14 novembro 2003

Milagre?

Devo confessar que apesar de ter tido uma educação católica apostólica romana, com direito a 1ª comunhão e tudo, me afastei da Igreja. Não posso, nem consigo estar de acordo com muitas das suas regras, e ou imposições.

Actualmente, e apesar de ter fé nalguma coisa, nalgum ser, seja o que for, que nos transcende, não sigo nenhuma fé imposta por qualquer religião. Sinto-me bem numa igreja, gosto de ir a uma quando preciso de desabafar para o vazio, quando quero estar um pouco só, quando preciso de calma e silêncio.

Isto vem a propósito, de um artigo, para o qual o Fernando chama a atenção, em que o Ministro de Estado e da Defesa, atribui a Nossa Senhora de Fátima a ajuda na crise que se abateu sobre a península no caso do petroleiro Prestige. Apesar de gostar de Fátima, e aceitar o seu culto, condeno veemente o comércio que por lá se faz, e tudo o que creceu em volta do culto mariano. Não ponho em causa as aparições, nem a fé por Nossa Senhora, embora pessoalmente possa ter algumas (poucas) reservas sobre como tudo se passou e o empolamento de que foi alvo. Há coisas que simplesmente não têm explicação racional. O que se segue é uma delas.

Eu nunca fui muito de acreditar em milagres, mas admito a sua existência, é como diz o povo, "eu não acredito em bruxas, mas que elas existem, existem". Há cerca de 5 anos, após um despiste, o meu carro foi alvo de uma grande reparação que envolveu toda a parte dianteira do veículo. Por essa altura, a minha avó, resolveu juntar toda a família e oferecer o almoço, num ponto intermédio, Fátima. De vários pontos do país, sairam os vários familiares. De Lisboa, saí eu, mais um primo e um tio, cada um no seu carro, cada um com o carro cheio. No caminho para Fátima, várias vezes o limite máximo de velocidade não foi respeitado, atingindo por vezes, velocidades bastante mais elevadas (160-170 km/h) que o permitido por lei. Tudo correu bem. Almoçámos, passeámos um pouco pelo Santuário, e no fim do dia preparámo-nos para regressar.

Logo, ao sair de Fátima, na curva de acesso à A1, sinto o carro a "fugir", e a roda dianteira direita a abrir completamente para o lado de fora. Parei imediatamente, ia talvez a 20-30 Km/h. Como sabem as curvas de acesso às auto-estradas costumam ser bastante acentuadas. Chamei o reboque e após terem dado uma olhadela, descobriram logo o problema. Faltava o parafuso que sustenta a rótula da direcção e que segura a roda ao eixo da direcção, permitindo o seu movimento consoante o movimento que se imprime no volante. A roda, após a rótula ter saltado do seu sítio, apenas ficou segura pela transmissão.

O que até hoje ainda me faz impressão e transmite um arrepio frio... é que ... E se isto acontecesse quando íamos para Fátima ? Áquela velocidade, naquelas curvas, naquele piso "tão certinho", se a rótula se tem desencaixado... eu teria de certeza capotado, embatido nos rails, eu sei lá mais o quê, tendo como resultado algo que não quero sequer imaginar. Mas não aconteceu. Parece que estava segura, por algo ou alguém, durante o caminho para aquele lugar.

Foi milagre ? Obra do acaso ? Não sei. Mas como não acredito em coincidências, prefiro manter a dúvida.