08 outubro 2003

O tempo

...não sabe nada. O tempo não tem razão canta o Jorge Palma.

Hoje levantei-me cedíssimo para ir fazer a análise ao sangue e ter depois (muito depois) a consulta de hipocoagulação para acertar a dose de anticoagulante.
Neste espaço de tempo, que vai das 9 às 12:00/12:30, aproveito para passear por Lisboa, pela zona da baixa, pelas ruelas escondidas ao lado da Avenida da Liberdade, parando num ou outro café onde saboreio esse outro homónimo líquido amargo e estimulante.
Costumo também levar o livro que estou a ler nessa altura e assim transformo esse "tempo perdido" em tempo útil.
Hoje no livro que me encontro a ler, li uma passagem sobre o tempo que nos consome diáriamente e que me agradou pelo que a gostaria de partilhar.

(...) Diz-se que o tempo não pára, que nada lhe detém a incessante caminhada, é por estas mesmas e sempre repetidas palavras que se vai dizendo, e contudo não falta por aí quem se impaciente com a lentidão, vinte e quatro horas para fazer um dia, imagine-se e chegando ao fim dele descobre-se que não valeu a pena, no dia seguinte torna a ser assim, mais valia que saltássemos por cima das semanas inúteis para viver uma só hora plena, um fulgurante minuto, se pode o fulgor durar tanto. (...)
José Saramago, O Ano da Morte de Ricardo Reis

Já tinha ouvido algo semelhante... no filme Flores de Aço (Steel Magnolias): "I'd rather have thirty minutes of wonderful than a lifetime of nothing special".