31 maio 2007

A curiosidade matou a surpresa, mas aumentou a expectativa...

Luz do sol, que a folha traga e traduz
Em verde novo, em folha, em graça, em vida, em força, em luz
Céu azul, que vem até onde os pés
Tocam a terra e a terra inspira e exala os seus azuis

Reza, reza o rio, córrego pro rio, rio pro mar
Reza a correnteza, roça, beira, doura a areia
Marcha o homem sobre o chão, leva no coração uma ferida acesa
Dono do sim e do não diante da visão da infinita beleza
Finda por ferir com a mão essa delicadeza
A coisa mais querida, a glória da vida

(Caetano Veloso)

24 maio 2007

Diderot, um dos “pais” da revolução francesa escreveu um dia no seu livro “A Religiosa” qualquer coisa como “Os favoritos deste reino nunca serãos os favoritos dos reinos seguintes”. Ultimamente, esta frase tem-me ocorrido muitas vezes. Na verdade, tem-se tornado uma espécie de mantra que vou repetindo mentalmente de cada vez que vejo o comportamento absurdo e autoritário de algumas das pessoas que trabalham comigo.

E este reino está quase a terminar…

23 maio 2007

Cabeça acima das núvens

Na passada 6ª feira e como o calor apertasse, decidi vestir uma coisinha mais leve para fazer frente à canícula. Mocinha prática que sou, achei que as alças do sutiã entravam em conflito com as da blusa e, aproveitando o (pouco) tempo que ainda me resta até que a força da gravidade exerça o seu domínio sobre o meu corpo, resolvi abdicar do referido assessório.

Erro crasso! Se, em casa, a blusa me parecia perfeitamente opaca, eis que, ao entrar no elevador me vejo, qual Victoria Beckham, com uma transparência inequívoca em partes da minha anatomia que, manda o decoro e as boas maneiras, devem andar bem cobertas…O que fazer? Voltar atrás não era uma opção, porque já estava atrasada. Assim, decidi espalhar a écharpe sobre a blusa (mais uma razão para gostar de écharpes!) e lá fui trabalhar, formosa mas não segura.

À hora de almoço zarpei em busca de um sutiã. Convém que se diga que trabalho no bairro de Alvalade, onde o comércio abunda. Pois tenho a comunicar que não consegui encontrar nada, zero, nicles, niente, népia! Ou simplesmente não havia sutiãs pretos, ou eram grandes demais, ou pequenos, ou estupidamente caros…enfim, senti-me um pouco como o príncipe da Cinderela, de sapatinho de cristal em riste pelo reino fora, sem encontrar a quem este servisse (será que se a Cinderela tivesse deixado para trás o sutiã em vez do sapato, o príncipe teria tido problema idêntico? Será que o dito não serviria em mamoca alguma excepto na da legítima proprietária?). Nem nas famosas lojas dos chineses consegui encontrar suporte mamário que me servisse…

E pronto, lá regressei ao trabalho e, apesar do calor, achei que seria de bom decoro vestir um casaco de malha por cima da famigerada blusa e, pelo sim pelo não, manter a écharpe…Não posso dizer que tenha aprendido a lição, até porque hoje trago uma saia curta com meias transparentes e pernas com pêlos de 2mm pelo menos, mas pronto, acho que outras pessoas que, como eu, também vivem sempre a uns quantos centímetros do chão me poderão compreender. Somos os anti-herois. Não conseguimos manter-nos penteados, engomados e sem nódoas durante um dia inteiro. Tropeçamos com frequência e perdemos as capas dos sapatos - às vezes também perdemos o sapato e só damos por isso alguns passos depois. Quando é preciso tirar alguma coisa da mala, encontramos tudo menos aquilo que queremos que só aparece quando o conteúdo da dita é, em desespero, despejado na totalidade. Não há compostura que se nos chegue nem aulas de etiqueta que nos valham, mas lá vamos andando, com a cabeça entre as orelhas, como diz a canção…pelo menos, por enquanto…

18 maio 2007

Torre Vasco da Gama

16 maio 2007

Tinha jurado que não iria escrever sobre o desaparecimento da menina inglesa, mas, no meio de tanta crítica e especulação, há duas coisas que, penso, devem ser ditas.

Em primeiro lugar, acredito que temos uma excelente polícia que faz o que pode e um bocadinho mais ainda, apesar da falta de meios e da ainda maior falta de respeito que os sucessivos governos deste país lhe têm dedicado. A mediatização deste caso deve-se à comunicação social e o facto de se acompanhar a par e passo as investigações não significa que a polícia esteja a fazer mais por esta menina do que fez por outras crianças, como a Joana, que desapareceu há 3 anos, creio, também no Algarve. Significa apenas que o interesse dos “media” por uma menina estrangeira é superior do que pelas dezenas de crianças portuguesas que continuam desaparecidas.

Em segundo lugar, seria estupendo que televisões e jornais dedicassem algum tempo e espaço a este problema, divulgando fotografias e falando, massacrando, pressionando, repetindo até à exaustão que existem crianças que, um dia, desapareceram, abruptamente, sem deixar rasto. Que existem pais a viver a maior dor possível, a de não saber sequer se os filhos estão vivos, se estão a sofrer, onde, como e com quem estão. Penso que este assunto merece uma atenção permanente, não apenas quando acontece mais um desaparecimento.

E não é uma coisa que diga respeito apenas aos pais e aos mais directamente envolvidos: é um problema social, é de todos nós, os que têm filhos e os que não têm. Se até os norte americanos conseguiram resultados com a “simples” ideia de imprimir nos pacotes de leite fotografias de crianças desaparecidas, de certeza que nós, por estas bandas, conseguiremos fazer muito melhor…

14 maio 2007

Torre de Belém