31 agosto 2003

Canção do dia

"Parava no café quando eu lá estava
Na voz tinha o talento dos pedintes
Entre um cigarro e outro lá cravava
a bica, ao melhor dos seus ouvintes

As mãos e o olhar da mesma cor
Cinzenta como a roupa que trazia
Num gesto que podia ser de amor
Sorria, e ao sorrir agradecia

São os loucos de Lisboa
Que nos fazem recordar
A Terra gira ao contrário
E os rios correm para o mar

Um dia numa sala do quarteto
Passou um filme lá do hospital
Onde o esquecido filmado no gueto
Entrava como artista principal

Compramos a entrada p'ra sessão
Pra ver tal personagem no écran
O rosto maltratado era a razão
De ele não aparecer pela manhã

Mudamos muita vez de calendário
Como o café mudou de freguesia
Deixamos de tributo a quem lá pára
Um louco a fazer-lhe companhia

E sempre a mesma posse o mesmo olhar
De quem não mede os dias que vagueam
Sentado la continua a cravar
Beijinhos as meninas que passeiam."
Loucos de Lisboa, João Monge

29 agosto 2003

Linda poesia...

composta por nós, especialmente dedicada ao Bom Selvagem.

Estava eu a jantar
Caíu-me o prato no chão
Veio um gato a miar
E levou um bocadão

Desatei atrás dele
mas sem o apanhar
o gato pirou-se para baixo da cama
e começou a bufar.

Fui buscar a vassoura
mas ele entretanto fugiu.
fiquei sem o jantar,
e o gato... ninguém mais o viu.

Acabei por a cozinha limpar,
antes que o sujo ficasse entranhado;
Tanta comida estragada,
E eu ali... esfomeado.

Definitivamente

A gula não é o meu pecado...

Perdi a cabeça!

Vou começar a fazer o jantar. perdi a cabeça! Vou comer carne duas vezes na mesma semana! será que me vou transformar numa criatura carnívora? Vou fazer hamburguer com tortellini e salada. Alguém é servido?

Woman, John Lennon

Para o Nuno, como homenagem a Sérgio Vieira de Mello (parece que John Lennon era o seu favorito) e para todos os que gostam.

Woman I can hardly express,
My mixed emotion at my thoughtlessness,
After all I'm forever in your debt,
And woman I will try express,
My inner feelings and thankfullness,
For showing me the meaning of succsess,
oooh well, well,
oooh well, well,

Woman I know you understand
The little child inside the man,
Please remember my life is in your hands,
And woman hold me close to your heart,
However, distant don't keep us apart,
After all it is written in the stars,
oooh well, well,
oooh well, well,

Woman please let me explain,
I never mean(t) to cause you sorrow or pain,
So let me tell you again and again and again,
I love you (yeah, yeah) now and forever,
I love you (yeah, yeah) now and forever,
I love you (yeah, yeah) now and forever,
I love you (yeah, yeah)...

Have You Ever...

really loved a Woman ?

" To really love a woman
To understand her - you gotta know her deep inside
Hear every thought - see every dream
N' give her wings - when she wants to fly
Then when you find yourself lyin' helpless in her arms
Ya know ya really love a woman

When you love a woman you tell her
that she's really wanted
When you love a woman you tell her that she's the one
Cuz she needs somebody to tell her
that it's gonna last forever
So tell me have you ever really
- really really ever loved a woman?

To really love a woman
Let her hold you -
til ya know how she needs to be touched
You've gotta breathe her - really taste her
Til you can feel her in your blood
N' when you can see your unborn children in her eyes
Ya know ya really love a woman

When you love a woman
you tell her that she's really wanted
When you love a woman you tell her that she's the one
Cuz she needs somebody to tell her
that you'll always be together
So tell me have you ever really -
really really ever loved a woman?

You got to give her some faith - hold her tight
A little tenderness - gotta treat her right
She will be there for you, takin' good care of you
Ya really gotta love your woman... "

Have You Ever Really Loved A Woman, Bryan Adams

O fim da tele-escola

Não quero deixar de assinalar aqui a triste decisão do Ministério da Educação de acabar com a tele-escola em Portugal. Não tenho números exactos nem disponho de muitos elementos sobre o caso, mas creio que deu a possibilidade de estudar a cerca de 4600 alunos. Além disso, o Governo vai também encerrar cerca de uma vintena de escolas primárias onde existem apenas um ou dois alunos. Porquê? provavelmente para reduzir as despesas. Parece que tudo o que se faz neste país é feito com esse intuito. Pessoalmente acho bem que se reduzam as despesas, começando com os gastos exorbitantes de Presidente da República, Governo, Ministérios e Assembleia da República. Quer-me parecer que alguns pequenos ajustes em salários, despesas de representação (sempre gostei desta expressão por ser tão abrangente! provavelmente até contempla as despesas de cabeleireiro da Srª Drª Manuela Ferreira Leite), viagens e outros seria o suficiente para que essas escolas continuassem a existir. Sim, porque não são os salários dos professores que levam o país à ruína financeira, de certeza.

Neste país onde o analfabetismo e a iliteracia continuam a traduzir-se em números inadmissíveis (o primeiro pelo menos, porque a segunda é mais difícil de contabilizar e não depende do grau de educação de cada um) e onde muitas crianças são obrigadas a levantar-se de madrugada e percorrer caminhos longos e perigosos, debaixo de neve e chuva, para conseguirem completar pelo menos a 1º ciclo de escolaridade só porque tiveram o "azar" de nascer em regiões do interior e onde alguns professores pagam do seu próprio bolso livros, cadernos e outros materiais escolares, seria de esperar por parte de quem governa um maior respeito pelas pessoas, sobretudo por aquelas que ensinam e pelas que querem aprender.

Peço desculpas pelo aspecto "tosco" das minhas palavras, não percebo grande coisa de política. Apenas acredito que a maior riqueza de um país reside nas pessoas e que não há motivo tão forte que possa justificar privá-las do acesso ao conhecimento.

Caro Pepe,

Galileu fez o que qualquer um de nós faria. Bom, pensando bem, talvez nem todos fizessem o mesmo. A história do mundo está cheia de pessoas que deram a vida por uma ideia que consideravam verdadeira e fundamental. É por isso que me sinto tentada por vezes a acreditar em milagres - lá está, como não consigo explicar, apelo ao divino.

Já atado à estaca sobre a fogueira, Giordano Bruno recusou retractar-se porque, disse, nada havia a retractar. Recusou o julgamento, rejeitou as culpas que lhe eram imputadas. Foi torturado e queimado vivo por defender as mesmas ideias de Galileu. Estes homens viveram na mesma época - Galileu era alguns anos mais jovem do que Bruno - na mesma região e defenderam a mesma teoria de Copérnico segundo a qual a terra gira em torno do sol e não o contrário. Então porque é que um deles se deixou matar sem se contradizer e o outro abjurou? Terá a ver com os 69 anos de Galileu à data do julgamento? Bruno tinha já 52 quando foi morto. Ou será que Galileu manteve próximo o exemplo de Bruno e não quis arriscar-se a um fim idêntico? Ou será, finalmente que manter-se vivo era pura e simplesmente a coisa mais inteligente a fazer porque lhe permitiria continuar os seus trabalhos, além de lhe poupar um indescritível sofrimento, claro.

Não sei porquê. Sei que ninguém o poderá recriminar porque todos sofremos da mesma cobardia, o medo da dor física, da tortura, da morte. Poucos são os que se entregam nas mãos do executor sem temer. Ao que consta, o próprio Cristo pediu que não lhe fosse dado a beber aquele cálice amargo.

Durante os últimos 10 anos trabalhei com uma pessoa que considero a mais inteligente que já conheci. Engenheiro mecânico por formação e medievalista por vocação, ateu convicto. Um dia falávamos sobre Joana d'Arc. Eu, na minha eterna busca pela essência da fé, perguntei-lhe como explicava ele que uma jovem pastora tivesse conduzido os francos à vitória e se tivesse deixado sacrificar sem recuar nas suas convicções. Esperava uma resposta, uma explicação, uma pista pelo menos que me ajudasse a perceber porquê. A resposta foi esta: encolheu os ombros, e disse simplesmente "Milagre!"...

Meu Bom Selvagem,

Antes de mais, deixe-me dizer-lhe que sou uma admiradora da sua poesia – é imprescindível e urgente que se deixe publicar!

Obrigada pelos amáveis comentários ao meu momento de saudosismo. Em Portugal aprendemos cedo a ser saudosistas, afinal estamos no país do fado e da melancolia, dos feitos e glórias esforçados e passados. A saudade tem honras de sentimento nacional entre nós e é com grande orgulho que enchemos o peito de ar e suspiramos “No meu tempo...”. Está-nos no sangue e na alma este modo de ser. Por isso não admira que, apesar dos meus tenros 31 aninhos, me sinta tentada a ter estes ataques de vez em quando, até porque, visto de outra perspectiva, é a minha maneira de dizer que já me sinto “crescida”, já tenho memórias, já me lembro de como as coisas eram há 20 anos atrás, já carrego os meus próprios pianos...

Sabe, na parede do meu gabinete tenho uma fotografia da Avenida do Brasil quase sem carros e onde se vêem ao longe as hortas que deram lugar à 2ª Circular. Gosto de olhar para ela, sobretudo nos dias em que o trânsito se torna mais insuportável. Mas tem-se saudades do que se pode, do que se conheceu ou viveu e, como tal, eu só posso suspirar pela década de 80 que, admito, não terá sido particularmente interessante ou decisiva na história da humanidade. Como diz, nós encontrámos tudo feito – até as papas que comemos em bébés eram instantâneas (“basta juntar água”, não leite, senhores, mas apenas água!). As facilidades são tantas que, um destes dias, vamos deixar de precisar usar o corpo e a cabeça seja para o que for (alguns pioneiros já começaram a fazê-lo com grande sucesso, ao que parece...)

Mas, sabe, eu não posso deixar de sentir que pertenço a esta época, da mesma maneira que o meu Bom Selvagem pertence à sua, onde tinha o privilégio de poder nadar sob as estrelas. E olhe que, como estudante de História, dou comigo muitas vezes sentir saudades do que não vivi. Senti-me assim quando li os seus comentários. Tive saudades das estrelas que nunca vi em Lisboa, do Tejo que está moribundo (só o Prof. Marcelo se atreve a mergulhar nele e, mesmo assim, já não o faz há muito tempo). Lembro-me da primeira vez que vi o céu fora de Lisboa. Nem queria acreditar! Perguntei à minha mãe onde se escondiam tantas estrelas e ela falou-me das luzes e da poluição das cidades que as escondem.

Muitas vezes dou comigo a desejar ter vivido noutras épocas. Não porque acredite que as coisas eram mais fáceis, bem pelo contrário, mas porque procuro a raíz dos tempos. Sou uma coleccionadora de recordações, de fragmentos de outros passados. Obrigada por me ter confiado um bocadinho do seu.

Na verdade, pertencemos todos a este dia, a esta hora, ao minuto que passa. O resto talvez seja bagagem desnecessária, mas creio que todos começam a empilhá-la a partir de um certo momento.

De volta!

Depois de um dia de silêncio e calma (sem telepatia, no entanto) eis-me de volta. Fui ao cinema ontem. Fui ver o "Spider" do David Cronenberg. Gostei, não faz o barulho do "Crash" ou do "Existenz", mas está muito bom também. Mão de mestre. É estranha a sensação que os filmes do Cronenberg me transmitem. Sorvo-os sem perder pitada, atenta a cada pormenor, quase consigo sentir os cheiros. Adoro e detesto. Estranho e entranho, parafraseando o poeta.

Agora quero ver "Ararat" e "Embriagado de Mulheres e Pintura". Alguém já viu? Que me dizem?

Play it once, Sam. For old time's sake.

Ilsa: Play it once, Sam. For old time's sake.
Sam: I don't know what you mean, Miss Ilsa.
Ilsa: Play it, Sam. Play 'As Time Goes By'.


You must remember this
A kiss is just a kiss
A sigh is just a sigh
The fundamental things apply
As time goes by
And when two lovers woo
They still say, I love you
On that you can rely
No matter what the future brings
As time goes by
Moonlight and love songs
Never out of date
Hearts full of passion
Jealousy and hate
Woman needs man
And man must have his mate
That no one can deny
It's still the same old story
A fight for love and glory
A case of do or die
The world will always welcome lovers
As time goes by.

As Time Goes By

Eu adoro este filme. Adoro esta música. O que seria inicialmente apenas mais um filme dos estúdios Warner Brothers tornou-se num dos maiores sucessos do cinema. Aclamado por alguns críticos como o melhor filme de sempre, Casablanca tornou-se um mito. Para mim é um daqueles filmes dignos de ser guardados numa edição DVD, juntamente com outros clássicos como Citizen Kane, Metropolis e outros mais actuais, como Dracula, Schindler's List, Amadeus, Seven, etc. Não será o melhor filme de sempre, mas está seguramente entre eles.

Factos sobre o filme:
- Originalmente quem estava para interpretar o papel de Rick Blaine (Humphrey Bogart) era Ronald Reagan.
- Existia um final alternativo em que Lazlo (o marido de Ilsa - interpretada por Ingrid Bergman) era morto no aeroporto, deixando assim Ilsa livre para ficar com Rick. O típico "happy ending".
- O guião final só foi acabado já durante a rodagem, o que levou Ingrid Bergman a desconhecer se ficaria com Rick ou Lazlo no fim do filme.
- No diálogo final do filme, a frase "Louis, this could be the beginning of a beautiful friendship" foi acrescentada depois do filme estar todo rodado. Bogart foi chamado posteriomente ao estúdio apenas para gravar esta frase.
- Em contrapartida "Play it again, Sam" nunca aparece no filme.
- Em 1982, o escritor Chuck Ross escreveu um artigo chamado "American Film". Para este artigo, Chuck anexou o guião de Casablanca, dando-lhe o nome de "Everybody comes to Rick's". Enviou o artigo para 217 agências. Destas, 85 leram o artigo. Destas 85, 33 reconheceram o guião de um filme mas não o identificaram, 8 reconheceram-no como sendo o guião de Casablanca, 3 pensaram que daria um bom filme, 1 propôs a Chuck tranformá-lo num romance e 38 pura e simplesmente rejeitaram-no porque era totalmente ridí­culo...

A actriz Ingrid Bergman, nasceu a 29 de Agosto de 1915 e faleceu a 29 de Agosto de 1982.


Ilsa / Ingrid Bergman

28 agosto 2003

Canção do dia

She's got her head in the clouds
She's got the stars in her eyes
She's dancing with a dream in her heart
She's got the wind in her hair
Moonchild shining bright
And she's dancing, with a dream in her heart

Severina, Severina

She believes in angels,
She believes in will of the gods
And shes dancing amongst the magic dust
She believes in the midnight trance
She believes in love is the law
And shes dancing amongst the magic dust

Severina, Severina

Star child!
Baby born of heaven!
Severina! Severina!
ooooooooooooooooo....

She's got a heart full of promise
She's got a hand in her heart
She's dancing by the light of the moon
She's got a head full of secrets
Sworn to the faith of love on the will
She's dancing by the light of the moon

Severina! Severina!
She's a gift to the gods and shes dancing
Severina! Severina! Severina!

The Mission UK, Severina

Maldita

....filosofia de trabalho. Mas como é que alguém se consegue concentrar e trabalhar em "open space"? Uma fila interminável de secretárias, computadores pessoais, pessoas a falar, reuniões no meio das salas, reuniões no meio do corredor... mas isto são condições de trabalho ? E depois apelam à produtividade... Por vezes mais parece uma feira com tanta confusão e barulho.

Hoje...

...não me apetece "postar". Estou tristonga, não sei porquê. Estou num daqueles dias em que me apetece estar a sós comigo.

27 agosto 2003

Madre Teresa de Calcutá

"Eu devo estar disposta a dar tudo que for necessário para não prejudicar outras pessoas e, de fato, para fazer o bem a elas. Isto requer que eu esteja disposta a dar até que doa. Caso contrário, não há nenhum verdadeiro amor em mim e eu trago injustiça, não paz, para aqueles ao meu redor. Doeu a Jesus nos amar."
Discurso de Madre Teresa de Calcutá

Se fosse viva, faria hoje a bonita idade de 93 anos.

Amigos de Alex

Ocorreu-me, a propósito da nova música do David Fonseca - "Eighties" - que somos os novos amigos de Alex, nós que andamos na casa dos 30. Já temos recordações. Já suspiramos com memórias. Já temos um passado, já atravessámos, pelo menos, 2 décadas completas. Quem se lembra do Michael Jackson quando ainda era bonito, quem vibrou com as aventuras do "Tom Sawyer", quem aos Sábados à tarde não perdia um "Vivámúsica" e se recorda dos Rockivários e dos Táxi, quem se lembra de Belém sem o CCB, da zona oriental de Lisboa ser uma gigantesca lixeira povoada de contentores e de usar telefones fixos com disco em vez de teclas, do mundo sem telemóveis, além de muitas outras coisas, levante o dedo!...e, já agora, ajude-me a recordar as coisas das quais agora não me consigo lembrar.

Alguém me pode explicar...

...porque é que o Jorge Palma nunca canta esta canção nos concertos? pelo menos nos que já assisti até hoje - e não foram poucos - nunca a cantou. Porquê se é das mais bonitas?

A Gente Vai Continuar (Jorge Palma)

Tira a mão do queixo, não penses mais nisso
O que lá vai já deu o que tinha a dar
Quem ganhou, ganhou e usou-se disso
Quem perdeu há-de ter mais cartas para dar
E enquanto alguns fazem figura
Outros sucumbem à batota
Chega aonde tu quiseres
Mas goza bem a tua rota

Enquanto houver estrada para andar
A gente vai continuar
Enquanto houver estrada para andar
Enquanto houver ventos e mar
A gente não vai parar
Enquanto houver ventos e mar

Todos nós pagamos por tudo o que usamos
O sistema é antigo e não poupa ninguém, não
Somos todos escravos do que precisamos
Reduz as necessidades se queres passar bem
Que a dependência é uma besta
Que dá cabo do desejo
E a liberdade é uma maluca
Que sabe quanto vale um beijo

Está a chover!

Gosto da chuva no meio do verão. Ajuda-me a matar saudades do inverno. Gosto do cheiro da terra molhada.

26 agosto 2003

Caro Pepe,

Caro Pepe,

Consta que um dos apóstolos preferidos de Jesus era um tal Tomé, que precisou pôr o dedo na ferida (literalmente) para crer que Cristo tinha ressuscitado. Consta que Jesus depositou tanta confiança neste Tomé que lhe confiou um evangelho escrito pelo seu próprio punho. Consta que este terá sido achado numa caverna junto ao Mar Morto, juntamente com outros manuscritos bastante publicitados pela Igreja. Consta que este não terá sido alvo da mesma divulgação e estará agora, talvez, fechado numa qualquer masmorra do Vaticano - digo eu.

De qualquer forma, não deixa de ser irónico que Jesus tenha entregue a Tomé, o céptico, a sua verdade e tenha incumbido Pedro (o tal que ao cantar do galo o negou três vezes) de fundar a sua igreja...Terá começado aqui a questão?

Acredito que todas as descobertas começam com um acto de fé. Aliás, é a pura fé nas nossas capacidades e no que os olhos vêem que sustenta toda a Ciência e Filosofia que nos permite confiar o suficiente nas nossas certezas para colocar um foguetão no espaço. A fé é a rede por baixo do trapézio.

Poema para Galileu

"Estou olhando o teu retrato, meu velho pisano,
aquele teu retrato que toda a gente conhece,
em que a tua bela cabeça desabrocha e floresce
sobre um modesto cabeção de pano.
Aquele retrato da Galeria dos Ofícios da tua velha Florença.
(Não, não, Galileu! Eu não disse Santo Ofício.
Disse Galeria dos Ofícios.)
Aquele retrato da Galeria dos Ofícios da requintada Florença.
Lembras-te? A Ponte Vecchio, a Loggia, a Piazza della Signoria…
Eu sei… eu sei…
As margens doces do Arno às horas pardas da melancolia.
Ai que saudade, Galileu Galilei!
Olha. Sabes? Lá em Florença
está guardado um dedo da tua mão direita num relicário.
Palavra de honra que está!
As voltas que o mundo dá!
Se calhr até há gente que pensa
que entraste no calendário.
Eu queria agradecer-te, Galileu,
a inteligência das coisas que me deste.
Eu,
e quantos milhões de homens como eu
a quem tu esclareceste,
ia jurar- que disparate, Galileu!
- e jurava a pés juntos e apostava a cabeça
sem a menor hesitação-
que os corpos caem tanto mais depressa
quanto mais pesados são.
Pois não é evidente, Galileu?
Quem acredita que um penedo caia
com a mesma rapidez que um botão de camisa ou que um seixo da praia?
Esta era a inteligência que Deus nos deu.
Estava agora a lembrar-me, Galileu,
daquela cena em que tu estavas sentado num escabelo
e tinhas à tua frente
um friso de homens doutos, hirtos, de toga e de capelo
a olharem-te severamente.
Estavam todos a ralhar contigo,
que parecia impossível que um homem da tua idade
e da tua condição,
se tivesse tornado num perigo
para a Humanidade
e para a Civilização.
Tu, embaraçado e comprometido, em silêncio mordiscavas os lábios,
e percorrias, cheio de piedade,
os rostos impenetráveis daquela fila de sábios.
Teus olhos habituados à observação dos satélites e das estrelas,
desceram lá das suas alturas
e poisaram, como aves aturdidas- parece-me que estou a vê-las -,
nas faces grávidas daquelas reverendíssimas criaturas.
E tu foste dizendo a tudo que sim, que sim senhor, que era tudo tal qual
conforme suas eminências desejavam,
e dirias que o Sol era quadrado e a Lua pentagonal
e que os astros bailavam e entoavam
à meia-noite louvores à harmonia universal.
E juraste que nunca mais repetirias
nem a ti mesmo, na própria intimidade do teu pensamento, livre e calma,
aquelas abomináveis heresias
que ensinavas e descrevias
para eterna perdição da tua alma.
Ai Galileu!
Mal sabem os teus doutos juízes, grandes senhores deste pequeno mundo
que assim mesmo, empertigados nos seus cadeirões de braços,
andavam a correr e a rolar pelos espaços
à razão de trinta quilómetros por segundo.
Tu é que sabias, Galileu Galilei.
Por isso eram teus olhos misericordiosos,
por isso era teu coração cheio de piedade,
piedade pelos homens que não precisam de sofrer, homens ditosos
a quem Deus dispensou de buscar a verdade.
Por isso estoicamente, mansamente,
resististe a todas as torturas,
a todas as angústias, a todos os contratempos,
enquanto eles, do alto incessível das suas alturas,
foram caindo,
caindo,
caindo,
caindo,
caindo sempre,
e sempre,
ininterruptamente,
na razão directa do quadrado dos tempos."

Poema para Galileu, António Gedeão

Festival da Canção

Corpo de linho
lábios de mosto
meu corpo lindo
meu fogo posto.
Eira de milho
luar de Agosto
quem faz um filho
fá-lo por gosto.
É milho-rei
milho vermelho
cravo de carne
bago de amor
filho de um rei
que sendo velho
volta a nascer
quando há calor.

Minha palavra dita à luz do sol nascente
meu madrigal de madrugada
amor amor amor amor amor presente
em cada espiga desfolhada.

Minha raiz de pinho verde
meu céu azul tocando a serra
oh minha água e minha sede
oh mar ao sul da minha terra. É trigo loiro
é além tejo
o meu país
neste momento
o sol o queima
o vento o beija
seara louca em movimento.

Minha palavra dita à luz do sol nascente
meu madrigal de madrugada
amor amor amor amor amor presente
em cada espiga desfolhada.

Olhos de amêndoa
cisterna escura
onde se alpendra
a desventura.

Moira escondida
moira encantada
lenda perdida
lenda encontrada.

Oh minha terra
minha aventura
casca de noz
desamparada.
Oh minha terra
minha lonjura
por mim perdida
por mim achada.

("Desfolhada", ´poema de José Carlos Ary dos Santos, incluído no livro "As Palavras das Cantigas" (1989) e cantado a 24 de Fevereiro de 1969 por Simone de Oliveira no Festival RTP da Canção)

Lembram-se de quando o país parava para assistir ao Festival da Canção? E à Eurovisão? E lembram-se de quando se escreviam poemas assim? Eu lembrar-me não me lembro, mas tive a sorte de nascer de pais com muito boa memória e excelente gosto musical (sim, porque a cassete do Nelson Ned que o meu pai trazia no carro era só para me chatear, tenho a certeza!)

Lamento

É de lamentar a atitude revoltante da claque oficial do F.C.Porto, uma instituição pela qual tenho o maior respeito, ao ir para o Aeroporto Francisco Sá Carneiro apoiar a equipa da Lázio, em detrimento duma equipa portuguesa. O Benfica e o F.C.Porto, assim como os outros clubes portugueses são de facto rivais entre portas, mas nas competições europeias têm como único objectivo o amealhar de pontos para Portugal no ranking da UEFA e o prestigiar deste pequeno país.
Eu, sou benfiquista (não desde que nasci, mas desde que me foi possível escolher) e delirei com as vitórias do F.C.Porto fora de portas. Assim como espero vibrar com a conquista da Supertaça Europeia pelo F.C.Porto.
Quanto à Superliga... bem isso é outra história.

O meu almoço

Um pacote de amêndoas devorado enquanto passeava pelos sítios do Padre Amaro, por Uns e Outros, exercitando a minha Arte de Opinar e antes de afogar as minhas mágoas na Tasca da Cultura.

Adoro frutos secos. Se eu tivesse nascido esquilo era muito feliz! Podia comê-los todos sem engordar ou ficar com hepatite :(((((
"A mais importante de todas as lições que a História pode ensinar é que os homens não aprendem muito com as lições da História."

Aldous Huxley, in "Collected Essays"

"Pagas Terça!"

Um conhecido meu dizia isto muitas vezes. Queria ele dizer que as Terças-feiras eram um mau dia para ele. Tudo lhe corria mal e, por norma, acontecia-lhe sempre qualquer desastre. Eu também detesto as Terças-feiras. Não é que as coisas me corram melhor ou pior do que nos outros dias, nem que me aconteçam mais desastres do que o habitual (no meu caso, seria difícil porque estou sempre a chocar com móveis e candeeiros ou a tropeçar em tudo o que se mexa...OK, e em tudo o que não se mexe também...), mas não gosto deste dia. Não me incomoda a 2ª feira, apesar de estar sempre sonolenta; a 4ª é um dia normal; a 5ª é a antecipação; à 6ª estou sempre muito ocupada mas contente porque é dia de sair com os amigos; o Sábado é o meu dia favorito e o Domingo é o dia da eterna preguiça, nem sempre contrariada. Mas a Terça...ninguém a atura! Alguém me sabe dizer porquê?

Recantos...

de uma pequena aldeia


Cimbres, uma varanda de madeira

Quando?

" Quando é que isto começou?
Isto, o quê?
Isto.
O amor?
Talvez.
O amor?
Sim, pode ser isso. Quando é que o amor começou?
Começou antes de ter começado.
E depois?
E depois não acabou quando devia acabar. Durou mais tempo. O coração bate mais tempo. Não há maneira de parar o coração
E então?
E então é assim. Não há muito que se possa fazer . Pode-se esperar.
Pode-se esperar?
Sim, pode-se esperar. Sem saber o que se espera, por exemplo.
Isso ainda é pior.
É.
E então?
O que é que tu queres saber?
Gostava de saber.
Eu também gostava de saber. Mas o que se sabe é muito pouco. Quase nada."

Muito, meu amor - Pedro Paixão

Faz hoje 15 anos

... que numa fatí­dica estrada, aquando da deslocação para um espectáculo, Carlos Paião encontrou a morte. Na sua curta vida, escreveu dezenas de canções interpretadas por si e por outros nomes da música portuguesa. Quem não se lembra de Cinderela, Pó de Arroz ou Versos de Amor. Ou da Canção do Beijinho e do hino da nossa selecção "Bamos lá cambada" interpretado pelo Herman José/José Estebes ? Eu lembro-me... e ouço-as sempre que posso. Alegram-me, levam-me de volta à adolescência, fazem-me sonhar.

"Eles são duas crianças
a viver esperanças, a saber sorrir.
Ela tem cabelos louros,
ele tem tesouros para repartir.

Numa outra brincadeira
passam mesmo à beira sempre sem falar.
Uns olhares envergonhados
e são namorados sem ninguém pensar.

Foram juntos outro dia,
como por magia, no autocarro, em pé.
Ele lá lhe disse, a medo:
«O meu nome é Pedro e o teu qual é?»

Ela corou um pouquinho
e respondeu baixinho: «Sou a cinderela»
Quando a noite o envolveu
ele adormeceu e sonhou com ela...

Então
Bate, bate coração,
Louco, louco de ilusão
A idade assim não tem valor.
Crescer
vai dar tempo p'ra aprender,
Vai dar jeito p'ra viver
O teu primeiro amor.

Cinderela das histórias
a avivar memórias, a deixar mistério
Já o fez andar na lua,
no meio da rua e a chover a sério.

Ela, quando lá o viu,
encharcado e frio, quase o abraçou.
Com a cara assim molhada
ninguém deu por nada, ele até chorou...

Então ...

E agora, nos recreios,
Dão os seus passeios, fazem muitos planos.
E dividem a merenda,
tal como uma prenda que se dá nos anos.

E, num desses momentos,
houve sentimentos a falar por si.
Ele pegou na mão dela:
«Sabes Cinderela, eu gosto de ti...» "

Cinderela, Carlos Paião

25 agosto 2003

Faz hoje 15 anos...

...que ardeu o Chiado. Morreram duas pessoas, um residente e um bombeiro, muitos ficaram sem casa, outros sem trabalho. Perderam-se empresas e lojas. Perdeu-se uma época.

Hoje de manhã, na rádio, ouvia o que alguns moradores antigos diziam sobre o Chiado actual. Não gostam. Não tem o brilho de outros tempos, dizem. Já não páram carros com "chauffeur" de onde se apeiam senhoras bem vestidas. Dizem que o velho Chiado perdeu carácter e ganhou deboche...Perdeu-se muita coisa, de facto, e vale a pena, agora mais do que nunca, ler Eça de Queiróz (além de todos os outros motivos, pelas descrições que fez do Chiado em finais do séc. XIX) e pesquisar a "Lisboa Desaparecida" de Marina Tavares Dias, entre outros. Mas é preciso não esquecer que também vale a pena passear pelo Chiado, entrar nas lojas e observar a arquitectura interior, que mantém traços de outros tempos, vaguear pela Rua do Carmo ao som do fado da discoteca ambulante, subir a Rua Garrett e apanhar um pouco de sol na esplanada da Brasileira e piscar o olho a Camões e aos navegadores que lhe fazem companhia, sem esquecer o Chiado (o próprio, poeta e autor de teatro) que se vai rindo sempre que se metem com ele. Visitar o Carmo sem esquecer o Museu Arqueológico, espreitar as igrejas e coscuvilhar os alfarrabistas. Depois, quem sabe, espreitar o São Luiz, o Teatro Estúdio Mário Viegas ou o (magnífico) Teatro da Trindade e talvez ficar por lá ou então, se o bolso e o gosto permitir, assistir a um espectáculo em São Carlos.

Quanto a mim, o Chiado de agora não é pior nem melhor do que o de há 15 anos. Os tempos mudam-se e com eles as vontades, já dizia o bardo. É certo que as senhoras que se apeavam dos carros com "chauffeur" se calhar não achariam grande piada aos novos frequentadores do Chiado, mas não tenho dúvidas de que o ambiente agora é bastante mais colorido. Eu gosto de lá estar, de dia e de noite. É um dos sítios de Lisboa onde o antigo encontra o moderno e onde há sempre vida e movimento. Se quiserem, encontram-me na Brasileira. Se eu não estiver é porque fui sorrateiramente ao Haagen Dazs devorar um crepe com açúcar e canela, recheado de gelado de Bailey's, com amêndoas torradas por cima ;)...Mas volto já!

23 agosto 2003

Faz hoje 40 anos...

" (...) I have a dream that one day this nation will rise up and live out the true meaning of its creed: "We hold these truths to be self-evident: that all men are created equal. (...) Free at last! free at last! thank God Almighty, we are free at last!"
Martin Luther King

...caminhos paralelos

Caminhos desencontrados que seguimos
na nossa curta existência
sem sequer nos apercebermos que vivemos
num mundo governado pela inconsciência

são os horrores da guerra, os gritos de dor,
a fome e a miséria que crescem de mãos dadas...
é suplantada a vontade de apagar o terror
por decisões de altas instâncias nao nomeadas.

é a criança que pede esmola na rua,
o adulto que arruma carros na baixa,
o sem abrigo que dorme sob a luz da lua,
o ceguinho que conta trocos na sua caixa.

são tantos os caminhos desencontrados,
tantos... quantas são as realidades em que vivemos,
caminhos paralelos, por muito afastados
que não se encontrarão, por mais que caminhemos.

são caminhos que apenas parecem convergir,
mas que nunca se irão encontrar
são linhas paralelas que nunca se vão unir
sem a humanidade, pelo menos um pouco ...se esforçar.

Porquê?

"Tenho nove anos professor
e há tanto mistério à minha roda
que eu queria desvendar!
Por que é que o céu é azul?
Por que é que marulha o mar?
Porquê?
Tanto porquê que eu queria saber!
E tu que não me queres responder!

Tu falas falas professor
daquilo que te interessa
e que a mim não interessa.
Tu obrigas-me a ouvir
quando eu quero falar.
Obrigas-me a dizer
quando eu quero escutar.
Se eu vou a descobrir
Fazes-me decorar.

É a luta professor
a luta em vez de amor.

Eu sou uma criança.
Tu és mais alto
mais forte
mais poderoso.
E a minha lança
quebra-se de encontro à tua muralha.

Mas
enquanto a tua voz zangada ralha
tu sabes professor
eu fecho-me por dentro
faço uma cara resignada
e finjo
finjo que não penso em nada.

Mas penso.
Penso em como era engraçada
aquela rã
que esta manhã ouvi coaxar.
Que graça que tinha
aquela andorinha
que ontem à tarde vi passar!...

E quando tu depois vens definir
o que são conjunções
e preposições...
quando me fazes repetir
que os corações
têm duas aurículas e dois ventrículos
e tantas
tanta mais definições...
o meu coração
o meu coração que não sei como é feito
nem quero saber
cresce
cresce dentro do peito
a querer saltar cá para fora
professor
a ver se tu assim compreenderias
e me farias
mais belos os dias."

Alice Gomes (1946)

Sobe a calçada

...um cenário em extinção.


Eléctrico sobe,
Sobe a calçada, eléctrico.


Eléctrico subindo a calçada do Combro

The End

"
This is the end
Beautiful friend
This is the end
My only friend, the end
Of our elaborate plans, the end
Of everything that stands, the end
No safety or surprise, the end
I'll never look into your eyes...again
Can you picture what will be
So limitless and free
Desperately in need...of some...stranger's hand
In a...desperate land ?

Lost in a Roman...wilderness of pain
And all the children are insane
All the children are insane
Waiting for the summer rain, yeah
There's danger on the edge of town
Ride the King's highway, baby
Weird scenes inside the gold mine
Ride the highway west, baby
Ride the snake, ride the snake
To the lake, the ancient lake, baby
The snake is long, seven miles
Ride the snake...he's old, and his skin is cold
The west is the best
The west is the best
Get here, and we'll do the rest
The blue bus is callin' us
The blue bus is callin' us
Driver, where you taken' us ?

The killer awoke before dawn, he put his boots on
He took a face from the ancient gallery
And he walked on down the hall
He went into the room where his sister lived, and...then he
Paid a visit to his brother, and then he
He walked on down the hall, and
And he came to a door...and he looked inside
"Father ?", "yes son", "I want to kill you"
"Mother...I want to...fuck you"

C'mon baby, take a chance with us
And meet me at the back of the blue bus
Doin' a blue rock, On a blue bus
Doin' a blue rock, C'mon, yeah
Kill, kill, kill, kill, kill, kill

This is the end, Beautiful friend
This is the end, My only friend, the end
It hurts to set you free
But you'll never follow me
The end of laughter and soft lies
The end of nights we tried to die
This is the end
"
The Doors, The End

São rosas...


Uma rosa para todas as mulheres

"Conta-se uma lenda muito curiosa acerca da Rainha Santa.
Uma vez, a rainha andava, às escondidas do rei, pelas ruas estreitas de Coimbra, a dar pão e comida aos pobres, pois nesse tempo havia muita, mas muita miséria. O Rei, que vinha da caça, encontrou-a e perguntou :
-Que fazeis, Senhora minha, com essa gente a gritar? Que esconde vosso regaço, Rainha de Portugal?
E a Rainha, que andava a dar esmolas, respondeu :
- São rosas, meu Rei.
- E logo, por milagre, apareceram umas lindas flores (que nem eram da época).
Era o Milagre das Rosas!"
Fonte: Instituto Camões


O Sono

...começa a chegar. As pálpebras tornam-se pesadas e teimam em fechar-se, os movimentos começam a tornar-se lentos, a disposição a mudar, contudo, ainda falta tanto tempo para poder dormir.
Vou à janela fumar um cigarro. Observo os prédios em redor. Num ou outro andar as luzes encontram-se acesas. Nalguns, apenas a ténue luz de um televisor ilumina a assoalhada, com os seus flashs momentâneos. O céu escuro, as estrelas brilhantes, a brisa que não corre, o trabalho que não acaba, são os meus companheiros esta noite, como em tantas outras anteriores.

Sinais dos tempos

"A explosão de um foguetão brasileiro que iria colocar dois satélites em órbita, ocorrida hoje no Centro Espacial de Alcântara, causou 16 mortos, na maioria técnicos civis."
in Público

Mais uma vez a tentativa de conquista espacial faz vítimas.

"
Oh yeah
In france a skinny man
Died of a big disease with a little name
By chance his girlfriend came across a needle
And soon she did the same
At home there are seventeen-year-old boys
And their idea of fun
Is being in a gang called the disciples
High on crack, totin' a machine gun

Time, time

Hurricane annie ripped the ceiling of a church
And killed everyone inside
U turn on the telly and every other story
Is tellin' u somebody died
Sister killed her baby cuz she could afford 2 feed it
And we're sending people 2 the moon
In september my cousin tried reefer 4 the very first time
Now he's doing horse, it's june

Times, times

It's silly, no?
When a rocket ship explodes
And everybody still wants 2 fly
Some say a man ain't happy
Unless a man truly dies
Oh why
Time, time

Baby make a speech, star wars fly
Neighbors just shine it on
But if a night falls and a bomb falls
Will anybody see the dawn
Time, times

It's silly, no?
When a rocket blows
And everybody still wants 2 fly
Some say a man ain't happy, truly
Until a man truly dies
Oh why, oh why, sign o the times


Time, time

Sign o the times mess with your mind
Hurry before it's 2 late
Let's fall in love, get married, have a baby
We'll call him nate... if it's a boy

Time, time

Time, time
"
Prince, Sign O' The Times

22 agosto 2003

Para o Pedro e para a Sandra (na sequência da nossa conversa ao almoço ;))

É num porto italiano
Mesmo ao pé das montanhas
Que vive o nosso amigo Marco
Numa humilde casinha
Ele acorda muito cedo
Para ajudar a sua querida mamã
Mas um dia a tristeza
Chega ao seu coração
A mamã tem de partir
Cruzando o mar para outro país
Vais-te embora mamã
Não me deixes aqui
Adeus mamã
Pensaremos em ti
E tu vais recordar
Como eu gosto de ti
Se não voltas eu irei
À procura em toda a parte
Não importa ser for longe
Hei-de encontrar-teeeeeeeeeeeeeeeee

De boas relações com o mundo

Caro Nuno,

Se porventura vieres dar uma espreitadela a este convento gostava de te dizer isto. Não quero insistir no teu comentário, o caso está encerrado, até porque a Sofia tem razão no que diz, quero falar-te das minhas boas relações com o mundo. Eu sei que há pessoas a sofrer em todo o mundo e nem é preciso ir muito longe para encontrar pessoas que vivem problemas sérios, muitos dos quais nem sequer imaginamos. Tenho noção disso e acredita, entristece-me e revolta-me. Mas não posso e não vou indispôr-me com o mundo - se nos zangarmos todos com o mundo, ficamos de costas voltadas para o bem e para o mal.

Sem querer fechar os olhos às realidades mais cruas e difíceis, acredito que é preciso um fio de esperança que nos dê forças para viver (não apenas para sobreviver, mas para viver de facto, com todos os sentidos alerta) e para lutar, mesmo que seja só com palavras ou com gestos simbólicos como acender uma vela ou fazer uma vigília, contra aquilo que consideramos errado, cruel, injusto. Quanto a mim, sou feliz, posso considerar-me uma pessoa privilegiada por ter saúde, trabalho, uma casa, a possibilidade de estudar, uma boa família, uma pessoa que amo e me corresponde, amigos, além de muitas outras bençãos.

Tenho tudo quanto preciso para viver bem, não preciso de mais. Gostaria de ter poder para fazer toda a gente feliz, mas esse poder ninguém o tem. Tenho paz interior para poder ouvir, acarinhar um amigo que precise de mim. Por vezes até tenho o bom senso suficiente que me permite aconselhar esse amigo ou pedir desculpa quando é preciso :) Pode não ser muito, mas é a minha prestação nesta vida. Se nunca conseguir contribuir para acabar com a fome, a guerra, a discriminação, a doença neste mundo, quero pelo menos deixar uma lembrança positiva nas pessoas que vou encontrando por aí. Se não puder ser mais, que seja esse o meu legado.

Não sei se alguma vez viste um filme chamado "Pay it Forward" ("Favores em Cadeia" era o título em português, creio). É mais ou menos isso que gostaria de fazer.

"Porquanto é dando que se recebe"
(S. Francisco de Assis)

Pecados Mortais

Sofia,

Se eu conseguir a caixa de Luxúria, aceitas o meu convite para provar?
É feito com a maior boa vontade, de gulosa para gulosa :)

Canção do dia

Pearl Jam - I am Mine

The selfish they’re all standing in line...
Faithing and hoping to buy themselves time.
Me, I figure as each breath goes by,
I only own my mind.

The north is to south what the clock is to time.
There's east and there's west and there's everywhere life.
I know I was born and I know that I’ll die.
The in between is mine. I am mine.

And the feeling it gets left behind...
All their innocence lost at one time...
Significant behind the eyes, there’s no need to hide.
We're safe tonight.

The ocean is full cause everyone's crying,
The full moon is looking for friends at high tide.
The sorrow grows bigger when the sorrows denied.
I only know my mind. I am mine.

And the meaning it gets left behind...
All their innocence lost at one time.
Significant behind the eyes, there’s no need to hide... We're safe tonight.

And the feelings they get left behind...
All their innocence broken with lies.
Significant between the lines, we may need to hide.

And the meanings they get left behind...
All their innocence lost at one time.
We're all different behind the eyes, theres no need to hide.

Pecados mortais

Acabei de provar mais um - a inveja. bastante bom.

Assim, e fazendo o cômputo geral, eis as minhas impressões sobre a colecção "7 pecados":

Gula - Muito enjoativo.
Avareza - Interessante.
Vingança - Nada de especial.
Inveja - Bom!
Preguiça - Não provei.
Luxúria - Do melhor que há!!!!
Vaidade - Não provei ainda :(

Aviso importante: segundo o meu fornecedor oficial (o café da frente) a Vaidade e a Luxúria estão esgotados!!! e eu que estava a pensar comprar uma caixa de Luxúria e guardá-la para o Natal :(

Blag, bleg, blig, blog, blug

Descobri os "blogs" há pouco tempo. Foi o João que me apresentou porque eu estou (e sou) de relações quase cortadas com a tecnologia. Gosto das coisas simples, mecânicas e o mais manuais possível. Desconfio das máquinas e, regra geral, não tardo a avariá-las. Reconheço que podem facilitar-me bastante a vida mas também quando a dificultam!!!...Adiante, foi o João, como dizia, que me mostrou o primeiro "blog" que vi, mas fui eu quem lhe lançou o desafio de termos o nosso próprio blog. E assim nasceu o Memorial. Nunca tive um diário nem um caderno de notas. Nunca me dei ao trabalho. Tive e tenho ideias engraçadas que se perderam porque não consegui capturá-las numa folha de papel. Não faz mal, as ideias circulam por aí, andam no ar, entram e saem de uma cabeça para outra. Gosto de pensar que alguma cabeça mais prevenida do que a minha tenha sabido agarrar essas ideias e dar-lhes forma. O meu objectivo é escrever para mim própria. Não penso se alguém me lê, eu própria não me leio. Deito as palavras fora e não volto atrás para olhá-las. Não releio, não corrijo, escrevo de rajada, não quero saber se a forma é boa, se o conteúdo é interessante. É para mim que escrevo. Se alguém se der ao trabalho de me ler e ainda por cima conseguir identificar-se com alguma das minha ideias, fico contente, claro, mas não pretendo ter "público". Isso é para os escritores, aqueles que além de conhecerem as palavras, sabem moldá-las, misturá-las, esculpi-las. Conferem-lhes tonalidades e formas, ásperas ou macias, claras ou escuras, dão-lhes rosto e corpo, sopram-lhes vida. É isso que sinto quando leio António Lobo Antunes, por exemplo. Aquelas palavras pulsam, existem, entram-nos pelos olhos, pelos ouvidos, pelas narinas, pela ponta dos dedos ao virar de cada página. Sentimos-lhes os sabores. Para mim, são salgadas na maioria. Tem o gosto da água do mar, salgada com um travo amargo lá no fundo. Atraem e repelem ao mesmo tempo. Marcam-nos o espírito. Não cedem lugar à indiferença ou ao esquecimento. São. Escrever é um acto de dor, falar sobre o que se escreveu, tentar explicar, racionalizar, tornar acessível a outras pessoas os motivos que levaram à concepção de um livro é reviver essa dor. É uma coisa quase obscena, querer dissecar uma obra em termos de forma ou conteúdo. Um livro, um poema, ou se sentem ou não se sentem. Ou nos possuem e é para sempre ou estão de passagem e depressa os esquecemos.

Um escritor, um livro, para mim, são tudo isto e muito mais. Muito mais que eu não encontro palavras para descrever. Sinto-me grata por saber ler e escrever. Um dia quando morrer ou se por qualquer motivo deixar de conseguir ler, gostaria de oferecer os meus livros a uma biblioteca, talvez em África ou em Timor. Gostava que continuassem a ser lidos por muito tempo depois de mim. Um livro que não é lido está adormecido. Se nunca for lido, morre. Não gostava que os meus livros morressem.

Nós, povos das Nações Unidas...

"Nós, povos das Nações Unidas, resolvidos a preservar as gerações futuras do flagelo da guerra que, por duas vezes no espaço de uma vida humana, infligiu à Humanidade indizíveis sofrimentos,

a proclamar de novo a nossa fé nos direitos fundamentais do homem, na dignidade e no valor da pessoa humana, na igualdade de direitos dos homens e das mulheres, assim como das nações, grandes e pequenas,

a criar as condições necessárias para manter a justiça e o respeito pelas obrigações nascidas dos tratados e outras fontes do direito internacional,

a favorecer o progresso social e a instaurar melhores condições de vida numa maior liberdade, e para estes fins,

a praticar a tolerância, a viver em boa paz um com o outro num espírito de boa vizinhança,

a unir as nossas forças para manter a paz e a segurança internacionais, a aceitar princípios e a instituir métodos que garantam que não será feito uso da força das armas, salvo no interesse comum, a recorrer às instituições intermacionais para favorecer o progresso económico e social de todos os povos,

decidimos associar os nossos esforços para realizar estes desígnios.

Em consequência, os nossos governos respectivos, por intermédio dos seus representantes, reunidos na cidade de São Francisco e munidos de plenos poderes, reconhecidos em boa e devida forma, adoptaram a presente Carta das Nações Unidas e estabelecem pela presente uma organização internacional que tomará o nome de Nações Unidas."

(Preâmbulo da Carta das Nações Unidas)

Em memória de Sérgio Vieira de Mello e dos outros funcionários da O.N.U que encontraram a morte na cidade de Bagdade em 20 de Agosto de 2003, enquanto trabalhavam para restituir a paz e a dignidade ao Iraque, após uma guerra à qual a O.N.U. nunca deu o seu apoio, e sem esquecer todos os que morreram antes, durante e depois desta guerra

Fé vs. Verdade (para o Pepe)

Caro Pepe,

Ainda sobre a relação Fé-Verdade, olhe o que eu encontrei enquanto me preparava (preparo...) para um exame de História da Idade Média. Alcuíno de York (séc. VIII/IX) era considerado o maior erudito do seu tempo. Escreveu um livro com exercícios de matemática que, quanto a mim, poderia substituir com resultados mais proveitosos alguns dos manuais escolares actualmente em uso, e fundou o palácio-escola de Aix-la-Chapelle, a pedido de Carlos Magno. Alcuíno ensinava através de adivinhas e charadas. Acreditava que se deve ensinar divertindo. Os diálogos que nos deixou, entre ele próprio e Pepino, um menino de 12 anos, iniciam-se com esta pergunta de Pepino: "O que é a fé?" A esta questão responde Alcuíno: "A certeza das coisas não sabidas e admiráveis."

11 séculos mais tarde, entendo que a fé é indispensável na busca da verdade. Não pode ser usada como venda, mas sim como estímulo para procurar saber mais sobre os mundos que nos cercam, que nos pertencem e aos quais pertencemos. Se existe alguma relação entre Fé e Verdade, será de complementaridade. Curiosamente, os primeiros padres e doutores da Igreja sabiam disso e procuravam estimular o Conhecimento. Algures na longa estrada da História, a Fé passou a cegar em vez de iluminar. Infelizmente, essa venda ainda não caiu por completo. Quem sabe um dia?

21 agosto 2003

Retrato de férias


Ponte de Ucanha


(...) A ponte de Ucanha, de origem romana, é sem dúvida a ponte mais notável do Concelho de Tarouca, sendo única do género em Portugal.

Antes de 1146 foi já mencionada como antiga, na carta de doação de Gouviães por D. Afonso Henriques a seu monteiro-mor, Paio Cortês.

Esta ponte é formada por cinco arcos ogivais desiguais, sendo o do centro mais alto e largo que os restantes.

No séc. XII foi construído sobre a ponte, na margem direita, um arco sem porta e sobre este um edifício para armazenar as portagens cobradas aos que entravam no couto de Salzedas, passando, por aqui, a mais importante via medieval que seguia para Lamego.

A torre de planta quadrangular, com dois pisos, apresenta nas faces balcões com mata-cães, janelas geminadas de moldura ogival, um oratório onde pode ser admirada uma imagem em pedra De Nossa Senhora do Castelo e uma inscrição, meio apagada, numa espécie de "edícula" onde se pode ler "Esta obra mandou fazer d. Fernando Abad..."(...)
Texto retirado do site da Câmara Municipal de Tarouca

Faz hoje 17 anos

... que faleceu Alexandre O'Neill. Deixo-vos o poema "Há palavras que nos beijam" da sua autoria.


Alexandre O'Neill

"
Há palavras que nos beijam
Como se tivessem boca.
Palavras de amor, de esperança,
De imenso amor, de esperança louca.

Palavras nuas que beijas
Quando a noite perde o rosto;
Palavras que se recusam
Aos muros do teu desgosto.

De repente coloridas
Entre palavras sem cor,
Esperadas inesperadas
Como a poesia ou o amor.

(O nome de quem se ama
Letra a letra revelado
No mármore distraído
No papel abandonado)

Palavras que nos transportam
Aonde a noite é mais forte,
Ao silêncio dos amantes
Abraçados contra a morte.
"
Alexandre O'Neill

Amadeus

Ao som de "Serenade for Winds" de Mozart, dou comigo a relembrar o excelente filme de Milos Forman, "Amadeus". O vencedor para o Óscar de melhor filme de 1984. É e será sempre um dos meus favoritos, pelo argumento, pela vertente histórica e biográfica, e pela excelente banda sonora. A interpretação de Tom Hulce ( com as suas gargalhadas inesquecíveis) e de F. Murray Abraham deliciam-me cada vez que revejo o filme. Se alguém ainda não viu, veja. Vale a pena.

Poema do dia

Não disse nada, amor (António Lobo Antunes)

Não disse nada, amor, não disse nada:
foi o rio que falou com a minha voz
a dizer que era noite e é madrugada
a dizer que eras tu e somos nós

A dizer os mil rostos de Lisboa
ao longo do teu rosto se te beijo.
À luz de um pombo chamo Madragoa
e Bairro Alto ao mar se te desejo

Não disse nada, amor. Juro, calei-me:
foi uma voz que ao longe se perdeu.
Cuidei que era Lisboa e enganei-me
pensei que éramos dois e sou só eu.

Para quando???

... a edição em DVD d'A lista de Schindler ?

"Quem salva uma vida, salva o mundo inteiro"

20 agosto 2003

Parabéns ...

sensação de Liberdade!! A Harley Davidson faz 100 anos. Fruto da ideia de dois amigos, William S. Harley, de vinte e um anos e de Arthur Davidson, de vinte, este "estilo de vida" marcou ( e continua a marcar ) uma geração. Lembram-se de "Easy Rider" ?
Que continue por muitos e longos anos... mas já agora, de um modo mais acessível .

Miguel Torga

"
...fomos descobrir o mundo em caravelas e regressámos dele em traineiras. A fanfarronice de uns, a incapacidade de outros e a irresponsabilidade de todos deu este resultado: o fim sem a grandeza de uma grande aventura. Metade de Portugal a ser o remorso da outra metade.
"
Miguel Torga

Canção do dia

"Twisted" (de Wardell Gray e Annie Ross, cantada originalmente por Bette Midler, brilhantemente recriada pela belíssima Jane Monheit)

My analyst told me
that I was right out of my head.
The way he described it he said,
"You'd be better off dead
than alive."
I didn't listen to his jive.
I knew all along he was all wrong,
and I knew that he thought I was crazy,
but you know I'm not. Oh, no.

My analyst told me
that I was right out of my head.
He said I need treatment.
But I'm not that easily led.
He said I was the type that was most inclined
when out of his sight
to be out of my mind.
And he thought I was nuts.
No more if's or and's or but's.
Oh, no.

They say as a child I appeared a little bit wild
with all my crazy ideas.
But I knew what was happenin',
I knew I was a genius.
What's so strange when you know that
you're a wizard at three?
I said, "Baby, this is meant for me, me, me, me."

I heard little children were supposed to sleep tight.
That's why I drank a fifth of vodka one night.
My parent's got frantic, didn't know what to do.
But I had saw some crazy things
before I came to.
Now, do you think I was crazy?
I may have been only three but I was swingin'.

They all laughed at A. Graham Bell,
they all laughed at Edison,
and also at Einstein.
So why should I feel sorry if they just
didn't understand the reasoning and the logic
that went on in my head.
I had a brain, it was insane.
So I just let them laugh at me
when I refused to ride on all those double-decker buses
all because there was no driver on the top.
Aaaaaaah.

My analyst told me
that I was right out of my head.
But I said, "Doctor,
I think that it's you instead.
'Cause I got a thing that's so unique and new,
it proves that I got the last laugh on you.
'Cause instead of one head, ooh, I got two.
And you know two heads are better than one."

"Eu, Rudolf Ferdinand Hess, declaro o seguinte... Dirigi Auschwitz até 1 de Dezembro de 1943 e calculo que pelo menos 2 500 000 vítimas foram executadas e aniquiladas por gás e cremação; que pelo menos outras 500 000 morreram de fome e de doença, o que perfaz um número total de cerca de 3 000 000 mortos. Este número corresponde a aproximadamente 70 ou 80% de todas as pessoas que foram enviadas para Auschwitz como prisioneiros; os restantes foram escolhidos e empregados em trabalhos forçados nas industrias do campo de concentração.

Entre as pessoas executadas e cremadas encontravam-se cerca de 20 000 prisioneiros de guerra russos... A parte restante do número total das vítimas incluía cerca de 1000 000 judeus alemães e um grande número de naturais da Holanda, França, Bélgica, Polónia, Hungria, Checoslováquia, Grécia e outros países, na maior parte judeus."

(Extraído da confissão de Rudolf Hess e retirado do livro "História.9" de Maria Luísa Guerra)

Porque as pessoas são mais do que números. Porque a degradação, a alienação e o extermínio de seres humanos continua a existir no mundo. Porque jovens continuam a aplaudir e a acreditar em causas ôcas, inventadas apenas para justificar as ambições de alguns senhores. Porque outros jovens continuam a ser enviados para combater guerras sem sentido. Porque os que provocam essas guerras nos continuam a querer atirar areia para os olhos para que acreditemos nas causas que eles dizem defender, confortavelmente sentados, rodeados de seguranças e exércitos, enquanto outros perdem a vida a milhares de quilómetros de distância. Porque ainda sobrevivem alguns dos que escaparam ao massacre da II Guerra Mundial. Porque o racismo e a intolerância sobrevivem. Porque filmes como "O Pianista" são sôcos no estômago, mas não passam de fragmentos de uma realidade bem mais vasta e horrível. Porque ontem morreram mais pessoas em Israel e no Iraque

Fui ver

..."O Pianista" no Ávila. Gostei do filme. Percebi porque ganhou o Adrien Brodi o Óscar de Melhor Actor.

Poema do Dia

"
O tempo não sabe nada, o tempo não tem razão
O tempo nunca existiu, o tempo é nossa invenção
Se abandonarmos as horas não nos sentimos sós
Meu amor, o tempo somos nós

O espaço tem o volume da imaginação
Além do nosso horizonte existe outra dimensão
O espaço foi construído sem princípio nem fim
Meu amor, huuum, tu cabes dentro de mim

O meu tesouro és tu
Eternamente tu
Não há passos divergentes para quem se quer
Encontrar

A nossa história começa na total escuridão
Onde o mistério ultrapassa a nossa compreensão
A nossa história é o esforço para alcançar a luz
Meu amor, o impossível seduz

O meu tesouro és tu
Eternamente tu
Não há passos divergentes para quem se quer
Encontrar

O meu tesouro és tu
Eternamente tu
Eternamente tu
"
Eternamente Tu, Jorge Palma

O Regresso

Estive uns dias de férias. Saí de Lisboa na 5ª feira e regressei hoje, terça-feira. Soube bem a ausência da capital, do seu stress, do seu trânsito, do dia-a-dia agitado de uma metrópole.
Passei estes dias, numa pequena aldeia perdida entre montes e serras, para os lados de Armamar (concelho), no distrito de Viseu.
Fui acompanhar a família, uma vez mais, na celebração da festa da aldeia em honra de Nossa Senhora da Graça (mais um culto mariano).
Nesta altura, uma aldeia que passa o ano praticamente deserta, enche-se de cor, alegria, música para receber os filhos da terra, e os filhos, netos, genros e noras destes, e o que era um sítio pacato e calmo transforma-se numa fogueira de vaidades. Vêm emigrantes da Suíça, França, Luxemburgo, Brasil. Vem também gente de Lisboa, Porto e outras zonas do país. À noite, o centro da aldeia enche-se de gente a dançar, o conjunto toca e canta (ou tenta...), o trânsito tem de ser desviado, o caos instala-se... mas tudo é alegria, diversão e álcool a mais.
Eu dispenso a festa. Dispenso o arraial...dança, definitivamente não é comigo. O que não dispenso é a reunião anual da família (de um dos ramos da árvore, neste caso o ramo paterno), na sua quase totalidade. Cada vez maior, cada vez mais barulhenta. Gosto de rever os meus tios, primos, primos em 2º grau, etc, que apenas vejo por esta altura. Verdade seja dita, que também me farto deles depressa. Ao fim de umas horas já estou pelos cabelos. É que na minha família ninguém sabe falar baixo... e por isso quando alguém quer ser ouvido, tem de falar mais alto, e assim sucessivamente... acabando por se dialogar aos berros e gritos estridentes. Eu detesto o barulho. Como se diz por aqui, "não são bons companheiros para ir roubar cerejas"... é que ainda não teriam chegado à cerejeira já o dono estaria alertado pelo barulho que fazem.
Mas tirando o barulho, gosto da aldeia, gosto da família (uns mais que outros... como dizem: os amigos nós podemos escolher) e gosto de viajar pelas redondezas e ir descobrindo pérolas escondidas naquela região. A riqueza cultural e a beleza visual (pouco fustigada pelos incêndios naquela zona) enchem as medidas a qualquer um.
Adoro estes pequenos recantos. Sou definitivamente um adepto do "Vá para fora, cá dentro".

19 agosto 2003

You're the silent type
And you caught my eye
But I never thought that I'd be touchin' you
How was I to know
I'd let my feelin's go
And that I'd be yours before the night was through



Parabéns!

Canção do dia

("Hope Has a Place", poema de Roma Ryan interpretado por Enya)

one look at love
and you may see
it weaves a web
over mystery,
all ravelled threads
can rend apart
for hope has a place in the lover's heart.
Hope has a place in a lover's heart

Whispering world,
A sigh of sighs,
The ebb and the flow
of the ocean tides,
One breath, one word
may end or may start
a hope in a place of the lover's heart,
Hope has a place in a lover's heart.

look to love
you may dream,
and if it should leave
then give it wings.
But if such a love
is meant to be;
Hope is home, and the heart is free.

Under the heavens
we journey far,
on roads of life
we're the wanderers,
So let love rise,
so let love depart,
let hope have a place in the lover's heart
Hope has a place in the lover's heart.

Look to love
and you may dream,
and if it should leave
then give it wings.
But if such a love
is meant to be;
Hope is home, and the heart is free.

Hope is home, and the heart is free

Cara Sofia,

São justamente as pessoas que nunca pediram para ser lembradas aquelas que jamais poderão ser esquecidas.

18 agosto 2003

Os meus professores

Maria Inácia Camacho - a primeira arqueóloga que conheci. Apresentou-me ao meu amor maior - a História.
Maria Teresa Serra - deu-me um lugar no jornal e no grupo de teatro. Incentivou-me a escrever. Ensinou-me que a imaginação não se deve refrear. Apresentou-me a Eugénio de Andrade.
Maria Luísa Guerra - que saudades das aulas de História! Eram dadas sob a forma de notícias de jornal, como se as coisas tivessem acabado de acontecer. Tantos pormenores que não vêm nos livros! Fez com que eventos e pessoas distantes se tornassem próximos.
Margarida Guimarães - Ensinou-me toda a filosofia grega e medieval e apresentou-me a Kepler, Galileu, da Vinci, Brahe e, sobretudo, a Giordano Bruno.
Filomena Tapada - Ensinou-me que tudo na História se entrelaça e repete. Ensinou-me as causas e os efeitos. Apresentou-me Heródoto.
Elvira Costa e Pinto - Passou todo o mês de Julho a dar-nos aulas especiais (e gratuitas) para nos preprarar para a prova específica de filosofia.
António José de Almeida - Apresentou-me a Graham Greene e à música de Peter Gabriel. Não me ensinou muito sobre técnicas de tradução de inglês, mas deu-me tantas lições de vida! A única pessoa com quem eu ficava horas a conversar sem me cansar e uma das poucas que conseguia a proeza de captar a minha atenção por mais de 15 minutos seguidos.

Tive tanta sorte por tê-los conhecido! Todos eles sabiam que ensinar é dos actos mais nobres e delicados à face da terra e que não se prende a dificuldades, matérias ou programas impostos pelo Ministério. É um acto de amor e de partilha que, decididamente, nem todos sabem realizar.

Devo-lhes muito do (pouco) que sei e da pessoa que sou. possa eu um dia transmitir a mais alguém o que eles me ensinaram.

Canção do dia

"Woman", Neneh Cherry

You gotta be fortunate
You gotta be lucky now
I was just sitting here
Thinking good and bad
But I'm the kinda woman
That was built to last
They tried erasing me
But they couldn't wipe out my past
To save my child
I'd rather go hungry
I got all of Ethiopia
Inside of me
And my blood flows
Through every man
In this godless land
That delivered me
I've cried so many tears even the blind can see

This is a woman's world.
This is my world.
This is a woman's world
For this man's girl.
There ain't a woman in this world,
Not a woman or a little girl,
That can't deliver love
In a man's world.

I've born and I've bread.
I've cleaned and I've fed.
And for my healing wits
I've been called a witch.
I've crackled in the fire
And been called a liar.
I've died so many times
I'm only just coming to life.

My blood flows
Through every man and every child
In this godless land
That delivered me
I cried so many tears even the blind can see

'Tá-se mesmo a ver, não 'tá-se?

Estava eu à espera d' "A Última Saída de Brooklyn" - que, como acontece ultimamente com a maioria dos programas de televisão que não são "reality shows", novelas, concursos ou relatos de passeatas e escândalos dos "famosos" (a propósito, já repararam na nova vaga de famosos de Portugal? É impressão minha ou a maioria das pessoas, tal como acontece comigo, nunca ouviu falar deles?), passou durante as altas horas da madrugada... - quando eis que, no programa "Êxtase", da SIC, ouço esta verdadeira pérola: uma jovem repórter (altamente entusiasmada), de nome próprio Sofia, mas cujo apelido não recordo, ao entrevistar a relações públicas de um cruzeiro para a terceira idade, faz esta pergunta: "Então e dá-se muito bem com eles todos, não dá-se?"...Suponho que se referia ao relacionamento da RP com os utentes do cruzeiro, mas o pensamento que imediatamente me ocorreu foi que existem pessoas que não se dão mesmo nada bem com a língua portuguesa!

Mas como devemos retirar sempre alguma coisa boa das más experiências, devo confessar que estou rejubilante por ter aprendido a chupar a cabecita das gambas de acordo com as mais modernas e adequadas normas de etiqueta, depois de anos e anos a comportar-me como uma verdadeira selvagem, benza-me Deus! Quem me ensinou? A Srª D. Paula Bobone, claro! Estou ansiosa para que se candidate a qualquer cargo público, sei lá, tipo, PR, por exemplo. Já imaginaram? O país não deverá resolver nenhum dos problemas, mas sem dúvida vamos aprender a conviver com eles com muito mais elegância ;)

16 agosto 2003

Parabéns, Madonna!

Parabéns, Madonna!
Quando eu tinha 13 anos e estava no 7º ano na Escola secundária de Padre António Vieira, em Lisboa (a propósito, ouvi dizer que o PAV deixou ou vai deixar de ser PAV para se passar a chamar Calouste Gulbenkian. Com todo o respeito e admiração pelo Sr. Gulbenkian, fico triste se for verdade porque não fosse pelo nome da escola - e pela magnífica professora de História, Drª Maria Luísa Guerra - hoje certamente saberia muito pouco sobre o Padre António Vieira, uma das maiores inteligências que este país produziu e também uma das mais esquecidas figuras da nossa história - obrigada também, senhor Manuel de Oliveira, por nos ter oferecido o belíssimo "Palavra e Utopia"!), costumava passar as tardes em casa da minha amiga Marina. Geralmente tínhamos aulas de manhã e as tardes eram nossas. Ficávamos na sala a ouvir música e a conversar e um dia ela pôs uma música cantada por uma vozinha esganiçada mas muito sensual. Perguntei quem era e a Marina respondeu-me que era a Madonna. Perguntei quem era a Madonna e ela respondeu surpreendida: "Não sabes? É ela que canta o "Like a Virgin"!". Achei por bem não prolongar a minha ignorância (obviamente, monstruosa!) e lá ouvi o LP da esganiçada até ao fim. Gostei. Comprei. Comecei a ouvir mais vezes. Continuei a gostar.

Hoje sou admiradora confessa da Madonna. Não tanto da sua música - embora algumas canções façam parte da banda sonora da minha vida e todas me tragam lembranças positivas - mas mais da imagem (ou imagens), da energia que transborda, da fome de sucesso, da imensa capacidade para mudar, para se inventar e reinventar, do impacto que provoca em quem gosta e em quem não gosta dela. Não tem uma grande voz. Dança bem mas não é uma grande bailarina. E o que é que isso interessa? É uma das mulheres que me inspira. Tem força, é determinada, gosta de aprender, não se conforme com os limites, constrói as suas próprias fronteiras. É uma arrivista? Talvez, mas isso também pouco importa. Afinal de contas, ninguém é um modelo de virtudes...

Põe-me bem disposta e isso, em alguns dias da minha vida, vale tudo!

Parabéns Madonna!

Parabéns, Lousada!

Parabéns pelos teus 30 anos, Lousada. Vida longa, em corpo são e sempre guiado por uma mente sã (a minha, claro...) são os meus votos para ti, de todo o coração.

14 agosto 2003

Salto de fé - Resposta a Pepe

Caro Pepe,

Se considera um defeito não compreender a fé, então deixe-me partilhá-lo consigo. Eu tb tenho essa mesma dificuldade em compreender porque é que, em nome dessa tal fé, já se fez tanto bem e tanto mal neste mundo. Que coisa tão ambígua é essa que tão depressa manda chacinar como atravessa os maiores sacrifícios para salvar. Será uma fabricação dos homens? De certeza que sim! Só nós podemos ser tão inconstantes e cruéis. Será uma questão de má interpretação de sinais superiores (divinos, extraterrestres, cósmicos, o que se queira)? Talvez...Nós seres humanos somos muito dados a malentendidos também.

Seja o que for, gostaria de compreendê-la melhor, a essa tal fé. Como disse antes, gostaria de saber de que é feita. Talvez assim consiga compreender coisas que me escapam neste momento. Não tenho esperança de encontrar uma espécie de nova droga milagrosa que me ajude a viver melhor (tenho uma cabeça demasiado crítica para aceitar tal tratamento), mas não haja dúvida que, em alguns momentos na minha vida, já murmurei baixinho "Abençoados aqueles que crêem sem ver"...

Martinho Lutero escreveu após uma visita a Santiago de Compostela, que pouca diferença faria para os peregrinos que se viesse a provar ser ossadas de cão ou cavalo que lá estivessem sepultadas - o fervor seria igual!

É isso que quero perceber: porque é que, face à fé, a verdade deixa de ser importante.


Poema do dia

Perguntas de um Operário Letrado, Bertholt Brecht

Quem construiu Tebas, a das sete portas?
Nos livros vem o nome dos reis.
Mas foram os reis que transportaram as pedras?
Babilónia, tantas vezes destruída,
Quem outras tantas a reconstruiu? Em que casas
Da lima dourada moravam seus obreiros?
No dia em que ficou pronta a Muralha da China para onde
Foram os seus pedreiros? A grande Roma
Está cheia de arcos de triunfo. Quem os ergueu? Sobre quem
Triunfaram os Césares? A tão cantada Bizâncio
Só tinha palácios
Para os seus habitantes? Até a legendária Atlântida
Na noite em que o mar a engoliu
Viu afogados gritar por seus escravos.

O jovem Alexandre conquistou as Índias.
Sozinho ?
César venceu os gauleses.
Nem sequer tinha um cozinheiro ao seu serviço?
Quando a sua armada se afundou Filipe de Espanha
Chorou. E ninguém mais?
Frederico II ganhou a Guerra dos Sete Anos.
Quem mais a ganhou?

Em cada página urna vitória. Quem cozinhava os festins?

O fabuloso destino de Sónia Fonseca ;)

Gosto...
Do sol
Do calor
De praias desertas
De areia branca e fina
De beber água quando tenho sede
De chocolate preto
De chocolate de leite
De chocolate branco
De gelados
De salada de frutas
De farófias
De ameixas
De experimentar comidas exóticas
De massas
De ler
De ouvir música
De cantar
De dançar
De passear
De viajar
De visitar museus e monumentos
De cinema
De ir ao teatro
De conversar
De dormir
De estar rodeada de animais
Do silêncio
Das noites de verão
Da Costa Vicentina
De tomar banho
De enrolar o cabelo à volta dos dedos
De me vestir de preto
De Lisboa
De Alfama
Do Castelo
Do entardecer
Do entardecer no Alto de Santa Catarina
Da cidade a despertar
Da cidade a dormir
De estar com amigos
De namorar
De escrever
E de muitas outras coisas...


Detesto...
Locais fechados, com fumo e cheios de gente
Perder um dia de sol fechada em casa
Chuva
Conduzir
Futebol
Política
O telejornal da TVI
As novelas da TVI
O Big Brother e produtos afins
Dias de exame...
Discutir
Sopa fria
Café com açucar
Cebola
Comida picante
Estar doente
Estar triste
Detestar...

13 agosto 2003

O fabuloso

destino de Amélie Poulain... lembram-se ???

Gosto...
da chuva
do sol
dos animais
de comer
de pita shoarma
de ver televisao
de escrever
de ler
de acarinhar
de fazer amor
de viajar
de conduzir
de amar
da sensaçao da água fresca num dia de calor
da brisa fresca da manhã
do cheiro a terra molhada
da liberdade
de ser amado
de ser ouvido
do cantar dos pássaros
do interior de Portugal
de música
de cinemas antigos
do doce da avó
da festa na aldeia
sair sem destino
de me perder
de isolamento
de lugares calmos
de Porto Côvo
do castelo dos Mouros
de comida italiana
de comida indiana
de muitas coisas mais.


Detesto...
ser contrariado
o calor em demasia
multidões
centros comerciais
arroz de sardinhas
álcool
cinema enfadonho
espaços fechados e reduzidos
as pessoas que não respeitam o espaço dos outros
a violência gratuita
as histórias em capítulos
pessoas a falar alto
a Ágata
a hipocrisia
a mentira
praias cheias de gente
esperar por alguém
apanhar trânsito
não ter lugar para estacionar
arrumadores
os telejornais com notícias que não o são
o Pinto da Costa
e muitas outras coisas.

O Captain! my Captain!

"
O Captain! my Captain! our fearful trip is done,
The ship has weather'd every rack, the prize we sought is won,
The port is near, the bells I hear, the people all exulting,
While follow eyes the steady keel, the vessel grim and daring;
But O heart! heart! heart!
O the bleeding drops of red,
Where on the deck my Captain lies,
Fallen cold and dead.


O Captain! my Captain! rise up and hear the bells;
Rise up--for you the flag is flung--for you the bugle trills,
For you bouquets and ribbon'd wreaths--for you the shores a-crowding,
For you they call, the swaying mass, their eager faces turning;
Here Captain! dear father!
This arm beneath your head!
It is some dream that on the deck,
You've fallen cold and dead.


My Captain does not answer, his lips are pale and still,
My father does not feel my arm, he has no pulse nor will,
The ship is anchor'd safe and sound, its voyage closed and done,
From fearful trip the victor ship comes in with object won;
Exult O shores, and ring O bells!
But I with mournful tread,
Walk the deck my Captain lies,
Fallen cold and dead.
"
O Captain! My Captain!, Walt Whitman

12 agosto 2003

"Um país...

inteiro desapareceu dentro das fronteiras portuguesas" - uma afirmação do jornalista Miguel Sousa Tavares, no TVI Jornal, em relação ao tamanho da área de floresta ardida em Portugal só este ano, área essa maior que a área de um pequeno país europeu, como o Luxemburgo.

É de facto preocupante e alarmante tanta impotência em relação a este flagelo. Como diria William Shakespeare: "Algo vai podre no reino da Dinamarca!".

Comentários...

O site onde está alojado o script que permitia comentar estes posts está em baixo. Como esta situação se repete de tempos a tempos, com uma frequência que não é nada desejável, resolvi mudar de script, sendo este patrocinado "pela casa", pela Blogger.com.
Às 3 ou 4 pessoas que tinham comentado os posts anteriores, peço desculpa.

Salto de fé

Na semana passada, uma amiga chamou-me a atenção para esta história. Há quem defenda que as relíquias jacentes na catedral de Santiago de Compostela não pertencem ao apóstolo Tiago mas sim a Prisciliano. Este nasceu na região que pertence hoje à Galiza no século IV. Dono de uma excelente educação, fundou uma seita que pregava a castidade (embora o casamento de sacerdotes fosse consentido) e o ascetismo, abominava a escravatura e prestava culto à natureza. As suas doutrinas tiveram rápida e larga aceitação na Península Ibérica e a ainda jovem igreja católica não tardou em acusá-lo de orgias e outros excessos e a persegui-lo. Foi executado por ordem do imperador Teodósio em Treveris, no ano 389.

Alguns estudiosos (e não só) acreditam que o seu corpo terá sido levado secretamente para a Galiza por seguidores e aí terá recebido sepultura. Quando as ossadas foram descobertas, séculos mais tarde, a Igreja e o imperador Carlos Magno, que pretendiam imbuír a Europa do espirito de cruzada, apressaram-se em reconhecer as relíquias como pertences ao apóstolo Tiago e, como se costuma dizer, o resto é história...

Independentemente de quem esteja sepultado na catedral, e para além de qualquer dúvida ou polémica, ninguém duvida ou desconhece a importância da catedral e da Rota de Santiago que anualmente é percorrida por milhares de peregrinos. Curiosamente, nem todos são católicos ou sequer cristãos. Mais do que um acto religioso, há quem percorra a Rota de Santiago para se encontrar a si mesmo. Por isso há quem diga que, mesmo que um dia venha a fazer-se prova de que não é Santiago quem descansa em Compostela, isso não fará a mais pequena diferença para os peregrinos.

Há uma força maior, que não se curva a religião alguma, e que compele os peregrinos a caminhar em direcção a Compostela. Um dia tenciono fazer essa viagem - há muito que quero fazê-la. Nessa altura talvez consiga descobrir de que é feita a fé.

11 agosto 2003

Pensamento do dia

"A experiência é aquilo que cada um de nós chama aos seus erros"
Oscar Wilde, O leque da Lady Windermere

Miau... que soninho...


A nossa gatinha a bocejar...

Sem palavras...

Logo que passe a monção...

"
Num banco de névoas calmas quero ficar enterrado
Num casebre de bambú na minha esteira deitado
A fumar um narguilé até que passe a monção
Enquanto a chuva derrama a sua triste canção

Sei que tenho de partir logo que suba a maré
Mas até ela subir volto a encher o narguilé
Meu capitão já é hora de partir e levantar ferro
Não me quero ir embora diga que foi ao meu enterro

Deixem-me ficar deitado a ouvir a chuva a cair
Que ainda estou acordado só tenho a alma a dormir
Como a folha de bambú a deslizar na corrente
Apenas presa ao mundo por um fio de água morrente

Nos arrozais morre a chuva noutra água há-de nascer
Abatam-me ao efectivo também eu me vou sem morrer
Para quê ter de partir logo que passe a monção
Se encontrei toda a fortuna no lume deste morrão

Ópio bendito ópio minhas feridas mitiguei
Meu bálsamo para a dor de ser
Em ti me embalsamei
Ópio maldito ópio foi para isto que cheguei
Uma pausa no caminho
Numa névoa me tornei...
"

Logo que passe a monção, Carlos Tê/Rui Veloso

Diário de hospital XX - My turn now!

Pronto, não gostei de ver a coisa terminar no XIX. XX é um número mais redondinho, mais simétrico, sei lá. Agora devia aproveitar também para sacar dos violinos e contar a minha história clínica. Mas não vou fazê-lo! primeiro porque não há ninguém que aguente; segundo porque já chega a do João; terceiro porque com a quantidade de acidentes, cortes, equimoses, pancadas, escoriações, etc, estávamos aqui durante os próximos 15 anos (a propósito, quem se lembra do "Dallas"?).

Resumindo, não vos vou revelar os meus diários de hospital. Tive as doenças normais das criancinhas (excepto rubéola), estive doente a sério aos 16 anos com direito a internamento, cirurgia e até extracção de parte importante da minha pessoa (aqui ganho ao João porque no caso dele acrescentaram-lhe um pedaço...) e tenho tido, ao longo de 31 anos de vida, os acidentes mais idiotas que se possam imaginar. Dois exemplos só para ficarem com uma ideia: uma vez coloquei um colírio para relaxar o nervo óptico em vez do descongestionante. Resultado: continuei com a conjuntivite que já tinha e ganhei 15 dias sem conseguir focar uma única imagem, com umas pupilas tão dilatadas que parecia um mocho (a conjuntivite era só num olho mas, para "prevenir", deitei colírio nos dois...). Em Dezembro passado bati com a cabeça numa caixa de estore daquelas antigas, em ferro, de um prédio do qual só resta a fachada ali na Av. da República, em frente à Feira Popular. Resultado: 1 mês com o olho direito negro e inchado e muita gente a dar-me conselhos e o número da Associação de Apoio à Vítima - só não fui contactada pela Catarina Tallón (perdão, Fortunato de Almeida), com grande pena minha porque até simpatizo com ela.

E pronto, muito mais haveria para contar, mas fico-me por aqui. A vergonha impede-me de prosseguir.

Até ao fim do mundo

"No equation to explain the division of the senses"
("It takes time", Patti Smith, "Until the end of the world" BSO)

Este sábado revi o filme "Until the end of the world". Não sendo uma cinéfila, gosto do Wim Wenders. Não sei dizer se tecnicamente é um bom realizador. Sei que inventa, dirige histórias inteligentes, cheias de sensibilidade e sei que adora Lisboa, a mesma Lisboa que eu adoro, a cidade velha, decadente, povoada de gente pobre a viver em casas antigas.

Gosto especialmente deste filme porque marcou uma época da minha vida. 1991 foi o ano em que entrei para a faculdade. Para Direito, na FDUL. Tinha boas médias, safei-me bem na PGA, foi fácil entrar. Difícil foi manter-me lá. Não foi preciso muito tempo para perceber que não gostava do curso e que não iria conseguir andar ali 5 anos a queimar pestanas. Logo nos primeiros dias quis desistir. Mas comecei a conhecer a Lurdes, o Carlos, a João e a Susana. A turma, que estava dividia em "Câmara Alta" e "Câmara Baixa". Nós fazíamos parte da segunda, claro. Não foi uma divisão planeada ou forçada, aconteceu simplesmente. Os meninos ricos ficaram do lado direito da sala, nós do lado esquerdo.

A amizade que depressa me prendeu sobretudo à Lurdes e ao Carlos foi suficiente para me convencer a ficar, pelo menos ao longo do primeiro ano. Foi com eles que assisti ao filme. Curiosamente, assisti a muitos outros filmes, mas é este que me faz lembrar deles. Ví­amo-nos todos os dias e, mesmo assim, trocávamos cartas e falávamos horas ao telefone. Nunca se nos esgotavam os temas de conversa. Nunca se nos secava a amizade - pelo contrário, era um rio de caudal cada vez mais intenso, tão intenso que me assustou e eu comecei a fugir. Quando começamos a precisar demasiado das pessoas sentimos medo. Há pessoas viciantes e eles eram-nos sem dúvida. Lembro-me do dia em que lhes comuniquei a minha decisão de desistir do curso. A Lurdes não disse nada. O Carlos disse isto: "Se dependesse de mim, se me dissesses que valia a pena, amarrava-te aos pilares da entrada". Disse-lhe que não com a cabeça. Não dissémos mais nada sobre o assunto.

Nos anos que se seguiram, tentámos manter uma amizade mais distante, mais "normal". Começámos a afastar-nos. Devagar, quase sem o sentirmos, a nossa Pangeia separou-se. Hoje estamos longe. Perdemos todo e qualquer contacto. Eles nunca aceitaram aquilo que entenderam como uma cobardia da minha parte - não sei se hoje já saberão que por vezes é preciso mais coragem para desistir de uma coisa do que para, teimosamente, continuar a insistir em algo que já não faz sentido (no caso do curso de Direito, para mim nunca fez sentido estar ali. Era a vontade do meu pai que eu estava a cumprir, não a minha). Talvez seja melhor assim, penso eu às vezes. Talvez eles já nem se lembrem de mim. Talvez...Se, por uma dessas coincidências que a vida nos concede de vez em quando, um de vós (ou ambos) me estiver a ler, dêem-me um sinal de vida. Pela minha parte, lamento muitas coisas que fiz e disse e outras que nunca fiz e nunca fui capaz de dizer. Mas não lamento ter desistido de Direito. Hoje mais do que nunca estou certa de que, por muito que tivesse insistido, nunca seria capaz de terminar o curso. Hoje mais do que nunca sei que sou movida a paixão e que não consigo fazer nada em que não acredite com todo o meu ser. Lamento ter-vos deixado partir.

Quando saímos do cinema eu fiz um comentário qualquer à Solveig Dommartin e o Carlos respondeu: "Não digas nada! Deixa-a ficar lá." Nunca mais comentámos o filme e eu nunca soube muito bem onde era "Lá". Deve ser um recanto qualquer, resguardado do mundo, que existe apenas na nossa memória, nos nossos sonhos. Íntimo, privado, único, precioso. Se assim é, é Lá que vocês habitam e a nossa amizade, tão forte que me metia medo, continuará a pulsar, até ao fim do mundo

Canção do dia (para o Lousada, da sua Vidigueira)

Velha Infância - Tribalistas
(Arnaldo Antunes, Marisa Monte, Carlinhos Brown, Pedro Baby e Davi Moraes)

Você é assim
Um sonho pra mim
E quando eu não te vejo

Eu penso em você
Desde o amanhecer
Até quando eu me deito

Eu gosto de você
E gosto de ficar com você
Meu riso é tão feliz contigo
O meu melhor amigo é o meu amor

E a gente canta
E a gente dança
E a gente não se cansa

De ser criança
Da gente brincar
Da nossa velha infância

Seus olhos meu clarão
Me guiam dentro da escuridão
Seus pés me abrem o caminho
Eu sigo e nunca me sinto só

Você é assim
Um sonho pra mim
Quero te encher de beijos

Eu penso em você
Desde o amanhecer
Até quando eu me deito

Eu gosto de você
E gosto de ficar com você
Meu riso é tão feliz contigo
O meu melhor amigo é o meu amor

E a gente canta
E a gente dança
E a gente não se cansa

De ser criança
Da gente brincar
Da nossa velha infância.

Saudades do inverno

Sou uma pessoa "verão", confesso. Há pessoas "verão", tal como há pessoas "inverno". Depois há os indecisos que são as pessoas "primavera" e "outono" - nem quente nem frio, nem chuva nem sol, nem montanha nem praia - mas que acabam por ser mais "sumarentas" e coloridas do que as pessoas "verão" ou "inverno" porque trazem em si um bocadinho de cada estação.

Estão a ver a ideia, importada dos ingleses, de "cat people" e "dog people"? É mais ou menos a mesma coisa.

Pois é, euzinha, esta pessoa "verão", hoje deu consigo a suspirar pelo inverno. Estou saturada deste calor que seca as pessoas e ajuda a devorar este país com chamas. Sinto saudades das minhas camisolas de gola alta e das peúgas do Garfield. Quero tricotar cachecóis e de vez em quando parar para dar mais uma fungadela (em parte constipação, em parte alergia às lãs...) e beberricar um gole de chá de maçã aromatizado com um pau de canela. Quero passar fins de semana a rever os meus filmes favoritos, encharcada em pipocas (com sal e uma pitadinha de pimenta) e chocolate quente. Quero ir passear a Porto Côvo e sentar-me naquele banco de pedra em frente ao mar e ficar ali a ver as gaivotas dançarem com o vento e a espuma das ondas a lavar as rochas. Ao fundo, um pouco para a esquerda, a Ilha do Pessegueiro (a tal do vizir de Odemira), por vezes meio desfocada no nevoeiro...Tenho saudades de sentir frio, do cheiro das castanhas e da lareira. Tenho saudades de sentir saudades do verão.

Diário de hospital - Parte XIX

Quando a janela se fecha
E se transforma num ovo
Ou se desfaz em estilhaços
De céu azul e magenta

E o meu olhar tem razões
Que o coração não frequenta
Por favor diz-me quem
És tu de novo

Quando o teu cheiro me leva
Às esquinas do vislumbre
E toda a verdade em ti
É coisa incerta e tão vasta

Quem sou eu para negar
Que a tua presença me arrasta
Quem és tu na imensidão
Do deslumbre

As redes são passageiras
Arquitecturas da fuga
De toda a água que corre
De todo o vento que passa

Quando uma teia se rasga
Ergo à lua a minha taça
E vejo nascer no espelho
Mais uma ruga

Quando o tecto se escancara
E se confunde com a lua
A apontar-me o caminho melhor
Do que qualquer estrela

Ninguém me faz duvidar
Que foste sempre a mais bela
Por favor diz-me que és
Alguém de novo


Quem és tu de novo (Jorge Palma)

Às vezes uma canção torna-se confidente e cúmplice. Às vezes lembra-nos coisas boas. Às vezes momentos que seria melhor esquecer porque o simples acto de recordar doi demasiado. É a banda sonora da vida de cada um de nós. Todos a temos e, embora saibamos que não é assim, parace que cada tema foi escrito especialmente para nós, para ser tocado naquele momento preciso

O drama dos domingos

Cara Sofia,

Pois é. Os domingos são um drama - definitivamente! Dorme-se sempre demais e fica-se com uma moleza e uma dor de cabeça que nos acompanha para todo o lado. Até mexer os olhos doi! Parece que desce uma névoa sobre nós que nos impede de ver as coisas claramente. Lá fiz um esforço este domingo. Arrastei o João para a Gulbenkian - e não é que lá estava o belo casamento? Ah pois estava! No meio da mosquitagem e de outros domingueiros languidamente espalhados pela relva, lá estava a noiva com uma cara aborrecida, o noivo com ar próspero e uma profusão de convidados que, à vez, se aproximavam para posar para a fotografia e depois desapareciam como setas a dizer "Bolas! Quando lá chegar ponho-me logo à vontade!". Pergunta: Se as pessoas sabem que um casamento é uma cerimónia longa, que implica ficar algum tempo de pé, porque é que insistem em usar sapatos novos e roupas dentro das quais se sentem nitidamente desconfortáveis? Será um exercício sado-masoquista inconsciente?. Mas, como estava a dizer, lá levei o João para a Gulbenkian. Passeámos por entre os tapetes persas, a arte chinesa, os livros de horas medievais, a Helena de Rubens, Mme. Claude Monet que sozinha entretinha um grupo razoável de visitantes, e o lugar do meu encantamento, a colecção René Lalique. Foi bom, estava fresco lá dentro, muita gente interessada (a maioria turistas) e quem gosta de museus gosta sempre de os ver recheados de pessoas (a menos que essas pessoas sejam turistas japoneses que enfiam o nariz nas peças que até parecem querer lambê-las...). O João gostou de conhecer. Eu gostei de rever - gosto sempre. Mas lá andava a névoazinha teimosa à nossa volta...Um dia, há muitos anos atrás, num dos meus frequentes passeios por Alfama, vi uma cena que me ficou gravada para sempre na memória: era sábado, início de Outono e o sol de fim de tarde ainda iluminava as casas. nas soleiras um grupo de senhoras conversava. Lá dentro o televisor berrava e sentia-se cheiro de comida. As crianças andavam pela rua, corriam, jogavam à bola. O sol, cansado de trabalhar, mergulhava no rio para se refrescar. Desde esse dia, sempre que quero invocar um momento perfeito, lembro-me desse sábado. Havia uma doçura qualquer no ar que eu não sei explicar nem transpôr para palavras (eu que gosto tanto de palavras e que digo tantas ao longo do dia!). Esse momento era a antítese dos domingos. Todos os dias deveriam ser sábado e ao entardecer deveria ser obrigatório vir para a rua, fechar os olhos, respirar fundo e receber o mundo em cada poro do corpo.

Tudo isto para te dizer Sofia que tens razão. Partilho inteiramente contigo a aversão aos domingos. Mas vou continuar a tentar. Pode ser que consiga ter outro momento de epifânia que, num momento, me revele a beleza escondida desse dia sempre tão tristonho.

She Walks In Beauty

"
She walks in beauty, like the night
Of cloudless climes and starry skies;
And all that's best of dark and bright
Meet in her aspect and her eyes:
Thus mellow'd to that tender light
Which heaven to gaudy day denies.

One shade the more, one ray the less,
Had half impair'd the nameless grace
Which waves in every raven tress,
Or softly lightens o'er her face;
Where thoughts serenely sweet express
How pure, how dear their dwelling-place.

And on that cheek, and o'er that brow,
So soft, so calm, yet eloquent,
The smiles that win, the tints that glow,
But tell of days in goodness spent,
A mind at peace with all below,
A heart whose love is innocent!
"
She walks in beauty, Lord Byron

Funeral Blues

"
Stop all the clocks, cut off the telephone,
Prevent the dog from barking with a juicy bone,
Silence the pianos and with muffled drum
Bring out the coffin, let the mourners come.

Let aeroplanes circle moaning overhead
Scribbling on the sky the message He Is Dead,
Put crepe bows round the white necks of the public doves,
Let the traffic policemen wear black cotton gloves.

He was my North, my South, my East and West,
My working week and my Sunday rest,
My noon, my midnight, my talk, my song;
I thought that love would last for ever; I was wrong.

The stars are not wanted now: put out every one;
Pack up the moon and dismantle the sun;
Pour away the ocean and sweep up the wood,
For nothing now can ever come to any good.
"
Funeral Blues , W. H. Auden


A Sónia falou-me pela primeira vez neste poema, após eu lhe dizer que gostaria de ver o filme "Quatro Casamentos e Um Funeral". Falou-me que no filme, mais precisamente no funeral, se procedia à leitura de um poema - "Funeral Blues" - muito belo. Pesquisei na Net, encontrei, li, interiorizei a sua beleza. É de facto sublime a beleza e o amor W. H. Auden conseguiu por em meia dúzia de palavras.

PS: Entretanto já vi o filme, da ultima vez (penso eu) que deu no Hollywood.

Lembram-se d'Os Cinco ??

"We are the Famous Five
Julian, Dick and Anne, George and Timmy the Dog
We are the Famous Five
We're coming back to you
Whenever there's time
Time after time"


Pois é, faz hoje 106 anos que nasceu a sua autora: Enid Blyton. Os Cinco tornaram-se num best-seller da ficção juvenil. Além destes, Enid criou ainda o "Clube dos Sete", "Aventura", entre outros. Morreu a 28 de Novembro de 1968. Tinha 71 anos.
Eu li na infância, e mantive até há poucos anos a colecção completa d'Os Cinco. Ofereci-a a um qualquer petiz da minha famí­lia, não sei se ele a leu ou se a lerá alguma vez, ou até se ainda a terá.