...like tears in rain.
Extraído do script do filme Blade Runner
sobre tudo e sobre nada...
("A Ronda da Noite", Rembrandt van Rijn, Holanda, 1642)
O que considero mais admirável na pintura é a capacidade de reproduzir a luz. Que tintas, que técnicas, que cores, que maestria serão necessárias para imitar a luz do sol ou, neste caso, as luzes da noite do séc. XVII, a lua, as estrelas e os archotes? A minha querida professora Maria Luisa Guerra apresentou-me este quadro como "uma sinfonia de claro escuro". É mais um dos meus preferidos, pela maneira como luz e sombra se conjugam. Eram também estas as tonalidades da Europa naqueles dias.
Marilyn Monroe fotografada por Milton H. Greene em 1954
Às vezes, uma máquina fotográfica pode mesmo capturar-nos a alma.
@PETA
Um destes dias conversava com o João sobre alguns actores que, mesmo que tentem, não conseguem representar mal. Entre os nomes de Al Pacino, Kevin Spacey, Jack Nicholson, Dennis Hopper, John Malkovich, entre outros, surgiu o de Sean Penn que, finalmente, conseguiu ganhar alguma coisa em reconhecimento pelo seu trabalho. A imprensa de Hollywood decidiu premiá-lo com um Globo de Ouro pelo seu desempenho em "Mystic River" de Clint Eastwood.
Embora não conheça o Sr. Penn pessoalmente (mas se algum dia o encontrar terei certamente outras coisas para lhe dizer, em vez de o aconselhar a esperar pelos saldos para fazer compras...E se mesmo assim for mandada para qualquer lugar obscuro começado por "F", isso não me fará apreciar menos o seu trabalho), gostava de lhe dar os parabéns por um reconhecimento que só peca por ser tardio.
A ideia de que as pessoas, além de geniais no que quer que façam, têm também de ser simpáticas, é disparatada. Afinal de contas, nunca saberei se Michelangelo era boa ou má pessoa, mas isso não me impede de me emocionar em frente à Pietá.
Ontem fui fazer uma mamografia. Nunca tinha feito e devo dizer que é um exame doloroso mas imprescindível para o rastreio do cancro da mama. Disseram que me despisse da cintura para cima e aguardasse. Enquanto esperava, tive medo. Não me quero armar em corajosa, mas não sou uma pessoa medrosa. No entanto, naqueles segundos senti medo, não do exame, mas dos possíveis resultados. Já passei dos 30 anos e nunca tive filhos, tenho fibroses nas duas mamas tal como a minha mãe. A minha avó morreu de cancro da mama. Sou aquilo a que se chama uma pessoa “com antecedentes”.
Enfim, o exame foi feito e, no final, a médica assegurou-me de que estava tudo bem. Senti-me aliviada. Vesti-me e saí. Ao passar pela sala de espera olhei para as outras mulheres que esperavam a vez para fazer o exame e pensei naquelas que não recebem boas notícias. Um tumor, embora possa não ser mortal, é sempre uma má experiência, cheia de dor, de exames, tratamentos e cirurgias complicados. É uma interrupção de vida, mesmo quando as coisas acabam por ter um bom desfecho.
Não consigo traduzir em palavras o medo que senti, mas a partir de ontem acho que fiquei com uma ideia um bocadinho melhor do que sente uma mulher na mesma situação.
Arte Namban
Japão, 1593-1602, Período Momoyama
Pintura a têmpera sobre papel de amoreira revestido a folha de ouro; seda, laca e metal (Museu Nacional de Arte Antiga)
Destinados aos palácios dos senhores feudais do Japão, os biombos Namban (arte dos "bárbaros vindos do Sul" - namban-ji) são verdadeiros instantâneos do quotidiano de marinheiros, dignatários, missionários e mercadores portugueses, vistos pelos olhos de artistas japoneses que, sem nunca perder as características materiais e formais da sua tradição, nos legaram um testemunho visual completo da imagem que dos nossos antepassados foi feita por outra civilização.
Para quem não conhece, vale a pena ver de perto. Os melhores exemplos pdoem ser vistos em exposição permanente nos Museus Nacional de Arte Antiga, em Lisboa e de Soares dos Reis, no Porto.
(Frida Kahlo, Auto-retrato, 1926)
Pinto auto-retratos porque estou muitas vezes sozinha e porque sou eu a pessoa que conheço melhor.
(Frida Kahlo, 1907-1954)
Ouvi falar pela primeira vez em Frida Kahlo quando andava no liceu e o meu namorado na altura me mostrou alguns dos seus quadros. Fiquei estarrecida. Era uma arte crua, de sangue e vísceras, sem subterfúgios, sem inocência, sem encanto, era o real transformado em surreal, a morte, a vida, a dor, sobretudo a dor. Tudo isto repassava da fotografias que vi na altura. Não gostei, não percebi a obsessão da senhora pela sua própria imagem, embora admitisse que ela tinha uma imagem forte, transbordante de expressividade.
Durante alguns anos não ouvi falar em Frida Kahlo até que vi o filme. Gostei e recomendo-o, apesar da tentativa hollywoodesca de embelezar uma vida que teve tanto de magnífico como de terrível e tornar agradável uma mulher que não tinha grandes motivos para ser gentil com o mundo. Depois fui lendo, vendo, descobrindo. O meu objectivo era encontrar um quadro onde houvesse alguma paz, harmonia, uma réstea de doçura na expressão sempre tão grave. Encontrei este que é dos meus favoritos.
Duvido que algum dia me torne khaloísta (sim, existe uma religião que tem a figura de Frida Kahlo como inspiração), mas vou continuar a ler sobre esta mulher. Sem dúvida teve talento. Sem dúvida teve coragem. Sem dúvida teve convicções. Sem dúvida teve amor. Merece ser redescoberta.
Segundo a Editoral Caminho, o último livro de José Saramago,O Homem Duplicado, foi o quinto livro mais vendido em todo o mundo.
Em Março, deverá sair o seu último romance, Ensaio sobre a Lucidez, que vai encerrar a trilogia sobre a questão da identidade, iniciada pelo Ensaio Sobre a Cegueira e continuada pelo livro Todos os Nomes.
Agora que a constipação se foi embora, decidi começar a fazer dieta. Mais do que a parte estética da coisa, interessa-me controlar os valores de colesterol e ácido úrico que, embora não excedam os limites, estão lá perto (já sei que vou levar uma estocada por causa disto...).
Assim, aviso desde já os fiéis deste Convento que não me responsabilizo pelos eventuais efeitos da carência de chocolate na minha personalidade.
Vá, desejem-me sorte, que eu bem preciso!
(D. Catarina de Bragança, rainha de Inglaterra, França e Irlanda, 1638-1705)
Assisti ontem à primeira parte de uma série britânica sobre o rei Carlos II. Gostei, até porque a época da Restauração é, simultaneamente, uma das mais magníficas e terríveis da história inglesa e a série consegue transmitir muito bem esse espírito claro/escuro, belo /horrendo. Só não gostei do retrato que foi feito da rainha Catarina de Bragança. A dada altura, Carlos II diz que o casaram com um morcego mas, ao que parece, Catarina tinha pouco de morcego e, apesar do seu temperamento libertino, o rei desenvolveu grande consideração pela rainha, ao ponto de, mesmo pressionado pelo Parlamento para a repudiar (Catarina, além de católica era incapaz de produzir um herdeiro), nunca o ter feito, assumindo as consequências de uma decisão que poderia ter-lhe custado cara, visto que, saído reforçado da aventura republicana de Cromwell, o Parlamento britânico controlava o monarca sob todos os aspectos.
Na série, a Catarina é atribuído o mérito de ter introduzido o hábito do chá na Inglaterra. Este, apesar de verdadeiro, não foi o seu maior contributo para a história inglesa. É que, além do chá, Catarina de Bragança trazia na bagagem um dote impressionante, que contava com a cidade e fortaleza de Tânger e a ilha de Bombaim, na Índia Oriental. Ou seja, a rainha entregou a Inglaterra a primeira pedra da jóia na coroa inglesa. Os argumentistas da série esqueceram-se precisamente de mencionar Bombaim...
Para quem quiser saber mais sobre a vida desta rainha, que de morcego tinha pouco ou nada e foi uma mulher de grande inteligência e dignidade, existe na Biblioteca da Ajuda, a colecção da correspondência de D. Catarina com seu irmão D. Afonso VI, e sua mãe, a rainha viúva de D. João IV, D. Luisa de Gusmão.
(As edições originais de "Alice in Wonderland" e "Through the Looking Glass" eram ilustradas pelo próprio Lewis Carroll. Esta é uma dessas ilustrações e representa a Morsa e o Carpinteiro, que vão devorando todas as ostras da praia, enquanto choram, inconsoláveis, pela má sorte das pobres...Uma atitude cada vez mais actual.)
“I weep for you,” the Walrus said:
“I deeply sympathize.”
With sobs and tears he sorted out
Those of the largest size,
Holding his pocket-handkerchief
Before his streaming eyes.
Lewis Carroll, Through the Looking Glass
Para o meu Abade decorar de uma vez por todas, visto que há cinco anos me ouve recitar este poema em (quase) todas as ocasiões e nunca mais deixa de me perguntar: “O quê?”
Fazemos anos hoje. Cinco?!!. Mas ainda parece que foi ontem que nos conhecemos. Obrigado por fazeres parte da minha vida e a tornares melhor só por saber que existes, só por saber que estás a meu lado. Ao longo destes anos, houve de tudo um pouco, mas o amor prevaleceu. Parabéns, amor.
Vai ser finalmente lançada dia 4 de Março de 2004 (este ano - para os mais distraídos), a edição em DVD do filme Schindler's List, ou na língua de Camões, A Lista de Schindler.
Após meses de especulação, os estúdios Universal, resolveram finalmente oficializar o boato e confirmar o seu lançamento.
Para já, e numa primeira fase, será lançado apenas nos Estados Unidos (Região 1), em dois formatos (Widescreen e Fullscreen) e duas edições (standard e coleccionador).
A edição de coleccionador, será à partida composta pelo filme, um livro de 80 páginas sobre o tema do filme, o Cd da Banda Sonora Original, uma fotografia do filme em película de 35 mm e um certificado de autenticidade.
Já não era sem tempo...
A estação central do Rossio, construída em 1886-87 é um edifício romântico, neo-manuelino, encomendado ao arquitecto camarário José Luis Monteiro pela Real Companhia dos Caminhos de Ferro Portugueses, tal como a construção de um edifício anexo, destinado a ocupar os serviços dos Caminhos de Ferro, que a partir de 92, é adapatado a complexo hoteleiro. É o Hotel Avenida Palace, antigo Hotel Internacional .
Ultrapassou-se com mestria o desnivelamento do terreno através da adopção do sistema de rampas, que permitiram uma comunicação entre os espaços interior e exterior. A plataforma, ampla nave de 21 metros de altura por 130 de comprimento, articula o exterior ao piso de embarque. Na entrada principal, ao nível do rés-do-chão, uma galeria envidraçada permite o acesso aos restantes pisos. O cais de embarque, será mais tarde coberto com uma estrutura em ferro, da responsabilidade de uma empresa belga.
A elegante fachada é "escultóricamente" decorada pelos canteiros do empreiteiro francês Bartissol, destacando-se os arcos em ferradura.
Texto retirado do site Portugal Ilustrado