17 janeiro 2007

O maior português de todos os tempos

Não posso deixar de olhar para o "top ten" dos maiores portugueses e pensar que, à parte dos poetas que ficam sempre bem porque dão o toquezinho cultural que a lapela destes eventos sempre precisa, não podia haver lista mais contraditória.

Os portugueses colocaram no mesmo "saco" Salazar e Aristides de Souza Mendes, sem esquecer Álvaro Cunhal - a alma católica e conservadora do senhor Salazar, lá onde estiver, deve estar aos pinotes... - e, como não podia deixar de ser, lá votaram fortemente no primeiríssimo dos Afonsos (que não bateu na mãe, OK? Esteve perto, acredito, mas lá se conteve e não se desgraçou)e no mais conhecido dos homens das descobertas, D. Vasco da Gama. De permeio, entraram o Infante D. Henrique e o sempre grande Sebastião José de Carvalho e Mello.

Por mim, obviamente demitiria o senhor Salazar da lista e, no seu lugar colocaria o nosso maior escritor, Eça de Queiroz. Substituiria Vasco da Gama pelo Padre António Vieira e o Infante D. Henrique por Pedro Nunes, pois se é verdade que o querer de um homem nos lançou na aventura maior do mar oceano, foi o saber de outro(s) que nos permitiu ir mais longe.

Álvaro Cunhal seria igualmente retirado - apesar da admiração que tenho pelo escritor e pelos ideais que sempre defendeu - e substituído por D. Duarte, o nosso rei mais esclarecido e também um dos mais esquecidos.

Como estamos a falar de Portugal e para os portugueses arranja-se sempre um jeitinho e cabe sempre mais um, se nos apertarmos um bocadinho mais, ainda colocaria na lista o poeta Sá de Miranda. É verdade que, assim, os dez maiores portugueses de sempre seiram, na verdade, onze, mas quem é que estar para os contar? Afinal ondem cabem dez cabem onze e somos todos irmãos e o que interessa é que o Benfica é um grande clube, pá!

Quanto a mim, o meu voto vai inteirinho para Aristides de Souza Mendes porque quem arrisca a própria vida e as vidas dos filhos para salvar as de pessoas que nunca chegou a conhecer, não é apenas o maior português de sempre, é um dos maiores homens de sempre.

15 janeiro 2007

A lapa

No sábado passado fomos a Tomar dar um passeio. Há alguns anos que não caminhava pelo jardins do Convento de Cristo e como tinha de fazer alguns quilómetros para poder colocar o carro na revisão, achámos que era uma boa opção. Tanto na ida, como na volta, constatei uma vez mais que os portugueses não sabem conduzir quando dispõem de três faixas no mesmo sentido. Ao invés de seguirem as intruções do código da estrada - tantas vezes repetidas - de conduzirem pela direita, agarram-se à faixa central como uma lapa à rocha. Quem vem na faixa da direita, ou ultrapassa pela faixa da esquerda, ou atravessa duas faixas para ultrapassar pela direita. Isto é ainda mais chocante quando num troço de auto-estrada com uma boa visibilidade de centenas de metros, não se vislumbra ninguém, a não ser... a lapa... agarrada à faixa do meio.

Amadeo

Sim, eu também estive na Gulbenkian durante a madrugada de Domingo, para ver a exposição de Amadeo de Souza-Cardoso. Sim, já sabia que a exposição estava lá, já o sabia há muito tempo até mas, fiel à tradição portuguesa de guardar tudo para a última hora, só no Sábado me decidi a ir. E não me arrenpendo da espera, apesar da criatura que estava atrás de mim na fila e que passou o tempo a cantar temas de "gospel" - João e Janeca, agora começo a perceber o que vocês devem ter sofrido comigo, o Pedro e a Sandra no banco de trás do carro a "cantar" durante tantos e tantos quilóimetros...

O que mais me agradou, foi ver tal mobilização por causa de um artista português. É este tipo de coisa que me faz ter orgulho, não os jogos de futebol, as bandeiras com que nos enfeitamos e os hinos que recitamos, vazios de significado. E não importa se as pessoas lá estavam por mera curiosidade, se nunca antes tinham ouvido falar em Amadeo, se foram por ser um acontecimento "trendy" ou "fashion". Não importa se foram para ver ou para ser vistas. O que importa é que foram, esperaram, renderam a devida homenagem a um artista maior, mas quase sempre esquecido.

Por mim, tomei conhecimento de Amadeo de Souza-Cardoso nas aulas de história da arte contemporânea e confesso que sempre me fascinou o seu olhar forte e determinado,a condizer com o traço firme mas elegante e com a paleta destemida de cores vivas. mais do que tudo, fascinou-me a sua vida, romanticamente curta.

Por tudo isto esperei para ver ao vivo os seus trabalhos. Por tudo isto, senti orgulho do país onde nasci, porque não importa porque é que as pessoas estavam lá, importa que estavam e viram e, quer gostassem quer não, pelo menos ficaram a saber que este artista existiu.

10 janeiro 2007

What fantasy creature are you?

"You are a night elf or a drow! You worship the moon goddess and are nocturnal. You are very graceful and swift. You like the colors blue, purple, and silver. You like felines and are very close to the trees and animals. You are very gentle and only wish for peace."

Para quando não há nada melhor para fazer...Já agora, um elfo eu sei o que é graças à estopada do "Lord of the Rings", mas que raio é um "drow"?

http://www.quizilla.com/

(...)

Cumprir as resoluções de ano Novo pode ser penoso. Eu que o diga que apanhei uma chuvada e pêras esta manhã, no caminho para o trabalho! Mas pronto, mantive-me fiel ao meu propósito de andar mais a pé e cá estou, ensopada, com nariz de cão e pés gelados, mas de pé, de pé como as árvores!

Moral da história: a satisfação da conquista é bem maior do que qualquer contratempo.

Com este tipo de escrita, tão perfeita, rica e plena de conteúdo e reflexão, a seguir vou pintar o cabelo de louro, assumir a minha pose mais putéfia e malcriada e começar a semear “best sellers” como se de cogumelos se tratasse, qual Margarida Rebelo às Pintas ou Carolina Não Sei Das Quantas.

Depois, quando for entrevistada pela TVI, posso sempre arranjar mais meia dúzia de “bujardas” ditas em tom frenético e doloroso, de quem está em pleno acto de criação literária, qual galinha a pôr um ovo de dinossáurio et voilá! Serei finalmente uma verdadeira estrela!

Sim, porque isto cada um é para o que nasce e eu tenho o estrelato no meu caminho...nem que isso signifique tropeçar, cair, bater com o nariz no chão e ficar a ver estrelas...

Benção

Existe uma benção, fortemente disseminada na cidades devido à densidade populacional, designada pura e simplesmente por ... "Vizinhos".

Comprei a minha modesta habitação em 1999 e embora a tenha desde logo mobilado, só desde Julho ou Agosto do ano passado é que comecei a morar lá. Antes, passava na minha casa os fins de semana e regressava depois ao conforto da casa dos pais (cama, mesa, roupa lavada e passada... que mais se quer?) uma rua abaixo.

Nestes 8 anos, saíram três inquilinos e entraram outros tantos. Se em relação aos primeiros, nada há assinalar, estes últimos que vieram morar... para o meu lado, parecem que andam constantemente em mudanças...

Constituem aquele agregado familiar os seguintes elementos: um casal, uma criança e um puto de 26 anos com a mania que ainda é um adolescente com a franga aos saltos...

Desde arrastar móveis constantemente (sofrem todos das costas naquela casa); gritarem uns com os outros; música brasileira aos gritos num rádio ou algo com uma qualidade sonora semelhante (e não me refiro a Caetano Veloso ou Maria Bethânia, mas antes a Chitãozinho e Xororó e afins); fazer grelhados num grelhador eléctrico por cima do estendal das cordas para estender a roupa (este é engraçado de se ver... espero ardentemente que um dia, uma rajada de vento lhes derrube o jantar para o terraço do vizinho de baixo) e bater com a porta a qualquer hora (e como ao bater a porta, esta faz ricochete e não fecha... bate-se novamente até finalmente fechar).

O puto (irmão dela) então é um espectáculo... desde não ter qualquer cuidado em relação à sujidade na garagem (por vezes fica um verdadeiro rasto de lama desde a entrada até à box deles); já chegou a ter um garrafão com gasolina na garagem que deixou o ar da garagem quase irrespirável e até já levou amigos (de aparência muito duvidosa) para lavarem os carros na garagem...

Grande é a poesia, a bondade e as danças...
Mas o melhor do mundo são as crianças,
Flores, música, o luar, e o sol, que peca
Só quando, em vez de criar, seca.


escreveu Fernando Pessoa... que não consta que tivesse filhos e que como todos sabemos era grande adepto da aguardente "Águia Real". As crianças só são o melhor do mundo quando estão longe. Acredito piamente que as crianças do Cazaquistão sejam as melhores do mundo. As portuguesas... deixam muito a desejar.

A criança da casa é tudo menos um amor... é uma peste!!! Deve ter uns 5 ou 6 anos e os seus passatempos favoritos (em qualquer hora) são: gritar com o pai, que lhe grita de volta e gera-se uma discussão aos gritos (exemplo paterno de excelente maturidade); gritar na escada e fazer birras (ui... que amorzinho); pontapear e esmurrar a porta da rua (ecoa por todo o prédio) e atirar brinquedos para o chão (as crianças são uns amores quando tentam provar que a lei da gravidade existe... principalmente de noite, com objectos metálicos e pesados).

É... sinto-me abençoado Deus.

09 janeiro 2007

E viva Barcelona!

As autoridades da cidade comunicaram que este ano terá lugar não só a última temporada de touradas com touros de morte, como a última temporada de touradas "tout court". Ao que parece, o número de aficionados tem estado a decrescer, ao passo que a consciência da crueldade que significa uma tourada tem vindo a aumentar entre os catalães.

Barcelona, que já era uma cidade fantástica, recheada até não poder mais de boas razões para ser visitada e muito apreciada, é agora também uma cidade super, hiper, mega re-fixe! - o que é que querem? Faz-me bem vegetar em frente à televisão, sobretudo se for a descansar os olhos e alma nesse enorme disparate pegado que é a "Floribela" - antes isso que começar a tomar drogas duras aos 34 anos...

08 janeiro 2007

(...)

Eu sei que, desde a morte do meu pai, falo demasiado em coisas tristes mas talvez tenha ficado mais sensível a essas tais coisas tristes que,de vez em quando de maneira mais ou menos directa, nos vêm bater à porta. Se calhar, eu também me tornei uma pessoa mais triste. Não sei nem importa agora, porque o que quero é assinalar a morte de uma colega, de uma pessoa boa, que tinha sempre um sorriso, sempre um gesto simpático, sempre uma palavra de ânimo para nos confortar.

Quando muitas coisas más acontecem a pessoas boas, pensamos que é injusto, como se alguém algum dia nos tivesse feito acreditar que existe uma dose certa de dor para cada pessoa e que as pessoas más merecem sofrer muito mais do que as boas, como uma espécie de castigo divino pelos actos de cada um. Não funciona assim, infelizmente. As piores coisas acontecem às melhores pessoas e vice-versa. A minha colega passou por um casamento complicado, onde a violência era uma constante. Passou recentemente pelo nascimento de uma neta,seguido, poucas horas depois, pela morte da nora. Desde essa altura, tomou conta da bebé e do filho e nunca mais os deixou até ser internada, uns dias antes do Natal, com um estranho "envenenamento" no sangue.

Morreu hoje de cancro. Uma doença que nunca se manifestara, de que ninguém suspeitava, muito menos ela própria.

Vai-me fazer falta o seu sorriso e, embora eu saiba por experiência própria que quem sobrevive encontra sempre uma maneira de ser feliz, mesmo que nunca mais seja tão feliz como era dantes, angustia-me pensar na bebé que tem poucos meses e que vai ter de crescer sem mãe e sem avó. Entristece-me imaginar que talvez ela nunca venha a sentir o amor incondicional.

Hoje é um dia triste.

07 janeiro 2007

Segundo dizem...

Einstein afirmou um dia que só existiam duas coisas infinitas... a estupidez humana e o universo. Em relação à segunda tenho dúvidas, mas cada dia que passa me convenço mais da veracidade da primeira.
A estupidez humana é - a par da morte - das poucas certezas que temos ao longo da vida. Sabemos que mais cedo, ou mais tarde, com maior ou menor frequência, nos cruzaremos com ela (estupidez) e que nada, ou muito pouco, poderemos fazer para a evitar.

02 janeiro 2007

Frase do dia

“Adoro o cheiro do teu corpo, sobretudo quando estamos três dias sem tomar banho...”

(Frase supostamente sussurrada por Elsa Raposo ao seu companheiro nº 5990/2006, após uma hora (!) de confraternização sexual)

Peço desculpa mas não resisti. Não fui capaz! Pronto, assim se vai, de maneira inglória, a minha firme decisão de deixar de passar os olhos por "lixo" em 2007. Mas a verdade é que este tipo de disparate me diverte e relaxa, precisamente porque o considero absoluta e deliciosamente disparatado.

De facto, no portfólio da Elsa só faltava a "sex tape" - congratula-te Portugal, que já tens a tua Pamela Anderson! - que, segundo consta, é tão boa que não está disponível na Internet, mas poderá ser comprada por uma quantia qualquer que agora não me lembro.

Um ditado popular diz que em terra de cegos quem tem um olho é rei e a Elsa Raposo é, sem dúvida, mil vezes rainha desta hortazinha singela, à beira mar plantada. Parabéns por mais este golpe de génio, Elsa querida! É facto que todos temos que comer, mas nem todos nascemos para trabalhar.

01 janeiro 2007

Ano novo, velhos hábitos

Estas épocas festivas aborrecem-me e deprimem-me. Claro que é sempre bom ter mais um pretexto para estar com amigos e fazer uns quantos disparates como acabar a noite a empurrar analgésicos com Murganheira (força Cardamoma! Estamos contigo e não largamos!)e dançar ao som dos melhores êxitos dos Wham...Mas, seja como for, a pressão para estarmos bem dispostos e numa onda festiva, dá cabo de mim. É precisamente quando me apetece vestir a minha pele mais gótica e ficar, vestida de preto, a um canto da sala, a espiar a diversão alheia com o desdém digno de um Edmond Dantés.

O mais grave é que, habitualmente, eu até sou uma pessoa bem disposta, mas o que é que querem? Nestas alturas apetece-me ser do contra.

Este estado de espírito vai-se acentuando com o passar dos anos e, pela primeira vez, ocorreu-me que posso estar a ficar velha, um tanto ou quanto rezingona e muito ávara dos meus hábitos. Como não gostei desta possibilidade - não pelas rugas ou pela flacidez, mas pela perda do viço, da "pica", daquela seiva que nos corre sabe-se lá por onde e que nos dá o ânimo para viver - decidi quebrar algumas rotinas em 2007. Ainda não tive tempo para decidir quais, mas a intenção já existe, o que é um primeiro passo positivo.

Acho que vou começar por andar mais a pé e deixar de depender tanto do carro. Sempre ajudo duas causas muito meritórias: o planeta e a minha figura. Mas como andar a pé pode ser benéfico, mas não chega, vou passar este dia em instrospecção, qual mocha de bico enfiado nas penas, a cismar sobre a minha vida. A diferenbça é que, em vez de olhar para trás e desesperar ao fazer balanços que são, no mínimo, inúteis, vou antes olhar para frente e tentar ser uma pessoa melhor.

Daqui a 364 dias voltarei ao tema...se me apetecer, porque o grande objectivo aqui é mudar de hábitos e reduzir necessidades...para passar bem (Ó Jorge! Tira a mão do queixo!).

Um excelente 2007 para todos.