30 junho 2004

Parabéns!

Portugal

29 junho 2004

Cinderela das Histórias (Governamentais)

Eles são duas crianças
a viver esperanças, a fazer sofrer.
Um usa cabelos louros,
outro tem poucos, mas podem crescer.

Numa outra brincadeira
passam mesmo à beira sempre sem falar.
vivem em união de facto
e um é candidato, sem ninguém pensar.

Encontraram-se outro dia,
como por magia, no Audi, comprado.
Ele lá lhe disse, a medo:
"O meu nome é Pedro. Qual é o teu bardo?"

Ele corou um pouquinho
e respondeu baixinho: "É a Catarina".
Quando a noite os envolveu
nos braços de Morfeu:"Ui que grande e fina"

Então
Bate, bate coração
Louco, louco de ilusão
O querer assim tem mais paixão
Governar
vai dar tempo p'ra ganhar,
Vai dar jeito p'ra juntar
O teu primeiro milhão.

O playboy das histórias
a avivar memórias, vive em tormento
Já o fizeram dançar e tal,
no meio da Kapital, pleno contentamento.

Outro, quando lá o viu,
encharcado e frio, lá o convidou
Com tantos assim à molhada
ninguém deu por nada, ele até saltou...

E agora, vem S.Bento,
rajadas de vento, fazem algum estrago
E dividem o partido,
muito pervertido, de sumo amargo

E, num desses maus momentos,
houve sentimentos a falar por si.
Ele pegou na mão dela:
"Sabes Manuela, eu gosto de ti..."
Adaptado de um original de Carlos Paião

28 junho 2004

Abre a bolsa

Manuela (ou o senhor que se segue).

Fui multado em excesso de velocidade. Está mal... quer dizer, está mal ter sido multado, porque eu ia plenamente consciente do que ia a fazer (com excepção do sinal que não se podia circular a mais de 80 Km/h e do veículo da GNR-BT com o radar, que não vi...) e não estava a colocar ninguém em perigo, mas reconheço toda a legitimidade para o ter sido. Não cumpri o Código da Estrada, mais precisamente o artigo 27º e tenho de pagar. Posso sempre alegar que a estrada tem óptima visibilidade - se exceptuarmos a zona debaixo da ponte onde estava escondida a GNR-BT, o piso é óptimo, não havia muito trânsito, etc, etc... mas prevariquei, ia supostamente a 131 km/h, e, vou ser punido por isso. Para já monetariamente... depois, logo se verá. Uma palavra para os senhores agentes da autoridade - em particular o que me autuou, de uma correcção e educação exemplar.
Como foi a primeira vez que cometi uma contra-ordenação grave, espero que a DGV opte pela pena suspensa e não pela inibição de conduzir. Resta aguardar.
Para já uma certeza... Manuela abre a bolsa que vou doar-te 120 Euros.

PS: apesar de tudo tive sorte... mais um pouquinho era uma contra-ordenação muito grave e muito mai$ pe$ada!

Água


Oceanário de Lisboa, 12/06/2004

25 junho 2004

A Portuguesa

Parte I

Heróis do mar, nobre Povo,
Nação valente, imortal
Levantai hoje de novo
O esplendor de Portugal!
Entre as brumas da memória,
Ó Pátria, sente-se a voz
Dos teus egrégios avós,
Que há-de guiar-te à vitória!

Às armas, às armas!
Sobre a terra, sobre o mar,
Às armas, às armas!
Pela Pátria lutar
Contra os canhões marchar, marchar!

Parte II

Desfralda a invicta Bandeira,
À luz viva do teu céu!
Brade a Europa à terra inteira:
Portugal não pereceu
Beija o solo teu jucundo
O Oceano, a rugir d'amor,
E o teu braço vencedor
Deu mundos novos ao Mundo!

Às armas, às armas!
Sobre a terra, sobre o mar,
Às armas, às armas!
Pela Pátria lutar
Contra os canhões marchar, marchar!

Parte III

Saudai o Sol que desponta
Sobre um ridente porvir;
Seja o eco de uma afronta
O sinal de ressurgir.
Raios dessa aurora forte
São como beijos de mãe,
Que nos guardam, nos sustêm,
Contra as injúrias da sorte.

Às armas, às armas!
Sobre a terra, sobre o mar,
Às armas, às armas!
Pela Pátria lutar
Contra os canhões marchar, marchar!


A Portuguesa - Alfredo Keil e Henrique Lopes de Mendonça

O Hino é executado oficialmente em cerimónias nacionais civis e militares onde é rendida homenagem à Pátria, à Bandeira Nacional ou ao Presidente da República. Também, quando se trata de saudar oficialmente em território nacional um chefe de Estado estrangeiro, a sua execução é obrigatória, depois de ouvido o hino do país representado. - in Presidência da República Portuguesa

24 junho 2004

...

A Selecção de Portugal...

GANHOU!!

Parabéns a todos os jogadores que nunca desistiram!

Seja

qual for o resultado final (neste momento 1-1) ficou já patente a excelente atitude de apoio do capitão Luís Figo aos seus colegas de equipa.
Quando foi substituído (e já o deveria ter sido há mais tempo) dirigiu-se de imediato às cabines, ignorando completamente o banco português.
Uma atitude de capitão!

O sonho

comanda a vida.
Restam 45 minutos. Nada está perdido.

Pensamento do Dia

Apenas duas coisas são infinitas - o Universo e a estupidez humana e no que respeita ao Universo não tenho grandes certezas.

Albert Einstein

Força Portugal

Bandeira de Portugal - gentilmente roubada ao Marquês TNT Há 876 anos, na Batalha de S. Mamede, D. Afonso Henriques combateu as forças leais a sua mãe, D. Teresa. Ao vencê-las, iniciou o processo de independência do Condado Portucalense e formação do reino de Portugal.

Há 644 anos nasceu Nuno Álvares Pereira.

Hoje espera-se mais uma vitória, na batalha (futebolística) frente aos súbditos de Sua Majestade. E que o Condestável, volte a ser o Nuno - o outro, o Ribeiro, o Gomes.

23 junho 2004

esterol... Colesterol

Prazer, o meu nome é ...ão. João!
Pois bem, fui apresentado a este senhor - Colesterol - na segunda-feira. Segundo umas análises clínicas, tenho os níveis de colesterol total, um pouco elevados. Ora pôrra, com tanta coisa que eu podia ter elevada, tinha logo de ser o Colesterol. Porque não a conta bancária, porque não a imaginação, a energia, a boa disposição? Não, senhor... tinha que ser o Colesterol.
Esse simples facto, leva a que tenha (agora) de tomar (mais) cuidado com a alimentação e suprimir dos hábitos alimentares todas aquelas coisas que eu tanto gosto... como enchidos (SNIF.... buá!), queijos, picanha (snif snif snif), ovos, a bela entremeada grelhada (BUÁÁÁ!), fritos, bem como outros vícios, como fumar, desporto de sofá (o dolce fare niente), etc...
Mas nada é impossível, quando se quer. Eu já ando a esforçar-me nos últimos tempos e até ando a consumir fruta (coisa impensável há uns tempos), a beber muita água fora da refeição, a evitar batatas fritas ensopadas em óleo.
Agora, além disto, tenho de começar também a evitar o que referi anteriormente, a andar mais (então? nunca mais chegamos?), a evitar o stress (isso é que é muito difícil), a não fumar. Resumindo, a fazer o que todas as pessoas deveriam fazer para melhorar a sua saúde. E hoje, para continuar na senda da boa saúde, o meu almocinho vai ser hamburguer grelhado, acompanhado de arrozinho e legumes... vá, roam-se de inveja!

22 junho 2004

Os novos Sem Abrigo

Dezenas de pessoas passaram a última noite ao relento (devidamente acomodados em sacos cama quentes e fofinhos). Forçadas pela cobiça, pela vontade de apoiar, pelo desejo de serem os primeiros, reuniram-se em dois pontos da capital: na Praça da Alegria (para um dos 500 ingressos destinados ao Portugal-Inglaterra) e na entrada da nova loja da Ikea para um vale de desconto de 100 Euros. Consta que não terá custado muito passar a noite ao relento. A temperatura amena, a experiência única e limitada no tempo... tudo ajudou. Mas, e se chovesse? Se fizesse frio? Seria a vontade e o fervor igual?

21 junho 2004

Faz hoje dois meses que te foste embora, ou melhor, que te mandaram embora, porque tu não querias ir. Apesar de tudo, amavas a vida e os prazeres. A boa comida e a boa bebida, as viagens, as patuscadas entre amigos. Tudo isso nos foi roubado, de ti e de nós, porque desde a tua partida, tudo ficou mais insosso, mais escuro, mais triste.

A voz da Nara Leão é feita de veludo. Não sei de que côr, talvez de um azul intenso, profundo como o mar, cheia de segredos e doçuras que nos murmuram suaves tristezas ao ouvido. Ouço-a e lembro-me de ti. Na verdade, respiro e lembro-me de ti. Nunca sais da minha cabeça, assim como nunca sairás da minha vida.

A tua saudade corta com’um aço de navalha...

O que me dói, sabes, não é a saudade de momentos passados. Esses foram bem vividos. Também não me entristece falar contigo porque, dentro de mim, acredito que me consegues ouvir, se calhar até melhor agora do que quando vivias neste mundo porque agora não há barulho à nossa volta, não há mais ninguém, não há fronteiras. Tu podes ler o meu pensamento e eu nem preciso mexer os lábios. Basta o bater do coração. O que me dói é a ausência do futuro. E choro por dentro e por fora, como não sabia que pudesse chorar. Não imaginava que existissem tantas lágrimas neste mundo.

O coração fica aflito, bate uma e a outra falha...

Disseram-me que, sempre que pensasse em ti, devia imaginar o sol dentro de mim. Um sol imenso e quente, que se fractura em mil raios de luz que atravessam o meu corpo e me aquecem o pensamento. É isso que faço. Mesmo assim, procuro fazer-te viver. Conduzo o teu carro, cheiro os teus perfumes, quero ver as tuas camisas vestidas, usadas, vivas no corpo de alguém. Mexo nas tuas gavetas como fazia dantes, falo de ti no presente e com naturalidade, como se, a qualquer momento fosses entrar pela porta, a protestar, a dizer que está demasiado calor ou que eu estacionei mal o carro, ou que as dores do reumático não te deixam em paz. “O meu reino por um momento de tempo”, disse uma rainha inglesa antes de morrer. Não tenho reino, não tenho nada, mas daria a vida por um momento, por um abraço. Porque o último beijo que te dei, apesar de, na altura, não saber que seria o último, não o esqueço, mas queria ter-te dado pelo menos mais um abraço – se soubesse que tinhas uma viagem tão longa pela frente.

E os olhos se enchem d’água...

19 junho 2004

Até os comemos, carago!

Heróica e lusitana gente vamos em frente mas combictamente,

Vá lá cambada, infantes desportistas, homens de conquistas, povo que és o meu
bola redonda e onze jogadores em frente sem temores, que as tácticas dou eu
Tragam as gaitas, as bandeiras e a pomada, vamos dar-lhes uma abada, ensinar-lhes o que é bom
vamos mostrar a esses carafunchosos, por momentos gloriosos, quem é a nossa selecção

Bamos lá cambada, todos à molhada que isto é futebol total
Deixem-se de tretas, força nas canetas que o maior é Portugal

Bamos lá cambada, todos à molhada que isto é futebol total
Deixem-se de tretas, força nas canetas que o maior é Portugal

É atacar agora e defender para fora, eles são toscos, nem dão para a aquecer
Suar a camisola e até jogar sem bola e disfarçar para o árbitro não ver

No intervalo, solteiros contra casados, fandangos, chulas e fados para aprenderem como é
durante o jogo, qualquer caso lá surgido só pode ser resolvido à cabeçada e ao pontapé

Bamos lá cambada, todos à molhada que isto é futebol total
Deixem-se de tretas, força nas canetas que o maior é Portugal

Bamos lá cambada, todos à molhada que isto é futebol total
Deixem-se de tretas, força nas canetas que o maior é Portugal

Os portugueses já provaram muitas vezes saber ser uns bons fregueses das grandes ocasiões
nesta jornada, nem que seja à pantufada, nós estaremos na bancada muito mais de dez milhões

Força Portugueses !
Viva Portugal, Portugal, Portugal
Viva Portugal, Portugal, Portugal...

Bamos lá cambada, todos à molhada que isto é futebol total
Deixem-se de tretas, força nas canetas que o maior é Portugal

Bamos lá cambada, todos à molhada que isto é efectibamente futebol total
Temos de ter muita coragem, muita força, pensem nos vossos antepassados com nada, muito orgulho, muita vivacidade
E vai.. e um, dois, e um, dois...
E vai lá... e cruza... e é golo, e é GOLOOOOOO

Bamos lá cambada, todos á molhada que isto é futebol total
Deixem-se de tretas, força nas canetas que o maior é Portugal


Carlos Paião

Nota: O futebol não é uma das minhas prioridades, mas, como qualquer português, gostaria muito que a Selecção Nacional averbasse a vitória que lhe falta para seguir em frente, amanhã, no confronto com a sua congénere espanhola.
Que Ricardo Carvalho, Figo, Deco, Rui Costa, Costinha, Pauleta e Companhia, consigam espalhar o seu perfume no relvado de Alvalade.
Que vençam!

18 junho 2004

Mais minuto, menos minuto

Hoje, ao almoço, entre garfadas e gargalhadas, diz um colega para outro:

- Encontrei um sítio porreiro para estacionar. Fica um pouco mais longe do que o habitual - ali a seguir à rotunda, mas assim não fica exposto à resina que as aquelas árvores largam.
- Epá, isso é muito longe. Prefiro lavar o carro todas as semanas.
- Mas andar faz bem. Compensava, visto que fumas tanto.
- ???
- Por cada cigarro que fumas, perdes 3 minutos de vida. Assim, com a caminhada sempre ganharias algum desse tempo.
- Mas que diferença me faz, morrer às 10 da manhã ou às 11 da noite??

Grandes dúvidas II

Se o feminino de embaixador é embaixadora, visto que embaixatriz é a mulher do embaixador, pergunto:

1. Não deveríamos dizer actora e chamar actriz à mulher do actor?

2. E se a mulher do embaixador é embaixatriz, como se chama ao marido da embaixadora? Embaixatrizo? E o marido da actora? Seria o actrizo?

(Após jorrar estas pérolas pseudo-linguístico-filosóficas, a abadessa recolhe-se pé ante pé, antes que o fantasma da Drª Edite Estrela, que costuma deambular pelo Convento, a apanhe e resolva castigá-la por duvidar da sagrada essência da Língua portuguesa...)

Parabéns!

Garfield


Como ele próprio diz, em anos de cão já estaria morto! Mas ele não é um cão, é um gato, é O gato. Por isso, muitos parabéns a esta criatura gorda e alaranjada que me anima os dias desde há muito tempo.

17 junho 2004

A vida e a morte de mãos dadas

No Sábado passado, o meu caríssimo Marquês perguntava ao João quando teria sobrinhos. Respondi-lhe que deverá ter um durante o próximo ano, talvez em Agosto ou Setembro, talvez antes, quem sabe. Mas como as palavras ditas são sempre curtas e nunca conseguem chegar exactamente onde queremos, aqui vai a resposta mais completa, para o meu nobre tio e para mim própria, para que fique registado neste diário virtual que um dia certamente será, como todos nós, pó, cinza e nada...

No dia a seguir à morte do meu pai e enquanto entrávamos na igreja onde o seu corpo seria velado, disse ao João que, se ele estivesse de acordo, iria deixar de tomar a pílula. Estava tão invadida pela morte que precisava desesperadamente de vida.

Quando morre alguém a quem amamos, nós morremos também. Parte de nós, pelo menos, a parte que se dedicava a essa pessoa, a parte onde ela deixou as suas marcas. Não é possível ressuscitar essa parte. Não se pode encaixar outra pessoa nela, outro amor, porque as pessoas não se substituem, não se sobrepõem, assim como os dias não regressam depois de vividos e não é possível viver dois dias de uma só vez.

Sempre considerei a capacidade de gerar e parir como uma benção, um milagre apesar de todo o conhecimento que temos de como a natureza se comporta em nós. Naquele dia, decidi que queria experimentar esse milagre. Não para dar ao meu filho o amor que era do meu pai. Em primeiro lugar, porque continuo a amar o meu pai da mesma maneira, depois porque, como já disse, não existe um amor mas sim amores, que podemos dedicar de uma mesma maneira a uma só pessoa.

Quero ter um filho porque quero gerar vida. Porque acredito que tenho alguma coisa para lhe dar neste mundo de loucos, cada vez mais pequeno, cada dia mais perigoso e triste. Quero ter um filho porque chegou a hora, porque o meu corpo me envia esses sinais numa espécie de ânsia, de vontade que se move nas minhas entranhas e não se aquieta. Não é um relógio biológico, não é um tique-taque, é uma erupção, uma explosão, um big bang que, se tudo correr bem, terá como resultado o nascimento de mais um universo.

16 junho 2004

Orgulhosamente portugueses

Os portugueses descobriram um sentimento novo: o orgulho em ser português. E descobriram-no graças ao futebol. E de repente o país ficou mais colorido, pejado de bandeiras por todo o lado. Nas mãos, nas janelas ou nos carros, pintadas ou vestidas, usadas com maior ou menor imaginação, com pagodes em vez de castelos, mas ninguém discute que o verde e o encarnado são as cores do momento.

Mas quantos portugueses sabem de onde vêm o verde e o encarnado que dão cor à nossa bandeira? Quantos sabem a idade que ela tem, quem a projectou, quem a aprovou e que estandarte veio substituir? Quantos lhe conhecem os símbolos e as histórias, os homens e os feitos por detrás desses símbolos? As armas e os barões que depois de assinalados foram esquecidos.

Muito se fala sobre o ser português. Mas o que é isso de “ser português”? É gostar de futebol e apoiar uma selecção de jogadores gordos, velhos demais para correr, que não fazem a mais pequena ideia do que significa trabalho de equipa? Um bando de valquírias, cada uma a tentar gritar mais alto do que as outras, aos trambolhões pelo campo fora? Eu não gosto de futebol (não sei se já tinham percebido). Não gosto particularmente de desportos colectivos, mas o futebol revolta-me até às entranhas. Pelos interesses em jogo que pouco ou nada têm de desportivo, pelos sentimentos agressivos e comportamentos tristes que provoca, pelo dinheiro, pela corrupção, pelas mentiras, traições, maquinações, pelos ordenados escandalosos de jogadores, treinadores e dirigentes que são uma completa afronta a quem neste país encarnado e verde tem de dominar o difícil jogo de conseguir sobreviver com pouco mais de trezentos euros por mês (menos se for reformado). Revolta-me que o futebol receba tantas atenções e incentivos quando outros atletas, de outras modalidades, que têm trazido tantas vitórias para Portugal, continuem a viver num relativo anonimato, quando comparados com as “estrelas” do relvado.

Mas a questão aqui não é o meu (des)gosto pelo desporto ao qual se chama rei. A questão é este nacionalismo serôdio e apatetado que atacou os portugueses de repente e que será esquecido assim que o campeonato terminar – isto se não começar já hoje a (curta) caminhada até ao esquecimento, no caso de o jogo com a Rússia correr mal....

Meus amigos, ser português, ter orgulho no país onde se nasceu ou onde se vive implica muito mais do que berrar o nome de Portugal antes dos jogos da selecção. Ser português (ou inglês, ou francês, ou ucraniano, ou outra coisa qualquer) implica conhecer o solo onde se nasceu ou onde se vive, as terras e recantos, os sabores e cheiros, os contrastes e semelhanças, as belezas e as feiuras, os bons e maus momentos, os orgulhos e as vergonhas, os triunfos e as derrotas, os nomes das ruas e os feitos dos homens que viveram sob esses nomes. Quem foi António Augusto de Aguiar? E o Duque de Palmela? E, já agora, quem é o fulano de bronze que está de pé sobre o pedestal no Cais do Sodré a olhar para o rio como se ainda esperasse alguma coisa (ou alguém) que tarda em chegar? E, já agora, que fez ele para merecer uma estátua?

Ser português é ter orgulho de Portugal sempre, mesmo quando não há futebol. Não o orgulho bacôco, de que falava o outro senhor, aquele que dizia na sua Lição que estávamos melhor “orgulhosamente sós”, mas o orgulho de sermos cidadãos deste pequeno mundo e de, dentro dele, representarmos um país antigo, cheio de glórias e de vergonhas, um cavalheiro ancião com uma longa existência, revoltado na adolescência, aventureiro na juventude, deslumbrado e deslumbrante enquanto adulto e onde, felizmente, houve e haverá sempre alguém a dizer “Não!”.

15 junho 2004

Jogos Olímpicos

Cartaz dos Jogos Olímpicos de Estocolmo de 1912Faz hoje 92 anos que terminou em tragédia a primeira participação portuguesa nos Jogos Olímpicos - os quais se realizaram em Estocolmo, em 1912.
Francisco Lázaro, de 21 anos, atleta do Sport Lisboa e Benfica, após se ter untado com sebo e óleo para se proteger do calor (cerca de 32ºC) caíu, vítima de insolação, ao quilómetro 30 na prova da Maratona. O facto de se ter untado, não permitiu a transpiração cutânea e apesar de os seus treinadores, ainda antes da partida, terem tentado limpá-lo de toda aquela gordura, tal esforço veio a verificar-se inglório.
Lázaro, morreu no dia seguinte no hospital.
Sobre a sua morte, o COI emitiu o seguinte comentário: "Once again there was drama in the marathon. Under a leaden sky 21-year-old Francisco Lazaro of Portugal fell victim to the heat. He collapsed and died the next day in hospital."

14 junho 2004

Aniversário

No tempo em que festejavam o dia dos meus anos,
Eu era feliz e ninguém estava morto.
Na casa antiga, até eu fazer anos era uma tradição de há séculos,
E a alegria de todos, e a minha, estava certa com uma religião qualquer.

No tempo em que festejavam o dia dos meus anos,
Eu tinha a grande saúde de não perceber coisa nenhuma,
De ser inteligente para entre a família,
E de não ter as esperanças que os outros tinham por mim.
Quando vim a ter esperanças, já não sabia ter esperanças.
Quando vim a.olhar para a vida, perdera o sentido da vida(...)


Álvaro de Campos
(Fernando Pessoa nasceu a 13 de Junho de 1888)

Fim de semana III

Foi necessária a presença massiva de turistas - na sua maioria adeptos das selecções presentes no Euro2004 - para a troca das velhas bandeiras - farrapos de há seis anos - do Parque das Nações, por bandeiras novinhas em folha. Será que não é só para inglês (francês, sueco, checo, espanhol, grego, russo, suíço, croata, dinamarquês, italiano, búlgaro, alemão, holandês, letão) ver?

Fim de semana II

Foi mau ver no que os arraiais populares se estão a transformar: numa enorme multidão alcoolizada.

Fim de Semana I

11 junho 2004

O Velho do Restelo

O Velho do Restelo, por Columbano

Começa amanhã o tão falado, publicitado, controverso, ameaçado... Euro2004.
Hoje, no caminho para o trabalho, quase que consegui percorrer 200 metros sem vislumbrar uma bandeira portuguesa - decerto que não moraria por ali ninguém ou então, se mora, não foi atingido pela febre nacionalista de uma boa campanha futebolística...
Voltando ao Euro2004 (sem nunca sequer ter saído do assunto), começa amanhã a 1ª fase... eu só quero ver, quanto tempo mais vão aguentar as bandeiras colocadas nas janelas, nas varandas, nos carros, etc...

09 junho 2004

Uma questão de princípio

Os habitantes de uma vila austríaca, cujo nome em inglês, é controverso, recusam-se a mudar de nome. Sinceramente, acho muito bem. Se a moda pega, qualquer dia temos para aí uns referendos, locais ou nacionais, a quererem mudar o nome da Picha, do Rio Cabrão, da Venda das Raparigas, do Casal de Mil Homens, Cachopos, etc...etc...

Arrumações

Ontem, resolvi dar uma pequena arrumação no escritório. Farto de olhar para as mesmas peças decorativas: pisa-papéis, bonecos, sininhos de metal(!??), etc... resolvi colocar tudo em sacos e arrumar na arrecadação. Comprei duas caixas para arrumação e coloquei lá dentro os meus cd's de backups e de programas, assim como as velhinhas cassetes de VHS de gravação. Em dois tempos, e após mudar livros de uma estante para outra, consegui arranjar espaço para a minha crescente dvdteca, e ainda, ficar com algumas prateleiras livres para próximas aquisições de livros e/ou dvds.
Proximamente, tenho de fazer outra arrumação... mas em vez de ser no sentido casa - arrecadação, será no sentido arrecadação - caixote de lixo.
É incrível a quantidade de tralhas que se vai guardando. Desde bugigangas sem qualquer utilidade, a outras que já a tiveram, mas, a perderam entretanto, colecções de revistas e livros de banda desenhada, objectos de decoração oferecidos - de gosto muito duvidoso, artigos da casa entretanto substituídos... é só escolher. Se eu, apenas em 3/4 anos já juntei tanta tralha... imagino como seria daqui a uns anos. Tenho de impor desde já uma escolha muito criteriosa, ou então... fecho os olhos e deito tudo para o lixo. Afinal, se as coisas estão na arrecadação é porque não me fazem falta, não é?

08 junho 2004

As Baleias

Barbatana de Baleia
Não é possível que você suporte a barra
De olhar nos olhos do que morre em suas mãos
E ver no mar se debater em sofrimento
E até sentir-se um vencedor nesse momento

Não é possível que no fundo do seu peito
Seu coração não tenha lágrimas guardadas
Pra derramar sobre o vermelho derramado
No azul das águas que você deixou manchadas


Seus netos vão te perguntar em poucos anos
Pelas baleias que cruzavam oceanos
Que eles viram em velhos livros ou nos filmes dos arquivos
Dos programas vespertinos de televisão

O gosto amargo do silêncio em sua boca
Vai te levar de volta ao mar e à fúria louca
De uma cauda exposta aos ventos em seus últimos momentos
Relembrada num troféu em forma de arpão

Como é possível que você tenha coragem
De não deixar nascer a vida que se faz
Em outra vida que sem ter lugar seguro
Te pede a chance de existência no futuro


Mudar seu rumo e procurar seus sentimentos
Vai te fazer um verdadeiro vencedor
Ainda é tempo de ouvir a voz dos ventos
Numa canção que fala muito mais de amor

Seus netos vão te perguntar em poucos anos
Pelas baleias que cruzavam oceanos
Que eles viram em velhos livros ou nos filmes dos arquivos
Dos programas vespertinos de televisão

E o gosto amargo do silêncio em sua boca
Vai te levar de volta ao mar e à fúria louca
De uma cauda exposta aos ventos em seus últimos momentos
Relembrada num troféu em forma de arpão
Barbatana de Baleia

Não é possível que você suporte a barra



Roberto Carlos/Erasmo Carlos - As baleias

07 junho 2004

Lisboa

tem mais atracções turísticas.

Depois das obras do Túnel de Sebastião José de Carvalho e Melo, estão já agendadas novas visitas guiadas, tendo como pano de fundo dar a conhecer este país. Estas novas visitas/eventos são:

- à Cova da Moura (oferta de um kit de primeiros-socorros e uma arma carregada);
- ao bairro das Marianas - com direito a almoço na Pedreira dos Húngaros;
- arraial de Stº António na Azinhaga dos Besouros (recomenda-se a deslocação a pé, para evitar surpresas);
- passeio turístico a Monsanto e convívio/confraternização com trabalhadores/as ocasionais (recomenda-se o uso de preservativos durante o convívio)

Em estudo, encontra-se também a possibilidade de visitar diversos Gabinetes Ministeriais, nunca usados, ou mesmo uma deslocação à Assembleia da República para assistir a uma votação parlamentar - mediante marcação e pagamento antecipado (de luvas) para garantir a presença de deputados.

E ao 7º dia...

Sábado, depois do almoço, fomos até ao Carvalhal, mais propriamente até à praia do Carvalhal, perto da Comporta.
De vez em quando gostamos de sair de Lisboa, e, o calor que se fez sentir, convidava a uma ida à praia. Esquecendo o vento que se fazia sentir, estava muito agradável, e, pela quantidade de pessoas que andavam no mar, a temperatura da água deveria estar bastante aceitável.
No caminho de regresso, como sempre, parámos em Alcácer do Sal e aproveitámos para jantar no Retiro Sadino - um ponto de paragem obrigatório de há alguns anos a esta parte. Umas migas alentejanas para a abadessa e umas batatas à rebolão (não sei porquê, mas prefiro dizer à trambolhão) para mim. Tudo excelentemente confeccionado e bem servido.
De regresso a Lisboa, o dia terminou então, connosco refastelados no sofá a assistir ao Italian Job.
Eu gostei particularmente desta parte, visto que tinha uma duas gatas ao meu lado e outra no écran - o que não deixa de ser uma óptima maneira de terminar o dia.

PS: após uns miados insuportáveis, da minha - a outra, a felina - gata, tive de corrigir para duas gatas ao meu lado. Perdoas-me o esquecimento?
- Fsst! Ron.. meaowww! (traduzido: sim)
- Óptimo!

01 junho 2004

Em nome de Deus

A Bíblia, segundo dizem, tem a resposta para todas as questões... só que - infelizmente - não é actualizada há séculos...pelo que as pessoas que se baseiam nos seus escritos para tomar uma qualquer posição, sobre um qualquer assunto arriscam-se a cair no rídiculo. Senão vejamos...

Homossexualidade e preconceitos (sob o nome de Deus como álibi!)

Recentemente, uma célebre animadora de rádio dos EUA afirmou que a homossexualidade era uma perversão: « É o que diz a Bíblia no livro do Levítico, capítulo 18, versículo 22: " Tu não te deitarás com um homem como te deitarias com uma mulher: seria uma abominação". A Bíblia refere assim a questão. Ponto final», afirmou ela.

Alguns dias mais tarde, um ouvinte dirigiu-lhe uma carta aberta que dizia:

«Obrigado por colocar tanto fervor na educação das pessoas pela Lei de Deus. Aprendo muito ouvindo o seu programa e procuro que as pessoas à minha volta a escutem também. No entanto, eu preciso de alguns conselhos quanto a outras leis bíblicas.

Por exemplo, eu gostaria de vender a minha filha como serva, tal como nos é indicado no Livro do Êxodo, capítulo 21, versículo 7. Na sua opinião, qual seria o melhor preço?

O Levítico também, no capítulo 25, versículo 44, ensina que posso possuir escravos, homens ou mulheres, na condição que eles sejam comprados em nações vizinhas. Um amigo meu afirma que isto é aplicável aos mexicanos, mas não aos canadianos. Poderia a senhora esclarecer-me sobre este ponto? Por que é que eu não posso possuir escravos canadianos?

Tenho um vizinho que trabalha ao sábado. O Livro do Êxodo, capítulo 25, versículo 2, diz claramente que ele deve ser condenado à morte. Sou obrigado a matá-lo eu mesmo? Poderia a senhora sossegar-me de alguma forma neste tipo de situação constrangedora?

Outra coisa: o Levítico, capítulo 21, versículo 18, diz que não podemos aproximar-nos do altar de Deus se tivermos problemas de visão. Eu preciso de óculos para ler. A minha acuidade visual teria de ser de 100%? Seria possível rever esta exigência no sentido de baixarem o limite?

Um último conselho. O meu tio não respeita o que diz o Levítico, capítulo 19, versículo 19, plantando dois tipos de culturas diferentes no mesmo campo, da mesma forma que a sua esposa usa roupas feitas de diferentes tecidos: algodão e polyester. Além disso, ele passa os seus dias a maldizer e a blasfemar. Será necessário ir até ao fim do processo embaraçoso que é reunir todos os habitantes da aldeia para lapidar o meu tio e a minha tia, como prescrito no Levítico, capítulo 24, versículos 10 a 16? Não se poderia antes queimá-los vivos após uma simples reunião familiar privada, como se faz com aqueles que dormem com parentes próximos, tal como aparece indicado no livro sagrado, capítulo 20, versículo 14?

Confio plenamente na sua ajuda.»