14 maio 2009

Os animais na SIC... e a besta da Associação dos Caçadores

Estou a assistir ao debate sobre os direitos dos animais na SIC...

Entre as perguntas que se fazem, sobre os maus tratos que os animais sofrem, é a que ... "e se fosse uma criança?"...

A resposta não esclarece... não defende o problema dos maus tratos aos animais, seja abandono, maus tratos, não assistência, etc... Eu, e falo por mim, continuo a preferir os animais ás crianças e ás pessoas em geral, custe isto o que custar a certas pessoas... as crianças e as pessoas em geral são salvaguardadas por um estado de direito - mesmo que o nosso deixe muito a desejar - e os animais, em países subdesenvolvidos como o nosso, não o são.

Nós possuímos uma gata e uma cadela, ambas adoptadas na rua (e se tivessemos condições muitos mais teríamos). Uma, adoptada numa acção da CATUS há cerca de 9 anos - a gata; a outra - a cadela - adoptada na rua, em Dezembro de 2007, numa fria tarde de Dezembro. Se me perguntassem se eu voltaria a fazer o mesmo hoje, provavelmente a primeira resposta seria não... e não porque não adoremos animais, mas sim porque a adopção dum animal implica cedências de tempo, mudanças nas rotinas da vida de uma pessoa ou casal, implica disponibilidade, implica custos monetários com alimentação de qualidade e veterinários e, implica, acima de tudo falta de compreensão duma sociedade onde não se pode andar com um animal num jardim, onde não se tem um local próprio para os animais poderem andar à vontade, onde não se pode passear um animal numa praia em época balnear, onde um animal é obrigado a andar açaimado quando o seu dono é que é responsável pela sua educação e, logo, pelos seus actos - "Não há cães perigosos... há donos inconscientes!".

(PS:neste momento está um tipo a falar na SIC que pertence à Associação de Caçadores a dizer que os animais não são iguais às pessoas e que não devem ser tratados como tal... realmente é verdade.... os animais são muito mais leais e fiéis que as pessoas e merecem muito melhores condições e - cá para nós que ninguém nos lê - são muito mais inteligentes que este energúmeno que acabou de falar...)

Mas... voltando ao assunto inicial, quando uma pessoa adopta um animal, acontece como quando o Principezinho adopta a rosa... "nós tornamo-nos eternamente responsáveis pelo que cativamos"... e perante o amor mutúo, as lambidelas ou miadelas quando chegamos a casa ao fim de um dia de trabalho, nada nos sabe melhor que essa recepção desinteressada e verdadeira. Não me passa pela cabeça abandonar uma das minhas "meninas"... por muito traquinas e/ou avessas que elas sejam...

A Gata

A nossa gata, Gui, é - e sou eu dizê-lo - um amor de gata. Não há melhor gata no mundo! Não é sociável... não é a gata mais carinhosa do mundo, mas é leal e fiel. Pede festas quando as quer, vem ter comigo ou connosco quando lhe apetece. Todas as manhãs antes de ir para o trabalho me pede festas e carinhos. Todas as noites antes de eu ir dormir e, desde que a Joana - a cadela - o permita, vem roçar-se em mim e despedir-se de mais um dia. Não estraga nada, não parte nada, anda pelo meio de nós, quando e como deseja. Tornou-se agressiva comigo uma vez... e dessa vez, os seus guinchos ouviram-se bem mais alto que as ronronadelas, ou que os miados... mas uma visita à veterinária revelou que ela tinha uma infecção nos ovários e que estava bastante dorida, e que se não fosse essa demonstração - mais umas arranhadelas em mim - poderia não estar viva hoje... (hoje em dia, após a operação que teve lugar há uns anos... está óptima... e continua como sempre... dócil quando quer, independente quando o deseja). Os animais têm sempre razão para as acções que tomam. Nós é que podemos não as perceber!



A Cadela

A nossa cadelinha foi resgatada numa fria noite de Dezembro - a 8 de Dezembro de 2007, numa rua do Chiado, com 5 semanas, nascida numa ninhada de 11 cachorros, era a mais franzina e recolhida da ninhada. Foi amor à primeira vista...ou pelo menos, numa aninhadela à primeira vista, já que assim que foi colocada ao colo da Sónia, se aninhou no seu colo. Os primeitos tempos fora difíceis, muito diferentes dos primeiros tempos da Gui.. noites mal dormidas, comida de cachorrinhos aguada para ela comer, muito colo, leite de gato, muitos xixis e outras coisas mais sólidas pela casa, mas hoje, findo este tempo e depois destes tempos difíceis terem terminado... apesar de saber que não posso ir de férias para a maioria dos hoteis porque não aceitam animais (tenho os meus pais, caso seja necessário), apesar de ter o bom senso de reconhecer que ela não é a melhor cadela do mundo... e que o digam as 1001 batatas entretanto devoradas, o telefone do inter-comunicador (video-porteiro), os jornais desfeitos, os sabonetes comidos, aosd tupperwares e aos wc's da gata devorados (refiro-me mesmo aos wc's e não ao seu conteúdo)... seria incapaz de me separar dela. Não é educada, longe disso, não é a melhor cadela do mundo... é mais como uma pequena irmã do Marley... mas isso só me posso penitenciar a mim, eu é que não a eduquei propriamente. Este ano, fomos mais uma vez de férias para Porto Côvo em Setembro. Como é proibido ter os cães na praia durante a época balnear, a Joana (a nossa cadela) ficou em casa com os meus pais. No primeiro dia, vimos que a praia estava deserta... logo, decidimos que no dia seguinte a viríamos buscar, e assim foi... Foi o princípio das férias dela... e o fim das nossas... porque não houve qualquer hipótese de termos 5 minutos de sol estendidos na toalha após a sua presença. Se me perguntarem se gostava de ter férias e sol... e praia.... enfim... gostava... mas ver a alegria da nossa cadelita quando nos entrava toalha adentro, ou quandos nos acompanhava à água e depois virava croquete de areia é superior a qualquer bronzeado ou sensação de um óptimo dia de praia. (NOTA: o Parque de Campismo de Porto Côvo é um dos poucos parques de Campismo nacionais que aceita animais nas residenciais/ Bungalows - Um louvor para eles!!)


Ter animais, acaba por ser uma questão de prioridades e de valores. Acaba por ser a decisão sobre o que mais prezamos na vida e, o que desejamos receber dela. Se desejamos amor e lealdade incondicional; se desejamos ser recebidos aos pulos, lambidelas ou miadelas, se desejamos ser presenteados com um animal a emitir sons de alegria quando chegamos a casa ao fim dum dia de trabalho... ou não... se preferimos chegar a casa onde o som do vazio ecoa por entre quatro paredes e nos recepciona.

Um animal é verdadeiro, uma pessoa pode ou não sê-lo...

1 Novas Memórias:

Anonymous Clipping Path escreveu...


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02/02/2019, 04:14:00  

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