16 agosto 2007

Episódio Surreal

Boas!

Fui hoje de manhã fazer finalmente o exame de condução de motociclos e... bem... aconteceu-me um episódio surreal... caricato... inimaginável.

Saímos dois alunos do local de exames (na APEC, em Chelas). Eu, como o primeiro a fazer o exame, saí com a moto à frente do carro de instrução, indo o outro aluno atrás do mesmo.

Andámos às voltas por Chelas (até eu não saber onde estava) a ouvir o examinador: "vire à direita", "vire à esquerda", "na rotunda saia na 2ª", etc... a parar nas passadeiras para os peões, nos sinais vermelhos... até que ao fim de uns 10/15 minutos parámos na Av da Igreja em Alvalade. Encostei a moto e o meu instrutor pede-me para emprestar o auricular da escola ao outro aluno porque o dele não estava a funcionar. Lá tirei o auricular e o receptor e o meu exame terminou ali.

Achei muito curto... não fiz oitos... não me fizeram quaisquer peguntas acerca da moto... aliás a única vez que ouvi o examinador foi a chamar o meu nome para ir fazer o exame. Pergunto ao instrutor se o meu exame já tinha terminado e ele ainda me assustou ao dizer que eu tinha chumbado (não sabia porquê, porque fiz tudo correctamente)... mas quando lhe perguntei : "Então e quanto tempo demora a marcar outro exame?!", ele riu-se e disse-me que estava passado (a raiva que sentia tornou-se numa alegria imensa e apeteceu-me desancá-lo ali mesmo pelo susto que me tinha provocado).

Com o auricular emprestado ao outro aluno e ele à frente do carro de instrução, era a minha vez de ir atrás do mesmo. Saímos dali da zona de Alvalade e após mais umas voltinhas, já não sabia novamente onde estava (algures por Chelas...).

Num cruzamento duma via com várias faixas, o aluno que estava a fazer exame e o carro de instrução, passam com o sinal a queimar o vermelho... eu, para não arriscar, páro no sinal e fico à espera que o mesmo abra, convencido que tanto o aluno, como o carro de instrução estariam parados à minha espera mais à frente, após o cruzamento e a subida.

O sinal esteve fechado uma eternidade e, quando finalmente arranquei, toca a dar gás pela subida a ver se os encontrava... Nada... não vi ninguém... como não sabia onde estava, fui em frente... andei em circuito turístico pela zona J, I, M - e sei lá que mais letras - de Chelas... Não tive coragem de parar e perguntar porque não me quis arriscar a ser roubado. Quando finalmente saio da zona residencial, páro numa rotunda e pergunto a uns senhores como se ia para a rotunda do aeroporto (rotunda do relógio), porque dali já sabia (mais ou menos) o caminho para a APEC. Mais voltinha, menos voltinha... devo ter andado cerca de uma hora às voltas por Chelas, Olivais, Olaias e sei lá mais o quê...

Quando chego à APEC - finalmente - lá estava o meu instrutor... a perguntar-me por onde eu tinha andado... que já estava preocupado... (não mais que eu imagino..).
- Vai lá pagar 24 euros para a nova carta e vamos embora!

[fui de bom grado :) ]

Não deixa de ser original (ou pelo menos pouco vulgar) e engraçado, não ?

13 agosto 2007

Espírito Motard

O "espírito motard" não tem explicação. Como alguém disse anteriormente, para quem percebe não é preciso explicação, para quem não percebe (ou entende) não há explicação possível.

Há 15 anos, aos 18 portanto, tive a minha primeira experiência em duas rodas. Não foi muito agradável... pelo seu fim trágico (existe algures atrás posts sobre essa experiência). 15 anos depois, com mais maturidade, com mais juízo e, acima de tudo, com mais experiência no trânsito (é incrível e chocante a falta de bom senso e maldade de alguns automobilistas) resolvi obter o título que me habilita a conduzir motociclos (vou a exame práctico esta semana, após obter a devida autorização no exame teórico).

Sinto-me mais capaz que há 15 anos... mais consciente dos perigos que me rodeiam (e são muitos), mas acima de tudo mais capaz e preparado para os enfrentar.

Existe na maior parte dos automobilistas um sentimento de revolta e por vezes de maldade para os motociclistas, que não é compreensível!
O que os revolta ?
O passar à frente nas filas (é um veículo de duas rodas, consegue passar onde um de 4 rodas dificilmente passará) ?
É serem gozados pelos palhaços que andam a fazer cavalinhos e acelerar sem nexo na via pública (esses não são os verdadeiros motards e como tal devem ser descartados. Tal como há bons e mais automobilistas, há bons e mais motards)?

Eu, como futuro motard não me identifico minimamente com os aceleras ou acrobatas na via pública, que além de colocarem a sua vida em perigo colocam a de outros, inocentes, que nada têm a ver com a vontade exacerbada de exposição desses supostos motards. Para isso, diversas organizações, agendam os track days... em que num circuito e em condições controladas se pode acelerar e não colocar a vida de ninguém em risco ( a não ser a própria se não se seguirem os conselhos dados).

Mas um facto é que devido a esses "supostos motards" ou por pura maldade dos motociclistas, andar na estrada em duas rodas é um risco ponderável (e tal não se justifica).

Outra questão tem a ver com os seguros e com o selo de circulação, por exemplo. Eu, e neste post falo exclusivamente por mim e pelas minhas convicções, agora que já comprei moto e equipamento (onde gastei algumas dezenas de euros a tentar precaver-me de possíveis percalços), ainda tenho que pagar um imposto de circulação - ou de posse, como se avizinha para o próximo ano - superior ao que pago anualmente para o carro. Duas rodas, se é que que provocam qualquer dano na via pública, de certeza que será menor... porque é que pago quase o dobro de imposto de circulação??

Seguros então... bem... se vos disser que pago anualmente 368 euros anualmente de seguro automóvel, apenas por responsabilidade civil, quebra de vidros, assistência em viagem e protecção jurídica estão à vontade para me chamar otário ou idiota, mas a preguiça de, ao longo destes 15 anos em que tenho carta da cat B ter alterado o titular e também a preguiça de procurar um seguro mais barato só (que por estes preços, nem por sombras há-de ser dífícil de encontrar) o justifica.

Agora que ando à procura duma companhia de seguros tenho consciência das diferenças de companhia para companhia e pior ainda, dentro da mesma companhia da diferença de mediador para mediador. Para terem uma ideia, a diferença entre uma companhia de seguros (que por acaso pertence ao grupo económico para o qual eu trabalho e que o Sr. Paulo Bento tanto apregoa) já incluída a adesão a outros produtos do grupo e, outra da concorrência... a diferença... essa é contabilizada em quase 500 Euros... estamos a falar de 100 contos (na moeda antiga) para quem não percebe ainda a diferença de euros para escudos. É inaceitável tal diferença, bem como o "roubo" descarado que estas e outras companhias fazem diariamente a motociclistas e automobilistas. Seria bom que o Instituto de Seguros de Portugal investigasse e agisse contra essas companhias, mas tal, no panorama actual em que expressar opinião contrária à que nos governa, nos garante uma mordaça oficial, já seria pedir demais...

Resposta ao amável comentário do Sr. Anónimo

Caro Sr. Anónimo,

Antes de mais, deixe-me dizer-lhe que foi com grande prazer que li o seu comentário ao meu "post" anterior. Tenho a maior admiração pelas pessoas que gostam de expressar as suas opiniões, mas não têm a coragem de, ao menos, assinar com o seu nome de baptismo.

O senhor deve de ser uma daquelas pessoas que reclama constantemente os seus direitos, mas protesta sempre, na hora de cumprir os deveres, não é? Vá lá, deixe-se disso, que os tempos do Sr. Salazar já lá vão e o povo, embora sereno, não os vai deixar retornar (esta é a minha profissão de fé, pelo menos). Assine, diga qual a sua graça, que ninguém o leva preso.

Mas adiante. Ainda bem que o senhor andou na escola no tempo em que a dita ainda o era. Sim, porque hoje em dia somos todos uma cambada rebelde de iletrados, que não sabem o que para aqui andam a fazer. Noto, ainda assim, que, apesar de ter tido tão excelça educação, o Sr. Anónimo não devia ser muito bom aluno no que toca à interpretação do Português, já que não percebeu o significado de um texto bastante simples. De facto, a primeira vez que fui ao MNAA foi durante a escola preparatória mas, após essa primeira visita, tive a oportunidade de fazer muitas mais, já que, tal como o senhor, também vivo em Lisboa, de onde sou natural. Daí poder falar da evolução do espaço e das exposições ao longo dos últimos anos. Vinte e cinco anos, para ser mais precisa.

Mas deixe lá, se o Português não lhe correu tão bem assim, tenho a certeza de que compensou na Matemática - estou certa?

Quanto aos seus comentários sobre a Drª Dalila Rodrigues, pergunto-lhe: quando foi a última vez que visitou o MNAA? E não lhe achou qualquer diferença? A sério? Ou será que se a Srª Drª Dalila Rodrigues fosse um homem, de preferência com mais de cinquenta anos, o senhor daria mais crédito ao seu trabalho?

Por norma, costumo apagar todos os comentários anónimos a este "blog". O Memorial é a minha casa virtual e em minha casa só entra quem eu quero. Como aqui não posso impedir a entrada, posso, ao menos, limpar a "sujidade" de quem por aqui passa e nem sequer tem a dignidade de se identificar. Pode dizer bem que eu agradeço; pode dizer mal que eu não me importo - desde que se apresente. Mas no seu caso, decidi abrir a excepção: vou manter o seu comentário, até porque sem ele esta resposta não faria sentido, não é?

Com os meus melhores cumprimentos,

Sónia

P.S. - Se fui demasiado dura consigo, peço-lhe que me perdoe. É a minha TPM, sabe - dá cabo de mim. O que é que quer que lhe diga? Nós, as mulheres, somos uns desastres. É quando estamos à espera do período e quando tentamos dirigir um museu que o nosso destrambelhamento mais se nota. Na verdade, aqui entre nós, só servimos para uma coisa: para dar à luz criaturas como o senhor... Bom, vou voltar para o tanque, que depois ainda tenho uma pilha de meias para passajar! Pode ser que a Drª Dalila me queira acompanhar na tarefa...

03 agosto 2007

Fui pela primeira vez ao Museu Nacional de Arte Antiga (MNAA) numa visita de estudo da escola preparatória e, desde esse dia, o MNAA tornou-se o meu lugar preferido no mundo inteiro. Durante as várias visitas que fiz, ao longo dos anos, foi-se tornando notória a decadência do espaço, a precisar de obras urgentes e a monotonia do ambiente, a a pedir novas atracções, exposições temporárias, incursões por outras áreas, por outras artes.

Com a chegada de Dalila Rodrigues, em 2004, o MNAA recebeu a transfusão de vida de que tanto precisava. Desde as noites do museu, até à exposição feita em colaboração com o museu da faculdade de ciências médicas, passando pela esplendorosa arte sacra da Polónia e pela magnífica colecção Rau, o MNAA esteve sempre a pulsar de vida. Novos públicos, numeroso e curiosos, portugueses e estrangeiros, novos e velhos acorreram e gostaram e por isso mesmo voltaram.

As obras tão necessárias foram feitas, algumas provavelmente ficarão a meio, na tradição de Portugal, país onde parece que tudo ainda está por cumprir.

Durante a primeira Noite dos Museus, o MNAA estava a abarrotar de gente. Nunca tinha visto o meu museu assim. Fiquei feliz. Dalila Rodrigues também estava satisfeita, a julgar pela expressão que trazia enquanto acompanhava a iniciativa. Quis ir falar com ela, quis dizer-lhe o quanto a admirava por tudo o que tinha feito pelo maior e mais importante Museu Nacional. mas a timidez não me deixou.

Agora já é tarde, mas aqui fica o meu protesto. Que tipo de país se pode dar ao luxo de penalizar quem está a fazer um bom trabalho? E - e isto é o que realmente me preocupa - que tipo de país afasta quem não concorda?