21 novembro 2003

Greve

Hoje a Função Pública faz greve. Protesta-se contra os salários que não vão ter aumento em 2004, contra a nova lei das reformas e contra o novo sistema de avaliação dos funcionários.

Como funcionária pública devo dizer que não estou encantada com o facto de não ver aumentado o meu já gordo salário, mas não posso deixar de concordar, em princípio, com a avaliação por mérito dos funcionários. Governo e sindicatos são unânimes a afirmar que o sistema actual de progressão nas carreiras (através de concurso público) não funciona, então porque não tentar encontrar outras soluções?

Não simpatizo com este governo (na verdade, nunca simpatizei com nenhum e já disse o que penso sobre os políticos), mas também não acredito nos sindicatos. As pessoas que decidiram em consciência não fazer esta greve estão a ser olhadas de esguelha pelos colegas sindicalistas estacionados à porta e isso não me parece justo.

Além do mais, gosto especialmente de trabalhar em dias assim. Há menos gente, mais silêncio, trabalha-se melhor.

No dia em que me vinculei ao Estado, o meu chefe disse-me qualquer coisa como isto: "Agora que já tem a panela do cozido para toda a vida, não deixe de estudar, de progredir, de aprender. O que faz com que a Função Pública tenha má imagem é que as pessoas agarram-se ao facto de que nunca irão perder o emprego e deixam de se esforçar".

Foi um dos melhores conselhos que já recebi. Não deixei de estudar, de progredir, de aprender e, sobretudo, não deixei de acreditar que as coisas podem mudar.

NOTA: A menção ao meu "gordo salário", para quem não percebeu, era irónica!