29 junho 2006

(Re)descobrir

Desde o Rock In Rio 06, que ando pouco a pouco a (re)descobrir Roger Waters e Pink Floyd.
No álbum The Wall, apesar dos seus (quase) 30 anos, as letras de intervenção continuam (e continuarão) actuais.

Hey You (Waters) 4:39

Hey you, out there in the cold
Getting lonely, getting old
Can you feel me?
Hey you, standing in the aisles
With itchy feet and fading smiles
Can you feel me?
Hey you, dont help them to bury the light
Don't give in without a fight.


Hey you, out there on your own
Sitting naked by the phone
Would you touch me?
Hey you, with you ear against the wall
Waiting for someone to call out
Would you touch me?
Hey you, would you help me to carry the stone?
Open your heart, I'm coming home.


But it was only fantasy.
The wall was too high,
As you can see.
No matter how he tried,
He could not break free.
And the worms ate into his brain.

Hey you, standing in the road
always doing what you're told,
Can you help me?
Hey you, out there beyond the wall,
Breaking bottles in the hall,
Can you help me?
Hey you, don't tell me there's no hope at all
Together we stand, divided we fall.


[Click of TV being turned on]
"Well, only got an hour of daylight left. Better get started"
"Isnt it unsafe to travel at night?"
"It'll be a lot less safe to stay here. You're father's gunna pick up our trail before long"
"Can Loca ride?"
"Yeah, I can ride... Magaret, time to go! Maigret, thank you for everything"
"Goodbye Chenga"
"Goodbye miss ..."
"I'll be back"

26 junho 2006

Pensamento do dia II

Não gosto de futebol. Nunca gostei. Aborrecem-me as historietas por trás do jogo que são, regra geral, tudo menos desportivas. Incomoda-me que meia dúzia de rapazinhos ganhe uma pequena fortuna à custa dos adeptos, que são os únicos que levam o amor à camisola tão a sério que, por ela, são capazes de empenhar os cachuchos e vender os filhos para conseguir bilhete para aquele jogo. E estão lá horas antes, ao calor ou ao frio, sem protestar e gritam e dizem asneiras e vibram com aqueles 90 minutos como se a salvação do mundo dependesse deles.

Ultimamente Portugal foi novamente acometido da febre da bandeira – com ou sem pagodes, que o que importa é que se veja bem da lua que Portugal está enfeitado de encarnado e verde! – e eu sinto-me uma das poucas que ainda não se deixou contagiar. Não que seja desmancha-prazeres, nada disso. Ontem “sofri” (com duplo sentido em doses idênticas) o jogo Portugal-Holanda com um grupo de amigos que se desunhavam num estranho transe que eu não consegui partilhar, mas que respeitei.

Aproveitei o jogo para observar os comportamentos, quer dos meus amigos, quer dos portugueses presentes no estádio, e não pude deixar de lhes achar piada. É libertador, sem dúvida. É uma maneira de mandar o “stress” embora, de exorcisar uma série de diabitos que nos vão possuindo um bocadinho mais todos os dias. Não me aborreci, confesso. Mas não vibrei por Portugal.

Um jogo de futebol é apenas um jogo de futebol. A salvação do país não depende disso, embora os portugueses partam para cada jogo da selecção nacional com o mesmo espírito de batalha com que, em tempos idos, partiam para bater em mouros e espanhóis. O “Às armas, às armas” do hino é a estrofe mais gritada a plenos pulmões e com as almas cheias da ira divina. Mas, infelizmente, mesmo que Portugal chegue a campeão do mundo de futebol, este país irá continuar a ter salários dos mais baixos da Europa, o número de pessoas contaminadas com o VIH continuará a ser dos mais altos, os sistemas de saúde e de educação continuarão a deixar muito a desejar, a iliteracia e o analfabetismo continuarão a ser alarmantes, bem como o número de distintos cidadãos que fogem ao fisco.

Nada disto se resolverá com a taça. O apelo à bandeira nem por isso nos faz ter mais brio e querer trabalhar mais e melhor por um país que possa ser campeão noutros campos menos vistosos, mas seguramente mais importantes.

Pensamento do Dia

Vodka Com Laranja 0 - Portugal 1

14 junho 2006

Terra

Terra, Terra,
Por mais distante o errante navegante
Quem jamais te esqueceria?
(Caetano Veloso, Terra)

Não há nenhum que não cante
a vez em que à terra torna
(Sérgio Godinho, Chuvas de Cabo Verde)


Somos como as árvores. Com o passar do tempo, vamos ganhando raízes que se entrelaçam com outras raízes e que entram no subsolo, que contornam as rochas e se estendem em todas as direcções, que rebentam o asfalto e vêm à superfície à procura de mais espaço, de mais terra.

Há poucos anos atrás, nada me prendia. Hoje, toda eu sou raízes. Por isso percebo cada vez melhor os que deixam a terra para tentar a sorte por outras paragens. Percebo-os porque continuo a viver na cidade onde nasci e da qual gosto cada vez mais, porque sempre que lhe dedico alguma atenção, ela recompensa-me com recantos, paisagens, lugares onde que nunca tinha estado. Percebo-os porque nunca tive de partir, de deixar a minha casa, a família, os amigos para viver noutro país. Percebo-os porque nunca tive de me desenraizar.

Há pouco, encontrei uma colega que esteve de férias em Moçambique, ao fim de sete anos de ausência. Sete anos não é assim muito tempo, se olharmos para o calendário, mas a distância é imensa, há muita terra, muito mar, muita lonjura entre Portugal e Moçambique. Voltou mais saudosa da família que reviu, do neto que por lá nasceu. Disse-me com ar feliz que conseguiu finalmente ir à campa dos pais para a limpar, para a arranjar. Disse-me isto como se fosse a coisa mais importante que poderia ter feito, como se fosse uma promessa há muito por cumprir.

Apesar da saudade, estava feliz, com uma luz diferente na pele, nos olhos. Era a mesma luz que se encontra nas pessoas que vivem longe, quando falam da terra.

Por mim, continuo a gostar de ver Lisboa na rua, a desfilar Avenida fora, chinela no pé, sem peneiras e cheia de alegria, trazendo atrás a procissão das cores e das tradições de cada bairro. É uma espécie de “puzzle” popular, que não se esgota no dia de Santo António e cuja importância ainda não decaiu, porque a marcha é linda e ser marchante ainda é uma ambição, apesar dos marchands-marchantes que insistem em andar de charrete, rodeados de um arsenal de seguranças mais espesso do que a camada de maquilhagem que lhes serve de cara.

Enfim, sinal dos tempos, modas passageiras às quais Lisboa vai sobrevivendo, um bocadinho menos bonita por causa dos enfeites de gosto duvidoso com que alguns insistem em adorná-la, um tanto ou quanto menos viçosa devido à poluição crescente, mas sempre vaidosa, sempre alfacinha, sempre Lisboa, sempre minha.

08 junho 2006

Descansa em paz


Miguel Germano Tomé (10-09-1988/03-06-2006)

07 junho 2006

Pequeno Poema

Quando eu nasci,
ficou tudo como estava.

Nem homens cortaram veias,
nem o Sol escureceu,
nem houve Estrelas a mais...
Somente,
esquecida das dores,
a minha Mãe sorriu e agradeceu.

Quando eu nasci,
não houve nada de novo
senão eu.

As nuvens não se espantaram,
não enlouqueceu ninguém...

Pra que o dia fosse enorme,
bastava
toda a ternura que olhava
nos olhos de minha Mãe...

(Sebastião da Gama)

Para o Miguel, que era um bom rapaz.
Para o Ricardo, que é um bom rapaz.

Heroi do dia

E o heroi do dia de hoje é Mário Machado, "líder" de um simpático clube de coleccionadores de más tatuagens, relíquias do passado que mais ninguém quer e caçadeiras, chamado Frente Nacional, por se ter deixado prender em consequência da reportagem que passou ontem na RTP.

É assim mesmo, amigo! Defender os nossos ideais até á morte se preciso for. Só lamento que não existam campos de concentração especiais para pessoas como você, onde pudessem experimentar na pele os mimos que o seu tão estimado Adolfo deu a milhares de pessoas. E nos tempos livres, entre uns trabalhos forçados e umas experiências "científicas", podia sempre ter umas aulas de senso comum e talvez ficasse a perceber que dificilmente encontrará um português que não tenha uma gota de sangue árabe, judeu ou africano e que, se a guerra tivesse tomado outro rumo, Portugal seria tão massacrado como qualquer Polónia e os portugueses, latinos, mesmo de cabeça rapada e a berrar frases em língua germânica, não seriam tratados de forma diferente de qualquer não-ariano.

Mas eu entendo-o perfeitamente, meu caro: é sempre bom ter outros para culpar pela nossa indolência e sentimento de inferioridade. É certamente mais fácil andar por aí em manifestações, rua acima e rua abaixo, do que arregaçar as mangas e começar a trabalhar, ao lado de africanos, de emigrantes de leste, enfim, de quem quiser ajudar-nos a tornar este país, que só vive de futebol, num lugar decente para viver.

02 junho 2006

Santana e Roger Waters

Daqui a algumas horas seremos mais uns, entre os milhares que se esperam no parque da Belavista a ouvir e a ver Santana e Roger Waters ao vivo. Vai ser a primeira vez que vou ver qualquer um deles ao vivo e a primeira vez que vou a um dos grandes festivais Rock que se fazem neste país.
Fica já prometido que qualquer dia irei ao de Vilar de Mouros ou do Sudoeste. Não hei-de morrer sem passar um fim de semana imundo e tomar banho num canal de rega, penso eu...

Parabéns, môr!

Neste dia, em 1740 nasceu o célebre Marquês de Sade. Cem anos mais tarde, nasceu o escritor Thomas Hardy. No século passado, em 1903, nasceu o Tarzan - não o personagem literário, mas o intéprete mais famoso do Tarzan na 7ª arte - Johnny Weissmuller.
Em 1942, nasceu Barry Levinson, cineasta norte-americano que realizou, entre outros, o consagrado filme "Rain Man - Encontro de Irmãos".
Mais recentemente, no bonito ano de 1972, nasceu a minha querida abadessa. É hoje portanto o teu dia.
Muitos parabéns amor.