Como sempre, como dantes
Será que começamos a ficar velhos quando todos os nossos amigos de infância casam?
Hoje apetece-me filosofar sobre esta questão que angustia o meu abade e, ao mesmo tempo, sobre as pressões mais ou menos subtis que as pessoas que (supostamente) mais nos amam neste mundo exercem sobre nó, quase sem se aperceberem (?).
Detesto ir a casamentos, seja no Inverno ou no Verão. Não gosto de me vestir como se fosse uma boneca e não costumo ir ao cabeleireiro nem usar maquilhagem, mas nessas solenes ocasiões, estes rituais tornam-se quase obrigatórios e, só por isso, detestáveis. Depois abomino o terno “cliché” dos casamentos que, na maioria dos casos, não passam de um enorme lugar comum. Uma suposta festa para supostos amigos à qual acabam sempre por ir pessoas de quem não se gosta assim tanto e outras que nem sequer se conhece, só porque são namorados ou amigos de familiares ou então porque convidar o tio Totó, implica convidar também a tia Lóló, mesmo que não se possa com ela.
Ainda há a hipocrisia por detrás da celebração. A maioria dos noivos que casam pela igreja fazem-no pelo espectáculo e não por convicção e os convites são feitos na mira do lucro. Como prenda, prefere-se dinheiro. Já agora, uma quantia que permita cobrir o que se gastou no copo de água, mas o ideal é que sobre algum para a lua de mel ou outra coisa qualquer.
Um casamento é um contrato. Apenas isso. Um contrato que vincula duas pessoas que, de livre e espontânea vontade, assumem novas obrigações. Não há nada para festejar. Não há nada que interesse aos demais. Se existe amor, tem-se a vida inteira para o celebrar e basta um olhar para que todos o percebam. Não é preciso fogo de artifício, mesas enfeitadas, 2 pratos, 4 sobremesas, 8 tipos de queijo e um bolo gigantesco que quase ninguém come, porque já está cheia com o resto das iguarias.
Os pais são os grandes culpados, creio eu. No seu amor sempre ansioso, na sua máxima eterna de querer sempre o melhor para os filhos, acabam por exercer uma valente chantagem sobre a vontade da maioria dos filhos. O pior é que, atrás dos pais vêm o resto da família e os amigos. Uns por desportivismo ou por contágio. Outros porque também foram pressionados e acham esta doce vingança o modo perfeito para justificar que fizeram uma coisa que, provavelmente, até nem queriam fazer. Ou então, que queriam que tivesse sido diferente e arrojada mas que, para não melindrar os papás, acabou por ser convencional e aborrecida – como sempre, como dantes, como canta o Camané.
E lá vamos andando aos círculos como se todos tivéssemos de nos casar para ser crescidos, para ser adultos, para ser iguais aos demais, para ser aceites numa espécie de sociedade um tanto ou quanto secreta, onde a base é ocupada peloas pessoas casadas e o topo pelas mulheres que são mães.
Se o João se deixou contagiar, eu não deixo. Por mim, podem casar-se todos que eu não me importo nada. Quando me der na gana, pego na trouxa e mudo-me de vez para o Convento. Posso até assinar um contrato com o João para efeitos legais, mas nunca esse contrato poderá ser mais forte do que já me une a ele. Não me faz falta, não vai acrescentar nada ao que sinto. Não me tornará mais amante, mas companheira, mais fiel ou mais cúmplice. E, se o fizer, peço desde já desculpas às tias Lólós deste mundo, mas não faço favores a ninguém e perto de mim só quero as pessoas de quem realmente gosto.
Quanto aos filhos, se vierem serão bem recebidos. Se nunca chegarem, não deixarei que me considerem menos mulher ou menos boa pessoa por isso.
A vida das pessoas não é uma linha recta. Já basta a inevitabilidade da morte e todas as limitações e fronteiras que diariamente temos de procurar combater para estender os nossos domínios e sermos pessoas melhores. Não admito que me imponham este tipo de regras. Não quero viver como toda a gente espera que eu viva. Quero que tudo o que faço, faça sentido para mim, mesmo que o não faça para mais ninguém.
Quero ser feliz e isso implica ser livre de me prender apenas a quem eu escolher e fazê-lo unicamente porque quero.
Hoje apetece-me filosofar sobre esta questão que angustia o meu abade e, ao mesmo tempo, sobre as pressões mais ou menos subtis que as pessoas que (supostamente) mais nos amam neste mundo exercem sobre nó, quase sem se aperceberem (?).
Detesto ir a casamentos, seja no Inverno ou no Verão. Não gosto de me vestir como se fosse uma boneca e não costumo ir ao cabeleireiro nem usar maquilhagem, mas nessas solenes ocasiões, estes rituais tornam-se quase obrigatórios e, só por isso, detestáveis. Depois abomino o terno “cliché” dos casamentos que, na maioria dos casos, não passam de um enorme lugar comum. Uma suposta festa para supostos amigos à qual acabam sempre por ir pessoas de quem não se gosta assim tanto e outras que nem sequer se conhece, só porque são namorados ou amigos de familiares ou então porque convidar o tio Totó, implica convidar também a tia Lóló, mesmo que não se possa com ela.
Ainda há a hipocrisia por detrás da celebração. A maioria dos noivos que casam pela igreja fazem-no pelo espectáculo e não por convicção e os convites são feitos na mira do lucro. Como prenda, prefere-se dinheiro. Já agora, uma quantia que permita cobrir o que se gastou no copo de água, mas o ideal é que sobre algum para a lua de mel ou outra coisa qualquer.
Um casamento é um contrato. Apenas isso. Um contrato que vincula duas pessoas que, de livre e espontânea vontade, assumem novas obrigações. Não há nada para festejar. Não há nada que interesse aos demais. Se existe amor, tem-se a vida inteira para o celebrar e basta um olhar para que todos o percebam. Não é preciso fogo de artifício, mesas enfeitadas, 2 pratos, 4 sobremesas, 8 tipos de queijo e um bolo gigantesco que quase ninguém come, porque já está cheia com o resto das iguarias.
Os pais são os grandes culpados, creio eu. No seu amor sempre ansioso, na sua máxima eterna de querer sempre o melhor para os filhos, acabam por exercer uma valente chantagem sobre a vontade da maioria dos filhos. O pior é que, atrás dos pais vêm o resto da família e os amigos. Uns por desportivismo ou por contágio. Outros porque também foram pressionados e acham esta doce vingança o modo perfeito para justificar que fizeram uma coisa que, provavelmente, até nem queriam fazer. Ou então, que queriam que tivesse sido diferente e arrojada mas que, para não melindrar os papás, acabou por ser convencional e aborrecida – como sempre, como dantes, como canta o Camané.
E lá vamos andando aos círculos como se todos tivéssemos de nos casar para ser crescidos, para ser adultos, para ser iguais aos demais, para ser aceites numa espécie de sociedade um tanto ou quanto secreta, onde a base é ocupada peloas pessoas casadas e o topo pelas mulheres que são mães.
Se o João se deixou contagiar, eu não deixo. Por mim, podem casar-se todos que eu não me importo nada. Quando me der na gana, pego na trouxa e mudo-me de vez para o Convento. Posso até assinar um contrato com o João para efeitos legais, mas nunca esse contrato poderá ser mais forte do que já me une a ele. Não me faz falta, não vai acrescentar nada ao que sinto. Não me tornará mais amante, mas companheira, mais fiel ou mais cúmplice. E, se o fizer, peço desde já desculpas às tias Lólós deste mundo, mas não faço favores a ninguém e perto de mim só quero as pessoas de quem realmente gosto.
Quanto aos filhos, se vierem serão bem recebidos. Se nunca chegarem, não deixarei que me considerem menos mulher ou menos boa pessoa por isso.
A vida das pessoas não é uma linha recta. Já basta a inevitabilidade da morte e todas as limitações e fronteiras que diariamente temos de procurar combater para estender os nossos domínios e sermos pessoas melhores. Não admito que me imponham este tipo de regras. Não quero viver como toda a gente espera que eu viva. Quero que tudo o que faço, faça sentido para mim, mesmo que o não faça para mais ninguém.
Quero ser feliz e isso implica ser livre de me prender apenas a quem eu escolher e fazê-lo unicamente porque quero.
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