A necessidade é a mãe da invenção
Li esta frase há muitos anos atrás, numa versão infantil de "Robinson Crusoe" e nunca mais me esqueci dela, até porque a minha mãe, de quem herdei o livro, também a fixou e gostava de a repetir.
Compreendo o seu significado. Quando somos empurrados para uma situação, o espírito de sobrevivência manda-nos agir, criar, arranjar soluções. Foi o que aconteceu comigo esta semana.
Sempre tive uma relação ambivalente com agulhas, bisturis, sangue e actos médicos em geral. Passo a explicar: tenho alturas em que quase nada me afecta (poucas, muito poucas...) e outras (a esmagadora maioria) em que desmaio quando vejo sangue. E nem é preciso ser uma grande quantidade, como no dia em que o capot do carro me caíu em cima de um dedo e saltou uma lasca de carne. Nada de dramático, mas acabei por desmaiar. Acordei, momentos depois, ao som das gargalhadas do amigo com quem estava...é sempre bom ter amigos assim...mas adiante.
A minha mãe toma anticoagulantes desde que teve um AVC, há cinco anos. Esta semana precisou fazer uma pequena cirurgia no dentista e, para isso, teve de interromper o medicamento e tomar injecções de heparina, para ajudar a coagulação. Procurei quem pudesse administrar-lhas, mas não foi fácil, até porque ela precisava de duas injecções por dia e eu não podia acompanhá-la. Além do mais, descobri, não com grande espanto, confesso, que a grande maioria dos postos de enfermagem fecha ao fim de semana...
Quando telefonei para o nosso centro de saúde, a enfermeira com quem falei propôs-me que fosse até lá aprender a dar injecções...fiquei estarrecida com a perspectiva de furar a barriga da minha mãe diariamente. Sei que isto pode parecer um bocadinho ridículo aos diabéticos, por exemplo, que se injectam várias vezes ao dia, mas para mim era inconcebível.
Mesmo assim, e porque não via outra solução, lá fui aprender a dar subcutâneas. Não sem antes ter tentado aprender com os educativos filmes do YouTube, na sua maioria feitos por norte americanos, que exibiam as barrigas anafadas e pejadas de hematomas....além do mais, todos diziam que a heparina "burns like hell" ao entrar...
Facto é que aprendi. E com grande nervoseira lá apliquei a primeira injecção na barriguita da mãe. Lá investi contra a minha primeira morada, por assim dizer. E depois da primeira veio a segunda e a terceira e, num piscar de olhos, a semana passou, a cirurgia fez-se sem problemas e só faltam duas "picas" para acabar.
Segundo a mãe, nem a tenho magoado, nem a heparina arde tanto assim. O problema são as nódoas negras, que vão deixando menos espaço para picar. mesmo assim, acho que não me saí mal. Consegui vencer um medo. Não desmaiei porque para era importante que ela confiasse em mim. Por isso fiz-me forte e descontraída (para tal fui buscar inspiração às séries de médicos e hospitais que gosto de ver).
Moral da história: nenhum em especial. A não ser talvez, que "You gotta do what you gotta do" ou, como dizia o Sr. Dafoe, que a necessidade é a mãe da invenção ou, neste caso, da coragem. peço desculpas uma vez mais aos que cumprem este tipo de ritual todos os dias, aos profissionais de saúde, para quem esta história é ridícula, à minha colega F., que o fez todos os dias durante meses para conseguir engravidar. Para mim, a "mariquinhas" que desmaia quando corta um dedo, foi importante conseguir fazer isto.
Compreendo o seu significado. Quando somos empurrados para uma situação, o espírito de sobrevivência manda-nos agir, criar, arranjar soluções. Foi o que aconteceu comigo esta semana.
Sempre tive uma relação ambivalente com agulhas, bisturis, sangue e actos médicos em geral. Passo a explicar: tenho alturas em que quase nada me afecta (poucas, muito poucas...) e outras (a esmagadora maioria) em que desmaio quando vejo sangue. E nem é preciso ser uma grande quantidade, como no dia em que o capot do carro me caíu em cima de um dedo e saltou uma lasca de carne. Nada de dramático, mas acabei por desmaiar. Acordei, momentos depois, ao som das gargalhadas do amigo com quem estava...é sempre bom ter amigos assim...mas adiante.
A minha mãe toma anticoagulantes desde que teve um AVC, há cinco anos. Esta semana precisou fazer uma pequena cirurgia no dentista e, para isso, teve de interromper o medicamento e tomar injecções de heparina, para ajudar a coagulação. Procurei quem pudesse administrar-lhas, mas não foi fácil, até porque ela precisava de duas injecções por dia e eu não podia acompanhá-la. Além do mais, descobri, não com grande espanto, confesso, que a grande maioria dos postos de enfermagem fecha ao fim de semana...
Quando telefonei para o nosso centro de saúde, a enfermeira com quem falei propôs-me que fosse até lá aprender a dar injecções...fiquei estarrecida com a perspectiva de furar a barriga da minha mãe diariamente. Sei que isto pode parecer um bocadinho ridículo aos diabéticos, por exemplo, que se injectam várias vezes ao dia, mas para mim era inconcebível.
Mesmo assim, e porque não via outra solução, lá fui aprender a dar subcutâneas. Não sem antes ter tentado aprender com os educativos filmes do YouTube, na sua maioria feitos por norte americanos, que exibiam as barrigas anafadas e pejadas de hematomas....além do mais, todos diziam que a heparina "burns like hell" ao entrar...
Facto é que aprendi. E com grande nervoseira lá apliquei a primeira injecção na barriguita da mãe. Lá investi contra a minha primeira morada, por assim dizer. E depois da primeira veio a segunda e a terceira e, num piscar de olhos, a semana passou, a cirurgia fez-se sem problemas e só faltam duas "picas" para acabar.
Segundo a mãe, nem a tenho magoado, nem a heparina arde tanto assim. O problema são as nódoas negras, que vão deixando menos espaço para picar. mesmo assim, acho que não me saí mal. Consegui vencer um medo. Não desmaiei porque para era importante que ela confiasse em mim. Por isso fiz-me forte e descontraída (para tal fui buscar inspiração às séries de médicos e hospitais que gosto de ver).
Moral da história: nenhum em especial. A não ser talvez, que "You gotta do what you gotta do" ou, como dizia o Sr. Dafoe, que a necessidade é a mãe da invenção ou, neste caso, da coragem. peço desculpas uma vez mais aos que cumprem este tipo de ritual todos os dias, aos profissionais de saúde, para quem esta história é ridícula, à minha colega F., que o fez todos os dias durante meses para conseguir engravidar. Para mim, a "mariquinhas" que desmaia quando corta um dedo, foi importante conseguir fazer isto.
1 Novas Memórias:
Olá sou a Ana, tenho 23 anos e sou enfermeira. Não achei esta história ridícula, porque apesar de não ter problema nenhum em enfiar agulhas nos outros e raramente alguém se queixa, em nós a história é bem diferente. Em também tomo anticoagulantes porque tive uma trombose venosa quando tentei tomar anticonceptivos orais mas no princ+ipio lá tiveram que ser as heparinas. E claro, sendo enfermeira, até parecia mal pedir a alguém para dar-mas. A primeira vez que tive que tive que me picar até suei! Claro que com o tempo fui-me habituando, mas nunca o fiz de ânimo leve porque ARDE MESMO BUE. O que é engraçado é que NUNCA NINGUEM se queixou disse a mim, nem é um efeito secundário falado. Eu nem sabia que isso acontecia e até comecei a pensar que era a única. Fui pesquisar na net, e este blog pôs-me descansada. O que é engraçado é que de todas as vezes que me piquei nunca originou um hematoma, a não ser da primeira vez, que foi um colega que me administrou. Acho que o truque é picar-me deitada e não me mexer durante alguns minutos, o que não é dificil. Contei o tempo e o inferno dura 6 longos minutos...
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