31 outubro 2003

estou

a gostar tanto desta decoração que vou esticá-la pelo fim de semana adentro.

ITSY BITSY SPIDER

The itsy bitsy spider
Climbed up the waterspout
Down came the rain
And washed the spider out
Out came the sun
And dried up all the rain
And the itsy bitsy spider
Climbed up the spout again

The itsy bitsy spider
Climbed up the kitchen wall
Swoosh! went the fan
And made the spider fall
Off went the fan
No longer did it blow
So the itsy bitsy spider
Back up the wall did go

The itsy bitsy spider
Climbed up the yellow pail
In came a mouse
And flicked her with his tail
Down fell the spider
The mouse ran out the door
Then the itsy bitsy spider
Climbed up the pail once more

The itsy bitsy spider
Climbed up the rocking chair
Up jumped a cat
And knocked her in the air
Down plopped the cat
And when he was asleep
The itsy bitsy spider
Back up the chair did creep

The itsy bitsy spider
Climbed up the maple tree
She slipped on some dew
And landed next to me
Out came the sun
And when the tree was dry
The itsy bitsy spider
Gave it one more try

The itsy bitsy spider
Climbed up without a stop
She spun a silky web
Right at the very top
She wove and she spun
And when her web was done
The itsy bitsy spider
Rested in the sun


Ps: Quem sofrer de aracnofobia... que me desculpe.

Canção do dia

Bonfires dot the rolling hillsides
Figures dance around and around
To drums that pulse out echoes of darkness
Moving to the pagan sound.

Somewhere in a hidden memory
Images float before my eyes
Of fragrant nights of straw and of bonfires
And dancing till the next sunrise.

I can see the lights in the distance
Trembling in the dark cloak of night
Candles and lanterns are dancing, dancing
A waltz on All Souls Night.

Figures of cornstalks bend in the shadows
Held up tall as the flames leap high
The green knight holds the holly bush
To mark where the old year passes by.

Bonfires dot the rolling hillsides
Figures dance around and around
To drums that pulse out echoes of darkness
Moving to the pagan sound.

Standing on the bridge that crosses
The river that goes out to the sea
The wind is full of a thousand voices
They pass by the bridge and me.


"All Souls Night", Loreena McKennitt

(...)

You're in my mind
all the time
I know that's not enough
And if the sky should crack
There must be some way back
To love and only love


"Electrical Storm", U2 - foi a canção que me acompanhou no carro esta manhã. Há dias em que a chuva não faz a mais pequena diferença.

30 outubro 2003

Ufa!!

Cá estou eu, de vassoura em punho, cheio de pó e teias de aranha, após mais uma limpeza no Convento. Desta vez foi devido ao "Dia das Bruxas.

A Abadessa do Convento resolveu fazer uma merendita íntima com os 3 visitantes diários que temos, e eu, euzinho que descansadito estava, é que tive de andar a preparar as coisitas. É a vida de um pobre abade em época de pré-reforma.

Isto de se ter de limpar o Convento é muito chato. É que não parecendo ainda são uns bons metros quadrados e eu já não tenho idade para andar por aí de rabo para o ar a varrer e a limpar debaixo dos móveis. Vou pedir ajuda à Drª Manuela Ferreira Leite, a ver se ela me dá umas dicas, visto que ela é perita em limpar os portugueses.

Eu queria apenas uma capelita, um T2 ou um T3 com vista para o céu, mas herdei este convento de um tio, o abade D. Teocrácio de Marmelos e, visto que os seus 23 filhos, todos de mãe diferente, foram sempre registados com pai incógnito... sobrou para mim, seu sobrinho, filho do irmão mais novo, o único familiar (registado) vivo.

E pronto, desde essa altura, é o meu dever zelar por estas paredes cinzentas e frias, mantendo o convento em boas condições para nos albergar e a quem nos visitar.

Amanhã...

...é a Noite das Bruxas - a minha festa preferida por motivos que amanhã explicarei. Vou decorar o Convento a preceito e procurar umas coisinhas interessantes para escrever.

Entretanto, não sei onde pára o senhor abade João que ficou de me ajudar com as decorações... :(

Ao Rui

Caro Rui,

Muito obrigada pelo teu simpático comentário ao post que escrevi sobre a Clarinda. Já agora, muito obrigada à Ana e à Cláudia também - os vossos comentários emocionaram-me, é bom saber que há quem nos entenda e sinta coisas parecidas com as que sentimos e nem sempre sabemos trocar por palavras.

Mas, voltando ao Rui, não posso concordar mais com o que dizes. O sangue não significa nada quando falamos de amor. Nós não sabemos se aqueles a quem chamamos pais são, de facto, os nosso pais biológicos, mas mesmo que nos dissessem que não, mesmo que nos apresentassem uma nova família e dissessem "Tu nasceste destas pessoas, é a elas que pertences porque partilham o mesmo sangue", tenho a certeza de que continuaríamos a amar as pessoas com quem fomos criados desde pequenos com o mesmo amor, porque o amor não nasce no sangue, nasce na alma. É imaterial e todas as expressões físicas de que dispomos para o demonstrar, não dão sequer uma pálida ideia daquilo que sentimos. O amor é um icebergue - a maior parte está escondida debaixo das águas e só quem nos conhece bem consegue ver através delas.

"Parir é dor, criar é amor". Não há expressão mais verdadeira. Acredito que gerar um filho e dá-lo à luz signifique uma partilha única entre pais e filho que eu não posso entender ou explicar porque nunca fui mãe. Mas adoptar uma criança não é um acto menor de amor. Gostaria de adoptar uma criança, um dia. Não importa a idade, o sexo, a cor. Se ela fosse gerada por mim, eu também não teria escolha, não é verdade? E qualquer criança, em qualquer idade precisa de amor.

Sinto que fui um pouco adoptada pela Clarinda, tal como a minha mãe, irmã e sobrinhos. Sinto que tive todo o seu amor e isso conforta-me. Os verdadeiros milagres somos nós que os fazemos. Quando é retribuído, todo o amor que damos não se esgota, antes cresce cada vez mais porque ele é a sua própria fonte.

(...)

Só uma pequena achega ao post do João sobre prevenção do cancro da mama. É preciso que fique bem claro que os homens também podem ter cancro na mama, embora isso aconteça em menor percentagem.

Por isso, meus senhores, a prevenção também se aplica a vocês. E não me venham com argumentos machistas, que isso já está ultrapassado (se é que alguma vez foi actual...).

Eu sei que o texto anterior fala nos homens, mas é o tipo de ideia que convém sublinhar porque ainda está pouco divulgada.

Hoje

é o Dia Nacional da Prevenção do Cancro da Mama.

O cancro da mama é um problema grave de saúde pública e a sua frequência tem aumentado, sobretudo nos países mais industrializados. Actualmente, em Portugal, 1 em cada 13 sofre desta doença ao longo da sua vida. Todos os anos mais de 3.500 mulheres engrossam a lista de doentes que sofre este tipo de cancro em Portugal sendo a principal causa de morte entre as mulheres acima dos 45 anos.

No nosso país, a incidência de cancro da mama varia um pouco com as regiões, mas ronda os 60 novos casos por ano por 100 mil habitantes, o que significa três mil novos casos da cancro da mama por ano.

O pior é que estes números têm tendência a aumentar, resultado da mudança de estilos de vida, e os mais recentemente identificados, problemas genéticos e hereditários. Outros factores de risco igualmente considerados são a obesidade, a alimentação desregrada, o tabaco e o álcool, o trauma da mama, as injecções virais e o elevado estado sócio-económico.

Só há uma maneira de combater esta problema: alertar as pessoas (sobretudo as mulheres, mas também os homens) para a necessidade de prevenir o cancro do mama, através de, entre outras acções, realizar uma mamografia e até mesmo o auto-exame. Com efeito, entre 80 a 90% dos cancros da mama são curáveis quando detectados precocemente.


in SAPO

Vivemos

num


Tempo de reflexão

29 outubro 2003

Ainda sobre a "Liga"

Não é que o filme mereça grandes considerações, se bem que rever o Sean Connery é sempre agradável (para mim pelo menos é...), mas tem o mérito de ressuscitar os heróis da literatura de aventuras do séc. XIX (ia a escrever "do século passado", parece que nunca mais me convenço de que já estou no séc. XXI), com uma grande lacuna: o Sandokan não faz parte da Liga! E é uma pena porque a escrita de Salgari é colorida, dinâmica, émpolgante, mas pode ser que haja uma sequela - por isso, deixo desde já a sugestão aos argumentistas de Hollywood, que, não duvido, são frequentadores assíduos deste Convento ;)

O mérito do filme, foi dar-me uma vontade irresistível de ir à prateleira mais alta da estante e procurar os livros de Júlio Verne e de Mark Twain - sim, porque, o "Dorian Gray", os de H.G. Wells, o "Dracula" de Bram Stoker e as "Minas de Salomão" estão em prateleiras mais baixas, talvez porque tenham sido lidos mais tarde e quanto ao "Médico e o Monstro" devo tê-lo emprestado e, como não me lembro a quem, creio que não voltarei a vê-lo. É engraçado: achava que os meus livros estavam desarrumados, afinal descubro que não - estão ordenados pelas minhas idades, pela época em que foram lidos.

De todos recomendo as "Minas de Salomão", mas a tradução de Eça de Queiróz. Raros são os casos em que uma tradução enriquece o original. Este é o melhor exemplo que conheço.

Entretanto, tive uma ideia: como será a "Liga de Cavalheiros Extraordinários" do séc. XX? Homem-Aranha, Super-Homem, Capitão América, Mulher-Maravilha, Flash Gordon, Demolidor e Incrível Hulk? Não será um bocado suspeito que todos sejam heróis de BD? Para onde foi a literatura de aventuras?

Clarinda

Hoje é o aniversário da minha terceira avó. Já não vive na terra, mas gosto mais de me lembrar da data do nascimento das pessoas do que da data da sua partida. A Clarinda foi a segunda mulher do meu avô e, durante os poucos anos em que viveu connosco, foi um exemplo de puro amor.

Era alta, elegante, dona de uns esplêndidos olhos azuis. Sempre alegre e optimista, sempre disposta a dar tudo o que tinha. E tinha muito! Amor, atenção, carinho, conselho. Nunca lhe faltava o tempo, nunca lhe faltaram as palavras.

Nasceu em Barcelos e veio jovem para a cidade. Não para servir como era habitual, mas escondida na caravana de um circo. E artista de circo se tornou. Era contorcionista e equilibrista. Consta que muitos se apaixonaram por ela, pela bela figura de cabelos pretos até à cinta e sorriso pronto e sincero. O primeiro casamento foi infeliz e ela nunca falava sobre isso. Muitos anos depois conheceu o meu avô. O mais curisoso é que nem eu, nem a minha mãe ou a minha irmã achámos estranho ou de alguma forma chocante que outra mulher viesse tomar o lugar da minha avó. Pelo contrário: a Clarinda trouxe-nos tanta alegria, tanto amor, que foi como se um enorme jacto de luz violeta entrasse pelas nossas almas para as aquecer e confortar.

Costuma dizer-se que existem pessoas "do Bem". A Clarinda era o Bem, sem qualquer sombra de dúvida. As pessoas não se substituem e a Clarinda foi sempre a primeira e mais sincera a prestar homenagem à minha avó. Hoje é justo que lha preste a ela também. Tenho saudades dela, todos temos. Sepultámo-la junto aos meus avós. Para mim foi uma avó, embora nunca tenha conseguido chamá-la assim.

O amor incondicional é das coisas mais raras e bonitas à face da terra e, se nem todos temos a sorte de poder senti-lo, são muito menos os que de entre nós, são capazes de o dar. Ela era.

Poema do Dia

De amor nada mais resta que um Outubro
e quanto mais amada mais desisto:
quanto mais tu me despes mais me cubro
e quanto mais me escondo mais me avisto.

E sei que mais te enleio e te deslumbro
porque se mais me ofusco mais existo.
Por dentro me ilumino, sol oculto,
por fora te ajoelho, corpo místico.

Não me acordes. Estou morta na quermesse
dos teus beijos. Etérea, a minha espécie
nem teus zelos amantes a demovem.

Mas quanto mais em nuvem me desfaço
mais de terra e de fogo é o abraço
com que na carne queres reter-me jovem.


Natália Correia

28 outubro 2003

Dar sangue

Ontem fui doar um pouco do meu ARh+. Sou daquelas pessoas que não suporta ver sangue e detesta agulhas, mas nunca me recuso a doar sangue. É sobre isso que quero falar-vos um pouco.

Depois da doação (e enquanto recuperava da quebra de tensão) conversei com os técnicos do Instituto Português de Sangue (simpatiquíssimos e excelentes profissionais) e descobri que continua a faltar sangue nos hospitais portugueses. As pessoas, por preguiça, por receio ou pura e simplesmente por desconhecimento, continuam a não querer doar um pouco do seu sangue. No dia 15 de Outubro, falámos de leucemia e, consequentemente da doação de medula óssea. Pois deixem-me que vos diga: doar sangue é ainda mais fácil.

Basta que se dirijam ao IPS (em Lisboa fica no campus do Hospital Júlio de Matos, no agora "Parque de Saúde de Lisboa") e digam ao que vão. Depois de fazerem os testes (uma simples picada no dedo para verificar o nível de hemoglobina) e da consulta médica, bastam 15/20 minutos para que a doação esteja feita. Não doi, não prejudica em nada, os riscos são mínimos e os benefícios imensos. Depois da doação terão direito a um belo lanche, com direito a bolinhos, bolachinhas, sumos, café, etc, e ainda receberão um cartão de dador que confere imensos benefícios, nomeadamente em serviços hospitalares. E se isto não chegar, saibam que ainda podem fazer "gazeta" o resto do dia, basta pedir um documento justificativo. Só vantagens, portanto.

Não é preciso ter medo. Desta vez senti-me mal por culpa minha (não tinha tomado o pequeno-almoço), mas fui tão bem tratada que nem dei por nada. Todo o processo é confidencial e os testes são feitos com uma margem larga de segurançaa para o doador, ou seja, se por qualquer motivo os médicos acharem que o doador não está 100% apto, não prosseguirão para a doação.

E, se tudo isto não fosse suficiente, saibam que com este gesto simples, vidas podem ser salvas, quem sabe atá a de alguém que vos é próximo ou mesmo a vossa própria vida. Por favor não pensem que Portugal já tem doadores suficientes e que o vosso gesto não fará diferença. Acreditem que fará toda a diferença do mundo!

Somos todos elos de uma mesma corrente. É por causa das nossas acções que ela fica mais forte a cada dia que passa. Vamos dar aos outros a solidariedade que também gostamos de sentir quando as coisas simplesmente não nos correm tão bem como gostaríamos.

27 outubro 2003

Grandes Verdades II

Não digas às pessoas o modo como as coisas devem ser feitas. Diz-lhes antes quais as coisas que há para fazer. Não imaginas as soluções criativas de que muitas pessoas são capazes.

Nunca desistas do que te propuseste fazer. Quem tem grandes sonhos é mais forte do que quem tem todas as realidades.

Define bem as tuas prioridades. Podes ter a certeza que à hora da morte, nunca, ninguém disse:"Se ao menos eu tivesse estado mais tempo no escritório".


in Pequeno Livro de Instruções para a Vida, Editora Gradiva

Pois é, pois é...

Ao que parece, segundo uma notícia do Correio da Manhã, as prostitutas querem pagar impostos. Isto, porque para a aquisição de um crédito bancário precisam de apresentar uma declaração de rendimentos. Sendo assim, estão a ser "aconselhadas" pelos serviços do Fisco a tributarem-se usando como pano de fundo «outras actividades de serviços» ou «serviços não especificados». Passando a ser colectadas, podem optar por dois regimes de tributação, sendo que em ambos é obrigatória a passagem de recibos.
Já estou a ver as crises conjugais que tal medida pode provocar. Um recibo esquecido, umas calças para lavar...

Quem está radiante com a medida é a Dra. Manuela Ferreira Leite, que pensa que com este novo afluxo de euros, talvez Portugal consiga cumprir a meta do défice público imposta pelo Pacto de Estabilidade e Crescimento.

26 outubro 2003

Ontem

vi a "Liga de Cavalheiros Extraordinários". Gostei do filme, mas ficou aquém das minhas expectativas. Com um leque de personagens de tal gabarito: Rodney Skinner (o homem invísivel), Allan Quatermain (o tal das Minas de Salomão), Tom Sawyer (desta vez sem Huckleberry Finn), Dr. Henry Jekyll ( e a sua metade Mr. Hyde), Cp. Nemo (e o seu submarino nuclear Nautilus), Dorian Gray (com o seu retrato) e a bela Mina Harker (a "namoradinha" de Drácula), decerto que se poderia esperar um filme espectacular em todos os aspectos. Com personagens tão ricas e diferentes entre si, o argumento deveria ser muito melhor do que é na realidade.
De realçar, que não é preciso ler "As Minas de Salomão" de Sir Henry Rider Haggard, "As 20.000 léguas submarinas" de Júlio Verne, "O Homem Invisível" de H.G. Wells, "As aventuras de Tom Sawyer" de Mark Twain, "Dr. Jeckyll e Mr. Hyde" de Robert Louis Stevenson, "O retrato de Dorian Gray" de Oscar Wilde ou "Dracula" de Bram Stocker para se ver o filme, mas ajuda a perceber as personagens, os seus pontos fortes e fracos.

Canção do dia


Lembram-se do videoclip?


Ice
Your only rivers run cold
These city lights
They shine as silver and gold
Dug from the night
Your eyes as black as coal

Walk on by
Walk on through
Walk 'til you run
And don't look back
For here I am

Carnival
The wheels fly and the colors spin
Through alcohol
Red wine that punctures the skin
Face to face
In a dry and waterless place

Walk on by
Walk on through
So sad to besiege your love so head on
Stay this time
Stay tonight in a lie
I'm only asking but I...
I think you know
Come on take me away
Come on take me away
Come on take me home
Home again

And if the mountain should crumble
Or disappear into the sea
Not a tear, no not I

Stay in this time
Stay tonight in...
Ever after, this love in time
And if you save your love
Save it all

Don't push me too far
Don't push me too far
Tonight
Tonight
Tonight...


U2, The Unforgettable Fire

24 outubro 2003

Grandes diferenças I

Acabo de ler a carta que o pai de um aluno “caloiro” do ISEC escreveu à Ministra da Ciência e Ensino Superior descrevendo os abusos sofridos pelo filho durante a praxe deste ano.

Não posso dizer que tenha ficado surpreendida com o que li, porque há muito que sei que as praxes não passam de uma enorme crueldade, exercida por alunos que, tendo sofrido abusos, procuram exorcisar as frustrações passando-as para os novos colegas, com o argumento de que as praxes servem para facilitar a “integração” dos “caloiros” nas faculdades...

Desta vez, entre outras formas de “integração”, os “veteranos” do ISEC obrigaram os novos colegas a despir-se e a mergulhar o sexo num copo de água que seria bebida pelo colega do lado. Não sei quem terá sido o autor de tão retorcida brincadeira, mas não duvido que, se o Dr. Freud fosse vivo, tiraria sem dúvida ilações interessantíssimas sobre a maneira como funciona aquela cabecita perversa!

Mas o que torna esta notícia deveras interessante, é que um outro “caloiro” do ISEC (não sabemos se também sujeito à mesma “integração”) vem a público dizer que tudo não passa de um enorme exagero pois na verdade existiam dois copos: um no qual os alunos mergulhavam o pénis e outro por onde bebiam.

Ora, quando um grupo de alunos é obrigado a despir-se numa casa de banho pública, em frente a pessoas que nem sequer conhece, atar um cordel ao sexo, mergulhá-lo num copo de água e depois forçado a beber, o facto de afinal existirem dois copos faz realmente toda a diferença!

(Portugal, séc. XXI)

O Mestre...

não te responde porque foi bem educado. É que sempre lhe disseram que não se fala com a boca cheia! E como podes verificar ele está a mascar pastilha elástica. Se preferires podes sempre falar com um dos outros residentes na rubrica "Desabafe com...". Este coça um bocado a orelha, mas é apenas para te escutar melhor.

Ó sô Tasqueiro, fáxavor!

Venho por este meio protestar com o Tasqueiro aqui do lado (a propósito, se nunca foram à Tasca da Cultura, não sabem o que estão a perder), mais concretamente com a "rubrica" "Desabafe com".

Pois chego eu à dita Tasca, com o coração revoltado e a alma em fúria por ter uma nota pendurada há quase dois meses e eis que decido desabafar com uma das eminentes personalidades disponíveis. Bato à porta do Mestre que me pareceu ser o mais fiável e também o mais apropriado para o desabafo em questão (o exame cuja nota se encontra pendurada é Economia e Sociedade de Portugal Medievo) e começo a desfiar o meu rosário de penas e queixas.

O Mestre ouvir-me, ouviu-me, disso não tenho dúvidas, mas não me deu feedback. E uma pessoa, nestas ocasiões, não quer só ser escutada, também precisa ouvir palavras de encorajamento e simpatia. Pois, meus senhores, esperei, esperei, desabafei e desabafei e o Mestre nada! Nicles, népias, nienta, nadita de nada. Lá estava, de olhar esgazeado e mãozinhas postas, a olhar-me de esguelha, mas palavras, viste-as!

Eu sei que o Mestre já é muito antigo, que teve uma vida intensa e desgastante, cheia de batalhas para correr com os castelhanos, cinco crianças para educar, uma mulher inglesa, com o inevitável choque de mentalidades e culturas, um reino desgovernado para governar, e a conquista ultramarina a começar, enfim muita coisa em que pensar que talvez, passados seis séculos, o tenham deixado com pouca paciência para escutar os meus dilemas. Mas nem uma palmadinha nas costas? Não me conformo, pronto!

Assim, sugiro ao senhor Tasqueiro que reveja o "Desabafe com" e, se for caso disso, despeça o Mestre. Sei lá, dê o lugar ao filho, D. Duarte, que passou à História como "Eloquente". Pode ser que ele me dê as razões que preciso.

Letra (canção) do Dia

Não é possível que você suporte a barra
De olhar nos olhos do que morre em suas mãos
E ver no mar de debater em sofrimento
E até sentir-se um vencedor nesse momento.

Não é possível que no fundo do seu peito
Seu coração não tenha lágrimas guardadas
Pra derramar sobre o vermelho derramado
No azul das águas que você deixou manchadas.

Seus netos vão te perguntar em poucos anos
Pelas baleias que cruzavam oceanos
Eles viram em velhos livros
Ou nos filmes dos arquivos
Dos programas vespertinos de televisão.

O gosto amargo do silêncio em sua boca
Vai te levar de volta ao mar e a fúria louca
De uma cauda exposta aos ventos, em seus últimos momentos
Relembrada num troféu em forma de arpão.

Como é possível que você tenha coragem
De não deixar nascer a vida que se faz
Em outra vida que sem ter lugar seguro
Te pede a chance de existência no futuro.

Mudar seu rumo e procurar seus sentimentos
Vai te fazer um verdadeiro vencedor
Ainda é tempo de ouvir a voz dos ventos
Numa canção que fala muito mais de amor.


As baleias, Roberto Carlos/Erasmo Carlos

Apeteceu-me... gosto da letra, acho-a uma das mais belas letras escritas.

(...)

Às vezes no silêncio da noite
Eu fico imaginando nós dois.
Fico ali sonhando acordado
Juntando o antes, o agora e o depois.
Por que você me deixa tão solto?
Por que você não cola em mim?
Tô me sentindo muito sozinho,
Não sou nem quero ser o seu dono,
É que um carinho às vezes faz bem.
Eu tenho meus desejos e planos secretos,
Só abro pra você, mais ninguém.
Por que você me esquece e some?
E se eu me interessar por alguém?
E se ela de repente me ganha?
Quando a gente gosta
É claro que a gente cuida,
Fala que me ama,
Só que é da boca pra fora.
Ou você me engana,
Ou não está madura,
Onde está você agora?


23 outubro 2003

Ontem julguei ter visto a luz
Nas horas brancas conduzi o despertar
E fui subindo a escada
Que me separa do meu fim.

Abandonei quem já passou
Fechei os olhos e previ o que encontrei
E foi nesta viagem
Que eu percebi que não estou só ....


Jorge Palma

Chocólatras anónimos

Muito se fala de vícios nos tempos que correm. Há quem defenda que os mais comuns são fruto da vida moderna, acelerada e impiedosa, que nos provoca neuroses e frustrações e a necessidade crescente de procurar escapes e novas formas de descontrair. Regra geral, quando se fala de vícios, há três que nos saltam à ideia de imediato: droga, álcool e tabaco. Talvez por serem os que detém maior número de "adeptos", ou talvez porque são os que se tornam mais visíveis. Não é desses vícios que quero falar, mas sim de outro muito mais avassalador embora discreto (pelo menos num estado inicial), o vício do chocolate. A chocomania ou chocolatria que vai ganhando cada vez mais adeptos, incluindo esta que vos escreve.

É verdade. A droga nunca me entusiasmou, embora tenha experimentado um vasto catálogo de substâncias ilícitas na minha (já ligeiramente difusa) juventude. A bebida entusiasma-me menos, confesso. Não gosto de vinho, as cervejas sabem-me todas a levedura, acho as bebidas brancas boas para desinfectante e os licores provocam-me enjôos. Quanto ao tabaco, confesso que gosto de "cravar" um ou outro cigarrito quando saio ou estou mais ansiosa (e não tenho chocolate à mão...). Mas o chocolate...Ai, o chocolate, caros amigos! Esse tira-me do sério!

Sou consumidora ávida e compulsiva de todos os tipos de chocolate conhecidos da humanidade. Na verdade, prefiro o preto, amargo, do tipo que se usa em culinária, mas se não houver desse, pode ser outro qualquer. Branco, preto, de leite, com amêndoas, com passas, com recheio, com bolo, com gelado, em mousse, em creme, em barra, líquido, com cereais, com fruta, enfim, de todas as maneiras possíveis e imaginárias (e desconfio que existem mais maneiras de comer chocolate do que de cozinhar bacalhau...), se for chocolate, "marchou".

E isto é um problema. Primeiro porque, como acontece com as pessoas normais, quando consumo chocolate, engordo (sim, eu sei que andam por aí umas aberrações da natureza que comem tabletes às dúzias e ficam magrinhas na mesma). Segundo, porque tenho uma estranha alergia à dita substância, diagnosticada desde tenra idade: o chocolate provoca-me tosse. Não imagino nada mais cruel, nefasto, irónico, enfim, do que ser alérgica à coisa que mais gosto de comer no mundo inteiro!

Em suma, tudo isto para dizer que o chocolate também pode ser um vício, grave, prejudicial à saúde como os outros e, em casos extremos, indutor da morte (por congestão, por exemplo). Não é matéria para rir! Aposto que, tal como eu, dezenas, centenas, milhares de chocólatras anónimos vagueiam por essa blogosfera e neste momento, enquanto me lêem, vão chupando ruidosamente os dedos e descascando mais um bombom (pelo menos mais uma eu sei que existe, que ela já me confessou o vício, mas não vou revelar nomes, se ela quiser que se solidarize comigo neste lamento).

É dramático, atroz, horrendo! Um chocólatra ama e odeia o chocolate ao mesmo tempo. Não pode vê-lo, mas não consegue resistir-lhe. Tem chocolatinhos escondidos por todo o lado e corre a casa toda em fúria até encontrar aquele bombonzinho bolorento e ressequido que sobreviveu ao Natal passado porque caiu para trás do móvel, e devora-o sofregamente, da mesma maneira que, antes do Natal, comeu todas as cabeças e asas das "Fantasias de Natal" penduradas na árvore.

Por todas estas tristes figuras e por muitas mais razões que não tenho coragem de descrever, lanço o repto: chocólatras anónimos, uni-vos! Vamos formar uma associação, um espaço onde possamos falar abertamente das nossas compulsões e consolarmo-nos uns aos outros. As inscrições podem ser feitas neste blog a partir de agora.

Toda esta prosa cansou-me. Acho que vou comer um "Milk Tray" para compensar...

Hakuna Matata!


Timon


De repente fiquei com saudades destes dois.
Quem mais é que chorou no "Rei Leão"? Mais ninguém além de mim?
Não acredito...

Banda sonora original do dia

"Incantations" de Mike Oldfield - foi a música que me acompanhou no carro esta manhã. Há dias que começam melhor do que outros.

22 outubro 2003

Canção do Dia

Em cada gesto perdido
Tu és igual a mim
Em cada ferida que sara
Escondida do mundo
Eu sou igual a ti

Fazer pintura de guerra
Que eu não sei apagar
Pintas o sol da cor da terra
E a lua da cor do mar

Em cada grito da alma
Eu sou igual a ti
De cada vez que um olhar
Te alucina e te prende
Tu és igual a mim

Fazes pinturas de sonhos
Pintas o sol na minha mão
E és mistura de vento e lama
Entre os luares perdidos no chão

Em cada noite sem rumo
Tu és igual a mim
De cada vez que procuro
Preciso um abrigo
Eu sou igual a ti

Faço pinturas de guerra
Que eu não sei apagar
E pinto a lua da cor da terra
E o sol da cor do mar

Em cada grito afundado
Eu sou igual a ti
De cada vez que a tremura
Desata o desejo
Tu és igual a mim

Faço pinturas de sonhos
E pinto a lua na tua mão
Misturo o vento e a lama
Piso os luares perdidos no chão


Tatuagens, Mafalda Veiga

Grandes momentos de televisão I

Parece que a Manuela Moura Guedes ouviu uma reprimenda do Miguel Sousa Tavares por não o deixar cumprir a nobre tarefa para a qual é regiamente pago pela TVI, comentar (Jovem! Se queres uma profissão de futuro, vem comentar! Comenta tudo e mais alguma coisa e vem juntar-te a uma equipa de sucesso que já actua nos quatro principais canais nacionais). Digo "parece", porque não vejo a TVI, deixo esse prazer sado-maso para os meus pais...Eles gostam...

Mas queria dizer que acho mal! Acho muito mal! Parece-me que a referida senhora (que realmente não deve ser jornalista, a menos que o curso lhe tenha saído em qualquer caixa de Cérélac - temos de actualizar as expressões e a farinha Amparo, com muita pena minha, já não é o que era...) devia ser linchada em praça pública, não pela maneira horrorosa como apresenta os telejornais, nem pelos disparates que lhe saltam da boca como gafanhotos ao Dr. Mira Amaral, e muito menos por interromper o Miguel Sousa Tavares (que devia dedicar-se à escrita e deixar os comentários para outros que não têm tanto jeito para escrever) mas sim por andar por aí a dizer a quem ainda a
quer ouvir que usa peles de animais no vestuário e que se orgulha disso.

Isto sim, parece-me grave. O resto não. Uma reprimenda de vez em quando acalma os ânimos e controla os egos com a mania que são super-egos.

Crueldade intolerável

Não, não vou falar do filme dos irmãos Cohen que deve estar prestes a estrear em Portugal. Vou falar do caso horrendo da morte de mais uma criança devido a maus tratos. Desde domingo, quando ouvi a notícia pela primeira vez, que pondero se deva ou não escrever qualquer coisa. Já muito se escreveu e muito mais se disse, não apenas sobre esta menina de 30 meses que nunca foi amada nem sequer desejada, mas sobre outros casos, perdão, outras crianças - sim, porque uma criança não é nem pode nunca tornar-se apenas num mero "caso" - que, a um ritmo assustador, vêm a lume e nos revelam os monstros que vivem entre nós e passam despercebidos no dia a dia.

No entanto, e por estranho que pareça, quanto mais se fala sobre pedofilia, maus tratos e total desrespeito e desamor pelas crianças, menos coisas acontecem no sentido de prevenir e punir os agressores. Se calhar, não se está a falar o suficiente. Se calhar, Buda tinha razão e as palavras podem mesmo mudar o mundo, mas quando deixamos as nossas palavras para os outros ou simplesmente as calamos porque achamos que nada temos a acrescentar a tudo o que já foi dito, estamos a fazer com que o mundo pare ou ande mais devagar.

Na verdade não tenho nada a acrescentar sobre esta notícia. Lamento profundamente a morte desta criança, lamento ainda mais a vida que lhe deram. Imagino o seu olhar, que todos quantos a conheciam diziam ser triste. Não consigo imaginar a dor por que terá passado, digo dor em vez de dores, porque imagino a sua vida como uma única dor, imensa, compacta e sufocante. Não sinto pena da mãe, muito menos do pai e da madrasta, não sinto pena de mais ninguém. Só dela, a quem deram a oportunidade de vir ao mundo, mas negaram a de viver.

Não posso dizer nada de novo, nada que já não tenha sido dito. Não encontro soluções mágicas, mas não quis deixar de falar porque se as nossas palavras não podem fazer milagres, podem pelo menos servir para reforçar uma ideia, um protesto, um pedido ou uma exigência. Duas vozes consonantes chegam mais longe do que uma.

Por favor não se calem, não pensem que não vale a pena ou que é de mau gosto falar destas coisas até à exaustão. Lembrem-se de que muitas crianças abusadas e maltratadas nem sequer falam ainda e podemos ser nós as únicas vozes que as defendem. Falem, gritem, o mais alto que possam porque talvez quando as vozes e os gritos se tornarem intoleráveis para quem está mais perto do poder no sentido institucional da palavra, alguma coisa se faça no sentido de salvaguardar as nossas crianças acima de tudo.

Não tenho filhos. Não sei se chegarei a tê-los. Por isso, estas crianças a quem já chamam os meninos de ninguém, serão os meus filhos. Adoptem-nos também!

Para todos vocês uma grande e verdadeira ideia (a sério!)

As palavras podem destruir ou salvar. Quando as palavras são verdadeiras e bondosas, elas podem mudar o mundo.

(Buda)

Grandes mestres I

A mulher deve adorar o homem como a um Deus. Todas as manhãs, por nove vezes consecutivas deve ajoelhar-se aos pés do marido e, de braços cruzados, perguntar-lhe: Senhor que desejais que eu faça?

(Zaratustra, séc. VII a.C.)

O dia mais frio

Foi anunciado que hoje será o dia mais frio do Outono. Os meteorologistas gostam destas coisas. Dias mais frios, mais quentes, mais chuvosos, mais, e mais, e mais, e mais...Não faço ideia ser será ou não e, na verdade, isso também não me interessa muito, mas para aquecer alguns corações (incluindo o meu) deixo esta musiquita - uma das minhas preferidas.

Eu tenho um certo gozo em ver-te contente
Já sei que o meu sentimento é banal
Mas nem por isso o que eu digo
A meu ver é menos importante

Às vezes apetece-me oferecer-te um presente
Mas nem sempre calha
E quando calha é quase sempre
Aparentemente insignificante

Por exemplo gostava de te dar uma paisagem
Com camelos e mar ao fundo
Maravilhosa e serena
Tranquilamente estimulante

Mas como pintor sou um desastre
E como economista ainda mais decepcionante
Mesmo assim eu insisto em fazer parte
Do teu mundo

O boletim meteorológico anunciou calor
Não vou duvidar
Faz sentido no meu sistema solar

Imagina que eu sou um ilusionista
Que arranca coisas do chão, do chapéu, do coração
Talvez assim vejas em mim um homem novo
Todo elegante

O que na verdade sou e a verdade
Pode ser elevada à coisa sonhada
Reinventada por muito se querer
E eu quero ser o teu amante

Desta vez vou construir uma cama de espuma
Adequada à função de voar
Com limpa-pára-nuvens
Mesmo à altura do teu olhar

Se for preciso um pára-quedas arranjamos
Uns milagres em bom estado prontos a usar
Se achares que não valeu a pena, aí lamento
Mas não posso mesmo concordar

O boletim meteorológico anunciou calor
Não vou duvidar
Faz sentido no meu sistema solar


("Boletim Metereológico", Jorge Palma)

Grandes excepções I

Julgo tratar-se de uma situação excepcional que pode merecer um tratamento excepcional. As funções de interesse público, como são as do exercício de funções governativas, não deverão causar perturbações no percurso escolar da estudante que, tendo um percurso escolar em ensino secundário estrangeiro, deverá ser considerado relevante para não prejudicar expectativas criadas e dar igualdade de oportunidades à aluna.

(Extraído do ofício da Direcção Geral do Ensino Superior, dirigido ao Chefe de gabinete do Ministro da Ciência e do Ensino Superior, sobre o caso da filha do ex-Ministro dos Negócios Estrangeiros, Martins da Cruz, séc. XXI)

Lanche

Pois é. Não comemos tortitas :( Chegámos ao El Corte Inglés (Olé!) por volta das 19h e ficámos a saber que as tortitas são servidas apenas entre as 16 e as 18:30...Ao que parece, o cozinheiro precisa da chapa para confeccionar os jantares. Claro que perguntámos porque é que não arranjavam uma segunda chapa e a resposta foi rápida e certeira: porque não têm espaço! O El Corte Inglés (Olé!) sofre de falta de espaço. Quem diria?

Enfim, apesar de não ter havido tortitas, houve boa disposição e amizade. Conversámos, rimos, brincámos (fizémos guerra de perfumes com os "testers", chegámos a casa a deitar um pivete indescritível!), experimentámos chapéus de todos os feitios, enfim, fomos completamente infantis e absolutamente insuportáveis!

Cheguei a casa satisfeita, com a alma leve (apesar do cheiro...). Ver a Teresa bem disposta, cheia de vida e força fez-me bem. Apenas me entristeceu que não quisesse falar em projectos, por isso não falámos do futuro. Nem do passado. Nem de coisas sérias. Tínhamos a noção de que não estávamos a fugir de nada, apenas não nos apetecia fazê-lo.

Fomos deliciosamente fúteis e saboreámos cada minuto. Fomos crianças a rir alto e a fazer disparates. Durante aquelas horas, as coisas voltaram a ser simples e tudo era bom.

Dormi bem, de um sono só e acordei bem disposta. A vida não é para ser levada sempre a sério e as pessoas que ainda não se esqueceram de como se ri são mais felizes do que as outras.

"This message will self-destruct in 10 seconds"

Quem não se lembra desta frase, que marcava quase sempre o início de qualquer episódio (e mais tarde também os filmes) da Missão: Impossível.
Pois bem, parece que esta tecnologia vai deixar de ser um sonho cinéfilo, para se tornar realidade com o novo produto da Microsoft, Office 2003. Vai-se poder configurar um e-mail para se auto-destruir ao fim de determinado tempo, e até de inibir a sua impressão ou reencaminhamento.
O futuro perto de si... isto, desde que este novo software funcione... é claro!

21 outubro 2003

Conversas

- Está lá??
- Sim??
- Tou ?? Manel ?
- Sim.
- Pá, desculpa lá estar a ligar-te mas precisava falar com os senhores que nos estão a escutar!
- Hein?
- Pá, cala-te! Deixa-me falar.
- ...
- Pá, vocês, sim, vocês, os que me estão a escutar, são uns me&$%#. São todos uns me&$%#. Começa desde aquele gaijo que pensa que manda nesta me&$% toda e termina em vocês, seus me&$%#.
- Alô ?
- Cala-te! Porra! Eu quero é que vocês vão todos à ...
(Pi Pi Pi Pi Pi Pi Pi Pi)
- Me&$%. Desligaram!


Excerto de uma conversa que nunca teve lugar, nunca foi escutada, e muito menos publicada neste pequeno cantinho. Qualquer semelhança entre este diálogo e outros, tornados públicos nestes últimos dias, é pura coincidência.

O Instituto

de Metereologia alerta para a baixa de temperatura que se irá fazer notar já a partir de amanhã.
Estas notícias, foram no entanto bem recebidas por parte de alguns políticos da nossa praça, porque, segundo eles, poderão finalmente arrefecer as orelhitas, que tanto têm aquecido ultimamente.

Grandes ideias I

Quando morrer quero que o meu penis seja embalsamado e cremado, e
que as cinzas sejam espalhadas por estas praias do Algarve desde Lagos a Faro que é o meu território de caça! Deste modos as praias serão purificadas...Claro que haverá cinza suficiente!


(Zézé Camarinha, séc. XXI)

Grandes verdades I

Para a boa ordem da família humana, uns terão que ser governados por outros mais sábios que aqueles; daí a mulher, mais fraca quanto ao vigor da alma e força corporal, estar sujeita por natureza ao homem, em quem a razão predomina. O pai tem que ser mais amado do que a mãe e merece maior respeito porque a sua participação na concepção é activa, e a da mãe,simplesmente passiva e material.

(S. Tomás de Aquino, século XIII)

Get well soon!


De Niro


Hope's dashed to the floor like shattered teenage dreams.
Boys living next door are never what they seem.
A walk in the park can become a bad dream

People are staring and following me.
This is my only escape from it all:
Watching a film or a face on the wall.
Robert de Niro's waiting
talking italian.

I don't need a boy
I've a got a man of steel

Don't come any closer
I don't wanna feel.
You're breathing
you're touching
but nothing's for free

I never want this to happen to me.
Don't try to change me
you're wasting your time

Now I've got something much better in mind.
Robert de Niro's waiting
talking italian. . . .
A walk in the park can become a bad dream.


Bananarama, Robert de Niro's waiting

Hoje...

...vou lanchar com a Teresa, o Pedro e a Maria – o abade João não quer ir :(

Vamos ao El Corte Inglés (Olé!) ver se já há tortitas. As tortitas são uma espécie de panquecas servidas com natas batidas, chocolate e/ou compota. Para aqueles que nunca provaram, deixem-me que vos diga que ainda vivem nas trevas! Uma tortita acompanhada com chocolate quente, espesso e cremoso, com aroma de menta levanta a moral a qualquer pessoa! Bom, eu talvez substitua o chocolate por chá...ou não...não sei...talvez prove só uma colherzinha do chocolate do Pedro...ou talvez misture um bocadinho no chá...ou talvez não...Ai! Há decisões tão difíceis nesta vida!!!

Claro que, como algumas coisas verdadeiramente boas nesta vida, as tortitas são um prazer sazonal, pois os senhores do Corte só as fazem no Inverno, o que implica passar um Verão inteiro a salivar, qual cãozinho de Pavlov, sempre que se passa na António Augusto de Aguiar...Mas, como já estamos em meados de Outubro, lá vamos nós ao cheiro das tortitas – pode ser que tenhamos sorte.

Assim aqui fica a minha sugestão para um lanche de Inverno: metam-se no metro (sim, porque só a entrada para o parque de estacionamento do Corte já me provoca enjôos, sinto-me como um parafuso às voltas...), entrem no Corte, vão direitinhos à cafetaria e peçam tortitas. Têm é que se despachar porque a chapa onde as ditas maravilhas são preparadas é pontualmente desligada às 19h e não vale a pena pedir, suplicar ou exigir: o cozinheiro é intransigente. Se chegarem às 19:01 já não há tortitas para ninguém – mesmo que inventem que vieram da Bielorússia de propósito para as provar...

20 outubro 2003

Poema do Dia

Com um brilhozinho nos olhos
e a saia rodada
escancaraste a porta do bar
trazias o cabelo aos ombros
passeando de cá para lá
como as ondas do mar.
Conheço tão bem esses olhos
e nunca me enganam,
o que é que aconteceu, diz lá
é que hoje fiz um amigo
e coisa mais preciosa
no mundo não há.

Com um brilhozinho nos olhos
metemos o carro
muito à frente, muito à frente dos bois
ou seja, fizemos promessas
trocamos retratos
trocamos projectos os dois
trocamos de roupa, trocamos de corpo,
trocamos de beijos, tão bom, é tão bom
e com um brilhozinho nos olhos
tocamos guitarra
p'lo menos a julgar pelo som

E que é que foi que ele disse?
E que é que foi que ele disse?
Hoje soube-me a pouco. [x4]
passa aí mais um bocadinho
que estou quase a ficar louco
Hoje soube-me a tanto [x4]
portanto,
Hoje soube-me a pouco

Com um brilhozinho nos olhos
corremos os estores
pusemos a rádio no "on"
acendemos a já costumeira
velinha de igreja
pusemos no "off" o telefone
e olha, não dá p'ra contar
mas sei que tu sabes
daquilo que sabes que eu sei
e com um brilhozinho nos olhos
ficamos parados
depois do que não te contei

Com um brilhozinho nos olhos
dissemos, sei lá
o que nos passou pela tola [o que nos passou pelo goto]
do estilo és o "number one"
dou-te vinte valores
és um treze no totobola [és o seis do meu totoloto]
e às duas por três
bebemos um copo
fizemos o quatro e pintámos o sete
e com um brilhozinho nos olhos
ficamos imóveis
a dar uma de "tête a tête"

E que é que foi que ele disse?
...
E com um brilhozinho nos olhos
tentamos saber
para lá do que muito se amou
quem éramos nós
quem queríamos ser
e quais as esperanças
que a vida roubou
e olhei-o de longe
e mirei-o de perto
que quem não vê caras
não vê corações
com um brilhozinho nos olhos
guardei um amigo
que é coisa que vale milhões.

E que é que foi que ele disse?
...


Sérgio Godinho, Com um brilhozinho nos olhos

Poder verdadeiro


Madre Teresa


Na presença da Madre Teresa, todos nos sentimos, com razão, um pouco humilhados e envergonhados de nós mesmos
(Indira Ghandi)

Quando a vida e a obra de uma pessoa se confundem ao ponto de se tornarem indissociáveis; quando a mensagem de alguém ecoa e faz sentido em todas as línguas faladas no mundo inteiro; quando uma figura consegue impôr-se muito além de uma religião; quando uma mulher aparentemente frágil se entrega aos mais pobres entre os pobres e dá de si corpo, alma e vida, então temos a mais pura essência da santidade: o milagre da multiplicação do amor ao próximo.


"Até ao fim do mundo"
(inscrição no túmulo de D. Pedro I)

Eça de Queiróz dizia que, à excepção de Almeida Garrett, Portugal não era um país de dramaturgos porque éramos um povo sem espírito teatral. Em larga medida, isto continua a ser verdade. Consumimos pouco teatro, quer como espectadores, quer como leitores.

Assim, e me permitem, gostaria de deixar uma sugestão. "Pedro, o Cru" de António Patrício. Já conhecia algumas partes, ontem fiquei a conhecer o todo. É das coisas mais bonitas que alguma vez li. Intenso, sólido, romântico, real, apaixonado e cheio de vida. Escrever sobre a morte não é fácil. Dar-lhe vida, é obra de mestre.

Li a peça de um fôlego. Nunca tinha lido nada assim. Mais uma vez, muito obrigada professor José de Oliveira Barata!

It's just another manic Monday

Raios e coriscos. Porque é que quando estamos a dormir profundamente toca o despertador e temos de nos levantar para ir trabalhar? Porque é que ao fim de semana, quando podemos ficar a preguiçar na cama até tarde, normalmente acordamos cedo?

Eu detesto as 2ªs feiras!

19 outubro 2003

Vou

preguiçar para a cama.
Vou ler mais um pouquito da "História do Cerco de Lisboa" e quando o sono começar a tornar as letras difíceis, vou dormir. Amanhã, já é 2ª feira outra vez... infelizmente.



Loucos por amor

Ontem, fui mais a Sónia ver a peça de Sam Sheppard em cena no Teatro D. Maria II. Gostei. Aliás, o termo certo, será... adorei o texto. Está muito bem escrito.
De resto, vi o Marco Delgado, vi a Catarina, vi o Pedro Laginha, vi a Catarina, vi o Rui Morrison, vi a Catarina... e tornei a ver a Catarina. ;)
Quanto à representação, bem gostei do Rui Morrison. O Pedro Laginha está excelente. O Marco Delgado muito razoável... e a Catarina... bem, a Catarina... está muito bonita e empenhada como sempre em fazer um bom trabalho.

18 outubro 2003

Declaro...

...que o senhor João - a outra metade deste blog - foi formalmente designado meu revisor oficial. É que, segundo o rapaz, eu escrevo de rajada e não me dou ao trabalho de reler, o que provoca erros horrendos que ele - diligente! - vem atrás corrugir. Vá, amorzinho, corruge lá este ;)

Terço vivo

Hoje pelas 18:00h tem lugar o terço vivo no Estádio Nacional. Não sendo católica nem simpatizante da política do pontificado de João Paulo II, não posso deixar de me sentir solidária com os participantes no evento. É que o tempo não está a ajudar nada e com certeza vai afastar muitas pessoas. Espero que, apesar da chuva, o terço se realize e sirva os objectivos a que se propõe.

Espero ainda que o senhor La Féria, que vai encenar o evento, não desate a discutir com os participantes como é seu costume fazer com os actores com quem trabalha - é que não teria graça nenhuma ver as pessoas desertar por esse motivo.

Fora de brincadeiras, é bom perceber que nos dias que correm ainda existem convicções e quem não tenha medo de expressá-las. É que ser católico, tal como ser virgem, parece ser das tais coisas que algumas pessoas consideram fora de moda e ultrapassado.

Hoje

não me apetece fazer nada. Estou num estado "garfieldiano".
Dói-me a cabeça, estou preguiçoso, um pouco chateado com o tempo, enfim... estou num daqueles fins de semana em que me apetece afundar no sofá, fazer umas pipocas, acender a lareira e passar a tarde envolvido em videos ou dvd's.




17 outubro 2003

Mail alterado.... outra vez.

Alterei novamente o e-mail do Memorial... para o antigo: memorial@netcabo.pt.

Parece que a netcabo resolveu o problema que existia e já consigo aceder via web.

Peço desculpa, pelo incómodo.

"E isso é bom, não é !?"

Estava aqui sossegadito a dar uma voltita pelos blogs, para por a leitura em dia, quando leio a expressão "E isso é mau ?".

Não sei porquê, mas automaticamente disparou na minha cabeça o Simão Rubim, da Companhia Teatral do Chiado ("Reduzida"), vestido de Julieta, de cabeleira loura, a dizer "E isso é bom, nao é!?".
Quem já viu a peça de certeza que se recorda das gargalhadas que deu, quem não viu... vá ver antes que seja tarde demais. Vale a pena. De certeza que sairá bem disposto do teatro.

A peça chama-se ( se ainda precisar de apresentação) ...
"AS OBRAS COMPLETAS DE WILLIAM SHAKESPEARE (EM 97 MINUTOS)" .
Não serão bem 97 minutos... mas cada minuto extra vale o tempo dispendido.

Jantar

Meus caros,

No passado dia 15 aconteceu uma coisa rara e muito bonita. De repente, um grupo de estranhos uniu-se numa causa comum e, com ou sem conhecimento pessoal da doença, partilhou opiniões, emoções, histórias e memórias sobre a leucemia. Dessa iniciativa estão a nascer outras, como o "blog" Solidariedade que, embora partindo de uma (excelente) ideia da Catarina, se pode considerar como nosso - pelo menos é isso que se pretende, portanto toca a escrever e a produzir boas ideias!.

Assim, a Ana Anes teve a iniciativa (adoro mulheres com iniciativa!) de propôr um jantar onde todos os que participaram na "Acção leucemia" se possam conhecer no sentido real do termo (NOTA: "real" como oposição a "virtual", o que não significa que já não vos conheça um bocadinho por aquilo que escrevem). Quem sabe se não vamos ficar amigos pela vida fora?

O jantar terá lugar no próximo dia 1 de Novembro, no restaurante do Teatro Taborda, na Costa do Castelo, em Lisboa. Sugiro que nos encontremos pelas 21:00h no átrio do Teatro. Como não nos conhecemos (quer dizer, toda a gente conhece o José Carlos, mas o José Carlos não nos conhece...), sugiro que usemos uma fita azul na lapela, cor da liberdade de expressão, outra causa importante e pela qual lutamos diariamente nos nossos "blogs" (e não só).

Aguardam-se inscrições até ao próximo dia 27 de Outubro (no máximo!)

PS: O estacionamento é difícil para não dizer que é impossível na zona do Teatro. Não há bela sem senão...

South Park


South Park

Stan: Oh my god, they Killed Kenny!!
Kyle: You bastards!!


Assumo... adoro o South Park.
Adoro o Stan, o Kyle, o Cartman e o malogrado Kenny...

Aiiiiiiiiiiiiiiiiii!!!

Decididamente não estou nos meus dias hoje.

É que nem imaginam! Estou para aqui, a tentar escrever alguma coisa de jeito e não me sai nada, nicles, népias, nadinha de nada!

É aflitivo!

Queria escrever qualquer coisa minimamente esperta, mas desconfio que hoje só sai disparate. Acho melhor ficar quieta e calada e descontrair a ler os "blogs" das outras pessoas que, certamente estarão a ter dias melhores do que o meu - pelo menos, assim espero.

Viver duas vezes

No próximo dia 26 de Outubro, vamos viver uma hora das nossas vidas duas vezes. Portugal vai permanecer com o fuso horário alinhado com o Reino Unido e com a Irlanda, e sendo assim, no próximo dia 26 de Outubro à 02:00 os relógios deverão ser atrasados para a 01:00.
Vamos poder repetir uma hora nas nossas vidas, e quem se anda sempre a queixar de falta de tempo, terá nesse dia uma oportunidade extra para o aproveitar ao máximo.

E se alguém lhe perguntar: "Onde é que estava a 26 de Outubro de 2003 à 01:59?!", pode sempre responder:

- estava na rua e estava em casa.
- estava com a(o) amante e estava com a(o) esposa(o).
- estava acordado(a) e estava a dormir.
- estava a trabalhar e estava a descansar.
- estava a fazer amor e estava a dormir.

Enfim, tantas outras possíveis respostas e apenas uma hora para as "viver".

Quem trabalha de noite... bem, esses terão de trabalhar mais uma hora. Mais tarde será reposta a justiça.

Promessa ou Castigo !?

Segundo a edição de hoje do Record, um adepto alentejano do Benfica vai iniciar no sábado, em Campo Maior, a deslocação para Lisboa, para a inauguração do novo Estádio da Luz. Esta viagem será efectuada numa carroça, puxada por um macho (mulo), e será feita em várias etapas de cerca de 40 km diários.

Amigo alentejano... ouça lá... eu também sou do Benfica. Eu também gostava de ir ver a inauguração na nova Catedral do futebol. Mas explique-me lá.... que culpa é que o macho tem ?? Que mal é que o bicho lhe fez ??

Alteração de e-mail - CANCELADO

O mail do Memorial do Convento foi alterado.
Agora é memorial@mail.pt.



VOLTA A SER MEMORIAL@NETCABO.PT
Parece que o webmail já está a funcionar...

A primeira blogada do dia


tartaruga

Bom dia, blogosfera!

Hoje estou tão lenta, mas tão lenta que posso ouvir o meu próprio cabelo crescer - e sinto-me espantada com o seu ritmo frenético! Preciso desesperadamente de cafeína, de preferência por via oral, mas pode também ser por intra-venosa, que eu hoje não serei esquisita.

E não, não fui passear ontem (eu sei que a noite de 5ª feira é a noite mais "super-bem" de todas as noites da semana, mas eu sou pobrezinha e tenho de me levantar cedo à 6ª, portanto fico em casa (sim, porque isto sem pelo menos sete horas de sono é um desastre ainda maior!)) fiquei em casa numa maratona furiosa de leitura. "Viver para Contá-la" de Gabriel García Marquez é o meu primeiro livro de cabeceira neste momento.

O que é que eu posso dizer? Há pessoas que têm um dom...


16 outubro 2003

Canção do dia

O deserto, que atravessei
Ninguém me viu passar
Estranha e só, nem pude ver
Que o céu é maior
Tentei dizer, mas vi você
Tão longe de chegar
Mais perto de algum lugar

É deserto, onde eu te encontrei
Você me viu passar
Correndo só, nem pude ver
Que o tempo é maior
Olhei para mim, me vi assim
Tão perto de chegar
Onde você não está

No silêncio uma catedral
Um templo em mim
Onde eu possa ser imortal
Mas vai existir
Eu sei vai ter que existir
Vai existir nosso lugar

Solidão, quem pode evitar ?
Te encontro enfim
Meu coração, é secular
Sonha e desaba dentro de mim
Amanhã, devagar
Me diz como voltar

Se eu disser
Que foi por amor
Não vou mentir para mim
Se eu disser
"Deixa para depois"
Não foi sempre assim
Tentei dizer, mas vi você
Tão longe de chegar
Mais perto de algum lugar


Zélia Duncan, Catedral

*@%&$/ para a Microsoft

Passei a tarde toda a reinstalar o meu desktop. Formatei o disco e comecei tudo do zero.
Foi sistema operativo, depois patches de correcção, actualizações críticas, patches de correcção para as actualizações críticas, mais programinhas, mais um reboot practicamente entre cada update ou actualização... grrrrrrrr.
Qualquer dia converto-me ao Linux!


Tigger


Recebi agora a nota de um dos meus exames de Setembro. Tinha a certeza de ter chumbado e afinal...passei! Tive 13 ;)

Realmente sou péssima a avaliar o meu trabalho!...Felizmente :p

The wonderful thing about tiggers
Is that tiggers are wonderful things!

Loucos por Amor

Este Sábado vamos ao teatro. É das coisas que mais gosto de fazer. Adoro teatro! Tenho estado à espera desta peça em Portugal. Conheço o texto e o autor, Sam Shepard, um homem que muito admiro. Gosto do tema, gosto da história, gosto do limbo em que os persongens se movem. A frase promocional que acompanha o título é esta: "Mentira é quando pensas que é verdade. Se souberes que é mentira, então não estás a mentir".

A quem é que enganamos quando mentimos? Aos outros ou a nós?

Bragança...claro!

Eis que Portugal está, outra vez, a receber atenção internacional. Depois dos incêndios e dos ministros pedófilos do "Le Point", é a vez das meninas de Bragança terem honras de capa na revista "Time". Na minha opinião, o assunto era mais apropriado para a "National Geographic", mas não duvido que a "Time" tenha feito um belíssimo trabalho (não costumo ler a revista, confesso, sou muito fiel aos meus princípios e quem me tira a "Maria", rouba-me a vida!).

Há prostitutas em Bragança. E qual é a novidade? A maioria é brasileira. E depois? Um destes dias, numa carruagem do metro olhei à minha volta e reparei que era a única portuguesa lá dentro e, se querem saber, senti-me bastante feliz por viver num país tão colorido, só lamento que não tenhamos melhores condições para receber as pessoas que querem ficar a viver connosco.

Parece-me ridículo que um grupo de donas-de-casa e mães-de-família, armadas com moralismos e falsas dignidades ande por aí a fazer protestos e ameaças, desculpando sempre (como não podia deixar de ser) os queridos maridinhos. Minhas caras senhoras, os vossos esposos não foram drogados nem enfeitiçados! Sabem muitíssimo bem o que os espera e aguardam-no ansiosamente. Se, em vez de quererem linchar as meninas brasileiras, as senhoras dessem uma alegre e valente sova nos maridinhos, talvez eles pensassem duas vezes antes de voltar a prevaricar.

Talvez aconteça que, baralhadas com os vários "chapéus" que uma mulher nos dias que correm tem de assumir num só dia de vida (mãe, esposa, filha, trabalhadora, dona-de-casa, etc.), se tenham esquecido do mais importante de todos, aquele que nunca deve ser tirado e sobre o qual devemos colocar todos os outros: o de mulher.

E que tal se, em vez de lutarem para salvar os inocentes homens das garras das terríveis meretrizes brasileiras, começassem a lutar pelos direitos das mulheres? De todas as mulheres, prostitutas inclusivé?

Como mulher, apenas me ocorre pensar que o mundo é e continuará a ser dos homens, enquanto existirem mulheres assim, mais machistas, chauvinistas e conservadoras do que qualquer homem. Não sou a favor da prostituição, mas não gosto que as prostitutas sejam alvo de chacota ou de ataque. Acredito que devem ser defendidas até porque, se existem prostitutas, é porque existem clientes e esses nunca são gozados ou atacados. Porque será?

Tudo isto me entristece, lembra-me um filme que vi há algum tempo, "Maléna", de Giuseppe Tornatore. Acho que, no fundo, as mães de Bragança gostariam de ser mais esbeltas, mais bonitas de ter outros atributos para "enfeitiçar" os homens e talvez até os tenham, mas como os consideram indecentes e pecaminosos não os mostram e acabam por se esquecer que existem.

Gostava de ver Portugal ser capa de revista por outros motivos, mais importantes, mais dignos. Como já tenho dito, não sou dada a nacionalismos exacerbados, mas foi aqui que nasci, é aqui que vivo e é este país que conheço melhor.

Esta história é agridoce: diverte-me e entristece-me. É daquelas histórias em que ninguém sai a ganhar.

15 outubro 2003

Hoje...

...foi o dia em que partilhámos emoções e recordações, mais do que em qualquer outro até agora.

Hoje, a flôr da nossa pele esteve mais sensível aos outros.

Que hoje se prolongue por amanhã e por todos os dias que se lhe seguem.

Que hoje não fique apenas como um dia de boas intenções que não chegaram a actos.

Que hoje possamos lembrar os mortos celebrando a vida e lutando por ela com mais do que palavras bonitas.

Que hoje retiremos das histórias contadas ânimo para lutar contra a doença, não apenas esta de que se falou, mas contra todas as pragas que ainda nos cercam.

Que hoje seja para sempre lembrado como o primeiro dia de muitos dias especiais.

Muito obrigada, Ana.


Ruben


Quando andava no 10º ano tinha um grupo simpático de amigas que entretanto se dispersou vida fora. Andávamos todas na mesma turma, tínhamos a mesma idade e morávamos perto umas das outras. Éramos cinco – as “Famosas Cinco”, como gostávamos de dizer. Encontrávamo-nos frequentemente depois das aulas em casa da Susana (a mãe dela preparava uns lanches estupendos!). Mas aí nunca éramos cinco – éramos seis. O irmão mais novo dela, o Ruben, gostava de ficar connosco na sala a ouvir – e a participar – nas conversas e nas brincadeiras. O Ruben tinha seis anos e era do mais esperto que se possa imaginar! Sabia tudo, percebia tudo, como irmão mais novo, cumpria muito bem a sua função de “atazanar” a vida da irmã, revelar-lhe os segredos e fazer pouco dela. Connosco era diferente, sobretudo comigo. Sempre me relacionei bem com crianças e animais, melhor do que com adultos. Sempre preferi assim. A companhia das crianças e dos animais faz-me acreditar que as coisas são simples e os afectos autênticos. Há uma verdade, uma pureza, uma paz única na companhia das crianças. Com o Ruben era assim: ele era a minha companhia preferida, o meu melhor companheiro de brincadeiras. Quando fiquei doente, ele não me pôde visitar no hospital mas mandou-me um presente: um porta-chaves do Garfield – um gosto partilhado e que eu cultivo até hoje –com a seguinte inscrição “Come on, amigo!”. O porta-chaves estragou-se, mas guardo religiosamente esse Garfield como uma das coisas mais importantes que alguma vez recebi.

Pouco tempo depois da minha recuperação, o Ruben ficou doente. Foi numa Terça-feira. Começou com febres altas e teve de ser internado de urgência. Passou quarenta e oito horas nos cuidados intensivos, a fazer todo o tipo de exames possível. Quando finalmente consegui falar com a Susana, ela disse-me que o Ruben já não estava nos cuidados intensivos. Precipitada como sempre, disse-lhe imediatamente que queria vê-lo e perguntei se poderia ir à visita no dia seguinte. Ela respondeu que já não valia a pena...

Demorei alguns minutos a perceber o que queria ela dizer e quando percebi fiquei em choque: o Ruben tinha morrido. Leucemia galopante. Chegou sem avisar e instalou-se no corpo dele silenciosamente, enquanto brincávamos, enquanto ríamos, enquanto lanchávamos. Eu não dei por nada, ninguém percebeu nada. A doença foi sorrateira, discreta, não apresentou pistas físicas até ser tarde demais. Nada podia tê-lo salvo. Não tivémos qualquer hipótese, o Ruben não teve qualquer hipótese.

Foi o primeiro e único funeral de criança a que assisti até hoje. Colocámos-lhe dentro do caixão um avião telecomandado que lhe tínhamos comprado para lhe oferecer nos anos. Não existem palavras que descrevam a imensa tristeza dos pais. O cabelo da mãe ficou completamente branco em poucos dias.

Não me esqueço do comentário da minha mãe: “Para que é que Deus lho deu, se lho tirou tão pouco tempo depois?”. O Ruben tinha sido o segundo filho muito esperado e desejado de um casal a quem foi dito que não poderia ter mais filhos, daí a diferença de idade que tinha da irmã.

Nunca me esqueci dele, acho que nunca me esquecerei. Sempre que ouço a palavra leucemia é a imagem dele que vejo. Tenho pensado, nos últimos dias, qual a melhor abordagem para este assunto, que mensagem, que ideia poderia eu transmitir de maneira eficaz. Depois do muito que se tem falado sobre leucemia, o que poderia eu acrescentar que pudesse fazer alguma diferença? Decidi falar-vos do Ruben, recordá-lo, homenageá-lo, até porque faz manhã catorze anos que morreu – ironicamente.

A mensagem que gostaria de fazer passar é esta: no caso do Ruben e noutros casos semelhantes, nada se pode fazer, a doença não dá avisos nem tréguas, é implacável, não nos deixa sequer tentar combatê-la. Mas, felizmente, nem sempre é assim e há casos nos quais podemos fazer a diferença. Todos temos afectos, família, amigos, pessoas a quem amamos mais do que a nossa própria vida. Por elas, mas também por todas as que ainda não conhecemos e provavelmente nunca chegaremos a conhecer, pelas pessoas saudáveis tanto quanto pelas que o não são, pelos jovens e pelos velhos, por todos, sem olhar a raças, credos, convicções e outros disparates sociais.

Por todos e por nós mesmos, um pequeno gesto que pode fazer toda a diferença e, quem sabe, pode até salvar a vida de alguém que nos é querido. Uma análise ao sangue e depois, no caso de termos a sorte de ser chamados a doar medula, uma picada na tíbia que pode até doer um bocadinho, mas é um preço ridiculamente baixo a pagar pela vida de alguém. Inscrevam-se como dadores de medula - já há tanta coisa nesta vida que nos ultrapassa, não vamos deixar que a leucemia seja mais uma.

Acção leucemia V


This we know:
The Earth does not belong to Man. Man belongs to the Earth.
All things are connected, like the blood which unites one family.
We do not weave the web of life.
We are but a strand in the web of life.
What we do to the web we do to ourselves.
All things are connected.


Parte de um belíssimo discurso feito por um chefe índio americano, como resposta ao governo dos Estados Unidos que tinha a intenção de vender as terras ocupadas pelo seu povo. É impressionante, forte e, sobretudo, muito verdadeiro. Hoje, quero deixar esta parte para a acção leucemia porque existe aqui uma verdade fundamental e tantes vezes esquecida: não fomos nós que tecemos a teia da vida, somos apenas um fio nessa teia - mas somos um fio e fazemos parte da teia e todas as coisas estão unidas, assim como toda a vida é apenas uma.

Acção Leucemia - IV

Acção Leucemia - III


Canção do Dia

In this proud land we grew up strong
We were wanted all along
I was taught to fight, taught to win
I never thought I could fail

No fight left or so it seems
I am a man whose dreams have all deserted
I've changed my face, I've changed my name
But no one wants you when you lose

Don't give up
'Cause you have friends
Don't give up
You're not beaten yet
Don't give up
I know you can make it good

Though I saw it all around
Never thought I could be affected
Thought that we'd be the last to go
It is so strange the way things turn

Drove the night toward my home
The place that I was born, on the lakeside
As daylight broke, I saw the earth
The trees had burned down to the ground

Don't give up
You still have us
Don't give up
We don't need much of anything
Don't give up
'Cause somewhere there's a place
Where we belong

Rest your head
You worry too much
It's going to be alright
When times get rough
You can fall back on us
Don't give up
Please don't give up

Got to walk out of here
I can't take anymore
Going to stand on that bridge
Keep my eyes down below
Whatever may come
And whatever may go
That river's flowing
That river's flowing

Moved on to another town
Tried hard to settle down
For every job, so many men
So many men no-one needs

Don't give up
'Cause you have friends
Don't give up
You're not the only one
Don't give up
No reason to be ashamed
Don't give up
You still have us
Don't give up now
We're proud of who you are
Don't give up
You know it's never been easy
Don't give up
'Cause I believe there's a place
There's a place where we belong


Peter Gabriel and Kate Bush, Don't Give Up

Acção Leucemia - II

Links do dia:

Histórias para acordar você - um livro escrito por crianças com leucemia.

Transplante de medula óssea - artigo sobre o transplante de medula óssea, escrito por um Prof. da Universidade de Sao Paulo.

Acção Leucemia - I

Hoje acordei cansado. Dormi pouco. Estive até tarde a arrumar "a casa" com voltas e mais voltas no template. Quando vinha para o trabalho, ainda mal disposto, vi pelo espelho retrovisor, um lindo céu laranja. As nuvens, espalhadas, como se tivessem sido sopradas por uma criança, tinham a côr do sol que nascia reflectida. Parecia um imenso merengue de azul e laranja. Mas não é propriamente do meu dia, ou das minhas visões que vamos falar hoje.

A Ana, resolveu organizar uma acção, que tem lugar hoje, e na qual, vários blogs se uniram para falarem de um tema comum: a leucemia.

Felizmente, e apesar de ter uma história clínica bastante rica, não conheço de perto o drama da Leucemia, pelo que qualquer opinião será sempre desprovida da real experiência com a doença. já tive alguns casos familiares de doenças malignas, alguns bem resolvidos, outros nem por isso, devido ao tardio diagnóstico. Hoje em dia, praticamente qualquer doença maligna, se diagnosticada cedo, pode ser perfeitamente curada e vencida. É tudo uma questão de rapidez no diagnóstico e para isso, antes de qualquer outra pessoa, é necessária a nossa atenção, aos sinais de alerta que o nosso corpo lança. No caso da Leucemia, os sinais comuns são geralmente a fadiga, perda de peso, palidez, infecções e hemorragias.
A Leucemia é um descontrolo na produção de glóbulos brancos que leva à deterioração da medula óssea e do seu funcionamento (produção de células sanguíneas normais). Este descontrolo pode levar, se não tratado, à morte do doente.

Para combater a doença, além dos tratamentos de quimioterapia, com ou sem radioterapia, existe ainda a possibilidade de um transplante de medula óssea. Este tratamento é mais díficil de efectuar, devido à compatibilidade que é necessária existir entre o doente e o possível dador. Para haver mais possibilidades de encontrar um dador compatível com um qualquer doente, tornou-se necessária a criação de um banco de dados de dadores de medula óssea. Qualquer pessoa saudável pode doar um pouco da sua medula. O processo, para o dador é praticamente indolor, consistindo na recolha de células do osso da bacia, através de agulhas especiais, ou apenas de uma recolha de sangue (como uma simples análise clínica). Com estes dois simples processos, podemos salvar vidas, se existirem receptores compatíveis. Inscreva-se no Centro de Histocompatibilidade do Sul, ajude. Não custa nada e poderá estar a dar o primeiro passo para salvar uma vida.

14 outubro 2003

A ouvir

Fever, por Diana Krall.

Rir é...

Caro Bom Selvagem,

Rir é a melhor coisa do mundo quando feita com vontade e livremente, sem medo, sem vergonha, sem educação, imoderadamente.

Ilumina o rosto, enfeita o dia, renova promessas e intenções.

Uma gargalhada alivia mais do que um grito, solta a alma, eleva-a até ao plano em que tudo é simples, básico, óbvio, põe-na a salvo da tristeza, pelo menos durante alguns segundos.

Rir é a pior coisa do mundo quando forçada.

Que o dia de todas as pessoas que lerem isto, mas sobretudo o seu, possa ser interrompido com um sorriso espontâneo - pelo menos!

Acção Leucemia

Visto que o Nuno e a Ana já escreveram a alertar para o dia de amanhã, em que vários blogs vão escrever sobre o tema Leucemia, limito-me aqui a fazer minhas as palavras do Nuno.

ACÇÃO "LEUCEMIA"!

Ainda sobre o post:
Para mostrar que o fenómeno dos blogues pode ser útil para divulgar temas importantes deixo a seguir um texto divulgado pela colega de blogosfera, Ana Anes ( ver link na coluna da direita ):

Em conjunto com vários " bloguistas", para a semana haverá um dia- a definir- ( quem quiser juntar-se a nós, por favor contacte-me) dedicado ao tema leucemia, um tema que me é muito querido, de forma a sensibilizarmos os nossos conterrâneos para a doação de medula.

Para não pensarem que os blogs é só para a risota ( que também é muito importante...).

A ideia é todos os blogs terem um texto escrito sobre o tema. Cada um na sua perspectiva.

Deixo aqui o apelo aos leitores deste blogue: 4ª feira é o dia escolhido!

Temos os seguintes blogues aderentes:

Aviz
Crónicas Matinais
100 Nada
Firewind
Edynet
Eu Vou Mas Volto
Alma Despida
Memorial do Convento
Cidadão do Mundo
Blogotinha
Serra Mãe
Indispensáveis
Fumaças
Desblogueador de Conversa
Conversas de Merda
Folgo em Saber

Bem-hajam, caros amigos "bloguistas"!

13 outubro 2003

Deixem as crianças sonhar!

Era uma vez um menino. Era uma vez a mãe desse menino. Era uma vez o pai desse menino.
Um dia o pai desse menino, juntou-se com a mãe desse menino e resolveram levar esse menino ao circo. Era natal.
O menino ficou muito contente, afinal não era todo o dia que ele via palhaçadas ao vivo (NR: nesse tempo ainda não existia o canal Parlamento, agora designado AR). O menino gostou tanto que pediu ao pai para o levar novamente no natal seguinte ao circo. Entretanto, o menino foi crescendo, os natais foram passando e aquela ânsia pelo circo foi-se agudizando. O menino agora já não queria apenas ir ao circo, ele queria ser parte desse circo. Quando atigiu a maioridade, o menino alistou-se numa juventude partidária. Hoje, esse menino faz parte do enorme circo. Tem direito a carro com motorista, despesas à discrição, e tudo isto por ser assessor do assessor do secretário de estado.
Um dia a mãe desse menino perguntou-lhe: Filho, tu ganhas bem. Tu sais cedo. Tens tantas regalias. Que fazes tu no teu trabalho?
O menino então respondeu: Tiro fotocópias.


PS: Para descargo de consciência, devo alertar que este texto é pura ficção. Isto não se passa na realidade. Qualquer semelhança entre este texto e a realidade política (actual ou anterior) deste país, é pura coincidência.

Huuuuuuuuuuuummmmm

Acabei de provar uma iguaria! Broa de Coimbra é o nome, uma verdadeira delícia! Acho que vou comer outra...Fui!

Escolhas...


trainspotting

Cidade Fm ? O fim da rádio Cidade ?

Estava a ler o Diário Digital, quando dou de caras com a notícia do despedimento dos locutores brasileiros da Rádio Cidade, e que esta se chama agora Cidade FM.
A Rádio Cidade fez parte da minha juventude, não sei se pela localização geográfica, se por outro motivo qualquer. Ainda me lembro quando foram distribuídas as frequências e legalizadas algumas rádios vulgo piratas. A Rádio Cidade foi uma dessas rádios legalizadas. Mais tarde, quando o sucesso se fez sentir, a Media Capital avançou para a compra da estação. Agora, e para fazer frente aos novos projectos que entretanto apareceram e foram ganhando terreno, como a Mega Fm, a nova Best Rock, a renascida Comercial e mesmo a RFM, resolveram despedir todos os locutores de sotaque brasileiro da estação.
Não vou comentar a medida do ponto de vista económico, ou mesmo do ponto de vista social... senão ainda diria que alguém está a fomentar a xenofobia... o que decerto não será o caso...
Das primeiras vezes que ouvi a Rádio Cidade, houve um slogan que nunca mais me esqueci... "Rádio Cidade, melhor que isso só água de côco num deserto", dito com um arrastadinho sotaque brasuca!! É isso aí, meu irmão!

Música do dia

Banda sonora de "Os Livros de Prospero" de Peter Greenaway, por Michael Nyman. Música soberba feita para um dos filmes mais exageradamente belos a que alguma vez assisti!

13 de Outubro

Tinha começado a escrever um texto longo sobre o dia de hoje mas (felizmente!) fiz um disparate qualquer com o teclado e o texto. Ainda bem porque era de facto longo e muito deprimente e, pensando bem, apenas tinha interesse para mim.

Hoje é o meu aniversário. Não faz anos que nasci, isso foi em Junho, em plena primavera e sob o signo de Gémeos (duas personalidades, duas vidas, duas verdades, duas perspectivas sobre tudo), mas faz hoje 15 anos que renasci ou, se preferirem, que nasceu em mim uma consciência de vida diferente - "awareness" é o termo mais exacto. Peço desculpas, mas a língua portuguesa não me oferece uma palavra tão concreta ou então sou eu que não a consigo encontrar agora.

Não fui testemunha de nenhum milagre, nada de maravilhoso se revelou perante mim. Faz hoje 15 anos fui operada, foi-me retirado o rim esquerdo. "Malformação congénita" - não é uma expressão eficaz? Nunca soube exactamente o que significava, também nunca me preocupei muito em saber, na verdade. A operação correu bem e a minha vida é normal. O rim direito funciona perfeitamente o que me impediu de engrossar as listas de espera dos transplantes renais. Posso fazer tudo o que queira dentro de determinados limites (os mesmos que qualquer pessoa deve respeitar para não adoecer). As marcas físicas são poucas e quase não se notam. Nada na minha vida mudou por ter tirado um rim.

O que mudou foi a minha perspectiva sobre a vida. Não sobre a minha (se bem que, segundo os médicos, estive quase a morrer, mas eu juro que nunca dei por nada. Também, quem é que aos 16 anos acredita que vai morrer? Eu, pelo menos, achava-me imortal), mas sobre a dos outros. Passei quase dois meses internada numa enfermaria de doentes terminais (não havia vaga noutro lugar...). Conheci a velhice, a doença, a fragilidade e, sobretudo, a solidão. A solidão de pessoas que nasceram, brincaram, trabalharam, amaram e deram à luz filhos que nunca as visitaram. A solidão de corpos que o tempo desgastou e a doença quebrou. A solidão de almas que não percebiam porque é que estavam sozinhas. O que mais lhes custava, acreditem, não era a doença, era a tristeza. Se me perguntarem, direi que morriam de solidão mais do que de qualquer maleita fisica.

Nessa altura percebi que existia outro mundo além daquele em que eu vivia. Existiam pessoas que se sentiam felizes no hospital porque ali tinham comida, uma cama, higiene e o conforto de estar na companhia de outras pessoas. O toque, a voz, a presença dos enfermeiros era fundamental, mais do que as drogas que os entorpeciam.

Lembro-me de todos, como se fosse hoje. Ficaram-me gravados na memória como a lição que não posso e não quero esquecer. Nesta idade da beleza, em que a juventude é constantemente celebrada, esquecemo-nos dos velhos. Os lares de terceira idade estão vazios de visitas e cheios de velhos atirados para lá porque são incómodos, porque são lentos, não ouvem bem, nãos e conseguem bastar ou defender, atrapalham, atrasam-nos a vida. Continuamos a olhar para o lado com uma espécie de asco que não é mais do que medo da velhice, da doença, de perder aquilo a que chamamos com orgulho as nossas "faculdades". Mas será que ao olhar de esguelha fingindo não os ver não estamos já a perder algumas das mais importantes?

Quando saí dos hospital uma enfermeira disse-me que tudo o que tinha visto me punha em vantagem em relação aos meus amigos, era uma experiência de vida que ia fazer de mim uma pessoa diferente. Não respondi, mas lembro-me perfeitamente de que pensei que dispensava tal vantagem...Hoje sei que seria muito mais pobre sem ela.

Obrigada por me lerem.

12 outubro 2003

Tarde de Inverno

A tarde de ontem, chuvosa e cinzenta, convidava a ficar em casa. Aproveitámos para ver uns filmes e assim, quase de rajada, vimos "As Horas", "O Aviso" - "The Ring" no original, e "Insomnia" com o Al Pacino, Robin Williams e a actriz Hilary Swank ( que ganhou diversos prémios, inclusivé o Óscar de Melhor actriz, pelo seu papel em "Boys Don't Cry").
Gostei de todos, mas se tivesse de escolher um, preferia o "Insomnia".

Canção do dia

já que aqui estou
vou-lhes agora contar
de mil passos feitos vida
desta vida atribulada
desta vida de cantar

se sobrar peito
depois de mil melodias
depois de tantas palavras
tantas terras tant’stradas
tantas noites tantos dias

viva quem canta
que quem canta é quem diz
quem diz o que vai no peito
no peito vai-me um país

no Algarve mandei baile
toquei adufes na Beira
em Trás os Montes aprendi
a bombar como um Zé Pereira

Mundo fora dei abraços
nos Açores e na Madeira
deixei amigos do peito
e em casa cantei na eira

viva quem canta
que quem canta é quem diz
quem diz o que vai no peito
no peito vai-me um país

trago nos dedos malhões
toquei rondas de caminho
no Douro aprendi Janeiras
dancei as chulas no Minho

no Alentejo fica o peito
da planície de cantar
no fado colhi o jeito
de um país por inventar

viva quem canta
que quem canta é quem diz
quem diz o que vai no peito
no peito vai-me um país

cantei no alto de um monte
num tractor ou num celeiro
para vinte ou vinte mil
e das palavras fiz viveiro

p’ra quem canta por cantar
pouco mais se pediria
mas quem canta para sentir
para explicar-se e para ser
pensem só quanto haveria
ainda para dizer

viva quem canta…


Pedro Barroso, Viva quem canta

10 outubro 2003

Caros Nuno e Ana Anes,

Li o vosso apelo e concordo convosco. O riso é das coisas mais importantes da vida, é uma terapia, um alívio, um bom exercício físico (não há bochecha que não fique mais sã depois de umas boas gargalhadas que activam a circulação sanguínea e trabalham os músculos da cara), uma boa maneira de exorcisar medos, sustos, tristezas, problemas, enfim, tudo o que nos aflige. E é uma pena, com tantos benefícios, que vivamos num país de gente sisuda!

Mas o que se pretende, tanto quanto percebi, não é fazer o elogio ou a apologia do riso mas sim falar de leucemia, dar o nosso ponto de vista sobre o assunto. Vamos tentar fazê-lo na próxima 4ª feira. Para já, muito obrigada aos dois por terem tido esta ideia e contem com a solidariedade do Memorial. Aguardam-se outras ideias tão boas quanto esta.

...

estou melancólico hoje... às vezes bate uma tristeza que se apodera dos sentidos, aguçando uns e acalmando outros. a vida é uma caixinha de surpresas que se abre a cada dia.

08 outubro 2003

O tempo

...não sabe nada. O tempo não tem razão canta o Jorge Palma.

Hoje levantei-me cedíssimo para ir fazer a análise ao sangue e ter depois (muito depois) a consulta de hipocoagulação para acertar a dose de anticoagulante.
Neste espaço de tempo, que vai das 9 às 12:00/12:30, aproveito para passear por Lisboa, pela zona da baixa, pelas ruelas escondidas ao lado da Avenida da Liberdade, parando num ou outro café onde saboreio esse outro homónimo líquido amargo e estimulante.
Costumo também levar o livro que estou a ler nessa altura e assim transformo esse "tempo perdido" em tempo útil.
Hoje no livro que me encontro a ler, li uma passagem sobre o tempo que nos consome diáriamente e que me agradou pelo que a gostaria de partilhar.

(...) Diz-se que o tempo não pára, que nada lhe detém a incessante caminhada, é por estas mesmas e sempre repetidas palavras que se vai dizendo, e contudo não falta por aí quem se impaciente com a lentidão, vinte e quatro horas para fazer um dia, imagine-se e chegando ao fim dele descobre-se que não valeu a pena, no dia seguinte torna a ser assim, mais valia que saltássemos por cima das semanas inúteis para viver uma só hora plena, um fulgurante minuto, se pode o fulgor durar tanto. (...)
José Saramago, O Ano da Morte de Ricardo Reis

Já tinha ouvido algo semelhante... no filme Flores de Aço (Steel Magnolias): "I'd rather have thirty minutes of wonderful than a lifetime of nothing special".
She walks in beauty, like the night
Of cloudless climes and starry skies;
And all that 's best of dark and bright
Meet in her aspect and her eyes


Pediram-me para fazer uma tradução deste poema de Byron. Já o conhecia, mas nunca o tinha "dissecado" com olho técnico. É impressão minha ou o primeiro verso é das obras mais sublimes que se podem construir com palavras? Qualquer tradução, por melhor que seja, fica sempre aquém da imagem evocada.

Há cenários que os artífices das palavras modelam mas que só podem existir no palácio da nossa memória (por falar em "palácio da memória", eis mais uma imagem sublime do escritor Thomas Harris. "The Memory Palace", o lugar onde o Dr. Hannibal Lecter guarda as suas recordações). Há ideias que simplesmente não é possível "de-construír", explicar, definir, desmantelar, a menos que se seja uma desas criaturas abençoadas que juntam palavras e sentimentos como se fossem areia e água e, com a maior facilidade deste mundo, constroem castelos resplandecentes de beleza e fragilidade - como se fossem crianças a brincar à beira mar.

Da mesma forma, há sentimentos que não se deixam colar às palavras, fazendo-as todas parecer demasiado fracas para os prender.

É por isso que a leitura é o meu vício. Porque, embora não tendo esse "dom", sei reconhecê-lo e prestar-lhe a homenagem devida e sentida. E, se o saber tem de ocupar algum lugar (o meu avô jurava que sim e tinha alguma razão, já que a memória humana vai "apagando" informação para dar lugar a novas lembranças), então que ocupe o das recordações menos boas e encha o meu Palácio de alegria e prazer.

Sonhei...

...com o Nuno Markl, d"O Homem que Mordeu o Cão". Sim, sonhei com ele. Estávamos numa casa de campo, no meio de nenhures, numa bela cozinha rural, junto de um fantástico fogão a lenha a cozinhar arroz de pato. Isto não deixa de ser curioso, porque eu não como pato (lembra-me o Donald, faz-me muita confusão) e nunca cozinhei tal iguaria. Ora, embora o arroz tivesse excelente aspecto, nós discutíamos porque eu queria salpicá-lo com salsa picadinha e o Markl, na tradição tipicamente masculina de contrariar as mulheres pelo simples prazer de as ver aborrecidas (para depois dizer ao mundo que nós somos embirrantes, e que eles - coitadinhos! - não passam de pobres vítimas presas nas nossas tenazes), não queria ouvir falar em salsa.

Não sei como terminou a discussão e quem terá ganho a contenda. Os meus sonhos são como os filmes do "Terminator" (por falar nisso, parabéns Arnaldo!): nunca têm fim, ficam sempre em suspenso para facilitar uma sequela.

Sei que isto não tem o mais pequeno interesse para as outras pessoas, mas perturbou-me, pronto. Nunca li a "Interpretação dos Sonhos" e angustio-me a pensar no que tudo isto poderá querer dizer: campo, Markl, cozinha, arroz, pato...Quantas associações possíveis, senhores!

Entretanto, vou procurar alguma receita que envolva salsa picada e depois vou enviá-la para o e-mail do "Cão". Sim, porque o Markl não se vai ficar a rir de mim! Humpf!

Nos últimos dias tenho pensado se não andarei a trabalhar demais...

07 outubro 2003

Canção do dia

Lembram-se da primeira canção que ouviram nesta vida? Não estou a falar das canções de embalar ou das cantigas de roda que aprendemos na escola. Refiro-me à primeira canção, aquela cujos sons ou as palavras nos tocaram sem sabermos bem porquê. A primeira canção de que tenho memória é esta. Fiquei anos sem a ouvir, a não ser na minha cabeça (há canções que eu simplesmente não me atrevo a trautear para não as corromper - eu que sou uma "trauteante" nata! Quando não estou a falar sozinha, estou a trautear uma música qualquer). Voltei a ouvi-la no domingo, no programa do Herman e fiquei a pensar que as coisas realmente belas não envelhecem, nunca deixam de ser actuais e vão provocando emoções pelas gerações fora, por muitas voltas que o mundo dê. Será que é por causa desta canção que eu amo o entardecer?

...E sim, concorreu ao Festival da Canção.

("Estrela da Tarde", José Carlos Ary dos Santos e Fernando Tordo)

Era a tarde mais longa de todas as tardes
Que me acontecia
Eu esperava por ti, tu não vinhas
Tardavas e eu entardecia
Era tarde, tão tarde, que a boca
Tardando-lhe o beijo, mordia
Quando à boca da noite surgiste
Na tarde tal rosa tardia
Quando nós nos olhámos tardámos no beijo
Que a boca pedia
E na tarde ficámos unidos ardendo na luz
Que morria
Em nós dois nessa tarde em que tanto
Tardaste o sol amanhecia
Era tarde demais para haver outra noite,
Para haver outro dia
Meu amor, meu amor
Minha estrela da tarde
Que o luar te amanheça e o meu corpo te guarde.
Meu amor, meu amor
Eu não tenho a certeza
Se tu és a alegria ou se és a tristeza
Meu amor, meu amor
Eu não tenho a certeza.
Foi a noite mais bela de todas as noites
Que me aconteceram
Dos nocturnos silêncios que à noite
De aromas e beijos se encheram
Foi a noite em que os nossos dois
Corpos cansados não adormeceram
E da estrada mais linda da noite uma festa
De fogo fizeram.
Foram noites e noites que numa só noite
Nos aconteceram
Era o dia da noite de todas as noites
Que nos precederam
Era a noite mais clara daqueles
Que à noite amando se deram
E entre os braços da noite de tanto
Se amarem, vivendo morreram.
Eu não sei, meu amor, se o que digo
É ternura, se é riso, se é pranto
É por ti que adormeço e acordo
E acordado recordo no canto
Essa tarde em que tarde surgiste
Dum triste e profundo recanto
Essa noite em que cedo nasceste despida
De mágoa e de espanto
Meu amor, nunca é tarde nem cedo
Para quem se quer tanto



Viva o Sô Arménio!

Antes de fechar o Convento por hoje, só queria dedicar umas singelas palavrinhas de agradecimento ao Sô Arménio (não, não é trolha na Areosa, é carpinteiro e dos bons!) por ter consertado a minha cadeira de rodinhas!

Pois é, um destes dias estava eu a espreguiçar-me (um dos meus exercícios de yoga favoritos) e eis que as costas da cadeira se partem. Felizmente consegui mudar a trajectória da queda, de forma a que a minha preciosa nuca não batesse no chão, mas caí na mesma e pior do que isso: desde então tenho-me sentado numa desconfortável e agressiva cadeira de reuniões, que além de riscar o chão porque não tem rodinhas, tem uma mancha altamente suspeita e recalcitrante que me implica com os nervos.

Até que o Sô Arménio entrou em acção e colou as costas da minha linda cadeira "design" que antes de ser minha era a cadeira de "despacho" preferida da minha Subdirectora, que Deus a tenha em doce e merecido repouso. Além de confortável, esta cadeirita alimenta-me os sonhos e o ego. Mal me sento nela, começo logo a "despachar" com subalternos imaginários, dóceis e bajuladores.

Estou tão contente que até me apetece dizer palavrões! por isso, e para levantar as audiências deste "blog" (estive no Pipi do outro e fiquei cheia de inveja!), cá vai:

Bolas!
Caraças!
Chiça!
Pôça!

Obrigada Sr. Arménio! Afinal, é preciso tão pouco para salvar um dia!