A origem de um nome II
Quando eu estava para nascer, decorria o longínquo ano de 1972, a minha mãe - que me pegou o vício da leitura e hoje não pode ler porque a vista lhe falhou - andava a carregar com Tolstoi para todo o lado. A "Guerra e Paz", que nesse ano viajou para a maternidade mais o barbudo Leon. Como na altura não era comum (nem sei se seria permitido) os pais assistirem ao nascimento dos filhos, digo que quem me amparou foi o Sr. Tolstoi. Talvez venha daí o meu fascínio pelo leste da Europa...ou talvez não. Na verdade acho que ele se deixou ficar no quarto, dentro da gaveta da mesa de cabeceira, à espera da minha mãe, para lhe contar o resto da história. E ela deve ter gostado tanto que, num rasgo de inspiração oriental partilhado por outras mães portuguesas que, durante a década de 70, atestaram o país de Sandras, Vanias, Tatianas, Kátias, Nadias, etc. (mas como eu sempre digo, tudo menos Victor Hugo!!! Não é por nada, senhores é que Hugo era nome de família...), achou por bem chamar-me Sónia (nunca li a "Guerra e Paz" - confesso que sou mais virada para o Sr. Gogol, pisco o olho de vez em quando ao Sr. Pasternak e de quando em vez troco umas ideias com o Sr. Dostoievsky, pronto! mas nunca fui muito do Leon, o que é que hei-de fazer? - mas parece que a Sónia era prima do heroi, uma rapariga bonita, alegre e ajuizada - igualita a moi même!)...Enfim, tudo isto para dizer que, apesar de ter demorado vários anos a habituar-me ao nome - e ainda hoje às vezes ele me parece estranho - sempre dei graças a Deus pelo facto de a minha mãe ter engraçado com a Sónia, que não passava de uma modesta prima, e não com a heroína da trama, de sua graça Natacha...Ah pois é, meus amigos, ah pois é! Que me perdoem as Natachas desta terra (a grande maioria deverá ter mais ou menos a minha idade), mas tudo menos Natacha! É que Natacha rima com p*******...uma das palavras mais feias que conheço...Moral da história: podia sempre ser pior!
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