11 agosto 2003

Diário de hospital - Parte XIX

Quando a janela se fecha
E se transforma num ovo
Ou se desfaz em estilhaços
De céu azul e magenta

E o meu olhar tem razões
Que o coração não frequenta
Por favor diz-me quem
És tu de novo

Quando o teu cheiro me leva
Às esquinas do vislumbre
E toda a verdade em ti
É coisa incerta e tão vasta

Quem sou eu para negar
Que a tua presença me arrasta
Quem és tu na imensidão
Do deslumbre

As redes são passageiras
Arquitecturas da fuga
De toda a água que corre
De todo o vento que passa

Quando uma teia se rasga
Ergo à lua a minha taça
E vejo nascer no espelho
Mais uma ruga

Quando o tecto se escancara
E se confunde com a lua
A apontar-me o caminho melhor
Do que qualquer estrela

Ninguém me faz duvidar
Que foste sempre a mais bela
Por favor diz-me que és
Alguém de novo


Quem és tu de novo (Jorge Palma)

Às vezes uma canção torna-se confidente e cúmplice. Às vezes lembra-nos coisas boas. Às vezes momentos que seria melhor esquecer porque o simples acto de recordar doi demasiado. É a banda sonora da vida de cada um de nós. Todos a temos e, embora saibamos que não é assim, parace que cada tema foi escrito especialmente para nós, para ser tocado naquele momento preciso