05 junho 2009

A Diferença

Façam o favor de visitar este blogue.

http://www.retratoa4maos.blogspot.com/

Porque somos todos diferentes.
Porque somos todos iguais nos direitos e na dignidade que merecemos.

15 maio 2009

(...)

Não me vou alongar sobre o assunto, até porque o João já disse quase tudo. Quero só dizer que, para mim, a Joana e a Margarida são os melhores animais do mundo porque são os meus animais. Elas e a Priscila (a Rainha do Deserto) que vive com a minha mãe, ex cão de caça que foi abandonada por um caçador, são amigas presentes, leais, que mais do que compreender, sentem-nos. E isso é mais do que suficiente.

Quando mais ninguém lá estava e quando ninguém podia fazer nada, a Joana estava deitada ao meu lado e, de vez em quando, lambia-me como se me quisesse curar e proteger.

Ontem, enquanto assistia ao debate da SIC, a Priscila que nunca deixa a minha mãe, apareceu na sala e veio dar-me narigadas como que a dizer-me que não estivesse triste.

A Margarida, prefere o João a mim, mas sabe que no meu prato há sempre qualquer coisa interessante para ela.

Não são de raça, não têm "pedigree", estão longe de ser super educadas e não sabem fazer truques. Mas cada uma tem a sua personalidade e o seu maior talento é gostarem de nós. Não têm "função", não correm, não caçam, não vão a exposições. Mas são tudo menos inúteis ou descartáveis.

Se me perguntassem se eu voltaria a adoptá-las a resposta seria sim, apesar de todas as dores de cabeça e impedimentos. Porque ter estes três animais comigo dá-me a certeza de que pelo menos estes eu salvei, pelo menos estes eu posso tratar bem, dar-lhes a dignidade que todos os animais merecem. Consola-me um bocadinho. Faz-me sentir uma pessoa um pouco melhor.

14 maio 2009

Os animais na SIC... e a besta da Associação dos Caçadores

Estou a assistir ao debate sobre os direitos dos animais na SIC...

Entre as perguntas que se fazem, sobre os maus tratos que os animais sofrem, é a que ... "e se fosse uma criança?"...

A resposta não esclarece... não defende o problema dos maus tratos aos animais, seja abandono, maus tratos, não assistência, etc... Eu, e falo por mim, continuo a preferir os animais ás crianças e ás pessoas em geral, custe isto o que custar a certas pessoas... as crianças e as pessoas em geral são salvaguardadas por um estado de direito - mesmo que o nosso deixe muito a desejar - e os animais, em países subdesenvolvidos como o nosso, não o são.

Nós possuímos uma gata e uma cadela, ambas adoptadas na rua (e se tivessemos condições muitos mais teríamos). Uma, adoptada numa acção da CATUS há cerca de 9 anos - a gata; a outra - a cadela - adoptada na rua, em Dezembro de 2007, numa fria tarde de Dezembro. Se me perguntassem se eu voltaria a fazer o mesmo hoje, provavelmente a primeira resposta seria não... e não porque não adoremos animais, mas sim porque a adopção dum animal implica cedências de tempo, mudanças nas rotinas da vida de uma pessoa ou casal, implica disponibilidade, implica custos monetários com alimentação de qualidade e veterinários e, implica, acima de tudo falta de compreensão duma sociedade onde não se pode andar com um animal num jardim, onde não se tem um local próprio para os animais poderem andar à vontade, onde não se pode passear um animal numa praia em época balnear, onde um animal é obrigado a andar açaimado quando o seu dono é que é responsável pela sua educação e, logo, pelos seus actos - "Não há cães perigosos... há donos inconscientes!".

(PS:neste momento está um tipo a falar na SIC que pertence à Associação de Caçadores a dizer que os animais não são iguais às pessoas e que não devem ser tratados como tal... realmente é verdade.... os animais são muito mais leais e fiéis que as pessoas e merecem muito melhores condições e - cá para nós que ninguém nos lê - são muito mais inteligentes que este energúmeno que acabou de falar...)

Mas... voltando ao assunto inicial, quando uma pessoa adopta um animal, acontece como quando o Principezinho adopta a rosa... "nós tornamo-nos eternamente responsáveis pelo que cativamos"... e perante o amor mutúo, as lambidelas ou miadelas quando chegamos a casa ao fim de um dia de trabalho, nada nos sabe melhor que essa recepção desinteressada e verdadeira. Não me passa pela cabeça abandonar uma das minhas "meninas"... por muito traquinas e/ou avessas que elas sejam...

A Gata

A nossa gata, Gui, é - e sou eu dizê-lo - um amor de gata. Não há melhor gata no mundo! Não é sociável... não é a gata mais carinhosa do mundo, mas é leal e fiel. Pede festas quando as quer, vem ter comigo ou connosco quando lhe apetece. Todas as manhãs antes de ir para o trabalho me pede festas e carinhos. Todas as noites antes de eu ir dormir e, desde que a Joana - a cadela - o permita, vem roçar-se em mim e despedir-se de mais um dia. Não estraga nada, não parte nada, anda pelo meio de nós, quando e como deseja. Tornou-se agressiva comigo uma vez... e dessa vez, os seus guinchos ouviram-se bem mais alto que as ronronadelas, ou que os miados... mas uma visita à veterinária revelou que ela tinha uma infecção nos ovários e que estava bastante dorida, e que se não fosse essa demonstração - mais umas arranhadelas em mim - poderia não estar viva hoje... (hoje em dia, após a operação que teve lugar há uns anos... está óptima... e continua como sempre... dócil quando quer, independente quando o deseja). Os animais têm sempre razão para as acções que tomam. Nós é que podemos não as perceber!



A Cadela

A nossa cadelinha foi resgatada numa fria noite de Dezembro - a 8 de Dezembro de 2007, numa rua do Chiado, com 5 semanas, nascida numa ninhada de 11 cachorros, era a mais franzina e recolhida da ninhada. Foi amor à primeira vista...ou pelo menos, numa aninhadela à primeira vista, já que assim que foi colocada ao colo da Sónia, se aninhou no seu colo. Os primeitos tempos fora difíceis, muito diferentes dos primeiros tempos da Gui.. noites mal dormidas, comida de cachorrinhos aguada para ela comer, muito colo, leite de gato, muitos xixis e outras coisas mais sólidas pela casa, mas hoje, findo este tempo e depois destes tempos difíceis terem terminado... apesar de saber que não posso ir de férias para a maioria dos hoteis porque não aceitam animais (tenho os meus pais, caso seja necessário), apesar de ter o bom senso de reconhecer que ela não é a melhor cadela do mundo... e que o digam as 1001 batatas entretanto devoradas, o telefone do inter-comunicador (video-porteiro), os jornais desfeitos, os sabonetes comidos, aosd tupperwares e aos wc's da gata devorados (refiro-me mesmo aos wc's e não ao seu conteúdo)... seria incapaz de me separar dela. Não é educada, longe disso, não é a melhor cadela do mundo... é mais como uma pequena irmã do Marley... mas isso só me posso penitenciar a mim, eu é que não a eduquei propriamente. Este ano, fomos mais uma vez de férias para Porto Côvo em Setembro. Como é proibido ter os cães na praia durante a época balnear, a Joana (a nossa cadela) ficou em casa com os meus pais. No primeiro dia, vimos que a praia estava deserta... logo, decidimos que no dia seguinte a viríamos buscar, e assim foi... Foi o princípio das férias dela... e o fim das nossas... porque não houve qualquer hipótese de termos 5 minutos de sol estendidos na toalha após a sua presença. Se me perguntarem se gostava de ter férias e sol... e praia.... enfim... gostava... mas ver a alegria da nossa cadelita quando nos entrava toalha adentro, ou quandos nos acompanhava à água e depois virava croquete de areia é superior a qualquer bronzeado ou sensação de um óptimo dia de praia. (NOTA: o Parque de Campismo de Porto Côvo é um dos poucos parques de Campismo nacionais que aceita animais nas residenciais/ Bungalows - Um louvor para eles!!)


Ter animais, acaba por ser uma questão de prioridades e de valores. Acaba por ser a decisão sobre o que mais prezamos na vida e, o que desejamos receber dela. Se desejamos amor e lealdade incondicional; se desejamos ser recebidos aos pulos, lambidelas ou miadelas, se desejamos ser presenteados com um animal a emitir sons de alegria quando chegamos a casa ao fim dum dia de trabalho... ou não... se preferimos chegar a casa onde o som do vazio ecoa por entre quatro paredes e nos recepciona.

Um animal é verdadeiro, uma pessoa pode ou não sê-lo...

21 abril 2009

Pai

A única coisa de que sinto remorsos foi de nunca ter conseguido entender a tua solidão.


Tough, you think you've got the stuff
You're telling me and anyone
You're hard enough
You don't have to put up a fight
You don't have to always be right
Let me take some of the punches
For you tonight

Listen to me now
I need to let you know
You don't have to go it alone
And it's you when I look in the mirror
And it's you when I don't pick up the phone
Sometimes you can't make it on your own

(...)

Don't leave me here alone (...)

20 abril 2009

Boas... long time, no see...

Num tempo em que ando mais frágil em relação ao que me rodeia - e isso parte de diversas origens, uma das "coisas" que me faz mais impressão é o sofrimento dos animais. Primeiro, porque não é facilmente perceptível quando lhes dói algo... (eles não dizem k dói aki ou ali...) e depois, porque da maneira que um estado (neste caso o... português composto não só pelo seu governo, mas toda a sociedade) trata os seus animais... deixa muito a desejar...
Eu e a Sónia, somos aqueles que vamos a correr para o Hospital Veterinário do Restelo (aquele que sabíamos aberto 24 horas por dia - agora sabemos que há mais) quando uma das nossas meninas apresenta qualquer sintoma fora no normal... mesmo que seja para nos dizerem ... "É so ronha, o animal está saudável...".. "a pata está perfeitamente boa..."...

Isto para dizer que me preocupo com os animais, isto para dizer que quando nós - estilo princepezinho - ..." Mas tu não deves esquecer. Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas..." - cativamos, conquistamos, adoptamos alguém... somos responsáveis por eles. Quando esses seres não têm quem os adopte... a não ser todos nós, a não ser quem é responsável pelo seu habitat em segurança, ou seja a humanidade em geral.... somos nós... tu, eu e quem mais houver interessado nesta causa.

Esta letra foi escrita por Erasmo Carlos há, pelo menos, 27 anos... continua actual...


As Baleias
Composição: Roberto Carlos / Erasmo Carlos


Não é possivel que você suporte a barra
De olhar nos olhos do que morre em suas mãos
E ver no mar se debater o sofrimento
E até sentir-se um vencedor neste momento

Não é possivel que no fundo do seu peito
Seu coração não tenha lágrimas guardadas
Pra derramar sobre o vermelho derramado
No azul das águas que voce deixou manchadas

Seus netos vão te perguntar em poucos anos
Pelas baleias que cruzavam oceanos
Que eles viram em velhos livros
Ou nos filmes dos arquivos
Dos programas vespertinos de televisão

O gosto amargo do silêncio em sua boca
Vai te levar de volta ao mar e à fúria louca
De uma cauda exposta aos ventos
Em seus últimos momentos
Relembrada num troféu em forma de arpão

Como é possível que voce tenha coragem
De não deixar nascer a vida que se faz
Em outra vida que sem ter lugar seguro
Te pede a chance de existência no futuro

Mudar seu rumo e procurar seus sentimentos
Vai te fazer um verdadeiro vencedor
Ainda é tempo de ouvir a voz dos ventos
Numa canção que fala muito mais de amor

Seus netos vão te perguntar em poucos anos
Pelas baleias que cruzavam oceanos
Que eles viram em velhos livros
Ou nos filmes dos arquivos
Dos programas vespertinos de televisão

O gosto amargo do silêncio em sua boca
Vai te levar de volta ao mar e à furia louca
De uma cauda exposta aos ventos
Em seus últimos momentos
Relembrada num troféu em forma de arpão

Não é possivel que você suporte a barra




Quando será que termina o sofrimento ??? De baleias, focas e afins?

30 março 2009

Preservativo (ou não) - Reacção oficial do Convento

Não querendo passar por cima da hierarquia deste convento, mas pedindo desde já licença ao Sr. Papa Rottweiller...ai perdão! Ratzinger, aqui vai a reacção oficial deste Convento à questão do preservativo: usá-lo o, abusá-lo ou deixá-lo?

Primeiro: abusá-lo não convém. Repetir na vida real o que se faz no filme "Delicatessen", onde um presevativo é recauchutado com pastilha elástica não nos parece uma boa prática, até porque toda a gente conhece a natureza dos espermatozóides, que são autênticos McGyvers e fazem de tudo para conseguir chegar ao seu destino, se bem que este se revele, por vezes, bastante inglório (por exemplo, no caso das ditas relações impróprias, segundo a definição do Cardeal Clinton).

Segundo: usá-lo parece ser o melhor remédio. Verifico ainda com grande alegria que a empresa farmacêutica que produz o preservativo feminino escolheu esta altura para lançar o produto. É o que eu chamo um golpe de génio! Agora a Igreja tem agora dois campos de batalha e terá de preocupar-se também em enquadrar os elementos femininos do clero.

Terceiro: deixá-lo. Pode ser, mas convém ver onde, porque no chão, na sacristia ou no confessionário, não convém. É que algum fiel pode escorregar e lá se vai tudo o que Marta fiou, isto para manter a retórica dentro da moral estritamente católica.

Finalmente: o nosso louvor ao Sr. bispo de Viseu, que provou para que serve o livre arbítrio de que Deus dotou as criaturas ditas humanas e, apesar da engrenagem, continua a pensar por si o que, nos dias que correm, parece ser cada vez mais difícil.

Mas claro que, sendo nós um estabelecimento católico de primeira categoria, não podemos deixar de afagar (respeitosamente...) os nossos amigos católicos, legitimamente feridos nos seus interesses por esta quezília e, portanto, deixamo-los com uma música que bem pode ser o hinoda Santa Madre para esta causa.

Every sperm is sacred
Every sperm is great
If a sperm is wasted
God gets quite irate
(....)
Every sperm is wanted
Every sperm is good
Every sperm is needed
In your neighborhood

28 março 2009

A necessidade é a mãe da invenção

Li esta frase há muitos anos atrás, numa versão infantil de "Robinson Crusoe" e nunca mais me esqueci dela, até porque a minha mãe, de quem herdei o livro, também a fixou e gostava de a repetir.

Compreendo o seu significado. Quando somos empurrados para uma situação, o espírito de sobrevivência manda-nos agir, criar, arranjar soluções. Foi o que aconteceu comigo esta semana.

Sempre tive uma relação ambivalente com agulhas, bisturis, sangue e actos médicos em geral. Passo a explicar: tenho alturas em que quase nada me afecta (poucas, muito poucas...) e outras (a esmagadora maioria) em que desmaio quando vejo sangue. E nem é preciso ser uma grande quantidade, como no dia em que o capot do carro me caíu em cima de um dedo e saltou uma lasca de carne. Nada de dramático, mas acabei por desmaiar. Acordei, momentos depois, ao som das gargalhadas do amigo com quem estava...é sempre bom ter amigos assim...mas adiante.

A minha mãe toma anticoagulantes desde que teve um AVC, há cinco anos. Esta semana precisou fazer uma pequena cirurgia no dentista e, para isso, teve de interromper o medicamento e tomar injecções de heparina, para ajudar a coagulação. Procurei quem pudesse administrar-lhas, mas não foi fácil, até porque ela precisava de duas injecções por dia e eu não podia acompanhá-la. Além do mais, descobri, não com grande espanto, confesso, que a grande maioria dos postos de enfermagem fecha ao fim de semana...

Quando telefonei para o nosso centro de saúde, a enfermeira com quem falei propôs-me que fosse até lá aprender a dar injecções...fiquei estarrecida com a perspectiva de furar a barriga da minha mãe diariamente. Sei que isto pode parecer um bocadinho ridículo aos diabéticos, por exemplo, que se injectam várias vezes ao dia, mas para mim era inconcebível.

Mesmo assim, e porque não via outra solução, lá fui aprender a dar subcutâneas. Não sem antes ter tentado aprender com os educativos filmes do YouTube, na sua maioria feitos por norte americanos, que exibiam as barrigas anafadas e pejadas de hematomas....além do mais, todos diziam que a heparina "burns like hell" ao entrar...

Facto é que aprendi. E com grande nervoseira lá apliquei a primeira injecção na barriguita da mãe. Lá investi contra a minha primeira morada, por assim dizer. E depois da primeira veio a segunda e a terceira e, num piscar de olhos, a semana passou, a cirurgia fez-se sem problemas e só faltam duas "picas" para acabar.

Segundo a mãe, nem a tenho magoado, nem a heparina arde tanto assim. O problema são as nódoas negras, que vão deixando menos espaço para picar. mesmo assim, acho que não me saí mal. Consegui vencer um medo. Não desmaiei porque para era importante que ela confiasse em mim. Por isso fiz-me forte e descontraída (para tal fui buscar inspiração às séries de médicos e hospitais que gosto de ver).

Moral da história: nenhum em especial. A não ser talvez, que "You gotta do what you gotta do" ou, como dizia o Sr. Dafoe, que a necessidade é a mãe da invenção ou, neste caso, da coragem. peço desculpas uma vez mais aos que cumprem este tipo de ritual todos os dias, aos profissionais de saúde, para quem esta história é ridícula, à minha colega F., que o fez todos os dias durante meses para conseguir engravidar. Para mim, a "mariquinhas" que desmaia quando corta um dedo, foi importante conseguir fazer isto.

05 março 2009

Direitos iguais entre pessoas do mesmo sexo

“Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e em direitos.”
(Declaração Universal dos Direitos do Homem, Proclamada pela Assembleia Geral da ONU a 10 de Dezembro de 1948, Artigo 1º)

“A todos são reconhecidos os direitos à identidade pessoal, ao desenvolvimento da personalidade, à capacidade civil, à cidadania, ao bom nome e reputação, à imagem, à palavra, à reserva da intimidade da vida privada e familiar e à protecção legal contra quaisquer formas de discriminação.”
(Constituição da República Portuguesa, Parte I – Direitos e deveres fundamentais, Artigo 26.º (Outros direitos pessoais), nº 1)

É por estas e muitas outras que eu nem percebo porque é que tem de haver discussão...

03 março 2009

Blogue Pornocrático - Ai, perdão! Por-no-grá-fi-co (assim é que é!) II


Perguntaram-me por que é que eu tinha "postado" a imagem de uma vulva e não de um pénis. Ora, para que a vulva de Courbet não se sinta só, e para que não digam que este Convento é preconceituoso, aqui vai uma belíssima fotografia do checo Jan Saudek.

Por qualquer razão, o nú masculino sempre foi menos utilizado do que o feminino na Arte. Talvez por ser mais complexo. Talvez por ser mais "explícito". Quem sabe se por timidez ou machismo. Facto é que o nú masculino esteve - e ainda está - muito ligado à homossexualidade. Enorme disparate! O corpo de um homem é tão bonito quanto o de uma mulher e a beleza não tem sexo ou idade.

Amem os vossos corpos. Mimem-nos. São eles que nos ligam ao mundo. São eles que nos permitem sentir. E são efémeros, frágeis, maravilhosos, precisos, falíveis e, mais quilo, menos quilo, todos rigorosamente iguais.

Não vale a pena perder tempo com a vergonha ou a comparar as diferenças. Somos humanos. A nossa grande prioridade deveria ser a felicidade - sem ter de pedir licença ou desculpas seja a quem for.

26 fevereiro 2009

Blogue pornográfico


Parece que foram apreendidos vários exemplares de um livro chamado “Pornocracia”. Ao que consta, alguns cidadãos preocupados com a moral e os bons costumes, consideraram a capa do livro ofensiva e o título demasiado próximo da palavra pornografia…Assim sendo apresentaram queixa e a polícia agiu – e muito bem, digo eu!

Antes de mais, é preciso dar os parabéns ao autor do livro, porque não há melhor publicidade do que a controvérsia. E ainda por cima é grátis! Imagino que o tal “Pornocracia” estivesse a ser vendido a preço de saldo e agora esteja a preparar-se para a 2ª edição. Assim se faz um “best seller”.

Em segundo lugar, quero louvar os cidadãos que rapidamente se auto-mobilizaram para erradicar esta pouca vergonha. Vivam os vícios privados e as públicas virtudes! Sim, porque toda a gente sabe que a pornografia é uma coisa feia e suja de que ninguém gosta, à excepção talvez um ou outro adolescente (do sexo masculino, claro!) com as hormonas aos pulos e condenado à danação eterna por tal gosto decadente...

Concordo em absoluto que a capa do livro é chocante e revoltante. Uma vulva assim exposta, nua, semi-aberta, à espera sabe-se lá de quê ou de quem, a dar-se ao mundo inteiro é a coisa mais perigosamente imoral à face da terra. Sobretudo nos dias que correm. Sobretudo quando comparada com os milhares de pessoas que, a cada hora que passa, morrem à fome ou de doenças para as quais já se conhece a cura, ou com as guerras que começam não se sabe muito bem porquê, com as filas crescentes para os bancos alimentares, os despedimentos em massa, o endividamento de países inteiros, os políticos corruptos (ou deveria dizer simplesmente “os políticos”?), etc, etc.

Finalmente, sobre a imagem na capa da dita “Pornocracia”. A obra em questão chama-se “L’Origine du Monde” e foi pintada em 1866 por Gustave Courbet, um homem inconformista como tantos outros da sua época (segunda metade do séc. XIX). Farto dos cânones rígidos a que a arte estava sujeita, decidiu, pela primeira vez, pintar a vulva e as coxas de uma mulher de forma realista, sem quaisquer constrangimentos de estética e de forma.

O quadro está exposto no Museu d’Orsay em Paris para todos os que o queiram ver. Podem ou não gostar, mas não me parece que seja particularmente ofensivo e muito menos pornográfico. Um dia, os artistas começaram a libertar-se das convenções que as ditaduras estéticas lhes impunham e criou-se a liberdade na arte - um conceito recente, portanto.

Em Viena, poucos anos depois de Courbet ter pintado a sua origem do mundo, um grupo de artistas reivindicava a absoluta liberdade para criação artística (“Der Zeit ihre Kunst. Der Kunst ihre Freiheit” – vá, procurem a tradução!). Assim nasceu a arte contemporânea. Livre de cânones, transversal, para que todos possamos gostar ou desgostar, mas na qual não haja lugar para a indiferença.

A liberdade é o bem mais precioso que podemos ter. Na arte e na vida. Estamos limitados a um curto tempo de vida e restringidos por tantas coisas que não podemos evitar, que procurar mais constrangimentos é um crime contra nós mesmos. A arte é livre, qualquer forma de arte e de expressão vive da liberdade.

Porque podemos e devemos expressar-nos, porque temos todo o direito a viver as nossas realidades e fantasias sem a pior censura de todas que é a auto-censura, que gera a hipocrisia, a intolerância, o medo e a frustração. Porque temos o direito à liberdade de expressão e é essa amplitude de ideias que nos torna melhores pessoas, mais condescendentes e solidários com quem não partilha das mesmas convicções.

Por tudo isto e, acima de tudo, porque me apetece e este Convento é meu e o meu Abade partilha das mesmas ideias e quem não gostar pode sempre chamar a polícia, declaro orgulhosamente que este é um blogue pornográfico.

E tenho escrito.

PS – É muito bom estar de volta

30 janeiro 2009

Irónico... não?

Como diz a Sónia, não deixa de ser irónico que um frade se distinga a cantar uma música com letra deste poema de Pedro Homem de Mello...


De mãos nos bolso e de olhar distante,
Jeito de marinheiro ou de soldado,
Era um rapaz de camisola verde,
Negra madeixa ao vento,
Boina maruja ao lado.

Perguntei-lhe quem era e ele me disse
“Sou do monte, Senhor, e um seu criado”.
Pobre rapaz de camisola verde,
Negra madeixa ao vento,
Boina maruja ao lado.
Negra madeixa ao vento,
Boina maruja ao lado.
Negra madeixa ao vento,
Boina maruja ao lado.

Porque me assaltam turvos pensamentos?
Na minha frente estava um condenado.
Vai-te, rapaz da camisola verde,
Negra madeixa ao vento,
Boina maruja ao lado.

Ouvindo-me, quedou-se o bravo moço,
Indiferente à raiva do meu brado,
E ali ficou de camisola verde,
Negra madeixa ao vento,
Boina maruja ao lado.
Negra madeixa ao vento,
Boina maruja ao lado.
Negra madeixa ao vento,
Boina maruja ao lado.

Soube depois ali que se perdera
Esse que só eu pudera ter salvado.
Ai do rapaz da camisola verde,
Negra madeixa ao vento,
Boina maruja ao lado.
Ai do rapaz da camisola verde,
Negra madeixa ao vento,
Boina maruja ao lado.
Negra madeixa ao vento,
Boina maruja ao lado.
Negra madeixa ao vento,
Boina maruja ao lado.


Por muito que goste da música e de poema em si, em tempos nos quais a Igreja se fecha e se mostra mais consciente dos "seus valores"... não deixa de ser irónico esta interpretação já com alguns anos.

10 novembro 2008

Fumar

Faz já algum tempo que não escrevo aqui. A razão, acima de tudo, é a falta de tempo e outras faltas, das quais não sendo propriamente culpado, acabo por ser com elas conivente. Questões de ausência aparte, o facto que me leva a escrever é o tabaco.
Todos os que fumam, sabem o malefício que o tabaco provoca, e entre estes, o mais fatal será porventura o cancro do pulmão e/ou das zonas aéreas superiores (boca, faringe, etc). Eu sei desses malefícios, fui inclusivé operado ao coração para reparar um defeito de fabrico que me provocou um enfarte aos 29 anos... mas fumo. Fumava antes e continuo a fumar depois. Hoje, no programa transmitido pela SIC, Roda da Sorte, o apresentador Herman José, gabava-se de ter deixado de fumar há 6 anos e falava de todos os malefícios do tabaco, etc e tal, com uma atitude fundamentalista que não me agradou (por muito que até goste da pessoa em questão)...
As pessoas que fumam, tirando os que são fracos de espírito, sabem perfeitamente do mal que o tabaco faz, das consequências nocivas que o mesmo tem sobre o organismo e das 1001 substâncias que o mesmo contém. Fumam... porque gostam, mantém o vício - que custa muito dinheito actualmente - porque usufruem dele. O tabaco para mim é um companheiro. Presente nos bons e maus momentos, nas alturas em que estou acompanhado ou só. Está sempre lá.. à distância de um fonte incadescente. Fumo porque gosto. Fumo porque me sabe bem. Sei que me arrisco a diversas complicações de saúde... mas continuo a fumar apesar delas. Porque gosto.
O facto de gostar, não implica contudo que aconselhe ou encoraje alguém a fumar... longe disso. Fumar é um vício (ou um prazer que vicia)...e como tal, não pode ser aconselhado ou recomendado.
Há vícios bons e maus, consoante o uso e proveito que se faz deles.

12 maio 2008

Adeus Maestro



Adeus Maestro dos Relvados, adeus perfume de futebol.
Ao longo de 18 anos reuniste unanimidade entre adeptos, não só do Fafe, Benfica, Fiorentina ou AC Milan, mas dos adeptos do futebol em geral e, isso, é algo que muito poucos se podem gabar.
O futebol jogado, além dum verdadeiro maestro dentro das 4 linhas, perde também um Homem de carácter e essa falta custa mais a suprir.

Obrigado por 18 anos de futebol de alto nível,
Obrigado por 18 anos de magia,
Obrigado por não seres "peseteiro",
Obrigado por terminares a carreira de jogador no nosso clube do coração,
Obrigado por seres quem és,
Obrigado por tudo Rui!

Desejo-te, a título pessoal e do nosso clube, as maiores felicidades e vitórias no novo cargo que se avizinha.

18 fevereiro 2008

Parque Guell

Barcelona - Joan Miró


Entrada da Fundação
Joan Miró

Barcelona - La Rambla

Gato - Bottero


El Raval

Sagrada Família


Pormenor da Sagrada Família - Beijo de Judas

Barcelona - Casa Milà (La Pedrera)

Barcelona - Casa Batlló












No Carnaval, aproveitámos para ir passar o fim de semana "prolongado" a Barcelona. Aqui ficam algumas das fotos da Casa Batlló.

10 fevereiro 2008

A última aquisição

Em Dezembro, durante uma das nossas idas ao Chiado (onde era suposto irmos assistir a um concerto de Natal numa igreja próxima), deparámo-nos com um rapaz com uma ninhada de cachorros. Este rapaz estava a doar os cachorros pois a sua cadela havia tido 11 naquela ninhada, o que além de ser incomportável para ele, estava a sê-lo também para a própria cadela... que tinha um ar exausto..
Como mais transeuntes que por ali passeavam, fomos ver os cachorrinhos e brincar com eles... sem qualquer segunda intenção (leia-se... adoptar um cachorrinho).
Mas... a vida tem destas coisas e acabámos por trazer uma cachorrinha para casa... Nestes dois meses que passaram... muitas alegrias... algumas tristezas... muitas asneiras... muitas compensações.
Só falta mesmo é que a cadela e a gata se entendam, para haver mais alegrias ;) e penso que com o tempo... isso vai acontecer.

28 novembro 2007

Yamaha Fazer S2 - Midnight Black

É linda, não é ?

26 novembro 2007

3 Meses :)

Ao fim de 3 meses a andar em duas rodas, encontro-me cada vez mais convertido ao amor e paixão de andar de moto.
Sem loucuras - porque devagar tb se chega a qualquer lado - estes 3 meses tem decorrido sem problemas e sem sobressaltos de maior.
Devo confessar que estou surpreendido com a atitude da maior parte dos automobilistas, que por norma, se desviam e facilitam a passagem das motos quando se encontram parados numa fila de trânsito (ao contrário do que tinha ouvido e lido por aí). Se eu respeitar um automobilista (que também sou de vez em quando), penso que ele também me respeitará como motard. Há excepções, claro, mas isso é como em tudo na vida... há boas e más pessoas, bons e maus condutores (seja de que veículo for).
Assumo-me, como um maçarico, que todos os dias aprende algo; que se encosta deixando passar os "colegas motards" mais experientes; que só se arrisca pelo meio dos carros quando estes estão parados nos sinais ou em trânsito lento, mas assim, tenho sobrevivido incólume durante este tempo inicial.
Quando adquiri a moto, investi também em material de protecção: blusão Dainese com protecções cotovelos, ombros e costas; luvas Dainese e capacete Shoei, onde gastei mais umas boas coroas, mas como disse a abadessa na altura "já k se vais investir tanto dinheiro numa moto, é bom que invistas também na tua segurança"... e todos sabemos que a palavra da abadessa é sagrada ;)

16 agosto 2007

Episódio Surreal

Boas!

Fui hoje de manhã fazer finalmente o exame de condução de motociclos e... bem... aconteceu-me um episódio surreal... caricato... inimaginável.

Saímos dois alunos do local de exames (na APEC, em Chelas). Eu, como o primeiro a fazer o exame, saí com a moto à frente do carro de instrução, indo o outro aluno atrás do mesmo.

Andámos às voltas por Chelas (até eu não saber onde estava) a ouvir o examinador: "vire à direita", "vire à esquerda", "na rotunda saia na 2ª", etc... a parar nas passadeiras para os peões, nos sinais vermelhos... até que ao fim de uns 10/15 minutos parámos na Av da Igreja em Alvalade. Encostei a moto e o meu instrutor pede-me para emprestar o auricular da escola ao outro aluno porque o dele não estava a funcionar. Lá tirei o auricular e o receptor e o meu exame terminou ali.

Achei muito curto... não fiz oitos... não me fizeram quaisquer peguntas acerca da moto... aliás a única vez que ouvi o examinador foi a chamar o meu nome para ir fazer o exame. Pergunto ao instrutor se o meu exame já tinha terminado e ele ainda me assustou ao dizer que eu tinha chumbado (não sabia porquê, porque fiz tudo correctamente)... mas quando lhe perguntei : "Então e quanto tempo demora a marcar outro exame?!", ele riu-se e disse-me que estava passado (a raiva que sentia tornou-se numa alegria imensa e apeteceu-me desancá-lo ali mesmo pelo susto que me tinha provocado).

Com o auricular emprestado ao outro aluno e ele à frente do carro de instrução, era a minha vez de ir atrás do mesmo. Saímos dali da zona de Alvalade e após mais umas voltinhas, já não sabia novamente onde estava (algures por Chelas...).

Num cruzamento duma via com várias faixas, o aluno que estava a fazer exame e o carro de instrução, passam com o sinal a queimar o vermelho... eu, para não arriscar, páro no sinal e fico à espera que o mesmo abra, convencido que tanto o aluno, como o carro de instrução estariam parados à minha espera mais à frente, após o cruzamento e a subida.

O sinal esteve fechado uma eternidade e, quando finalmente arranquei, toca a dar gás pela subida a ver se os encontrava... Nada... não vi ninguém... como não sabia onde estava, fui em frente... andei em circuito turístico pela zona J, I, M - e sei lá que mais letras - de Chelas... Não tive coragem de parar e perguntar porque não me quis arriscar a ser roubado. Quando finalmente saio da zona residencial, páro numa rotunda e pergunto a uns senhores como se ia para a rotunda do aeroporto (rotunda do relógio), porque dali já sabia (mais ou menos) o caminho para a APEC. Mais voltinha, menos voltinha... devo ter andado cerca de uma hora às voltas por Chelas, Olivais, Olaias e sei lá mais o quê...

Quando chego à APEC - finalmente - lá estava o meu instrutor... a perguntar-me por onde eu tinha andado... que já estava preocupado... (não mais que eu imagino..).
- Vai lá pagar 24 euros para a nova carta e vamos embora!

[fui de bom grado :) ]

Não deixa de ser original (ou pelo menos pouco vulgar) e engraçado, não ?

13 agosto 2007

Espírito Motard

O "espírito motard" não tem explicação. Como alguém disse anteriormente, para quem percebe não é preciso explicação, para quem não percebe (ou entende) não há explicação possível.

Há 15 anos, aos 18 portanto, tive a minha primeira experiência em duas rodas. Não foi muito agradável... pelo seu fim trágico (existe algures atrás posts sobre essa experiência). 15 anos depois, com mais maturidade, com mais juízo e, acima de tudo, com mais experiência no trânsito (é incrível e chocante a falta de bom senso e maldade de alguns automobilistas) resolvi obter o título que me habilita a conduzir motociclos (vou a exame práctico esta semana, após obter a devida autorização no exame teórico).

Sinto-me mais capaz que há 15 anos... mais consciente dos perigos que me rodeiam (e são muitos), mas acima de tudo mais capaz e preparado para os enfrentar.

Existe na maior parte dos automobilistas um sentimento de revolta e por vezes de maldade para os motociclistas, que não é compreensível!
O que os revolta ?
O passar à frente nas filas (é um veículo de duas rodas, consegue passar onde um de 4 rodas dificilmente passará) ?
É serem gozados pelos palhaços que andam a fazer cavalinhos e acelerar sem nexo na via pública (esses não são os verdadeiros motards e como tal devem ser descartados. Tal como há bons e mais automobilistas, há bons e mais motards)?

Eu, como futuro motard não me identifico minimamente com os aceleras ou acrobatas na via pública, que além de colocarem a sua vida em perigo colocam a de outros, inocentes, que nada têm a ver com a vontade exacerbada de exposição desses supostos motards. Para isso, diversas organizações, agendam os track days... em que num circuito e em condições controladas se pode acelerar e não colocar a vida de ninguém em risco ( a não ser a própria se não se seguirem os conselhos dados).

Mas um facto é que devido a esses "supostos motards" ou por pura maldade dos motociclistas, andar na estrada em duas rodas é um risco ponderável (e tal não se justifica).

Outra questão tem a ver com os seguros e com o selo de circulação, por exemplo. Eu, e neste post falo exclusivamente por mim e pelas minhas convicções, agora que já comprei moto e equipamento (onde gastei algumas dezenas de euros a tentar precaver-me de possíveis percalços), ainda tenho que pagar um imposto de circulação - ou de posse, como se avizinha para o próximo ano - superior ao que pago anualmente para o carro. Duas rodas, se é que que provocam qualquer dano na via pública, de certeza que será menor... porque é que pago quase o dobro de imposto de circulação??

Seguros então... bem... se vos disser que pago anualmente 368 euros anualmente de seguro automóvel, apenas por responsabilidade civil, quebra de vidros, assistência em viagem e protecção jurídica estão à vontade para me chamar otário ou idiota, mas a preguiça de, ao longo destes 15 anos em que tenho carta da cat B ter alterado o titular e também a preguiça de procurar um seguro mais barato só (que por estes preços, nem por sombras há-de ser dífícil de encontrar) o justifica.

Agora que ando à procura duma companhia de seguros tenho consciência das diferenças de companhia para companhia e pior ainda, dentro da mesma companhia da diferença de mediador para mediador. Para terem uma ideia, a diferença entre uma companhia de seguros (que por acaso pertence ao grupo económico para o qual eu trabalho e que o Sr. Paulo Bento tanto apregoa) já incluída a adesão a outros produtos do grupo e, outra da concorrência... a diferença... essa é contabilizada em quase 500 Euros... estamos a falar de 100 contos (na moeda antiga) para quem não percebe ainda a diferença de euros para escudos. É inaceitável tal diferença, bem como o "roubo" descarado que estas e outras companhias fazem diariamente a motociclistas e automobilistas. Seria bom que o Instituto de Seguros de Portugal investigasse e agisse contra essas companhias, mas tal, no panorama actual em que expressar opinião contrária à que nos governa, nos garante uma mordaça oficial, já seria pedir demais...

Resposta ao amável comentário do Sr. Anónimo

Caro Sr. Anónimo,

Antes de mais, deixe-me dizer-lhe que foi com grande prazer que li o seu comentário ao meu "post" anterior. Tenho a maior admiração pelas pessoas que gostam de expressar as suas opiniões, mas não têm a coragem de, ao menos, assinar com o seu nome de baptismo.

O senhor deve de ser uma daquelas pessoas que reclama constantemente os seus direitos, mas protesta sempre, na hora de cumprir os deveres, não é? Vá lá, deixe-se disso, que os tempos do Sr. Salazar já lá vão e o povo, embora sereno, não os vai deixar retornar (esta é a minha profissão de fé, pelo menos). Assine, diga qual a sua graça, que ninguém o leva preso.

Mas adiante. Ainda bem que o senhor andou na escola no tempo em que a dita ainda o era. Sim, porque hoje em dia somos todos uma cambada rebelde de iletrados, que não sabem o que para aqui andam a fazer. Noto, ainda assim, que, apesar de ter tido tão excelça educação, o Sr. Anónimo não devia ser muito bom aluno no que toca à interpretação do Português, já que não percebeu o significado de um texto bastante simples. De facto, a primeira vez que fui ao MNAA foi durante a escola preparatória mas, após essa primeira visita, tive a oportunidade de fazer muitas mais, já que, tal como o senhor, também vivo em Lisboa, de onde sou natural. Daí poder falar da evolução do espaço e das exposições ao longo dos últimos anos. Vinte e cinco anos, para ser mais precisa.

Mas deixe lá, se o Português não lhe correu tão bem assim, tenho a certeza de que compensou na Matemática - estou certa?

Quanto aos seus comentários sobre a Drª Dalila Rodrigues, pergunto-lhe: quando foi a última vez que visitou o MNAA? E não lhe achou qualquer diferença? A sério? Ou será que se a Srª Drª Dalila Rodrigues fosse um homem, de preferência com mais de cinquenta anos, o senhor daria mais crédito ao seu trabalho?

Por norma, costumo apagar todos os comentários anónimos a este "blog". O Memorial é a minha casa virtual e em minha casa só entra quem eu quero. Como aqui não posso impedir a entrada, posso, ao menos, limpar a "sujidade" de quem por aqui passa e nem sequer tem a dignidade de se identificar. Pode dizer bem que eu agradeço; pode dizer mal que eu não me importo - desde que se apresente. Mas no seu caso, decidi abrir a excepção: vou manter o seu comentário, até porque sem ele esta resposta não faria sentido, não é?

Com os meus melhores cumprimentos,

Sónia

P.S. - Se fui demasiado dura consigo, peço-lhe que me perdoe. É a minha TPM, sabe - dá cabo de mim. O que é que quer que lhe diga? Nós, as mulheres, somos uns desastres. É quando estamos à espera do período e quando tentamos dirigir um museu que o nosso destrambelhamento mais se nota. Na verdade, aqui entre nós, só servimos para uma coisa: para dar à luz criaturas como o senhor... Bom, vou voltar para o tanque, que depois ainda tenho uma pilha de meias para passajar! Pode ser que a Drª Dalila me queira acompanhar na tarefa...

03 agosto 2007

Fui pela primeira vez ao Museu Nacional de Arte Antiga (MNAA) numa visita de estudo da escola preparatória e, desde esse dia, o MNAA tornou-se o meu lugar preferido no mundo inteiro. Durante as várias visitas que fiz, ao longo dos anos, foi-se tornando notória a decadência do espaço, a precisar de obras urgentes e a monotonia do ambiente, a a pedir novas atracções, exposições temporárias, incursões por outras áreas, por outras artes.

Com a chegada de Dalila Rodrigues, em 2004, o MNAA recebeu a transfusão de vida de que tanto precisava. Desde as noites do museu, até à exposição feita em colaboração com o museu da faculdade de ciências médicas, passando pela esplendorosa arte sacra da Polónia e pela magnífica colecção Rau, o MNAA esteve sempre a pulsar de vida. Novos públicos, numeroso e curiosos, portugueses e estrangeiros, novos e velhos acorreram e gostaram e por isso mesmo voltaram.

As obras tão necessárias foram feitas, algumas provavelmente ficarão a meio, na tradição de Portugal, país onde parece que tudo ainda está por cumprir.

Durante a primeira Noite dos Museus, o MNAA estava a abarrotar de gente. Nunca tinha visto o meu museu assim. Fiquei feliz. Dalila Rodrigues também estava satisfeita, a julgar pela expressão que trazia enquanto acompanhava a iniciativa. Quis ir falar com ela, quis dizer-lhe o quanto a admirava por tudo o que tinha feito pelo maior e mais importante Museu Nacional. mas a timidez não me deixou.

Agora já é tarde, mas aqui fica o meu protesto. Que tipo de país se pode dar ao luxo de penalizar quem está a fazer um bom trabalho? E - e isto é o que realmente me preocupa - que tipo de país afasta quem não concorda?

27 julho 2007

...and intelligence for all

Acabo de ler a notícia mais estúpida do dia e que só não é a piorzinha da semana por causa do destaque absurdo dado à ida de um tal Simão para Madrid, ao que parece, para jogar futebol.

Um cavalheiro norte-americano, advogado de profissão, decidiu processar um clube nocturno porque diz sentir que as "Ladies nights" descriminam os homens...Hello! Amigo! São "Ladies nights", não são "Gentlemen nights". Isto diz-lhe alguma coisa? Pelos vistos não, não é? É óbvio que é descrimonatório. É suposto ser. O princípio da coisa é oferecer umas borlas às senhoras para atrair clientela feminina e, sobretudo, masculina, no pressuposto de que a maioria dos homens terá mais "chances" com as mulheres se elas estiveram já ligeiramente alcoolizadas...

OK, eu sei que não é bem isso. O verdadeiro objectivo é incrementar o negócio, mas é inegável que as "Ladies nights" existem para atrair mulheres E homens aos bares e clubes nocturnos.

Mas o que mais me surpreendeu na "notícia" foi o facto de um homem se queixar de descriminação. E logo por um motivo tão sério! Mesmo para um norte-americano, é cretinice a mais.

Se eu pertencesse ao Senado (onde, sem dúvida, não existe qualquer tipo de descriminação para com as mulheres - basta ver o número elevado de senadoras eleitas...), proporia que o "Pledge of Allegiance" fosse acrescentado e que, além da justiça para todos, oferecesse também inteligência para todos.

Claro que, em se tratando dos Estados Unidos, provavelmente o resultado seria colocar um elemento dos serviços secretos atrás de cada cidadão...

26 julho 2007

Senhoras e senhores...

mais uma vez... Jorge Palma...

Encosta-te a mim

Encosta-te a mim, nós já vivemos cem mil anos
encosta-te a mim, talvez eu esteja a exagerar
encosta-te a mim, dá cabo dos teus desenganos
não queiras ver quem eu não sou, deixa-me chegar.

Chegado da guerra,
fiz tudo p´ra sobreviver
em nome da terra, no fundo p´ra te merecer
recebe-me bem, não desencantes os meus passos
faz de mim o teu herói, não quero adormecer.

Tudo o que eu vi,
estou a partilhar contigo
o que não vivi, hei-de inventar contigo
sei que não sei, às vezes entender o teu olhar
mas quero-te bem, encosta-te a mim.

Encosta-te a mim,
desatinamos tantas vezes
vizinha de mim, deixa ser meu o teu quintal
recebe esta pomba que não está armadilhada
foi comprada, foi roubada, seja como for.

Eu venho do nada porque arrasei o que não quis
em nome da estrada onde só quero ser feliz
enrosca-te a mim, vai desarmar a flor queimada
vai beijar o homem-bomba, quero adormecer


Gosto de Jorge Palma... não sei explicar. Transmite-me confiança, alguma dor, algum sentimento... faz-me lembrar de mim (só em certas partes que nada têm a ver com o génio que é responsável pela composição) em certas ocasiões, faz-me chorar em outras, nalgumas faz-me rir... enfim, completa-me. Pode-se definir uma vida ao som das suas composições, de tempos nostálgicos a tempos alegres, de recordações amargas a açucaradas... encontra-se de tudo. Ao longo da sua carreira Jorge Palma reuniu uma legião de fãs que o adoram e que lhe perdoam quase... mas mesmo quase tudo. Num voo nocturno perto de si!

19 julho 2007

Descanso

Etiquetas:

"Hell is yourself and the only redemption is when a person puts himself aside to feel deeply for another person." (Tennessee Williams)

17 julho 2007

Nova Experiência

Fui na semana passada fazer o "novo" exame de código da categoria A (motociclos). Com a entrada em vigor do novo Código da Estrada, tal "acessório" tornou-se obrigatório. Não se trata de código propriamente dito (para quem já possua a carta da categoria B (ligeiros), mas sim de boa conduta e de conhecimentos do motociclo.
Passei... Estava com receio, mas felizmente correu tudo bem e não errei qualquer pergunta.
Hoje, tive a primeira aula de condução. Conduzi pela primeira vez (se descontar a acelera que tive e a motorizada do meu tio - uma Casal de 4 velocidades) um veículo de duas rodas. É uma sensação diferente... de liberdade... de medo... de vento no corpo e vontade de seguir em frente.
Na primeira aula, apesar de ir fazer exame da Categoria A, fui numa Suzuki GN 250 e já deu para sentir um pouco do poder das duas rodas. É diferente de conduzir um carro... foi a primeira aula e notei que tenho dificuldade nas reduções (não sei se estou em segunda ou em primeira), vi que os solavancos de quando arrancamos demonstram a força do "pequeno" motor que faz mover aquelas duas rodas. Num carro... ponho a mão na alavanca das velocidades e sei em qual velocidade está, num motociclo falta-me a sensibilidade para sentir em que velocidade me encontro. Para a próxima aula (a a 2ª), irei já para a moto com que irei a exame, uma Cb 500... segundo o instrutor, uma moto mais fácil de conduzir que a 250 com que me iniciei hoje.
Fui "advertido" pelo instrutor a não utilizar o travão da frente... mas a experiência anterior de bicicleta e de acelera, fazem com que tenha sempre dois dedos em cima do travão (que uso apesar das instruções do instrutor para ter a mota parada, com ambos os pés no chão), o exame prático segue dentro de dias.

12 julho 2007

Aconteceu-me ontem acabar de ler um livro e sentir saudades dele imediatamente. Há muito tempo que isto não me acontecia. O livro chama-se "Travessuras da Menina Má" e o autor é Mario Vargas Llosa.

O amor tem inumeráveis faces, mas só uma é autêntica.

06 julho 2007

Maravilhas

Não deixa de ser engraçado que a cerimónia "nacional" das 7 maravilhas que amanhã vai ter lugar no Estádio da Luz (a catedral do Sport Lisboa e Benfica), seja apresentada pelo Júlio Magalhães e pela Marisa Cruz, sendo o Júlio é um fanático adepto do F.C.Porto e a Marisa Cruz do Sporting.

05 julho 2007

Every time I look down on this timeless town
Whether blue or gray be her skies
Whether loud be her cheers or soft be her tears,
More and more do I realize
I love Paris in the springtime.
I love Paris in the fall.
I love Paris in the winter when it drizzles,
I love Paris in the summer when it sizzles.
I love Paris every moment, every moment of the year.
I love Paris, why, oh why do I love Paris?
Because my love is near.

(Cole Porter)

04 julho 2007

Carta aberta ao "Engº" José Sócrates

Exmo. Sr.

Tenho a dizer-lhe que ................. este ............. no estado ............... governo ........... .............Portugal... ............. é . ............ocasião...... ........ ....uma .......... actualidade... ......... palhaçada...............união ...... e .......... mas ....... ....... também que ....................verdade . ........... ......hora ..... ............ ............ nação.

Acho ainda completamente inadequado que ........... .........durante... ............ ......velha ....... ........... .......... funcionários públicos............ .............. férias............ ........ aumentos....... ......... ....... censura.

Com os melhores cumprimentos e grato pelo tempo dispensado.

João

(texto "censurado" para evitar sofrer represálias legais, sejam através de processos disciplinares ou cíveis)

20 junho 2007

As sete maravilhas

Coube à TVI a transmissão do espectáculo que anunciará quais as sete novas maravilhas do mundo. Parece-me bem. Toda a gente sabe o quanto a TVI gosta de grandes eventos. Quanto maior e mais espanpanante, melhor - afinal é preciso não esquecer que a Manuela Moura Guedes foi a apresentadora do jornal da noite durante muito tempo...

Ontem vi o "teaser" deste espectáculo pela primeira vez e o que posso dizer é que, bem, é uma organização da TVI...Foi anunciada a presença de grandes vedetas internacionais como Jennifer Lopez, Neil Armstrong, Kofi Annan, Dulce Pontes, Mariza e, as maiores de todas, reconhecidos no mundo inteiro e arredores, os grandes, os gigantescos, os portentosos...Júlio Magalhães e Marisa Cruz...

Que se trame o primeiro tipo que caminhou na superfície lunar! Que se lixe o outro, que foi presidente da ONU durante anos! Não há habitante da Patagónia que não conheça o talento jornalístico de Júlio Magalhães (Ó Júlio, se é verdade que todos os Júlios não são Magalhães, porque é que todas as Marisas têm de ser Cruz? Será que anda para aí um ligeiro deslize freudiano, amigo?) e o rosto da Marisa Cruz é sobejamente reconhecido por todos os malgazes.

Por tudo isto e muito mais, o melhor é pegar no marido, na mulher, no amante, enfim em quem quisermos (como diria essa outra preciosidade da estação, Leonor Poeiras) e ir até ao campo de futebol do Benfica, para ver as estrelas ao vivo, em todo o seu esplendor.

19 junho 2007

Lili forever!

Lili Caneças, esse portento, confessou-nos os seus últimos desejos. É verdade. Não é que a diva esteja a pensar em fazer a grande viagem em breve - aliás, basta olhar para aquela carinha laroca, que irradia frescura e onde não se percebe o mais leve toque de bisturi, para ter a certeza de que a tia Maria Alice conta estar entre nós por muitos e bons anos - mas, durante uma visita a Reguengos de Monsaraz, a senhora confessou a sua grande vontade em, no dia em que o criador precisar de alguma séria diversão e resolver chamá-la, ser enterrada no cemitério daquela terra. E porquê? Nem mais nem menos porque, segundo a doutíssima senhora, o cemitério de Reguengos parece um cemitério índio...

E pronto. Está tudo explicado agora. Eu já desconfiava que a Srª D. Lili era, pelo menos, mestiça. Com aquele tom de pele, aquele cabelo escuríssimo, aquelas feições exóticas, nem podia ser outra coisa! E, assim sendo, quer descansar junto aos seus, pois claro.

Reguengos de Monsaraz, localidade bem conhecida pela sua comunidade índia, certamente aplaude com entusiasmo esta iniciativa da grande "socialite".

Acham que, se mandarmos à cadeia onde mora a Paris Hilton umas quantas fotografias e gravações da tia Caneças, ela poderá ter um momento de epifânia, cortar o cabelo, deixar crescer o cérebro e tornar-se numa pessoa relativamente normal?

08 junho 2007

Benfica...

Só porque me apetece... e porque, apesar de tudo, continuo a acreditar que qualquer dia é dia...


Sou do Benfica
E isso me envaidece
Tenho a genica
Que a qualquer engrandece

Sou de um clube lutador
Que na luta com fervor
Nunca encontra rival
Neste nosso Portugal

Ser Benfiquista
é ter na alma a chama imensa
que nos conquista
e leva à alma a luz intensa
do sol que lá no céu
risonho vem beijar
com orgulho muito seu
as camisolas berrantes
que nos campos a vibrar
são papoilas saltitantes