18 agosto 2004

(...)

Tenho sentido muito a tua falta. Tanto que parece que, a qualquer momento, alguma coisa vai explodir dentro de mim. Na noite de Domingo senti-te tão presente que pensei que, a qualquer momento, te iria ver. Há pouco, em casa, ouvi o elevador e imaginei que, em seguida, ouviria o barulho das chaves na porta. Não me conformo, não me consigo conformar, cada dia menos. Cada dia a tua ausência é mais presente.

Agora, fui ao café e estava lá a D. Maria Sidónio, como de costume. Ela é sempre muito simpática, cumprimenta-me à distância, mas hoje, pela primeira vez, chamou-me. Sem dizer nada, deu-me um postal com uma imagem e sorriu. É uma das esculturas de santos que ela faz tão bem. É um Santo António, o teu patrono. Não consegui agradecer, não fui capaz de dizer nada. Beijei-a e vim-me embora.

Apesar de não ser a pessoa mais mística à face da terra, hoje prefiro acreditar que não existem coincidências e que o Santo António foi a tua maneira de me dizeres que continuas aí e ainda me carregas nos braços.