15 maio 2009

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Não me vou alongar sobre o assunto, até porque o João já disse quase tudo. Quero só dizer que, para mim, a Joana e a Margarida são os melhores animais do mundo porque são os meus animais. Elas e a Priscila (a Rainha do Deserto) que vive com a minha mãe, ex cão de caça que foi abandonada por um caçador, são amigas presentes, leais, que mais do que compreender, sentem-nos. E isso é mais do que suficiente.

Quando mais ninguém lá estava e quando ninguém podia fazer nada, a Joana estava deitada ao meu lado e, de vez em quando, lambia-me como se me quisesse curar e proteger.

Ontem, enquanto assistia ao debate da SIC, a Priscila que nunca deixa a minha mãe, apareceu na sala e veio dar-me narigadas como que a dizer-me que não estivesse triste.

A Margarida, prefere o João a mim, mas sabe que no meu prato há sempre qualquer coisa interessante para ela.

Não são de raça, não têm "pedigree", estão longe de ser super educadas e não sabem fazer truques. Mas cada uma tem a sua personalidade e o seu maior talento é gostarem de nós. Não têm "função", não correm, não caçam, não vão a exposições. Mas são tudo menos inúteis ou descartáveis.

Se me perguntassem se eu voltaria a adoptá-las a resposta seria sim, apesar de todas as dores de cabeça e impedimentos. Porque ter estes três animais comigo dá-me a certeza de que pelo menos estes eu salvei, pelo menos estes eu posso tratar bem, dar-lhes a dignidade que todos os animais merecem. Consola-me um bocadinho. Faz-me sentir uma pessoa um pouco melhor.