sr. Gibson.

Quando o filme terminou estávamos tão impressionados que fomos a correr comprar bilhetes para a sala 2, para ver "Something's Gotta Give" com os fabulosos Jack Nicholson e Annie Hall - perdão! Diane Keaton. O Keanu Reeves é sempre um bálsamo para os olhos e o filme deixa qualquer um bem disposto.

Como na vida real, primeiro assistimos à "Paixão" e só depois chegou o amor.